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Sócrates
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E-book149 páginas2 horas

Sócrates

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Sobre este e-book

Embora o nome de Sócrates conste na capa, este livro não é de Filosofia. Não pretende ser um livro de uma coleção. Seu objeto são os valores. Espirituais, éticos, morais, políticos, econômicos e outros mais. Ele é parte de uma coleção que discute o que há de mais valioso na vida que é a nossa. Sendo assim, por que o nome do filósofo em destaque? Eu explico. Vamos nos servir da trajetória e dos ensinamentos de grandes pensadores. Este livro fala sobre cada um de nós aqui no nosso mundo. É destinado a qualquer vivente humano de 10 a 100 anos de idade. Sócrates nos permitiu falar de cidadania, fidelidade, resiliência, coerência, beleza e muito mais. Da maior ou menor importância que ele atribuía a um ou outro desses valores. Um verdadeiro convite para que você examine sua própria vida e consiga diagnosticar, de verdade, o que mais tem contado na hora de fazer suas escolhas.
IdiomaPortuguês
EditoraPrincipis
Data de lançamento1 de dez. de 2020
ISBN9786555522594
Sócrates

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    Sócrates - Clóvis de Barros Filho

    Nota de advertência

    Valores é o nome desta coleção. E, para nós, esse nome importa. Não é simples fantasia. Tampouco jogada de marketing. Será, de fato, o fio condutor de todos os livros que compõem a coleção.

    Valores porque, na hora de viver, valem de verdade. Ou podem valer. Pensaremos sobre tudo que importa para viver melhor. Com a ajuda de grandes sábios, suas vidas e suas obras.

    ***

    Não é coleção de História. Porque não sou historiador. Tampouco de Filosofia. Porque não sou filósofo. Menos ainda de algum outro campo estruturado do conhecimento. Porque não sou conhecedor de nada.

    É reflexão sobre a vida. Simples assim. Dessas que todo mundo faz, o tempo todo.

    Para esta, sinto-me autorizado. Porque sou vivente. Vivente humano. Homem de carne e osso.

    Em condições de tomar a própria vida como objeto de pensamento; contrastá-la com outras, vividas por outros homens e mulheres; identificar seus valores.

    Conferir se esses valores também valem pra mim. Se já os considerei alguma vez. Se os considero amiúde. Se contam de verdade na hora de viver. Se poderiam contar ainda mais. Se minha vida seria melhor, caso isso acontecesse.

    ***

    Pensar sobre os próprios valores não é veleidade de desocupados. De gente que não tem muito o que fazer. Tampouco uma busca contemplativa de si mesmo, sem consequência prática.

    Pelo contrário.

    Para viver, estamos condenados a fazer escolhas, decidir caminhos, deliberar estratégias. Para tanto, jogamos no lixo todas as vidas preteridas.

    Pergunto: O que nos possibilitaria optar por uma única existência – e todas as situações a ela correlatas – em detrimento das infinitas outras?

    Nossos valores, com certeza.

    Por isso, a melhor das vidas será sempre a que mais nos aproximar do valioso, do importante, do que é fundamental para nós.

    Só por valores as escolhas são possíveis. As decisões, justificáveis. As ações, fundamentadas.

    Sem eles, não identificamos a escada que vale a pena subir, a porta que vale a pena abrir, o mundo que vale a pena encontrar, a humanidade que vale a pena integrar.

    ***

    Valer a pena é, antes de tudo, valer. Mas não só. É valer tanto quanto a pena. Ou mais.

    E essa pena, do que se trata?

    Pena é esforço, dor, tristeza, temor, ansiedade, angústia, ressentimento e muito mais. Que os sofredores do mundo, todos nós, atestem seu imenso valor. Ora, valer a pena é rivalizar em valor. Valer tanto quanto. Equivaler. Ombrear em montante e em relevância.

    Se a pena cheia, com toda a desgraça incluída, valer 5, os valores da vida devem fazê-la superar o montante. Para que sobre um troco. Uma gordurinha na caixa. Não se sabe o dia de amanhã. E o mundo é matreiro na hora de entristecer.

    Lucidez protetiva da vida. Quando os valores seguram o rojão. E o penoso espera no degrau de baixo.

    O cálculo, bem, esse fazemos de pé mesmo. No fluxo em fluxo. Na aritmética do instante. Na balança hesitante dos afetos. E no turbilhão de ideias e argumentos. Que, por conta, se engalfinham na mente.

    A coleção apresenta tudo que na vida, supomos, valha a pena. Supere, e muito, o valor do sofrimento. Dê de dez no valor da desgraça. E de goleada no valor da devastação.

    ***

    Sozinhos, não teríamos saído do zero. Por isso, pegamos carona. Pedimos a grandes pensadores que nos ajudassem. Que nos indicassem tudo que para eles valia as suas penas.

    Começamos com Sócrates. E seguiremos com Platão, Aristóteles e outros.

    Mas não tome estas páginas por introdução a seus pensamentos. Tampouco como uma apresentação estruturada de suas ideias. Menos ainda como alguma biografia.

    Nada disso.

    Nosso objeto é a vida. E tudo que nela possa valer a pena.

    Não de qualquer um. Nem genérica. Focaremos na nossa. A de cada um de nós. Autor e leitores.

    Só isso.

    Instrutor assustador

    Sócrates era feio, muito feio!

