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A cor da vida
A cor da vida
A cor da vida
E-book379 páginas3 horas

A cor da vida

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Sobre este e-book

A Cor da vida – um mergulho singular no conteúdo!

A Cor da vida se lê também: Acorda, vida, e ainda A corda vida.

Violão de sete cordas, sete cores do arco-íris, que a nossa visão adentra – cada pessoa vê seu próprio arco.

Cores. Às abelhas é dado arco mais amplo com mais cores, e às gazelas um arco inteiro cinzento.

As cores que produzo do meu prisma, talvez só eu as veja assim. Mas como toda poesia se interpreta do ponto de vista de quem lê, cada leitor é coautor. E serão tantos os livros quanto os que os lerão, multiplicados pelas vezes que os lerem com atenção às paralaxes e às cores que cambiam com a experiência de vida de quem lê.

A todos que se arriscarem enveredar por essas páginas, bom proveito!

Agassiz Vasques
IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de out. de 2020
ISBN9786588068304
A cor da vida

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    A cor da vida - Agassiz Vasques

    SUMÁRIO

    Capa

    Folha de Rosto

    Créditos

    Afetos (e travessuras)

    Acrósticos

    Bichos

    Curtinhas

    Maria

    Marte

    Mais Versos

    Mauriti

    Memórias

    Natureza

    Palavras Brincantes

    Reflexões

    Veneno

    Prosa Poética

    Landmarks

    Capa

    Folha de Rosto

    Página de Créditos

    Sumário

    Afetos (e travessuras)

    CONVITE

    Os colegas amigos me estimulam

    A produzir minhas lavras feito versos

    Nessas horas palavras me procuram

    Emocionam, esperneiam do seu berço

    Boa prosa é doce chá

    Com quem leva a alma leve

    VERSO

    Diz a amiga que meu verso

    Parece com o de Pessoa

    Outro afirma que ele soa

    À Patativa do Assaré

    À vida como ela é

    Nelson Rodrigues ecoa

    Quiçá o próprio universo.

    A COR DA VIDA

    Sobrevoo teu leito perfumado

    Pelo néctar que exsuda a corola

    E confiro teu son(h)o madrugado

    Transcorreu a manhã mais de metade

    Despertei estou aqui do lado teu

    Minha bela e formosa Flor d’ Ipê

    A cor da a vida entre flores e sorrisos

    As cores do teu jardim

    Teus sorrisos de alegria

    Acordam a vida pra mim

    Natureza em harmonia

    ABRAÇO

    Entre o uni e o multiverso

    Ora onda, à vez partícula

    Também cavalga o meu verso

    Paralelo ao nosso amor

    Da funda vaga onde afogo

    À crista estreita que afaga

    Como linhas paralelas

    De longe parecem convergir

    Para o abraço eterno no porvir.

    DOR

    A dor é onda que passa

    Vosmecê o mar que fica

    Quando a gente acredita

    Na força da própria graça

    Nada a vista nos embaça

    À natureza agradece

    Levanta aos céus uma prece

    Tem bom preço a coisa escassa

    A dor é onda que passa

    A gente é o mar que cresce.

    LOUCURA AMOROSA

    A eternidade que existe é uma só

    O carvão a consumir-se em cinza e chama

    Em quenturas de amor enquanto ama

    E quando cessa o amor, há negro pó

    Ora, direis, meu amigo, tenha dó!

    Será, será, será, será, será?

    Sem resposta especulo a me calar

    Silencio também, fecho meus olhos

    E do sonho sem certeza eu me recolho.

    NINHO

    Compartilho o meu canto, meu lugar

    E também o meu canto passarinho

    Madrugada é hora de amar

    O lugar e o cantar macio ninho.

    DOÇURA

    Sou um pingo de chuva no deserto

    Ou um grão de areia no oceano

    Um gesto de amor na dura lida.

    Já perdi, procurei, não há futuro,

    O caminho do céu por onde fui.

    No meu sonho solar fluía a luz,

    Refletida na lágrima com doçura.

    Pura fonte de alegria

    De onde jorra a poesia

    ‘Bruta mina entre os cascalhos’

    Aonde chego por atalhos

    Que a fértil mente cria.

