Os anjos em nossa vida

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J71a

José, Agnaldo, 1967

Os anjos em nossa vida: como os anjos enviados por Deus podem nos proteger, orientar e ajudar a conquistar vitórias / Agnaldo José - 1 ed. - Rio de Janeiro: Petra, 2015.

ISBN 978.85.220.3186-3

1. Deus. 2. Cristianismo. 3. Vida cristã. I. Título. II. Série.

CDD: 220.6

CDU: 27-276

Quanto a mim, estou a ponto de ser imolado e o instante da minha libertação se aproxima. Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. Resta-me agora receber a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos aqueles que aguardam com amor a sua aparição.

(2Timóteo 4:6-8)

SUMÁRIO

Introdução

01

Chamados à santidade

02

Menores e maiores que os anjos

03

A queda do gigante

04

Nas profundezas dos abismos

05

Um coração arrependido

06

Quem é esse que até

perdoa os pecados?

07

Os anjos e a Eucaristia

na caminhada dos cristãos

08

A espada do Espírito

09

A mulher vestida do sol

10

São Miguel Arcanjo,

defendei-nos no combate

11

Um anjo em meu caminho

Introdução

O dia 30 de junho de 1980 foi especial para mim. Estava com 13 anos. Não havia televisão em casa, mas minha avó, Alice, comprara uma novinha só para ver o Papa João Paulo II.

Sua Santidade desceu do avião em Brasília e fez um gesto inesquecível para todos os brasileiros: beijou o chão de nossa pátria! Olhei para os lados e vi minha mãe chorando, cantando com a multidão: A bênção, João de Deus, nosso povo te abraça. Tu vens em missão de paz. Sê bem-vindo e abençoa este povo que te ama. A bênção, João de Deus...

O vento soprava forte na capital do Brasil e balançava as vestes brancas do Sumo Pontífice. Sem pensar duas vezes, perguntei com entusiasmo: Ele não parece um anjo, gente? Minha avó sorriu: Não, Agnaldo. Ele não parece. Ele é um verdadeiro anjo que Deus enviou para estar entre nós, nesses dias.

Essas palavras de minha querida Alice sempre estiveram gravadas em meu coração. Todas as vezes que eu via João Paulo II pela televisão e, mais ainda, quando estive com ele na Praça de São Pedro, em Roma, no jubileu do ano dois mil, recordava-me daquele momento maravilhoso que nosso país viveu, com a visita do anjo de Deus, do peregrino do amor, do mensageiro da paz, agora um novo santo no céu e no altar dos nossos corações.

Mas, seria alguns anos mais tarde que aprenderia de São João Paulo II o poder da oração e da intercessão. Confirmaria em mim o que eu já acreditava desde a juventude: não existe um destino predeterminado para nós. Muitas pessoas pensam que tudo o que acontece conosco tem dia e hora marcados e que nada podemos fazer para mudá-los. Podemos, sim, com a oração, a fé, a ajuda de Deus e da Virgem Maria.

Em 2002, fui convidado para acompanhar um grupo de peregrinos a Fátima, em Portugal, onde aconteceram as aparições de Nossa Senhora aos pastorinhos. Celebrei a missa na Cova da Iria. Conheci a casa de Jacinta e Francisco. Também a casa de Lúcia. Emocionei-me no local das aparições do Anjo da Paz. Momentos antes de voltar ao Brasil, ainda no hotel, comprei o livro Memórias da irmã Lúcia. Quase no final do livro, li a terceira parte do segredo revelado na Cova da Iria, no dia 13 de julho de 1917, escrito pela irmã Lúcia e entregue ao Bispo de Leiria em 3 de janeiro de 1944: Depois das duas partes que já expus, vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora, um pouco mais alto, um Anjo com uma espada de fogo na mão esquerda; ao cintilar, despendia chamas que pareciam que iam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contato do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro. O Anjo, apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: ‘Penitência, penitência, penitência!’ E vimos, numa luz imensa, que é Deus, algo semelhante a como se veem as pessoas no espelho, quando lhe diante passa um Bispo vestido de Branco. Tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre. Vários outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas subiam uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos toscos como se fora de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade em ruínas, e meio trêmulo, com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia rezando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas; assim foram morrendo os bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições. Sob os dois braços da cruz estavam dois anjos cada um com um regador de cristal na mão, neles recolhiam o sangue dos mártires e com eles regavam as almas que se aproximavam de Deus.¹

O Papa João Paulo II, no dia 13 de maio de 1981, festa de Nossa Senhora de Fátima, sofreu um atentado na Praça de São Pedro, em Roma. Ele levou um tiro e quase morreu. Anos mais tarde, Sua Santidade partilhou com os bispos em Roma que fora uma mão materna quem guiou a trajetória da bala, permitindo que o Papa agonizante se detivesse no limiar da morte. Certa vez, o bispo de Leiria esteve com o Papa João Paulo II, que decidiu, então, entregar-lhe a bala que tinha ficado no jeep depois do atentado, para ser guardada no santuário de Fátima. Por iniciativa do bispo, essa bala foi depois colocada na coroa da imagem de Nossa Senhora.

Estamos numa batalha espiritual. Embora os acontecimentos em Fátima pareçam parte do passado, o apelo à conversão, à penitência, feito por Maria Santíssima no início do século vinte, continua vivo até nossos dias. O Papa não morreu naquele atentado porque uma mão materna guiou a trajetória da bala. O poder da oração, a busca da santidade, o arrependimento, a confissão dos pecados, a Eucaristia, a Palavra de Deus, a intercessão dos anjos, dos santos e a proteção da Virgem Maria podem mudar a nossa história e a história do mundo.

É o que veremos neste livro.

1. Memórias da Irmã Lúcia. Secretariado dos pastorinhos. Fátima, Portugal. Gráfica Almondina, 2000, p. 214.