O Mistério de Sam Smith
De Hannah Howe
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Sobre este e-book
Aos vinte e dois anos, Rosanna Mee era reclusa, e severamente agorafóbica. No entanto, quando Faye e eu chegamos ao seu apartamento para entregar um documento legal, não conseguimos achá-la. Ela desapareceu. Como uma mulher que não saía de casa em três anos simplesmente desapareceu? Essa foi a primeira de uma série de perguntas que nos levou ao mundo do fisiculturismo, fraude e assassinato.
Enquanto isso, o caleidoscópio da minha vida continua a mudar. Quando a imagem se estabeleceu, descobri que estava me despedindo de um amigo, encontrando um novo escritório e encontrando uma revelação que mudaria minha vida pessoal.
Hannah Howe
Hannah Howe is the bestselling author of the Sam Smith Mystery Series (Sam's Song, book one in the series, has reached number one on the amazon.com private detective chart on seven separate occasions and the number one position in Australia). Hannah lives in the picturesque county of Glamorgan with her partner and their two children. She has a university degree and a background in psychology, which she uses as a basis for her novels. Hannah began her writing career at school when her teacher asked her to write the school play. She has been writing ever since. When not writing or researching Hannah enjoys reading, genealogy, music, chess and classic black and white movies. She has a deep knowledge of nineteenth and twentieth century popular culture and is a keen student of the private detective novel and its history. Hannah's books are available in print, as audio books and eBooks from all major retailers: Amazon, Barnes and Noble, Google Play, Kobo, iBooks, etc. For more details please visit https://hannah-howe.com The Sam Smith Mystery Series in book order: Sam's Song Love and Bullets The Big Chill Ripper The Hermit of Hisarya Secrets and Lies Family Honour Sins of the Father Smoke and Mirrors Stardust Mind Games Digging in the Dirt A Parcel of Rogues Boston The Devil and Ms Devlin Snow in August Looking for Rosanna Mee Stormy Weather Damaged Eve's War: Heroines of SOE Operation Zigzag Operation Locksmith Operation Broadsword Operation Treasure Operation Sherlock Operation Cameo Operation Rose Operation Watchmaker Operation Overlord Operation Jedburgh (to follow) Operation Butterfly (to follow) Operation Liberty (to follow) The Golden Age of Hollywood Tula: A 1920s Novel (to follow) The Olive Tree: A Spanish Civil War Saga Roots Branches Leaves Fruit Flowers The Ann's War Mystery Series in book order: Betrayal Invasion Blackmail Escape Victory Standalone Novels Saving Grace: A Victorian Mystery Colette: A Schoolteacher's War (to follow) What readers have been saying about the Sam Smith Mystery Series and Hannah Howe... "Hannah Howe is a very talented writer." "A gem of a read." "Sam Smith is the most interesting female sleuth in detectiv...
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O Mistério de Sam Smith - Hannah Howe
Para minha família, com amor.
Capítulo Um
Janeiro. Um novo ano, um novo começo e um novo escritório à vista.
Eu estava ali com minha amiga e colega, Faye Collister, em um prédio renovado dos anos 1960. Com três andares e um sótão em reforma, a construção ficava de frente para a baía de Cardiff. Um quarteirão que um dia fora elegante e refinado, já mostrava sinais do tempo. Apesar disso, uma camada nova de chapisco e a instalação de um elevador para cumprir o regulamento de acesso para deficientes deram à velha senhora
uma repaginada.
Estávamos olhando o sótão, um ambiente generoso com espaço amplo para nossas mesas, gaveteiros e estantes de livros. A empena era de tijolo maciço, e as outras três paredes de placa de gesso, colocadas ali para dar forma ao local. A parede oposta à empena chegava até o teto, já as paredes adjacentes tinham quatro metros de altura, com uma leve inclinação antes de encostar no telhado.
Notei uma saída de incêndio na empena e apreciei a iluminação generosa oferecida por duas amplas janelas no teto. O ambiente era espaçoso, arejado e limpo. E diferente de nosso antigo escritório, uma casa flutuante, esse estava bem acima da água.
— O que você acha? — Faye perguntou com um tom observador.
— É um espaço decente — eu disse —, certamente mais espaçoso que meu antigo escritório e definitivamente melhor que uma casa num barco.
— Com uma ótima vista para a baía — acrescentou Faye entusiasmada. Ela parou no centro da sala, enrolando seus cachos dourados, um trejeito nervoso que ela adotou recentemente.
— Aham — respondi.
— E a gente tem um endereço na Baía.
— Você está pensando em abrir uma imobiliária? — perguntei. — Porque definitivamente leva jeito.
— Estou apenas apontando as vantagens — Faye disse.
Ela ficou sabendo desse lugar por uma amiga que, eu tive a sensação, receberia uma comissão. Também percebi que Faye queria que aceitássemos o contrato para ajudar sua amiga.
— E quanto às desvantagens? — eu perguntei.