    ***

    A afirmação – repetida por muitos – pode bem nos interessar. Afinal, a beleza do corpo de uma pessoa é valor. E nesta coleção tratamos dos valores da vida. Eis o primeiro. Nada de primazia. Apenas um começo.

    E beleza é valor. Com certeza.

    ***

    Comprova-se o valor do belo de muitas formas.

    Considerar-se belo – em primeira pessoa – incide sobre a própria existência. Sobre a estima que temos por nós mesmos. E isso conta. Às vezes, decisivamente.

    A autocontemplação ante um espelho, após esforços para a transformação do próprio corpo, é prática recorrente. E para muitos é definidora do humor.

    Ser considerado belo – por um ou muitos – também é valor da vida. Ajuda a viver melhor. No mínimo porque, na sequência dos encontros, a beleza flagrada em si pelos interlocutores costuma ser objeto de discurso agradável.

    Mas a coisa vai muito além.

    No mundo dos amores, aquela história de ser muita areia não intimida. Preocupação alheia. O caminhãozinho será sempre do outro.

    No mundo do trabalho, a fluidez das relações, as aproximações e os distanciamentos, os processos seletivos e promocionais também levam toda beleza em conta. Com mais ou menos consciência dos avaliadores.

    Não importa o mundo. Tampouco os envolvidos. Nunca haverá indiferença ao belo.

    ***

    Talvez por isso, fala-se em beleza como um capital. Capital estético. Já que é valor, talvez seja possível medir. E ser trocado. Por que não?

    Como todo capital social, seu valor é definido pelo outro. Pelo entorno. Pelas outras pessoas. No mundo. O mundo social.

    – De fato. Seria mole se cada um definisse quanto vale. Tipo, em primeira pessoa. Arrancaria pau a pau com o Cauã. Ou com a Isis.

    Você tem razão. Por isso mesmo. Se algum mais ligeiro exagerar na autoavaliação, será certamente punido. O entendimento muito equivocado da própria beleza resulta em chacota, ridículo, escárnio.

    – Com certeza! Ouve logo um tá se achando ou não se enxerga.

    ***

    A beleza integra a identidade pessoal. Discurso sobre si. Que, lá na infância, teve sua origem no outro. E que continua sob sua estrita vigilância. Pois bem. O atributo do belo tem destaque no currículo desde a maternidade. E dele não sai mais. Ocupa o salão nobre na hora de falar de alguém. Informação top 1. Logo depois do nome. Ou antes, quem sabe. Sobretudo na abundância e na escassez fora da curva.

    – Conhece o Cláudio?

    – Que Cláudio? Aquele gato do 44? Ah, lógico.

    ***

    – Mas escuta. Você falou na beleza como um capital social. Então eu pergunto: as características mais fundamentais do corpo não são dadas pela natureza? Pelos genes? Então, neste caso, a beleza deveria ser um valor natural, não social. Não acha?

    – Adorei. Você tem razão. Muito do corpo é determinado pelos genes. Não há dúvida. Cor dos olhos, do cabelo, tamanho do nariz, forma da boca, etc. Agora, o valor que tudo isso tem, aí são outros quinhentos. Quanto vale um par de olhos verdes? Um corpo mais robusto ou mais esquálido? Seios rijos, grandes, naturais, turbinados?

    – Depende.

    Pois é. Da sociedade, da história, da comunicação de massa, das séries, das novelas, das chacretes, das bailarinas do Faustão, dos nudes que viralizam... Em suma, depende de tanta coisa.

    Das voluptuosas às musas fitness, a referência – para definir o valor de beleza de uns e de outros – deu uma secada num piscar de olhos. Tudo isso é valor, definido no mundo social.

    Nem precisei remontar à Gabrielle. Do quadro Gabrielle à la rose. Pintada por Renoir. O Pierre-Auguste. Que tanto emprestou sua boca, bochechas e colo roliços a fantasias eróticas de quase dois séculos.

    ***

    Bem. Podemos voltar agora. Sócrates era muito feio. É o que diziam, ficou registrado e entrou para a história. Capital estético próximo do zero.

    Já sei o que você está pensando.

    O tal do Sócrates! Não é meu vizinho de porta. Não encontro no elevador todo dia. Nunca o vi. Nem de perto nem de longe. De onde tirei tanta feiura?

    Como me atrevo a afirmar desse jeito? Assim, na lata?

    – E depois, vamos combinar! Será que não havia nada melhor pra dizer no primeiro capítulo de um livro introdutório que pretende apresentar os valores da vida a partir do pensamento e da vida do pai da filosofia ocidental?

    Você tem razão. De péssimo gosto. Completamente inadequado. Sócrates importa muito pelo seu método, preocupações, valores. Por sua alma, em suma. Se era baixo, roliço, torto, tudo isso, de fato, é bem menos importante.

    Não bastando toda essa inadequação, é mesmo muito estranho falar da beleza ou feiura de alguém que você nunca viu. A não ser por alguma escultura, pintura, em reprodução ou foto.

    Sabe lembranças de viagem? Tem Sócrates em chaveiro para os mais econômicos. Alguns maiores para mesa de centro. E outros feito busto mesmo. Para os superfãs. A foto nos livros é quase sempre a mesma. Olhando de frente. Velho, barbudo, esbugalhado,

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