Contos para uma noite fria
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Contos para uma noite fria - Bruno Anselmi Matangrano
Contos para uma Noite Fria
Copyright © 2014 Bruno Anselmi Matangrano
Autor
Bruno Anselmi Matangrano
Diagramação
Marcelo Amado / Página 42
Editor-Chefe
Tomaz Adour
Prefácio
Rogério Caetano de Almeida
Preparação de Texto
Carol Chiovatto
Revisão
Tomaz Adour
Leonardo de Barros Sasaki
Ilustrações e Capa
Dandi
M425c
Matangrano, Bruno Anselmi
Contos para uma noite fria / Bruno Anselmi Matangrano; ilus-trações de Dandi; prefácio de Rogério Caetano de Almeida. – Rio de Janeiro: Vermelho Marinho, 2014.
120 p.
ISBN: 978-85-8265-043-1
1. Literatura brasileira – Contos. 2. Literatura fantástica – Contos. I.
Dandi. II. Almeida, Rogério Caetano de. III. Título.
Índice para catálogo sistemático:
1. Contos: Literatura Brasileira
INDICE
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
DUAS OBSESSÕES: O TEMPO E A LOUCURA
O VIAJANTE
O GERME DA IMAGINAÇÃO
ESTÁTUAS
GRAVIDADE ÀS AVESSAS
A DAMA DE BRANCO
A MELANCOLIA DO PIANO
O FUTURO DA HUMANIDADE
ENCONTRO ÀS ESCURAS
A DONZELA E O RUBI
MISE EN ABYME (OU COMO EM UM POEMA DE POE)
O BECO DOS AFLITOS
ENTRE O TEMPO E O ESPAÇO
AGRADECIMENTOS
img2prefacio
por Rogério Caetano de Almeida
Antes do livro, o homem. Bruno, o homem, conheci menino. Fui seu professor no Ensino Médio e, a partir desse momento, surgiu uma amizade profunda, ainda que nossos caminhos se cru-zem e se distanciem constantemente. Além da amizade, ele me convidou para prefaciar seu livro porque, de alguma forma, acha que o ajudei a optar pela escrita e pelas letras. Enobrece-me o convite, mas ele já era escritor na adolescência.
Também não o incentivei a continuar, pois estudava poesia e o incitava a tentá-la. Era prosa. Sempre foi prosa. Desde a adolescência, enredos com uma atmosfera de um romantismo tardio, ligados ao fantástico e ao absurdo, influenciados por Walter Scott e Álvares de Azevedo, além de sua fixação por Sherlock Holmes. Que bom que ele não me ouviu…
…e eu o ouvi! O escritor, antes de ser professor, também me agulhou com as maravilhas e estranhezas do fantástico, tema que hoje estudo. O homem, em seu primeiro livro, é reflexo dessa madura humildade intelectual. O livro é composto por doze narrativas, mas para não estender o prefácio até a chatice, comento-as brevemente.
De maneira geral, há uma delicada preocupação com a linguagem, como grandes autores sóbrios. Se a expectativa é de arroubos linguísticos, no texto, eles não aparecem – inten-cionalmente. A aldrava antiquada
de O Viajante mostra que a linguagem sóbria significa no texto. E o significado se revela apenas ao final. Além disso, tal moderação talvez seja uma inovação no contemporâneo.
A linguagem se faz em Estátuas através de um humor tipi-camente britânico. As estátuas, inicialmente, parecem proporcio-nar ao personagem uma sublimação decadentista, no entanto, ela é desconstruída rapidamente com o fantástico tomando corpo e mesclando-se a uma fuga do espaço de raridade.
O mote de Germe da Imaginação, um dos maiores textos da obra, dialoga com o Fahrenheit 451, de Ray Bradbury. Em con-sonância com o que ocorre nas narrativas distópicas, o texto nos conduz a refletir sobre o espaço da loucura – ela está na interioridade ou na exterioridade?
O conto Gravidade às Avessas começa com o estranho do próprio mundo, que depois vai se aproximando muito daquele homem metamorfoseado em barata, apesar de os enredos serem absolutamente diferentes. A extática de um texto que questiona a lógica do espaço se encaminha para uma dinâmica de um filme de ficção científica, mas com um existencialismo típico do discurso da literatura.
Seu Encontro às Escuras talvez seja o texto mais diferente do livro. Não pelo estilo ou pelas opções que o próprio gênero exige, mas pelo fato de remeter diretamente ao poema de Soares de Passos e, mais indiretamente, à história de Inês de Castro e Pedro II de Portugal, além de haver, no início, remissões a Camilo Pessanha. Enfim, um conto histórico-fantástico, ligado à poesia.
A estranheza e o caos parecem se apossar definitivamente do todo da obra quando a epígrafe de A Melancolia do Piano sugere que o leitor escute uma música para ser abarcado pela atmosfera sinestésica proposta. O parco conhecimento musical me fez ouvir a música enquanto lia, conforme a sugestão. E é exatamente isso que se deve fazer para a totalidade do sentido ser apreendida, mesmo para os leigos. O conto é uma composição musical.
O Futuro da Humanidade é composto em pequenas partes – mosaicos de estilos literários com os quais a escrita dialoga nos conteúdos e na forma. Ele mostra o quão difícil é desenvolver um enredo e fazer com que sua tessitura dialogue com uma tradição referenciada e apropriada na construção do estilo de todas as suas partes.
A Dama de Branco e a A Donzela e o Rubi permeiam um tema muito comum no universo do fantástico: uma mulher misteriosa. Já Mise en Abyme é um trabalho interessante ligado a um novo tipo de fantástico, no qual a subversão do real se faz entre a linguagem do sonhar acordado
e a relação do tempo-espaço com a construção do enredo. Outro tema caro ao fantástico que está presente aqui é o descrente que crê – seria este o beco de O Beco dos Aflitos?
A narrativa que encerra o livro, Entre o Tempo e o Espaço, não discute um entre-lugar apenas. A questão é o existir-se para si mesmo. A narrativa desenvolve um tema, o do esquecimento de si, sob a perspectiva do enfermo. Isso proporciona muito do que se vê na produção insólita. Afinal, todos nós, nossa realidade, enfim o universo é regido pelo caos, pelo absurdo que é nossa linguagem, nossa realidade.
Para encerrar volto ao homem: Bruno nunca me ouviu e, por isso mesmo, sua linguagem se construiu de forma própria com interferências, ainda bem!, diversas das minhas. Assim, continuamos discordando em algo: ele insiste em adotar um estilo britânico de escrita. Não seria mais uma vez, como com o gênero fantástico, ele me mostrando a beleza do outro caminho?
Rogério Caetano de Almeida é professor de Literatura Brasileira na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Mestre em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa e Doutor em Literatura Portuguesa, pela Universidade de São Paulo (USP), dedica suas pesquisas ao Grotesco e ao Fantástico na literatura e nas artes. Atualmente, coordena o grupo de estudos O Estranho, o Fantástico e o Grotesco: estudos sobre os gêneros.
introdução
DUAS OBSESSÕES: O TEMPO E A LOUCURA
Entre a loucura e o sobrenatural, a fé e o divino, o limiar é muito, muito tênue; a lucidez pode vir a se mostrar uma ilusão, os sonhos uma verdade e a imaginação a única realidade possível.
Para além do onírico e do espectral, o tempo exerce seu poder inexorável e, sob seu jugo, o espaço se