— Não tem nenhuma, sério. O aluguel é razoável, dentro do nosso orçamento. O elevador é confiável, embora eu ache que devemos subir pelas escadas; vai fazer bem o exercício para nosso corpo. — Os olhos azuis esverdeados de Faye se arregalaram enquanto ela olhava para minha barriga. — As escadas serão ótimas pra você, pode te ajudar a perder esse excesso de gordura da meia-idade.
— Eu não estou na meia-idade. E isso não é excesso de gordura.
— O que é então? — Faye franziu a testa.
— Só uma pequena protuberância. Um pouco de pudim de Natal a mais.
— Huumm — ela disse e continuou a encarar. Então ela andou até a saída de incêndio e abriu a porta. Uma rajada de vento frio nos saudou. Acompanhada de alguns flocos de neve. — No verão — Ela se entusiasmou —, podemos sentar na varanda.
— É uma saída de incêndio — eu disse.
— Se pintarmos de branco e colocarmos uma mesa pequena e umas espreguiçadeiras, podemos transformar em uma varanda. — Faye sorriu. Ela tem dentes lindos, que ofereciam um sorriso conquistador. — Você ficaria legal com um chapéu de praia e óculos escuros, bebendo uma piña colada.
— Eu parei de beber, só uma taça de vinho de vez em quando.
Durante o último verão, eu adquiri o hábito de minha falecida mãe de depender ao álcool. A bebida do demônio arruinou a vida dela, mas, felizmente, recuperei os meus sentidos antes que destruísse a minha.
Ainda gosto de beber um vinho com o Alan, durante uma refeição ou em ocasiões sociais. No entanto, reconheci que como solucionador de problemas, o álcool deixava muito a desejar. Na verdade, ele cria inúmeros problemas, para quem bebe e as pessoas ao redor.
De longe, essa conclusão era óbvia. Ainda assim, quando se está passando por uma crise, é difícil pensar direito, ver o óbvio mesmo que esteja diante do seu nariz.
Apesar do tempo desagradável, fui até a saída de incêndio. Próximo a nós, mais perto da baía, avistei um prédio executivo moderno e chique, de dez andares. Se ao menos pudéssemos pagar o aluguel num escritório naquela região. Quem sabe um dia.
Nuvens e uma névoa baixa escureciam a vista, mas senti os barcos balançando na água, a agitação na orla e a vida selvagem que embelezava a baía.
Fechando a porta da saída de incêndio, perguntei à Faye: — Quem está no andar debaixo?
— No térreo fica um estúdio fotográfico, no primeiro andar uma loja de videogames. Não tenho certeza de quem está no terceiro andar.
— Com certeza vamos descobrir — eu disse.
— No seu devido tempo. — Faye sorriu.
O vento frio bagunçou meu longo cabelo vermelho, então passei meus dedos pelas minhas mechas e coloquei-as no lugar. Meus joelhos estavam gelados. Nota para mim mesma: com essa temperatura, eu deveria usar uma saia mais longa ou um terninho. Faye estava passando por uma fase de saias florais e camisas lisas. Acho que o namorado dela, Blake, influenciou seu guarda-roupa. Faye tinha uma aparência bem feminina e as escolhas de roupa de Blake destacavam isso.
Voltando à inspeção do escritório, eu falei: — As paredes precisam ser redecoradas.
— Que cor você sugere?
— Um verde-claro é calmo. Isso relaxaria nossos clientes.
— E poderíamos colocar alguns vasos de plantas — disse Faye.
— Naturais ou artificiais?
— Artificiais, claro.
— Por quê? — Fiz uma careta.
— Se colocarmos plantas naturais, você vai se lembrar de molhá-las?
— Boa observação.
Algumas fotos emolduradas na parede, uma lembrança do inquilino anterior. — Aquelas fotos de lingeries precisam sair dali — eu disse.
— Ah, eu não sei. — Faye franziu o rosto. — Eu acho que elas são de bom gosto.
Olhando mais uma vez, concluí que Faye tinha razão. Extremamente bem desenhadas, as fotos eram de bom gosto. Eles retrataram as roupas íntimas ao longo dos anos, de espartilhos vitorianos que desafiam o fôlego a calções do início do século XX e trajes modernos curtíssimos.
— Como diabos as mulheres vitorianas cabiam neles? — perguntei apontando para os espartilhos.
— Eu não sei. — Faye encolheu os ombros. — Alguma vez você já tentou vestir um espartilho ou um corpete?
— Nunca. Eu me vestia como um menino. Eu acho que, intimamente, ainda me sinto assim, e meu guarda-roupa reflete isso. E você?
— Eu tinha vários corpetes — Faye disse. Ela me deu um sorriso malicioso. — Talvez você devesse apimentar mais seu guarda-roupa. Pode ajudar você e o Alan com seu pequeno problema.
Nosso ‘pequeno problema’ era meu fracasso em engravidar. E isso me levou à bebida do demônio. A memória e a frustração ainda agitam meus nervos, deixando-os no limite, em carne viva. Era difícil, mas eu tentei aceitar a situação e não pensar muito nela.
— Alan não é o problema — eu disse. — Eu sou o problema. E não quero falar sobre isso.
