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Encontro à Meia-Noite
Encontro à Meia-Noite
Encontro à Meia-Noite
E-book259 páginas5 horas

Encontro à Meia-Noite

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Sobre este e-book

O que você faria para salvar a vida de um ente querido?
Diana Kingston estava devastada. Seu pai tinha uma doença terminal, os medicos já não davam esperanças. Ela gostaria muito de ter poderes para mudar essa situação…
Então, após um pedido muito fervoroso, ela recebeu a notícia de que seu pai estava curado, mas, também chegou uma carta de um estranho. Sexy, tentador e misterioso.
Lucien Star.
Ele foi o responsável por aquele milagre. O que ele queria em troca? Três meses do tempo dela à disposição dele.
O que no princípio mostrou-se assustador, passou a ser um encontro muito aguardado.
Os dias passam, o prazer aumenta. Agora, ela só queria que aquele encontro à meia-noite durasse mais… durasse para sempre.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento22 de abr. de 2021
ISBN9786586066920
Encontro à Meia-Noite

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    Pré-visualização do livro

    Encontro à Meia-Noite - Emma Castle

    Epílogo

    Uma imagem contendo homem, deitado Descrição gerada automaticamente

    Seu orgulho o expulsou do céu, com toda a sua hoste de anjos rebeldes.

    John Milton, Paraíso Perdido

    — Como você caiu do céu, Morning Star, filho do Amanhecer!

    — Não é mais o filho favorito!

    — Não irá brilhar mais!

    As provocações de seus irmãos anjos enchiam sua cabeça enquanto ele caía através das nuvens. Luz e escuridão o consumiam em flashes alternantes ao passar pelas estrelas, dentro das nuvens, em direção à Terra. O ar o cortava, o vento rugia ao seu redor, tão ensurdecedor que seus tímpanos estouraram. A aurora estava no horizonte e ele morreria antes de vê-la tomar o céu completamente.

    — Você, minha estrela mais brilhante, meu favorito entre os anjos, como me desapontou.

    A voz do Pai era a mais difícil de suportar.

    Lúcifer fechou seus olhos, acolhendo o fim, a morte da luz, a morte da vida.

    — Você deveria trazer luz para o mundo, inspirar minhas criações, não as corromper com suas invejas. Agora, você governará os corruptos que o seguem e se tornará o rei do Inferno.

    A terra foi ao seu encontro e ele abraçou a dor. Seu coração angelical se partiu no mesmo instante que seu corpo se quebrou pelo impacto. Tudo ficou escuro ao redor dele. Então, aos poucos, ele se tornou ciente de si, sentindo cada músculo, cada osso, cada átomo que formava seu corpo gritando de dor. Ele não tinha morrido?

    Lúcifer olhou para as nuvens intermináveis acima dele. A fenda que o deixaria voltar aos céus estava fechada. Ele inspirou, o ar como facas em seus pulmões. Algo estava diferente. Lúcifer se sentia... vazio. Penas brancas flutuavam ao seu redor, sua luminescência angelical brilhando ao sol.

    Minha graça... se foi.

    Parecia que um milênio havia se passado antes que ele percebesse que estava deitado sobre o chão rachado da Terra. Seu corpo doía em todos os lugares, mas a dor era maior ao longo de suas escápulas. Ele estava feliz de não poder ver suas costas. Existiriam duas feridas horríveis, no lugar de suas asas brancas como neve. Lúcifer se esticou e agarrou uma das penas restantes que flutuavam pelo chão, tão perto dele, e a colocou entre as dobras da túnica branca que usava. Ele precisava desse único pedaço do céu, esse pequeno pedaço de casa ou iria enlouquecer com o luto.

    A luz dentro dele, a essência brilhante que um dia trouxe a ele apenas alegria, se fora. Não havia nada dentro dele, nada além de escuridão. Ele estava numa cratera, em uma terra deserta. Lúcifer lutou para ficar de bruços, seu corpo fraco demais para se levantar.

