Design: Ensino, processos e comunicação
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Sobre este e-book
A primeira abordagem envolve aspectos de Inovação e Desenvolvimento Projetual, com os capítulos intitulados INOVAÇÃO E DESIGN: A VANTAGEM COMPETITIVA QUE O MERCADO NECESSITA, dos autores Lucas Jorge Garcia, Galdenoro Botura Junior e João Carlos Riccó Plácido da Silva e, DESIGN DE SERVIÇOS NA EDUCAÇÃO: OPORTUNIDADE DE COCRIAÇÃO DE PROJETOS INTERDISCIPLINARES de Claudio Boni e Paula da Cruz Landim.
A terceira abordagem refere-se aos Processos da Ergonomia Cognitiva e apresenta o capítulo SIMULADORES DE AUTOMÓVEL E ERGONOMIA COGNITIVA: ESTUDOS EM DESIGN SOBRE O COMPORTAMENTO DE MOTORISTAS que tem por autores Gustavo de Andrade Silva, Sérgio Tosi Rodrigues.
A abordagem seguinte envolve os aspectos de Ensino dos Processos de Desenvolvimento de Projeto de Produto e, neste sentido, destacam-se três capítulos: PARAMETRIZAÇÃO GEOMÉTRICA: UM AUXÍLIO NO DESENVOLVIMENTO DA MODELAGEM DO VESTUÁRIO, de Débora Mizubuti Brito e Marizilda dos Santos Menezes; PRINCÍPIOS DO DESIGN EDUCACIONAL NO ENSINO HIBRIDO DE MODELAGEM PLANA DO VESTUÁRIO, de Gisely Andressa Pires e Marizilda dos Santos Menezes; e COWORKING NAS ESCOLAS: (re)CONFIGURANDO A FORMA DE APRENDER, CRIAR E TRABALHAR, dos autores Veridiana Ferreira e Galdenoro Botura Junior.
A quarta abordagem demonstra as relações em Produção e Sustentabilidade e, neste sentido, envolvem os capítulos O DESIGN PARA A SUSTENTABILIDADE ALÉM DOS PRODUTOS E SERVIÇOS elaborado por Iana Uliana Perez, Mônica Cristina de Moura e Suzana Barreto Martins; e RELAÇÕES E IMPLICAÇÕES DA CADEIA PRODUTIVA DO BAMBU: UMA PERSPECTIVA CULTURAL de Silvia Sasaoka e Marco Antônio dos Reis Pereira.
A última abordagem envolve os aspectos comunicacionais do Design, em que se destacam os capítulos DESIGN E COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL: UMA ABORDAGEM SISTÊMICA, de de Marina Arakaki, Olímpio José Pinheiro e Mariano Lopes de Andrade Neto; e LETRAMENTO DIGITAL E O DESIGN DE INFORMAÇÃO de Thais Lari Braga Cilli e Cássia Letícia Carrara Domiciano.
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Design - Canal 6 Editora
Inovação e design: a vantagem competitiva que o mercado necessita
Lucas Jorge Garcia
Galdenoro Botura Junior
João Carlos Riccó Plácido da Silva
Introdução
A inovação vem sendo abordada em diversas áreas do conhecimento, como nas exatas, humanas, sociais aplicadas e biológicas, além de propagar em meios de comunicação e ambientes corporativos (NETO; CORDIOLI; MACHADO, 2003). O conceito de invenção relaciona-se a uma ideia nova de algo inexistente, enquanto a inovação é a implantação de algo já inventado de modo melhorado (OSLO, 2005). A prática de introduzir algo novo ou melhorar a existência não é algo recente, pois historicamente o ser humano sempre apresentou ideias criativas que foram implementadas por meio de objetos de uso cotidiano que, por sua vez, foram comercializadas por empreendedores. A inovação moveu-se para um contexto amplificado e aberto, no qual Henry Chesbrough defende a interação entre empresas, consumidores e a academia na formação dinâmica do processo inovador.
O mercado, por outro lado, sempre se deparou com novas tecnologias que trouxeram crescimento econômico dentro do modelo de geração de riqueza (TIGRE, 2014). Schumpeter (1988) elaborou uma teoria do desenvolvimento econômico em plena revolução industrial no início do século XX, este modelo capitalista trazia a diferenciação de invenção e inovação. Para o autor, invenção é uma ideia nova de algo inexistente, enquanto inovação é a apropriação de algo já inventado, porém melhorado, que gera recursos econômicos.
