A criança negra na escola
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A criança negra na escola - João de Campos Jr
Apresentação
UBUNTU, palavra em língua zulu, expressa pensamento presente em diferentes culturas africanas de que a constituição das pessoas enquanto seres humanos está estreitamente ligada às suas comunidades. Neste caso, comunidade é muito mais do que o lugar onde moramos e sua vizinhança. É sobretudo o jeito comum de ser, de viver, de pensar, de interpretar a vida, o trabalho, a convivência entre as pessoas, construídos em conjunto, ao longo da história. Esta maneira própria de ver o mundo reúne homens e mulheres a partir da tradição comum, que os orienta na edificação de um futuro sempre mais humano. Futuro em que cada um e todos vão construindo e fortalecendo a sua vida, enquanto constroem e fortalecem a sua comunidade.
UBUNTU, pois, traduz-se em português pela expressão — Eu sou, porque nós somos
.
O livro — Criança Negra na Escola — de autoria do Padre João ilustra com propriedade esta filosofia africana. O esforço de seu autor não foi feito unicamente para obter o título de mestre em educação, mas valeu-se desta oportunidade de formação profissional, que é até certo ponto um ato individual, para tratar de sérios problemas que enfrentam as crianças negras, alunas em nossas escolas. O estudo, para muitos de seus leitores, sobretudo os descendentes de africanos, não contém propriamente novidades, mas, infelizmente, a constatação, em novos contextos e em datas recentes, da persistência de atitudes, posturas, expectativas racistas que atingem destrutivamente a autoestima de meninas e meninos negros.
Os resultados de seu trabalho são de certa forma desanimadores para a população negra que, ao longo deste século que finda, vem reivindicando acesso à escola e a condições de realizar estudos com sucesso. Mas são também sinal e esperança, uma vez que apontam para a possibilidade de os sistemas de ensino, valendo-se de dados e informações ali contidos, reverterem a situação de desvantagem oferecida à população negra durante sua escolaridade. Neste sentido, o trabalho do Pe. João se constitui com o apoio às justas reivindicações da comunidade negra.
Então, o fato de ter uma dissertação de mestrado aprovada, e publicar um livro não se resume em êxito de uma pessoa isoladamente, mas de toda uma comunidade, que se vê neste trabalho contemplada, considerada e respeitada.
Esta é a perspectiva em que se deve ler o livro em pauta que foi escrito para professores, planejadores da educação, e também para a comunidade dos descendentes de africanos que nele encontram denúncias e proposições de políticas públicas que reparem as grandes desvantagens que os têm atingido.
Que o estudo divulgado por este livro enseje, a seu autor e a nós seus leitores, aprofundamentos, reflexões e iniciativas que fortaleçam a comunidade negra, criem relações interétnicas humanizadas, permitam construir uma nação brasileira verdadeiramente justa, em que todos se sintam incluídos enquanto cidadãos ativos.
Profª. Dra. Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva (USP – São Carlos)
Agradecimentos
À minha mãe, Zilda Benedita de Paula Leite Campos e ao meu pai, João de Campos, que me educaram e me ensinaram o valor da negritude.
Às minhas tias Eulália de Paula Leite Santos, Antônia Dias Bueno dos Santos e Guiomar Moraes Martins, ao amigo Adhemar Barbosa da Costa, à minha amiga dona Paulina e à minha avó Eulalia de Campos Paula Leite, Luís Eduardo de Toledo, Mário Inácio de Paula Leite, Agenor de Campos, Ana Mateus de Campos, Antônio João de Campos, Antônio Carlos dos Santos, Bertolino Leite e Maria Cícera de Paula Leite, pessoas que colaboraram na minha formação humana e na construção da minha espiritualidade.
Gratidão à Capitão João Francisco Brotas, Maria José Barbosa, Maria Edna Rossi Gonzales, Eduardo Thimóteo de Oliveira, Willians de Campos, Benedito de Paula Leite Campos, Valdir de Queiróz, Neuza Inês Clemente Maluf, Christiane Arima Lins, Pedro Roberto Rezende de Almeida, Ronaldo José Gonçalves, Hilde Benites Gonçalves, José Barbosa Júnior, José Roberto Paula Leite, Jocilei Oliveira, Simão Pedro Chiovetti, Aparecida Conceição Henrique, Nina Alexandre e Rita Silva Ribeiro de Souza, Jozirlan Farias Freitas e Simeão Zanetti Paludetto, Enio Levy Campos Machado, Aparecida Campos Machado, Israel Mendes da Silva, Nelson Joaquim de Oliveira e Sueli Batista Peres de Oliveira, Maria Lourença de Jesus Rocha, Francisco Diasis Brás da Rocha, Vanilde Artilha Vieira, Neide Lotito, Maria de Moraes, Renata Francalino e Francisco de Assis Rossi. Pessoas estas que me incentivaram no caminho da esperança e na luz da minha vida.
Ao GRENI, Grupo de Reflexão Religiosa Negra e Indígena, meu muito obrigado por tudo.
Ao Prof°. Doutor Milton Greco, que me apoiou em toda esta pesquisa.
Ofereço este trabalho a todas as crianças negras do Brasil que precisam de amor, compreensão e incentivo, para que valorizem sempre mais sua autoestima.
SUMÁRIO
Capa
Folha de Rosto
Créditos
Introdução
2. As origens africanas e o passado de escravidão no Brasil
2.1 Os determinantes da escravidão de negros no Brasil Colônia
2.2. A identidade dos negros escravizados no Brasil
2.3. A situação dos negros no Brasil até a lei áurea
2.3.1. A vida como escravo
2.3.2. A luta pela liberdade
2.3.2.1 Os quilombos
2.3.2.2. Os movimentos políticos
2.4. A criança negra durante a escravidão no Brasil
3. A história do negro como cidadão brasileiro
3.1 A evolução da identidade política e social
3.2 A condição de trabalhador livre
3.3. Tradições e costumes: perdas, resistência, conquistas
4. Os alunos negros na educação brasileira
4.1 Os números do preconceito no sistema educacional
4.2 As lições de fracasso, racismo e exclusão
4.3 A exclusão do negro
4.4 O processo educacional excludente
4.5 A criança negra excluída
4.6 A exclusão da mulher negra
4.7 A exclusão na informação do que acontece no meio do povo negro
4.8 A exclusão no processo jurídico
4.9 A exclusão nos institutos de pesquisas
4.10 A exclusão nos meios de comunicação
4.11 A exclusão na historiografia
5. O que é preconceito
5.1. Definição de preconceito
5.1.1. Diferenciações conceituais
6. Características do preconceito
6.1 Aprendizagem do preconceito
6.1.1 Ciência e preconceito
6.1.2 Difícil de combater
6.1.3 O preconceito de classe
7. Investigação: a criança negra na escola - um estudo sobre o que a menina negra aprende na escola sobre a cultura negra e sobre a sua própria identidade e condição humana
7.1 Objetivos
7.2 Tipo de pesquisa
7.3 Metodologia
8. Conclusão
9. Proposta
10. Referências bibliográficas
11. Anexos
Anexo 1
Anexo 2
Anexo 3
Pré-vestibular comunitário para negros e brancos carentes
Pastoral afro abaynesta
Landmarks
Capa
Folha de Rosto
Página de Créditos
Sumário
Bibliografia
Introdução
A pesquisa proposta se refere às experiências escolares que limitam a aprendizagem da cultura negra.