    Levantou a cabeça, ouvindo o som distante dos pássaros. Além da terra devastada onde caíra, um lindo Éden se estendia. Uma terra de verde, cheia de bestas e flores. O Pai falara tantas vezes sobre o mundo abaixo das nuvens.

    Raiva inundou seu corpo, dando-lhe nova energia e força. Em algum lugar naquele Éden, estavam as criaturas favoritas do pai dele: humanos. Uma palavra desprezível para criaturas desprezíveis, que não se comparavam aos anjos. Mas ele não era mais um anjo. Ele era um caído. Um ser sem asas, sem graça.

    O que eu era agora?

    A pergunta não tinha uma resposta pronta e Lúcifer se encolheu. Pela primeira vez em sua existência, ele não sabia exatamente o que era.

    Enterrou suas mãos no chão árido, se arrastando até o jardim à sua frente. No centro desse lindo mundo, uma única árvore se erguia além das outras. Entre os galhos, estavam penduradas lustrosas maçãs vermelhas. O Pai falara sobre essa árvore, uma que continha conhecimento para todo o tempo. Humanos tinham livre arbítrio, que anjos não tinham, e se esses humanos ousassem quebrar sua promessa de ficar longe da árvore, Lúcifer teria sua vingança e assistiria à criação favorita de seu pai cair em desgraça.

    Os lábios de Lúcifer se curvaram. Não teria que esperar muito para ter sua vingança. Ele podia ver a fraqueza e fragilidade na humanidade. Derrotar os humanos, um por um, partiria o coração celestial de seu Pai, assim como Ele tinha partido o de Lúcifer.

    O vento carregou para longe as penas de suas asas outrora angelicais. Ele ficou feliz de ter pego uma e a colocado em segurança, perto de seu coração. O Paraíso estava perdido para Lúcifer e ele iria garantir que esses humanos desgraçados nunca o alcançassem também.

    Uma imagem contendo homem, água Descrição gerada automaticamente

    Melhor reinar no Inferno do que servir no Céu.

    John Milton, Paraíso Perdido.

    Hellfire Rising era um antro de corrupção.

    Um berço de pecado e escândalo.

    Aqui, corações eram partidos; sonhos, destruídos, e fantasias sombrias, realizadas.

    Era a coisa mais próxima de um lar que Lucien Star tinha. Ele se inclinava contra a sacada, olhando as pessoas dançando abaixo e com um estalar de dedos, segurava um copo de conhaque. Tomou um gole lentamente, saboreando o álcool escuro e forte.

    Dois anos atrás, ele havia deixado para trás o diabo que seu Pai esperava que ele fosse e se recriou como um diabo diferente. Lúcifer, a Estrela da Manhã, o anjo que uma vez foi o preferido, o governante do inferno, que nunca deixava a escuridão, se fora. Ele estava cansado de passar a maior parte de seus dias no abismo escuro e no fogo do inferno, no reino dos maus e condenados. Ele parou de se chamar Lúcifer e se tornou Lucien Star. Usou seus poderes para criar um mundo que atendia à suas necessidades, Hellfire Rising, uma boate no centro de Chicago.

    Ele retornava para o abismo e para a escuridão, apenas quando absolutamente necessário para tratar de suas obrigações. Os portões do inferno precisavam ser guardados ou então se quebrariam e os demônios inundariam o mundo, o destruindo. Não era isso que Lucien queria. Contrário à opinião popular, Lucien gostava do reino humano do jeito que era. Ele não queria vê-lo destruído por chamas e deixado na escuridão eterna.

    Uma mulher abaixo dele, na escada, olhou para cima, lançando-lhe um sorriso sensual num convite explícito. Ele ergueu o copo de conhaque em cumprimento, mas não estava interessado. Sua mente estava em outros assuntos, como a estranha preocupação com pensamentos profundos e incômodos. Era tão diferente dele que balançava as grades infernais da jaula emocional em que ele se sentia preso esta noite.

    Lúcifer gostaria que o inferno pudesse funcionar sozinho, e funcionava... na maior parte. Os condenados não precisavam dele lá para continuar sofrendo o tempo todo, o que era um alívio. Ele desprezava o inferno, mas não podia evitar seu trabalho completamente. Tinha que cuidar de demônios que fugiam e perambulavam pelo caminho dos mortais, então, prendê-los e destruí-los. Isso também não o alegrava.

