O outro nome de Aslam: a simbologia bíblica nas Crônicas de Nárnia
()
Sobre este e-book
Leia mais títulos de Vinicius A. Miranda
101 Lições Espirituais na Cultura Pop Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFé com pipoca Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Relacionado a O outro nome de Aslam
Ebooks relacionados
Mais que um carpinteiro: A história deste livro pode mudar sua história Nota: 5 de 5 estrelas5/5Apagando o inferno: O que Deus fala sobre eternidade e o que nós inventamos Nota: 4 de 5 estrelas4/5A História dos Reformadores para Crianças: Martinho Lutero Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Chave Dourada: Um conto de George MacDonald Nota: 5 de 5 estrelas5/5Quando meu sorvete cai Nota: 5 de 5 estrelas5/5A peregrina Nota: 5 de 5 estrelas5/5Deixados para Trás 1: Uma história dos últimos dias Nota: 5 de 5 estrelas5/5A História dos Reformadores para Crianças: George Wishart Nota: 5 de 5 estrelas5/5Planeta Hulk Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA História dos Reformadores para Crianças: Rainha Margarida Nota: 5 de 5 estrelas5/5O urso e o eco Nota: 5 de 5 estrelas5/5Desconecte-se Nota: 5 de 5 estrelas5/5As crônicas de Aedyn - o voo dos exilados Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNova mentalidade: Conversas em torno da carta de Paulo aos Filipenses Nota: 5 de 5 estrelas5/5Se pudesse contar as estrelas – Uma fantasia inspirada em Peter Pan Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCristianismo Puro E Simples Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOrtodoxia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Deus esquecido: Revertendo nossa trágica negligência para com o Espírito Santo Nota: 5 de 5 estrelas5/5O poder da garota que ora Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPhantastes Nota: 5 de 5 estrelas5/5E Deus falou na língua dos homens: uma introdução à Bíblia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Coleção Especial Sherlock Holmes Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA vida de C. S. Lewis: Do ateísmo às terras de Nárnia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDoutrina e devoção: O caminho da verdade na vida em comunidade Nota: 5 de 5 estrelas5/5Economia do Reino: quatro caminhos cristãos para lidar com a riqueza e a pobreza no mundo Nota: 5 de 5 estrelas5/5O peregrino Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Natal escondido: A surpreendente verdade por trás do nascimento de Cristo Nota: 5 de 5 estrelas5/5Uma aventura a dois Nota: 5 de 5 estrelas5/5A História dos Reformadores para Crianças: Felipe Melanchton Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Cristianismo para você
As cinco linguagens do amor - 3ª edição: Como expressar um compromisso de amor a seu cônjuge Nota: 5 de 5 estrelas5/5A cultura do jejum: Encontre um nível mais profundo de intimidade com Deus Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Deus que destrói sonhos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Ego transformado Nota: 5 de 5 estrelas5/5Bíblia sagrada King James atualizada: KJA 400 anos Nota: 4 de 5 estrelas4/560 esboços poderosos para ativar seu ministério Nota: 4 de 5 estrelas4/5O Poder do Espírito Santo Nota: 5 de 5 estrelas5/5História dos Hebreus Nota: 4 de 5 estrelas4/5O significado do casamento Nota: 4 de 5 estrelas4/5Maturidade: O Acesso à herança plena Nota: 5 de 5 estrelas5/54 Temperamentos e a Espiritualidade Nota: 5 de 5 estrelas5/51001 perguntas e respostas da Bíblia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Graça Transformadora Nota: 5 de 5 estrelas5/5Como flechas: Preparando e projetando os filhos para o propósito divino Nota: 5 de 5 estrelas5/5Comentário Bíblico - Salmos: Adorando a Deus com os Filhos de Israel Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Arte de Pregar um Sermão Expositivo: Pesquisa & Púlpito Nota: 5 de 5 estrelas5/5Manhãs com Spurgeon Nota: 5 de 5 estrelas5/5Tudo que Quiser é Seu Nota: 4 de 5 estrelas4/5Devocional para casais: Você é casado, as coisas estão bem... ou, nem tanto. Nota: 5 de 5 estrelas5/5Provérbios: Manual de sabedoria para a vida Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Bíblia do Pregador - Almeida Revista e Atualizada: Com esboços para sermões e estudos bíblicos Nota: 4 de 5 estrelas4/5Pecadores nas mãos de um Deus irado e outros sermões Nota: 5 de 5 estrelas5/5Gênesis - Comentários Expositivos Hagnos: O livro das origens Nota: 5 de 5 estrelas5/5Fogo no parquinho: Namoro à luz da Palavra de Deus Nota: 5 de 5 estrelas5/512 dias para atualizar sua vida: Como ser relevante em um mundo de constantes mudanças Nota: 5 de 5 estrelas5/5Oração: Experimentando intimidade com Deus Nota: 4 de 5 estrelas4/5
Avaliações de O outro nome de Aslam
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
O outro nome de Aslam - Vinicius A. Miranda
Capítulo 1
Quem foi C. S. Lewis?