As organizações buscam essas parcerias para melhor atender as necessidades dos usuários e identificar quais produtos e processos deverão ser desenvolvidos a partir do reconhecimento que revelam cada vez mais que os consumidores estão no centro do processo, e com participação deles, projetos inovadores com diferencial competitivo do negócio sejam realizados. Organizar e estruturar os procedimentos, na procura por soluções para problemas correntes, permite que o mercado se invente e reinvente constantemente. Assim, devido a esta realidade contemporânea, as organizações tendem a buscar, cada vez mais, parcerias para melhor atender as necessidades dos usuários.
Neste contexto, o design emprega papel fundamental na criação de ideias, na observação das necessidades dos usuários e nas funções do objeto/produto. Mais do que a estética visual, o design se atenta a outras funções, como a técnica, prática, uso, serviço, sistema, adequada, simbólica, ideológica, status, social, não estética, de manifesto e latente (CRILLY, 2010). O design proporciona novas perspectivas, combinando funções e transformando o problema em solução, viabilizando uma forma objetiva para atender às necessidades dos usuários.
A natureza multidisciplinar do design permite adaptar conhecimentos e criar parcerias com profissionais e instituições de diversas áreas. Como agregador desses fatores, o design também se depara com as novas possibilidades impostas pela evolução das comunicações (SILVA; BOTURA JUNIOR; PASCHOARELLI, 2013).
Para Grizendi (2011), a inovação não acontece isoladamente e nem por acaso é essencial que se integre ao contexto organizacional visando recursos de áreas que familiarizam com o projeto, que tenha estímulos criativos e um planejamento estratégico definido. Desse modo, o design e a inovação têm em comum, elementos que contribuem para o processo inovador. Por meio das funções do design, a procura pelo diferencial, que pode ser manejado pela criatividade das ideias e para solucionar o problema.
O design tem sido largamente utilizado na transição da era da informação e da comunicação para uma era de conceitos em que o sustentável e o conceitual tornam-se essenciais, pois refletem as mudanças culturais paradigmáticas da complexa sociedade líquida (BARCELLOS; BOTURA JUNIOR, SILVA, 2019).
Inovação se tornou a palavra do momento, utilizada por pessoas e empresas, usualmente, de modo equivocado, sendo empregada sem se conhecer o real significado do conceito em si. O aprofundamento do seu entendimento e de suas implicações, juntamente com o conhecimento do que a área do design pode proporcionar que seja a capacidade de criar artefatos ou produtos que aumentem a conexão com os usuários, peça chave em um processo mercadológico, permitindo que a criatividade seja transformada em inovações, com alta possibilidade de sucesso onde seja inserida, por mais competitivo que seja o mercado.
Entendendo a Inovação: conceito, características e aplicações.
No ambiente corporativo as atividades mercadológicas movem o fluxo econômico na geração de lucro, no qual não é uma tarefa fácil, já que para obter a venda de produtos vê necessário destaque perante os concorrentes, para que possa aumentar o reconhecimento no mercado.
Enxergar uma oportunidade diante de circunstâncias adversas, e transformá-la em uma ocasião para uma empresa não cair no esquecimento dos clientes e nem perder competitividade perante outras do ramo.
A conjuntura para uma empresa encontrar o diferencial no mercado e trazer melhorias contínuas está na inovação (PORTO, 2013 e TIGRE, 2014). Esta palavra desperta interesse nos empresários, uma vez que traz a perspectiva da descoberta do novo, que envolve ideias criativas para serem implementadas em um contexto de oportunidades. Porém encontrar algo que venha alterar a realidade do mercado é uma tarefa complexa, requer pesquisa de mercado e planejamento das ações com testes e aperfeiçoamento até chegar ao projeto final.
A busca por trabalhar com algo diferente é uma demanda social frequente, ainda mais perante a competitividade do mercado crescendo de forma exponencial. Enxergar uma oportunidade diante as circunstâncias é o melhor caminho a seguir para não cair no esquecimento dos clientes e nem perder lugar para outras empresas.
