Viver sem saber: Relatos de amor, dor e humor sobre a Doença de Alzheimer
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Viver sem saber - Mariela Oppitz Sorgetz
BÔNUS
PREFÁCIO
Vou dedicar estas poucas frases para parabenizar e agradecer a autora Mariela Oppitz Sorgetz pelo belo livro que escreveu e pela oportunidade de redigir estas frases. Um relato carinhoso e muito real do convívio com paciente portador da doença de Alzheimer, uma enfermidade tão cruel com a família. Assim, da descrição deste convívio, a autora ajudará muitas outras famílias, mostrando exemplos e compartilhando as dificuldades do dia a dia. Durante a leitura, será aguçada a percepção do leitor, alertando-o para o fato de que cada paciente tem sua história de vida. Ao relatar este convívio com a mãe portadora dessa demência, durante anos, certamente o escrever é uma forma de compartilhar as dificuldades e sofrimentos. A aceitação do diagnóstico da demência é um momento devastador para a família. O que esses familiares mais precisam é de orientação, planejamento, comunicação empática e validação emocional, o que nem sempre encontram nos serviços de saúde. Este livro certamente virá a amenizar estas situações.
Desejo a todos uma boa leitura.
Dr. João Senger
CREMERS 12715
Prof. faculdade de medicina da FEEVALE
Mestre em Saúde Coletiva
Pós-Graduação em Geriatria
Diretor do Instituto Moriguchi - Centro de
Estudos do Envelhecimento
Presidente da Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia - Seção RS
Neste livro você encontrará vídeos que complementam a narrativa. E para acessar este conteúdo é muito fácil. Você pode digitar:
www.luzdaserra.com.br/
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Ou acessar o material através do QRcode. Aponte a câmera do seu celular para escanear a imagem do código ou baixe gratuitamente o aplicativo QR Code Reader.
A MÚSICA E AS LEMBRANÇAS
A ÚLTIMA POESIA
BÔNUS
EU PRECISO FALAR
SOBRE O ALZHEIMER
As narrativas deste livro foram motivadas, indubitavelmente, por um sentimento latente de angústia. Angústia esta que foi se avolumando dentro de mim desde que minha mãe recebeu o diagnóstico — se é que podemos chamar assim — da doença de Alzheimer, com a qual convivo há oito anos.
A angústia estava em mim, estava generalizada, e eu precisava combater de alguma forma. Portanto, resolvi escrever, e o fazia para aliviar esses sentimentos de ansiedade, medo, incertezas e muitas dúvidas.
Confesso que no início escrevi sem pretensão alguma, e em ocasiões espaçadas. A minha angústia estava na velocidade que eu dava ao teclado. Passava semanas sem escrever nada, e então escrevia algumas passagens. Eu não queria me esquecer dos fatos, das frases ditas por minha mãe, e de alguma forma registrava, em um arquivo pessoal, o que estava acontecendo para conseguir acreditar que tudo aquilo era verdade.
O tempo, senhor da razão, foi levando minha angústia embora e trazendo em seu lugar outros sentimentos, e então eu fui entendendo e aceitando o quão rica poderia ser essa passagem para mim e para minha família. Como deixar passar em branco algo que tomou uma proporção tão grande em nossa vida? Desprezar, ignorar, esconder, negar são verbos que eu não conseguia conjugar ao falar do Alzheimer, ao contrário, a doença despertava em mim uma certa vontade de compartilhar minha vivência. E que aprendizados eu poderia compartilhar?
Eu percebia que ao me abrir para determinadas pessoas, fossem elas amigas, pessoas mais velhas, conhecidas que me perguntavam pela minha mãe, duas coisas me chamavam muito a atenção. Primeiro, o interesse pelo Alzheimer, o quanto era relevante e instigante para as pessoas ouvirem alguns relatos meus sobre o assunto. Segundo, as muitas coincidências de comportamento e de fases quando conversava com pessoas que também viviam a situação com conhecidos deles ou suas próprias famílias.
Então, pensei: o que eu relatava era importante, fazia sentido para outras pessoas? Os fatos soavam com certa familiaridade e interesse? Dessa forma, eu poderia colaborar, me colocar a serviço da informação.
Bom, quando passa um pouco da angústia, vem a vergonha. Pensava Como eu vou escrever sobre esse tema e revelar fatos muito íntimos da vida da minha mãe com Alzheimer?
Foi então que entendi que eu poderia escrever com verdade, com amor e com respeito, valores que fazem parte da minha vida e que foram tão bem ensinados e embasados pela educação que recebi dela e do meu pai, valores que assinam o meu entender sobre a vida, sobre as pessoas e sobre os relacionamentos.
Relações públicas de formação e com uma carreira construída no segmento de produção de eventos, sempre fui uma pessoa muito comunicativa, uma vez que a área que escolhi trabalhar exige essa desenvoltura. Mas, longe do ambiente profissional, sou reservada, prezo pelas boas amizades e pela convivência em família, especialmente ao lado do meu marido e da minha filha.
Sou uma pessoa simples, como a vida deve ser. Gosto de gente e adoro ouvir histórias, entre os meus hobbies preferidos estão coisas como caminhadas de longa distância e um bom banho de mar. Viagens também são sempre bem-vindas. A convivência com os meus sempre foi prazerosa, afinal, foi a família que sedimentou a minha trajetória, sou fruto dessa construção, desse berço, de um lar simples — pai industriário e produtor de maçãs e mãe professora —, mas cheio de amor.
Minha família é parte desta história, foi impactada por ela. Escrever este livro, de certa forma, dá voz a todos eles, traz um pouco de suas angústias, dúvidas e medos. Mas também relata nossas conquistas diárias, nossa esperança e nosso imenso amor pela dona Anninha que, ao lado do nosso pai Ari, sempre foi a nossa base.
Constrói o teu lar sobre rocha.
É o ensinamento que eu e meus irmãos recebemos de nossos pais, e o estamos levando adiante. A lição está presente também para os genros, nora e netas. Este livro é sobre uma história real de dor e sofrimento. Mas é também sobre uma família unida por um propósito em comum: cercar nossa mãe de amor e cuidados enquanto ela viver.
Assim, decidi publicar este livro com um objetivo: auxiliar outras famílias a entenderem e conhecerem um pouco das características dessa doença, mesmo que com um olhar muito pessoal, com uma lente única: a minha.
Os meus relatos estão ordenados pelas três fases conhecidas mundialmente da doença de Alzheimer: leve, moderada e severa, e foram organizados a partir do meu entendimento e das