O Labirinto: Encontros clandestinos entre a vida e a morte e outras narrativas
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O Labirinto - Victor A. Meyer
Nascimento
O LABIRINTO
ENCONTROS CLANDESTINOS ENTRE A VIDA E A MORTE
e outras narrativas
Victor Augusto Meyer Nascimento
CVM
Centro de Estudos Victor Meyer
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© 2021 Victor Augusto Meyer Nascimento
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida, total ou parcialmente, por quaisquer métodos ou processos, sem autorização do detentor do copyright.
Copidesque
BR75 | Magda Carlos
Revisão
BR75 | Clarisse Cintra
Projeto gráfico de capa
Eliza Tieko Yonezo
Projeto gráfico de miolo
Victor Augusto Meyer Nascimento
Diagramação
BR75 | Thais Chaves
Produção editorial
BR75 | Clarisse Cintra e Silvia Rebello
Produção de ebook
BR75 | Telmo Braz
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Angélica Ilacqua CRB-8/7057
M56L
Meyer, Victor Augusto, 1948-2001
O labirinto: encontros clandestinos entre a vida e a morte e outras narrativas/Victor Augusto Meyer Nascimento. 1. ed. Rio de Janeiro: Edite, 2021.
Bibliografia
ISBN 978-65-86850-10-9
1. Brasil - Política e governo - Ensaios 2. Meyer, Victor Augusto, 1948- Narrativas pessoais 3. Ditadura 4. Literatura brasileira I. Título
21-0992
CDD 869.8
Índices para catálogo sistemático:
1. Coletânea de textos
Este livro é composto por pequenos textos, com gêneros diversos, que retratam distintos momentos políticos, a partir de vivências da infância, da adolescência e da juventude do autor, sob o seu olhar sensível e arguto. O Labirinto – Encontros Clandestinos entre a Vida e a Morte representa a narrativa mais significativa desta obra. Não por acaso, merecedora do título. Nela, acompanhamos as memórias do autor, que se deslocam ao longo dos anos da ditadura militar brasileira, narradas de modo envolvente. O livro contém também um texto analítico da organização política a que o autor pertencera durante os Anos de Chumbo
e outros textos, com suas impressões de Paris e de Cuba.
SUMÁRIO
Capa
Folha de rosto
Créditos
Dedicatória
Apresentação
Parte I
O labirinto
Parte II
Lembranças de riachinhos
Imagens
Parte III
Frágua inovadora: O Tormentoso Percurso da POLOP
Referências
Paris
Um olhar sobre Cuba
Parte Final
Militância política de Victor Meyer
Uma breve retrospectiva da vida de Victor
Carta ao amigo
Fotos
APRESENTAÇÃO
Com muita satisfação, apresento para vocês "O LABIRINTO – Encontros Clandestinos entre a Vida e a Morte", narrativa concluída por Victor Meyer no início de dezembro de 2000. Naquele mesmo mês, no dia 18, o autor defendeu a sua tese de doutorado em Administração Pública na Universidade Federal da Bahia. Sentia-se, naquele momento, muito satisfeito por ter terminado as duas jornadas simultaneamente, apesar de seu estado de saúde requerer muitos cuidados. Com tudo isso, mantinha-se otimista e encontrava-se envolvido com outro projeto em andamento na Universidade Estadual de Feira de Santana, sobre os ferroviários de Alagoinhas.
A ideia da narrativa surgiu no início de 1982. Victor, naquela época já era funcionário do Banco do Brasil, e eu, funcionária da Justiça do Trabalho de São Paulo, a partir do início de 1984. Havíamos, enfim, rompido o período de readaptação à vida legal, após um longo período de clandestinidade que durou até o advento da Lei da Anistia, em 1979. Do início até a sua finalização, a narrativa passou por transformações através de uma lenta destilação de suas lembranças e por uma lapidação, digna de um criador de joias especiais. Um esforço nada desprezível, levando-se em conta a fidelidade aos fatos e detalhes a serem lembrados. Por inúmeras vezes, o esboço foi guardado e, outras tantas, reabilitado, ao sabor do tempo que Victor dispunha. Mas em todas as ocasiões, quando surgia oportunidade de retomá-lo, podia ver a satisfação refletida em seus olhos. Sabia que iríamos sentar e juntos relembrar longamente o passado e, invariavelmente, ouvir o seu pedido para que eu o relesse, com os acréscimos feitos. Gratificantes momentos.