Jack, como decidiu que gostaria de ser chamado ainda na infância, porque detestava Clive e ainda mais Staples, que eram seu primeiro nome e nome do meio, nasceu em 29 de novembro de 1898, na cidade de Belfast, Irlanda, que só seria dividida em duas décadas depois. Ele era muito lúdico e imaginativo, mas também era racional. Brincava muito com o irmão, três anos mais velho, Warren, a quem todos chamavam de Warnie, e que era um de seus melhores amigos.
Ambos começaram a ler muito cedo e amavam devorar livros. A família, composta de um pai advogado e uma mãe matemática, tinha enormes quantidades de livros em casa, para o deleite dos irmãos. Eles liam livros até destinados a adultos.
Também tinham animais domésticos, um Terrier, chamado Tim, um rato, chamado Tommy, e um canário, que chamavam de Peter. Jack brincava e falava com esses animais e lhes contava histórias de um mundo de animais falantes.
Eles também gostavam de se aventurar de bicicleta até o porto de Belfast, onde enormes navios de partida para terras desconhecidas ativavam os sonhos e imaginação dos meninos sobre viagens e aventuras.
As paisagens bucólicas de montes arborizados e campos da Irlanda, que não eram muito diferentes dos montes e campos de 14 Oxford, na qual viria a morar mais tarde, inspirariam Lewis pelo resto da vida, causando nele um sentimento de nostalgia ou do que, mais tarde, ele viria a chamar de Joy.
Um dos momentos mais marcantes da infância de Jack foi quando o seu irmão resolveu fazer a maquete de um jardim dentro de uma caixa de biscoitos, com folhas e gravetos, representando as árvores e a vegetação daquele mundo. A visão daquele jardim imprimiu em Jack uma sensação de gozo e alegria, da qual viria a se lembrar pelo resto de sua vida. Mal sabia ele que o jardim e a floresta são, de acordo com as teorias de Jung, um dos arquétipos ou representações milenares e universais mais antigas da humanidade e usadas na mitologia e contos de fada para provocar esse mesmo sentimento de enlevo.
Sua mãe, que era o arrimo da casa, devido às oscilações de humor do pai, que provavelmente era bipolar, tinha um bom humor inabalável e sempre cantava e contava histórias para os irmãos, além de lhes ensinar várias línguas. Eles eram muito apegados a ela.
Nesse contexto, outro momento marcante deu-se em 1908, quando ele estava com dor de dente e dor de cabeça certa noite e não conseguia dormir. Ele ficou chateado e admirado de sua mãe não ter vindo acudi-lo. Então, notou uma movimentação estranha de pessoas com cheiro característico e roupas brancas entrando e saindo do quarto de sua mãe. Não demorou muito para que ele percebesse que ela estava doente, com diagnóstico de câncer.
Então, ele que acompanhava os pais protestantes para a igreja aos domingos, resolveu orar pela mãe e implorar por um milagre. Mas o milagre não aconteceu, o que abalou profundamente a fé infantil de Jack.
Como o pai tinha esse problema de instabilidade emocional, ele decidiu que não daria conta da educação dos filhos e resolveu colocá-los em colégios internos nem sempre iguais, o que ocasionou a dor da separação entre Jack e Warnie. Na primeira escola, que era para ser confessional protestante, o diretor era tão rígido e tão violento com as crianças, que foi tido como louco e a escola foi fechada. Ele recordava dessa escola como campo de concentração
. As idas forçadas à igreja daquela época e o contraste entre o que ele ouvia lá e o que o diretor, que era o reverendo da igreja, praticava naquela escola, deixavam-no revoltado. Mas foi nessa época que ele teve contato com a Bíblia e começou a fazer as suas orações do jeito que se sentia mais confortável.