    BUSCA

    Estou pensando numa forma simples

    De viver em casa sem usar de tanto

    Que destrói a vida em tristeza e pranto

    E nos torne leves e alegres, muito sim.

    GRATIDÃO

    Nosso amor há de ser sempre muito rico

    O abraço, o beijo e o perfume

    Enlevo puro do corpo e do espírito

    Compreendo até mesmo o teu ciúme

    O tempero que a vida nos destina

    A dar brilho e vontade a nosso lume

    A vida pulsa a partir do coração

    Mãos me acolhem e me elevam deste fundo

    E eu começo a conhecer a gratidão.

    MÃE

    Segun’ domingo de maio

    Arde a luz do sol, é dia

    Cuida, oh filho, da alegria

    Viva a mãe, doce ternura.

    KUNDERA

    Tereza, Tomas, Sabina, Claude, Franz, Sabina...

    ... ... ... ... Tomas, Tereza

    Onde o ciclo se completa

    A insustentável leveza.

    O amor é grande mistério

    A mulher, nele, o maior.

    SONHO

    Do sonho conhecemos um pedaço

    O que falta a gente inventa e interpreta

    SIGNIFICADO

    Cada palavra vazia

    Despojada do contexto

    É um pedaço de rocha

    Se participa de um texto

    Ganha significado.

    Como o dedo de uma mão

    Que integra um amplo abraço

    E fala ao coração.

    RUPTURA

    Ruptura rasga o sonho no desfecho

    Corta a vida na metade

    Qual a metade que lembro:

    A que foi ou a que fica?

    De que lado vivo agora?

    Brilha, em plenilúnio, nua

    Toma o escuro a clara lua

    O brilho estelar até recua

    Ouço no peito uma canção de amor.

    FUI

    Vai e vem

    Em breve voo

    E agora fui!

    RABUGEM

    Que futuro teria um cão sarnento?

    Difícil é se tornar afável

    A quem o vê rabugento.

    QUARENTENA

    Na janela do quarto o vento sul

    Deu a volta e afaga os meus cabelos

    Feito a mão carinhosa do amor

    Em tempo de quarentena.

    SAUDADE

    Quanta saudade estou sentindo de você, meu doce amor!

    Quanta vontade de embalar teus lindos sonhos!

    Quanta verdade há no calor de nossas chamas!

    Quanta ternura em teu nobre coração!

    PERMUTAS

    A rua é um rio

    Vogais se permutam

    Não frua esse frio

    Ensaiaste, saíste,

    Partiste, eu triste.

    MUSAS

    Alto, leve, livre e sóbrio, juro

    Com uma linda mulher, meu doce amor

    É terna e doce, ah pura flor

    De manhã eu a vejo em seu jardim

    Enfeitada esperando o besourinh’

    Ouço a música das águas escorrendo

    Pelas íngremes calhas do telheiro

    Elas cantam cantigas de ninar

    Às musas do futuro em formação.

    CAMINHOS

    Não percorri tudo lá

    Só as principais veredas

    Em busca de te encontrar

    Tuas doçuras e sedas.

    PAI FEROZ

    Toda Donzela tem um pai que é uma fera

    Como diz João Teófilo Pierre

    De Crato Europa França e Bahia

    Eu então bem assim reescrevia

    E toda fera nem me diga ai ai ai

    Toda fera uma mãe que é um pai.

    SÁBADO

    Sol de sábado convida

    A participar da vida

    Descer, dar uma saída

    É só ir, que só tem ida

    Solde o sábado, sabida

    OURO

    Reservei última aliança derretida

    A fazer chave de ouro

    Nos cinquenta anos de casado

    Meu amor não pôde me esperar.

    DALI

    As palavras se tocam em verso livre

    Como as cores ‘m mosaico de Dali

    Agradam a todos os sentidos

    A sorrirem tão bel’ ao olho humano.

    Compartilho o meu canto, meu lugar

    E também o meu canto passarinho

    Madrugada é hora de amar

    O lugar e o cantar macio ninho.

    AO SONETO

    Catorze chaves de ouro

    De sonetos sobre amar

    Eu procuro tal tesouro

    Para compor a coroa

    Com que vou te coroar

    Uma coroa de sonetos

    Eu sonho com este feito.