    Ele preferia o plano mortal. Assistir aos humanos tomarem decisões que os colocavam no caminho do pecado. Amava a língua secreta dos sorrisos escondidos, olhares sedutores, mãos que exploravam enquanto se entregavam aos desejos mais sombrios. Lúcifer desejava a corrupção, não a crueldade.

    — Lucien. — A voz baixa e grossa chamou-lhe. Ele ainda estava parado na sacada, no último andar da boate, que levava ao seu escritório. Do lugar relativamente privado, ele podia ver os clientes da boate dançando loucamente.

    — Sim? — Lucien deu as costas à luz nebulosa que iluminava a boate abaixo e se virou para Andras, um companheiro anjo caído. O homem loiro tinha os olhos azuis mais pálidos, como duas geleiras. Em outro tempo, eles foram irmãos na brilhante cidade das nuvens, mas agora, eram irmãos unidos na escuridão.

    — Você me pediu para trazer uma lista dos pactos feitos nas encruzilhadas esse mês. — Andras se aproximou de Lucien e estendeu a mão, como se fosse cumprimentá-lo.

    Lucien pegou a mão de Andras e, rapidamente, sua cabeça foi invadida por imagens. 100 almas. 100 pactos feitos. Pactos feitos a partir de raiva, ambição e luxúria.

    Tão sem graça e previsível.

    Lucien soltou a mão de Andras e suspirou enquanto se virava para a multidão. Andras se juntou a ele no parapeito e ficou quieto por um momento. Lucien, mais uma vez, se concentrava na sensação que o assombrava cada vez mais nos últimos anos. Ele não estava feliz. Havia um vazio que parecia prestes a enforcá-lo e Lucien não conseguia se livrar dele. Essa sensação não era nova, mas ultimamente, parecia pior.

    — Senhor, parece... insatisfeito.

    Lucien quase negou, mas ele nunca mentia. O diabo só falava a verdade. Todo mundo o retratava como mentiroso, mas não era verdade. Eles mentiam para si mesmos e para os outros em seu nome.

    — Eu estou insatisfeito — admitiu. Desde o momento em que fora expulso do céu, ele estivera cheio de raiva e inquieto. A raiva diminuiu ao longo dos muitos anos que passara no inferno. Corromper almas era fácil demais. Uma dica aqui, um empurrãozinho ali e esses mortais caíam em pecado. Lucien necessitava de um desafio. Os portões do inferno precisavam que almas puras fossem corrompidas, para continuarem fortes. Quanto mais almas ele levava, mais fortes eram os poderes que mantinham os demônios no inferno. Já fazia muito tempo desde que ele tinha almas puras como alvos. Os portões estavam começando a ruir.

    Nada como um desafio quando o próprio inferno precisava de salvação.

    — Não há nenhuma alma boa e incorruptível por aí? Os portões estão fracos. Posso sentir — murmurou. Era uma pergunta retórica, mas Andras se ergueu.

    — Deve haver. Devo achar uma para você? Eu também estive preocupado com os portões. Já faz um bom tempo desde que saímos à procura de almas puras para fortalecer o portal.

    Lucien cruzou os braços sobre o peito, franzindo o cenho para a multidão. Ele não esperava que Andras se oferecesse para encontrar uma alma. Estava pensando alto mais do que qualquer coisa, mas Andras era um soldado leal e esperto. Se alguém podia encontrar o que ele precisava para proteger os portões, esse alguém era Andras.

    Eu quero isso? O desafio saciaria o meu vazio? Ou deveria deixar para Andras garantir a segurança do inferno?

    Não. Ele tinha que fazer isso. Quando corrompia uma alma e a guardava para o inferno, mantinha os portões fortes e os demônios onde deveriam ficar: presos na escuridão.

    Se houvesse a menor chance de aliviar aquela dor horrível, ele tinha que tentar.