Nas próximas duas escolas pelas quais ele teve que passar, sofrendo bullying e insônia, aprendeu a detestar esportes, devido à deficiência na mão, mas também devido ao fato de preferir ficar na biblioteca, lendo, do que ir lá fora dedicar-se aos esportes com os colegas, de quem ele não gostava. A recíproca era verdadeira. Foi nessa época que 15 ele começou a questionar o cristianismo e deixar a Bíblia de lado. Em outro internato, conheceu uma mãe substituta, que era espírita e lhe ensinou sobre o espiritismo. Foi lá também que ele aprendeu a se tornar um esnobe. Depois disso, ele só foi encontrar um porto seguro nas mãos de um professor particular, quando já contava 16 anos de idade.
Kirkpatrick, que era ateu, havia sido professor particular do seu pai, mas ainda estava em condições de dar aulas particulares. Com ele, aprendeu várias línguas e leu os clássicos. Também se tornou ateu.
A base de ensinamentos que esse professor lhe deu foi tão boa que permitiu que ele ingressasse como estudante em Oxford, que é considerada (até hoje) uma das melhores universidades do Reino Unido, aos 18 anos de idade.
Pouco antes disso, em 1916, ele leu o primeiro autor cristão que o marcou profundamente (embora não soubesse desse seu qualificativo àquela altura), George MacDonald. Ele escrevia fantasias para adultos e crianças, e Lewis tanto que, a partir daí, passou a citá-lo em quase todos os seus escritos, tanto que chegou a publicar uma antologia de textos dele. Depois de convertido, Lewis costumava dizer que esse autor batizou a imaginação
dele. Ou seja, enquanto a razão dele ainda estava fechada ao evangelho, a luz entrou na sua mente pela porta dos fundos.
Assim que ingressou em Oxford, alistou-se voluntariamente na Unidade de Treinamento de Oficiais da Universidade de Oxford e foi chamado para juntar-se a um Batalhão de Cadetes, para combater na Primeira Guerra Mundial. Um fato curioso foi que, certo dia, 16 soldados se aproximaram dele, que estava sozinho, de mãos para o alto, em sinal de entrega. Ou seja, sem fazer nada, ele capturou 16 inimigos.
Foi lá também que ele conheceu e fez amizade com Paddy Moore, com o qual fez um juramento mútuo de que, se algum dos dois morresse no campo de batalha, o outro tomaria conta do pai e mãe respectivos que deixariam para trás. A mãe de Paddy, Mrs. Moore, era divorciada e tinha outra filha.
Paddy Moore morreu no front de batalha na França, mas Lewis foi ferido e repatriado para se recuperar do ferimento. Uma vez sadio novamente, ele procurou Mrs. Moore e lhe propôs cuidar dela e de sua filha, e assim o fez até o fim da vida dela, em 1951, de forma oculta de seu pai e seus amigos de Oxford.
Como se pode ler nas várias cartas de Lewis a amigos dessa época, a Sra. Moore o engajava em várias tarefas domésticas que dificultavam a sua dedicação ao trabalho em Oxford e aos seus escritos. (Imagine se não fosse por ela, o quanto mais ele não teria escrito...).
Ainda como estudante, ele conquistou vários prêmios de melhor aluno em diversas disciplinas, até se tornar professor de um college em Oxford na área de língua e literatura inglesa, em 1925. Suas aulas eram muito disputadas, com estudantes que ficavam em pé, sem ter lugar para sentar. Seus alunos primeiramente estranhavam sua aparência, sempre com o mesmo terno amarrotado, mais parecendo um açougueiro do que um professor.
Mas era só ele começar a falar que eles tinham a oportunidade de perceber a sua autoridade nos assuntos que lecionava. Em pouco tempo, ele fez amizade com alguns alunos, mas também com professores titulares da Oxford, entre eles J.R.R. Tolkien, que era católico apostólico romano, e que começara a lhe falar sobre o cristianismo.
Num registro em seu diário, ele escreve: Hoje conheci um grupo de professores altamente inteligentes. E, pasmem, eles também se dizem cristãos!
. Até então, do ponto de vista espiritual, ele estava às voltas com o ateísmo e com a antroposofia, que era seguida pelo seu tutor, Owen Barfield. Mas logo percebeu que os autores dos quais ele mais gostava eram cristãos, como George MacDonald e G. K. Chesterton.