Porto (2013) e Tigre (2014) discorrem que a oportunidade para qualquer empresa encontrar o diferencial no mercado e trazer melhorias contínuas está na inovação. Uma palavra de desperta interesse nos empresários, na descoberta de algo novo, que envolve ideias criativas implementadas no contexto da oportunidade em questão. Mas, nem sempre é simples encontrar algo inovador, requer pesquisa de mercado e um planejamento das ações com testes e aperfeiçoamento até chegar ao projeto final de inovar.
Para obter inovação não basta somente encontrar algo novo para o negócio, mas sim fazer transformar o resultado da busca transformando-as e explorando as oportunidades, criando e recriando ideias em conjunto, com espaços capazes de gerar níveis significativos de criatividade e inovação. Esse processo exige um tempo nem sempre curto para evoluir as ideias, que precisam ser discutidas em conjunto com uma equipe, para que o amadurecimento das propostas possa conduzir a ideia a um potencial inovador (PORTO, 2013).
A definição do conceito de inovação encontra-se estabelecida no Manual de Oslo (2005), desenvolvido em ação conjunta entre a Eurostat e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), em fórum único com trinta países membros para viabilizar diretrizes nos desafios sociais, econômicos e ambientais da globalização, além de orientar e padronizar conceitos, metodologias e indicadores de pesquisa aos países industrializados. No Brasil, a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), uma empresa pública de fomento à ciência, tecnologia e inovação, referência o Manual de Oslo em suas atividades avaliativas e reconhece a importância da inovação para a competitividade de empresas brasileiras.
Inovação compreende um amplo conjunto de inovações possíveis. Uma inovação pode ser mais estreitamente categorizada em virtude da implementação de um ou mais tipos de inovação [...] o requisito mínimo para se definir uma inovação é que o produto, o processo, o método de marketing ou organizacional sejam novos (ou significativamente melhorados) para a empresa. Isso inclui produtos, processos e métodos que as empresas são as pioneiras a desenvolver e aqueles que foram adotados de outras empresas ou organizações (MANUAL DE OSLO, 2005, p. 56).
Desse modo, para que algo seja considerado inovação é necessário que seja introduzido no mercado. Empresas desenvolvem novos produtos para o mercado e/ou aperfeiçoam continuamente os produtos e/ou processos já existentes. Independente do propósito empresarial, a mudança precisa ser significativa, agregando algo novo, ou melhorado disponibilizado ao público consumidor (SILVA; BOTURA JUNIOR; PASCHOARELLI, 2013).
O conceito de inovação pode ser empregado em todos tipos de empreendimentos, tanto nas microempresas como nas multinacionais, já que há uma competitividade presente, uma vez que dentro do contexto da globalização, implica na movimentação de novos mercados e nas possibilidades para criação de vantagens competitivas.
Para isso, um novo modelo de empresa de sucesso, que envolva a inovação, criatividade e o talento humano, é preciso ser originado, esclarece Nassar (2006), uma vez que a economia é o fator dominante de qualquer negócio.
Uma empresa pode trabalhar a inovação em quatro vertentes sendo eles apresentados no Quadro 1: inovação de produto, de processo, organizacional e de marketing (MANUAL DE OSLO, 2005), que são apresentados no Quadro 1.
Quadro 1 - Vertentes das inovações, segundo Manual de Oslo (2005)
Fonte: Elaborado pelos autores, adaptado do Manual de Oslo (2005).
Giglio, Wechsler e Bragotto (2009) explicitam que a razão pela qual as empresas buscam inovar consiste em lucratividade, sobrevivência e permanência no mercado. Essa prática independentemente do tipo de inovação orienta para um diferencial e abre espaço diante das oportunidades, ao estabelecer uma estratégia (re) pensada pela organização e que trabalhe a capacidade de inovação.
A capacidade de inovação consiste em um conjunto de fatores que a empresa tem ou não tem, e nos modos de combiná-los de maneira eficiente. Essa capacidade depende da integração de várias características da empresa, desde sua força de trabalho, competências, diferenciais, estrutura financeira, estratégia, relacionamentos, até da sua organização interna (GIGLIO, WECHSLER e BRAGOTTO, 2009, p. 159).
Toda empresa possui essa capacidade para inovar e essa prática deve ser estimulada e cooperada dentro do negócio como modo de aprendizado, para que os funcionários possam interagir em pontos para melhorar e assim plantar uma ideia. Essa é uma fonte favorável ao processo de inovação, bem como também é imprescindível realizar pesquisas externas sobre o mercado para obter informações capazes de contribuir para o processo, como a consultoria, análise da concorrência e fornecedores.