    — Encontre uma alma pura. Uma que será um verdadeiro desafio. Os portões precisam de uma alma que vai me testar verdadeiramente, se quisermos proteger o portal.

    — Entendido. — Andras desapareceu e a agitação de suas asas-fantasma era a única prova de que ele esteve ali. Quando Andras caiu do céu, ele também perdeu suas asas brancas. Em seu lugar, as cicatrizes formaram as chamadas asas-fantasma e isso foi só o que restou.

    Lucien deu as costas à boate e voltou ao seu escritório. Fechou as portas de vidro para a sacada e sentou em sua cadeira de couro. Pegando um charuto da caixa de madeira, removeu o cortador e cortou a ponta. Então, estalou os dedos e uma chama surgiu das pontas dos dedos para acender o charuto. Tragou lentamente, aproveitando o aroma rico e doce da fumaça e, depois, soltou o ar. A fumaça escapou de seus lábios em fios que se enrolavam no ar, formando uma serpente.

    Andras encontraria uma alma para ele, uma perfeita para corromper. Isso devolveria o propósito de Lucien e manteria os portões do inferno intactos.

    Está na hora do diabo voltar ao jogo.

    Em preto e branco Descrição gerada automaticamente

    A vida não é justa.

    Diana Kingston sabia que era verdade, mas isso não a impedia de esperar por justiça todos os dias. Ela estava sentada ao lado da cama de hospital do seu pai, assistindo-o lutar pela vida, sem poder fazer nada. Ele entrara em coma mais cedo naquela manhã enquanto os estágios finais do câncer tomavam conta. A mãe, Janet, segurava a mão dele e conversava suavemente sobre seu dia, esperando que ele pudesse ouvi-la. Era parte da rotina antes de ele entrar em coma. Quando Diana chegava em casa da faculdade, ela e sua mãe dirigiam até o hospital para fazer companhia ao pai enquanto ele passava por radio e quimioterapia contra câncer de cólon. Ela não conseguia superar a dor de ver sua mãe perder parte de si, com a morte iminente do homem que ela tinha amado por mais de trinta anos.   

    Na maioria dos dias, Diana conseguia manter a calma, mas hoje era, possivelmente, o fim. O médico tinha ligado para sua mãe naquela manhã para dizer que seu pai, Hal, tinha entrado em coma. No dia anterior, o pai de Diana estava com o olhar vazio e exausto de lutar contra o inevitável, mas, ainda assim, estava acordado e falando. As máquinas fazendo barulho ao lado da cama mostravam a vida dele se esvaindo pouco a pouco. O coração de Diana estava se partindo, se quebrando em centenas de pedaços, como um espelho. Ela conseguia se ver no rosto do pai, refletida milhares de vezes enquanto ele se entregava aos poucos para a morte. Será que a mãe olharia para Diana e veria o reflexo do pai? Será que ela causaria mais dor à sua mãe? Diana mordeu o lábio com tamanha força que o gosto metálico do sangue a surpreendeu. Lambeu os lábios e se levantou da dura cadeira de madeira do hospital.

    Ela era covarde, fraca. Ela não conseguia sentar ali e o assistir morrer. Doía demais.

    — Mãe, eu vou tomar um ar, tudo bem? — Ela abraçou a mãe pelos ombros e beijou sua bochecha antes de se dirigir até a porta.

    — Claro, querida — a mãe murmurou, distraída.

    Diana parou à porta, absorvendo a imagem dos pais. Hal era um homem lindo, com suaves olhos cinzentos, que provavelmente nunca se abririam de novo, e cabelo castanho salpicado de cinza. Sua mãe, Janet, fora uma verdadeira beldade em sua juventude e ainda era deslumbrante com seus olhos azul-acinzentados e cabelos pretos. Mas a doença de seu pai tinha envelhecido ambos nos últimos dois anos, roubando o tempo como folhas de outono levadas pelo vento.

    Quando o pai morresse, o golpe seria demais para a mãe. Eles eram almas gêmeas. Diana crescera em uma casa cheia de vida e risadas, canções sob o sol e danças sob o luar. Seus pais tiveram uma vida pacífica, mas agora, ela parecia determinada a arrancar parte da perfeição que dera tão livremente.