A narrativa expressa algumas de suas lembranças, memórias, sensações e experiências vividas durante o período duro da ditadura militar, regalando a todos com imagens marcantes, algumas leves, pitorescas e delicadas, outras duras. Todas elas com uma característica comum: a sutileza da sua linguagem e suas frases muito bem elaboradas. Ressalta-se na narrativa a maestria com que brinca com o tempo ao percorrer o tortuoso labirinto – transitando entre diversos momentos do passado – tecendo imagens que vão e vem, num movimento harmonioso.
Apresentar a narrativa causa-me, também, alegria e satisfação, por saber que ela resgata parte da vida de Victor e por representar uma singela homenagem por ele prestada aos companheiros de luta do período do regime de exceção, bem como à sua família, presente nos momentos cruciais.
Para as nossas filhas, O LABIRINTO representa um legado de valor inestimável e único. Um pouco das memórias dele passou a fazer parte da vida delas. Além disso, ensinou-lhes uma lição de vida fundamental: a de que somos todos agentes da história, e, nessa medida, devemos denunciar as injustiças, atrocidades e arbitrariedades cometidas pelo Estado. As denúncias do período da ditadura militar, neste sentido, resgatam muitas histórias reais e devem ser difundidas, de alguma forma, para as novas gerações, desconhecedoras de um dos capítulos mais importantes e brutais da história recente do Brasil.
Este livro está dividido em quatro partes. A Parte I contém a narrativa "O LABIRINTO – Encontros Clandestinos entre a Vida e a Morte".
Nas Partes II e III desta publicação aproveito a oportunidade para incluir alguns outros escritos de Victor. Quase ninguém sabia de sua inclinação literária. A maioria conhecia o perfil do Victor militante político, teórico, suas análises econômicas e políticas. Ele dispunha de pouco tempo para escrever suas narrativas e crônicas regularmente, ainda que essa atividade lhe proporcionasse imenso prazer.
A Parte II contém uma narrativa LEMBRANÇAS DE RIACHINHOS
, e uma crônica IMAGENS
, ambas escritas há muito tempo também.
Victor começou a trabalhar no esboço de LEMBRANÇAS DE RIACHINHOS em 1976, ano em que passamos a morar juntos em uma pensão na Rua Haddock Lobo, no Rio de Janeiro e, logo em seguida, em uma casa alugada em Jacarepaguá, num lugarejo chamado Boiúna, para manter a atividade da imprensa clandestina nacional da OCML-PO (Organização de Combate Marxista-Leninista – Política Operária). Lembro como se fosse hoje, Victor sentado junto à máquina de escrever manual, portátil, de marca Remington, digitando a sua narrativa somente com os dois dedos indicadores! Ao voltar a estudar na universidade, agora como estudante de Economia na UFRJ, sua atenção sobre o esboço ficou relegada ao segundo plano. A narrativa ficou guardada durante muito tempo. De vez em quando, via-o acrescentando alguma coisa. Descobri que Victor a havia terminado somente após o seu falecimento. Acredito que sua intenção era ter digitado para ter como concluída e dizer: Está pronto, gostaria de dar uma lida?
. Trata-se de uma narrativa que poderíamos qualificá-la como a antessala de O LABIRINTO, pois nela são narradas lembranças de sua adolescência e do início da juventude, quando migra para Salvador para dar continuidade aos seus estudos. Retrata a sociedade de Riachinhos da década de 50-60 (Victor denominou de Riachinhos a cidade de Alagoinhas/BA porque nos encontrávamos na clandestinidade), ao sabor dos acontecimentos nacionais e municipais, onde narra fatos como o suicídio de Getúlio Vargas, as eleições municipais, a descoberta de petróleo – e com ela a chegada dos petroleiros –, a construção de Brasília, a greve dos petroleiros, os fatos da cidade no período antes do golpe, o golpe e a vinda de Victor para Salvador. Apresenta passagens engraçadas e pitorescas, afeitas a um bom observador, que consegue relatar com graça cenas que para muitos pareceriam corriqueiras.
Na crônica IMAGENS, Victor reúne a sua visão crítica sobre a falência das oligarquias rurais brasileiras com as boas lembranças da infância, quando passava férias junto com seus irmãos na fazenda de seus avós maternos. Embrenha-se na atmosfera da decadência rural e, quando parece não haver perspectiva, entra em cena a sua marca registrada: a de apresentar algo novo nas situações de impasses. Novamente nos apresenta imagens fortes, destacando-se, aí também, a força das palavras de seu estilo narrativo, transportando-nos à própria atmosfera narrada. Esta crônica obteve o quarto lugar no concurso literário realizado pela FENAB, em 1982.
A Parte III contém os textos FRÁGUA INOVADORA: O Tormentoso Percurso da POLOP
; PARIS