O gerenciamento do processo de inovação é uma ferramenta relevante, pois determina os elementos centrais da inovação. Para inovar, uma organização necessita conhecer suas capacitações, saber o limite dos recursos, o que requer tempo e persistência, além de assumir o risco do erro caso o projeto não seja bem-sucedido e, preferencialmente, avaliar o processo de criação da inovação por testes junto aos usuários, revela (Porto (2013).
A escolha da inovação a ser gerada, implementa ou implantada pela empresa, ou mesmo a combinação delas, é o que irá conduzir todo o processo. É necessário analisar a situação empresarial, por meio da realização do mais completo diagnóstico, com levantamento de dados que contribuam para a definição do que será realizado.
Entretanto, o contexto e os fatores econômicos e internos à organização, podem se constituir em grandes problemas, inviabilizando todo o processo da inovação. O custo e risco, principalmente devido ao cenário ser levados em consideração. Prazos longos para retorno dos investimentos, falta de profissional qualificado, cultura organizacional, como resistência às mudanças empresariais e carência de informações sobre o mercado dificultam o desenvolvimento do processo.
As empresas que sempre levaram em conta a opinião dos seus consumidores e investiram fortemente em tecnologia, perderam sua liderança no mercado por não estarem atentas às mudanças tecnológicas de ruptura. (MERCALDI et al., 2015)
O planejamento para alinhar as ações antes do início do processo, com a definição do modelo de inovação a ser adotado. Dentre os diversos modelos existentes e que podem ser adotados por uma empresa, o modelo de inovação aberta é um dos que têm proporcionado resultados motivadores (ROSSI; BOTURA JUNIOR, 2018). Este modelo amplia a visão de mercado, mostra que há profissionais bons fora da empresa, que tem conhecimento para agregar valor através do público externo interagindo com as ideias dentro da empresa. Viabiliza espaços técnicos para florescer projetos, oportuniza o avanço de novas tecnologias e principalmente modelos de negócio, progredindo assim para uma vantagem competitiva.
A criatividade como recurso que o Design oferece para o mercado
O design contemporâneo possui uma identidade variante do contexto cultural, econômico e tecnológico em que esteja inserido e parte de um conjunto de elementos conceituais, como: as características de estereótipos e constância; design de combinações; prática cotidiana; economia/indústria com questões de identidade corporativa, logomarcas e globalização; a construção da identidade; preservação/destruição da identidade; e a ciência da identidade.
Isso não significa dizer que identidade de design precisa ser fixo, fechado e único. Pelo contrário, é um campo de possibilidades sempre abertas e constantes, que necessita ser criada (ou projetada), não apenas encontrada no passado, mas com um olhar rumo ao futuro. A identidade está no imaginário das pessoas algo que agrega atributos individuais que aborda a estática e dinâmica de modo equilibrado. Já a materialização da identidade do design pode ocorrer com características formais ou cromáticas, na estrutura sistematizada dos produtos, no uso de materiais locais e métodos de fabricação, na aplicação de métodos projetais específicos e na necessidade do contexto (BONSIEPE, 2011).
Estudos observados por Giglio, Wechsler e Bragotto (2009, p. 85) mostram que a originalidade de cada pessoa encontra liberdade de expressão conforme a identidade se fortalece e se torna mais consistente
. A subjetividade humana é o que traz essa identidade através da percepção de mundo em que rege cada indivíduo, fazendo com que a diferença de estímulos e ideias exista individualmente.
O design trata da concretização de significados e não mais exclusivamente da estética como era no período da industrialização, na qual a questão artística e da forma dos produtos expressavam concepções dos movimentos da época (CRILLY, 2010). Com a progressão do paradigma do design, a importância ao significado trouxe relevância no desenvolvimento de projetos com aspectos interdisciplinares ampliando o conhecimento prático para a fundamentação do processo de design (MONT’ALVÃO e DAMAZIO, 2008).
O processo de design consiste no projetar
, seguindo metodologias já existentes para desenvolver seus projetos de produtos. Porém, é necessário a existência de um planejamento prévio para desenvolver a concepção e alcançar os objetivos, por meio de processos criativos e técnicas refinadas por anos de experiência. Na literatura são observados modelos de processo de design com etapas que conduzem desde um problema, são observados