    Lágrimas encheram os olhos de Diana enquanto ela saía para o corredor da ala de oncologia do Saint Francis Hospital, no subúrbio de Chicago.

    Respire, lembrou a si mesma. Secou os olhos, esfregando as lágrimas por suas bochechas. Ela fora criada como católica, mas sua fé nunca tinha sido muito forte. Não até seu pai ficar doente. Agora, ela rezava como se o mundo estivesse acabando, porque para ela, parte dele estava.

    — Você está bem? — Uma enfermeira se aproximou e tocou seu ombro gentilmente, do jeito que as pessoas fazem com estranhos que estão sofrendo.

    — Estou — sussurrou. — Foi só um dia ruim para o meu pai. — A frase ele está morrendo não conseguia sair. Ela não queria (e, francamente, não conseguiria lidar com) a pena de ninguém naquele momento.

    A enfermeira balançou a cabeça, em compreensão imediata.

    — Todo mundo tem esses dias ruins aqui, mas, normalmente, são seguidos de dias melhores. Aguente firme, querida. — Os olhos castanhos da enfermeira eram doces ao sorrir.

    — Obrigada. — Diana colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e olhou em volta, desejando poder sair logo, mas o hospital era um labirinto de alas, hall de elevadores e postos de enfermagem.

    — Por que você não descansa um pouco na capela? — A sugestão da enfermeira parecia boa.

    Diana agradeceu novamente e andou em direção ao final do corredor. Chegando lá, olhou para a porta com uma pequena placa que dizia Capela. Ao entrar, prendeu a respiração, mas a capela estava vazia. Uma janela com vitral de São Francisco de Assis no meio da floresta, cercado de animais, estava ao fundo. Ela tinha ido lá muitas vezes nas últimas semanas e mesmo estando em falta como católica, ela sabia o suficiente sobre santos para reconhecer São Francisco. Ele se tornara um grande conforto para ela.

    Os bancos reluziam com uma luz colorida vinda do vitral. Diana foi até a primeira fileira e se sentou, então, fechou os olhos ao mesmo tempo em que mais lágrimas desciam pelo seu rosto. Dois anos atrás, tudo que importava em sua vida era a faculdade. Ela entraria no último ano na Universidade de Chicago durante o outono e se formaria em Arquitetura. Quando seu pai adoeceu, sua mãe fez o possível para esconder dela.

    Parte de Diana estava com raiva por seu pai estar doente, por ele fazer com que ela e sua mãe passassem por um inferno. E estava com raiva do fato de que não poderia consertar o coração partido de sua mãe. Mais ainda, ela estava com raiva de si mesma por não poder fazer nada para ajudá-lo. Sentir raiva era bom e a fazia sentir-se mais forte, mesmo que por pouco tempo.

    Ela não tinha certeza por quanto tempo estava ali, antes de perceber que não estava sozinha. Os cabelos da nuca se arrepiaram quando teve a estranha sensação de olhos escondidos a observando. Algum instinto antigo a avisou de que estava na presença de um predador.

    Virando-se lentamente, Diana olhou por cima do ombro, próximo à entrada mal-iluminada. Ela viu uma figura cercada pelas sombras. Por um segundo, não pôde respirar. Era como se cada pesadelo que tivera sobre figuras na escuridão, se sufocar e um grande vazio em meio à fumaça, estivesse à porta. Então, ela piscou e a sombras desapareceram.

    No lugar, um homem estava parado. Seu terno preto e gravata vermelha de seda eram estranhamente intensos para um hospital. Ela estava tão acostumada a ver pessoas em roupas casuais e confortáveis para ficar horas ao lado do leito de alguém amado. Ele se apresentava com um jeito dominante e confiante que lhe dava arrepios. Olhando para cima, Diana engoliu em seco ao perceber que ele a observava com a mesma intensidade. No instante em que seus olhos se encontraram, seu fôlego escapou e todos os pensamentos em sua mente ficaram atordoados. Aqueles olhos, duas piscinas impenetráveis que tinham uma intenção

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