— Entendo — assentiu Faye. Ela me deu um olhar solidário, um olhar carregado de compaixão. — Eu sinto muito.
Eu balancei a cabeça e continuei:
— Tudo bem, o escritório parece bom. Vamos ficar com ele. A mudança e a redecoração vão nos manter ocupadas por um tempo; como está a situação com nossos clientes?
— Temos alguns documentos legais para entregar — Faye disse tirando um envelope marrom da bolsa —, algumas verificações de antecedentes em nome da empresa química. — Eles estavam preocupados com a espionagem industrial — E a Sra. Green acha que o marido a está traindo de novo. — Achei que já tínhamos estabelecido que o Sr. Green era fiel e direito — eu disse.
— Isso é um fato. Nós provamos que ele passa muitas horas no escritório, ele está trabalhando duro, não a secretária.
— Então devíamos dizer à Sra. Green que a suspeita dela é sem fundamento; não podemos ficar tirando dinheiro dela.
— Ela é paranoica com a infidelidade — Faye falou.
— Nesse caso — eu suspirei —, é melhor ela procurar um psicólogo, Alan talvez, do que a gente.
Pedras de granizo batiam nos vidros da janela. O barulho estava bem alto. Eu não tinha considerado esse fator. O granizo distrairia nossos clientes? Possivelmente. No entanto, ele era algo irregular, não podíamos deixar que influenciasse nossa decisão.
— Fale sobre os documentos — eu pedi —, são de negócios ou pessoais?
— Pessoais — Faye respondeu.
— Odeio entregar documentos legais em residências.
— Por quê? — perguntou Faye.
— Porque eles sempre significam problemas pra quem recebe. Com negócios, tem uma responsabilidade corporativa, mas com um indivíduo é pessoal. Talvez devêssemos tirar os avisos pessoais da nossa escala — eu sugeri.
— Eles dão dinheiro — Faye falou —, basicamente dinheiro sem muito trabalho.
Notei a data no envelope envolvendo o aviso legal. — Isso aqui é de três semanas atrás, por que não entregamos ainda?
— Eu não sei responder. Precisamos de uma assinatura, e os vizinhos não veem a Sra. Mee a mais de duas semanas. Ela parece ter desaparecido.
— Vou passar pela região mais tarde, checar as câmeras que instalamos no supermercado. Eu entrego isso se quiser.
— E eu vou ver com o proprietário sobre o aluguel desse lugar.
Eu assenti.
Olhando as fotos das lingeries, suspirei: — Como se respira nesses corpetes?!
— Aí está. — Faye sorriu. — Você não respira, você quer que seu amor te deixe sem fôlego.
— Hummm — eu resmunguei. — Acho que vou ficar com minhas camisetas folgadas estampadas ‘O amor é...’.
— E o que é amor? — perguntou Faye.
— Um suspiro de perdão quando ele aperta o lado errado da pasta de dente. — Balancei os documentos para Faye. — Vejo você mais tarde!
— Ah, e cuidado com o Yorkshire Terrier do vizinho — ela disse. — Ele é pequeno, mas vive latindo e parece ansioso para morder.
— Minha alegria transborda — respondi.
— Só mais um dia no paraíso. — Faye encolheu os ombros.
Capítulo Dois
Depois de certificar que as câmeras de segurança do supermercado estavam em ordem, dirigi para o interior, dezesseis quilômetros ao norte para Llancaiach Fawr no vale Rhymney. Eu dirigia meu Porsche vermelho brilhante. O carro andava bem e eu estava satisfeita com a minha compra.
Um vale glacial esparsamente povoado até o século XIX, o Vale Rhymney desenvolveu por meio da indústria pesada: ferro, carvão e aço. De acordo com a lenda, um gigante perturbou as fadas locais, então elas pediram ajuda a uma coruja. Com certeza, a coruja matou o gigante. Depois, enquanto as fadas queimavam o corpo do gigante, a terra chamuscada revelou uma abundância de carvão.
Os barões da indústria vitoriana viveram em muitas casas chiques e o endereço no aviso legal me levou a uma dessas casas, uma casa senhorial com raízes Tudor. O endereço indicava que o proprietário tinha dividido a casa em apartamentos individuais, provavelmente durante o fim do período vitoriano, após as minas locais esgotarem seu suprimento de carvão.
Construída de pedra, a casa senhorial tinha um telhado de ardósia, quatro chaminés e uma abundância de janelas arqueadas em chumbo. As janelas variavam de minúsculas à palacianas. Elas pontilhavam a fachada de forma aparentemente aleatória, como se os arquitetos tivessem projetado a construção com essa intenção.
Observando melhor, as janelas formam mesmo um padrão, cada uma alinhada com os três andares da casa senhorial.
Uma porta preta de frente para uma entrada impressionante, enquanto um caminho de pedra levava a uma parede de pedra solta. Essa parede envolvia uma grande parte do terreno, jardins cujos residentes dividiram em lotes individuais. Cercas pequenas, sebes baixas e plantas de cobertura delineavam esses lotes.
Um pequeno bosque embelezava a parte de trás da construção e entre as árvores, avistei um condomínio