Mas o argumento que fez Jack se tornar um teísta foi o de J.R.R. Tolkien, de que Cristo era o mito que se tornou fato histórico. Imagino que a conversa que tiveram num passeio de madrugada pelos jardins de Oxford tenha sido mais ou menos assim:
···
- Você conhece os evangelhos da Bíblia, não conhece Jack? – perguntaria Tolkien.
- Conheço sim, desde a infância, mais precisamente – responderia ele.
- E você também conhece a mitologia... Pois bem, o que você me diria, se lhe sugerisse que a estrutura de ambos os gêneros literários seja a mesma?
- Faz todo o sentido, sim. – confirmaria Jack – As constantes são um prejuízo ou pecado que desgraça uma sociedade, um deus, que, tendo misericórdia deles, descende para salvar a humanidade perdida, morre e ressuscita, ascendendo para os céus novamente e elevando consigo toda uma raça de humanos.
- Muito bem! Mas há uma diferença crucial entre a mitologia e a história de Cristo – observaria Tolkien.
- Diga-me qual é. – convidaria Lewis.
- A diferença - diria Tolkien – está e m que, na pessoa de Cristo, o mito se tornou fato. Em Cristo, houve um casamento único na história da humanidade entre mito e fato.
···
Lewis ficou tão impressionado com essas palavras que, depois de um passeio de ônibus, em que ficou aprofundado em suas reflexões sobre deixar Deus entrar na sua vida ou não, chegando à sua casa, ajoelhou-se na solidão do seu quarto e se converteu a Deus. Com isso, ele escreve na sua autobiografia que se tornava o mais relutante de todos os convertidos
da Inglaterra (esse, aliás, se tornou o título de uma excelente biografia dele, feita pelo autor David Downing).
Anos mais tarde, num passeio ao zoológico com o seu irmão, que já era cristão, ele reconheceu a Cristo como o verdadeiro Deus, tornando-se definitivamente cristão. Antes de sua conversão, Lewis havia escrito apenas fantasias do mundo de Boxen, que era povoado de animais falantes, que seriam publicadas apenas depois de sua conversão e dois poemas narrativos bastante obscuros que não fizeram muito sucesso. Após a conversão, entretanto, sua imaginação aflorou e ele escreveu primeiramente a alegoria O Regresso do Peregrino, que é uma autobiografia espiritual em forma de alegoria, e uma paródia de O Peregrino, de John Bunyam. Embora Lewis admirasse Chesterton e tivesse amizade com Tolkien e com vários padres e freiras, todos católicos, esse livro mostra claramente sua opção pelo protestantismo. Mas ele não gostava de entrar nesse mérito e era contra a disputa entre as igrejas e denominações, pois focava no que todos os cristãos tinham em comum, como fica claro no seu clássico, Cristianismo Puro e Simples, que foi uma coletânea de várias publicações de palestras que ele deu para a rádio BBC de Londres, lançada em 1952.
Foi nessa época também que Lewis, Mrs. Moore e Warnie mudaram-se para The Kilns, a casa onde passariam o resto de seus dias. Nela, tinham um jardineiro chamado Fred Paxford, que era um pouco ranzinza e pessimista. Dizem que a figura do Brejeiro de A Cadeira de Prata é inspirada nele. Em seguida à publicação de O Regresso do Peregrino, foi publicada a sua dissertação de mestrado, A Alegoria do Amor.
Por volta de 1937, numa dessas noitadas, discutindo sobre viagens no tempo e no espaço, Lewis e Tolkien fizeram um acordo: Tolkien escreveria sobre uma viagem no tempo (que nunca terminou de escrever); e Lewis escreveria sobre uma viagem no espaço ou ficção científica que viraria a Trilogia Espacial (Longe do Planeta Silencioso, Perelandra e Essa Força Medonha). Essas histórias são tão realistas que há quem creia até hoje que Lewis acreditava em seres e mundos extraterrestres ou, mais ainda, que já tenha viajado para um deles.
Em 1939, ano do início da II Guerra Mundial, um grupo de estudiosos e escritores, entre eles Tolkien e Lewis, resolveu formar um clube de autores interessados pela mitologia e pelo compartilhamento de seus escritos, que foi batizado de The Inklings, nome que significa borrão
, vaga noção
ou mancha de tinta
.
No ano seguinte, Lewis publicou O Problema do