    AMOR EM DÉCIMA

    Eu quero te dar carinho

    Do jeito que posso dar-te

    Às vezes com alguma arte

    Te amando devagarinho.

    Vou aquecer nosso ninho

    Te convidar ao abraço

    Vou te lançar o meu laço

    Te surpreender num beijo

    Reacender teu desejo

    Levar-te ao gozo em meus braços.

    NÓS

    No princípio é o flerte que arrebata!

    Em seguida o amor dá suas crias.

    Bem depois o amor ternos cuidados,

    Numa relação mais fluida

    E repleta de alegria,

    Que um sonho bom em quatro mãos reata...

    PODEROSA

    Eu fuzil de negro ferro

    Tu és quartzo pedra rosa

    Tu fuzil e eu pedra ou vice-versa

    E do atrito sem conversa

    A faísca somos nós

    Um flash um instante

    E saímos do estado de ser nós

    Tu retomas tua essência pedra-rosa

    Eu retorno à contingência de ser ferro

    Só seremos mesmo nós

    Se voltarmos a ser chama

    Nós precisamos de laços, abraços

    Só os cúmplices podem ser nós

    Sem isso seremos sós

    Tu e eu, mas nunca nós.

    ESPINHO

    Quero ver o teu sonho sorridente

    Teu sorriso discreto sonhador

    A sentir o fluir do nosso amor

    Na rede a balançar em nosso alpendre

    Alguma traquinagem que se engendre

    Recordar brincadeiras de menino

    Todavia, de logo te previno

    O futuro reserva alguma dor

    Espinho inconsciente rasga a flor

    Todavia não muda o seu destino.

    DENTRO

    No dentro mais escondido

    Da fechada mata escura

    Darei o primeiro passo

    Meu próprio caminho traço

    Em minha mente segura

    Seguindo meu coração

    À vida devo afeição

    Por mais que pareça dura.

    PERDA

    A perda de um grande amor

    Deixa o coração amando

    Doce sentimento brando

    Não é sofrer nem é dor

    Espinho cheirando a flor

    Saudade é como se sente

    O amor dentro da gente

    Foi ao mar parte do rio

    Passei por este vazio

    Preenchi-o novamente

    BALDIO

    O peito sente um vazio

    Falta um pedaço de mim

    Alguém que me diga sim

    Aqueça meu leito frio

    Preencha o lote baldio

    FLOR-MULHER

    Você é muito expansiva,

    Uma flor aberta ao vento,

    Agente que poliniza.

    Sempre assim, todo momento...

    AREIAS

    Das areias da praia do Futuro

    Desentranho lembranças do passado

    Que peneiro da ganga o ouro puro

    E exponho o seu brilho encandeado

    TERCETOS

    Vivo na frase: o som é o que procuro

    Busco imitar no meu verso o arco-íris

    Cores diversas ausentes no escuro

    A colher tua atenção se acaso o vires

    Lembra que o bordam’ a quatro mãos

    Me trazendo saudades dos sentires

    Que alegria desses momentos sãos

    O fluir do amor nos encantava

    Acelerava amorosos corações

    Se nossos puros corpos se tocavam

    Influídos à carga dos hormônios

    Nossas auras amantes misturavam

    Conteúdos e formas do que fomos

    A gozar no enlevo sã ternura

    Ainda hoje presente no que somos

    Conviver nos dá forte soldadura

    Para seguir lado a lado nos amando

    O que torna mais leve a vida dura

    Enlaçados, porém de modo brando

    Nunca em nó cego a sufocar o sermos livres

    Mas permitindo o fluir do amor brotando

    Um ao outro a ceder o incentivo

    Crescer juntos parceiros na cultura

    Assimilar o conteúdo de bons livros

    Conversar com as ricas esculturas

    Que esperam por nós pelas calçadas

    Dia claro e fria noite escura

    Reconhecer a ‘terra devastada’

    No conceito de Joseph Campbell

    Desbravando a minha própria estrada

    Esculpir com o meu próprio cinzel

    Na pedra bruta o que sobra do Graal

    Onde prelibo a doçura do meu mel

    E me proíbo imaginar que exista um mal

    Que possa fenecer nossa alegria

    Forte e bonita a enfrentar fundo caudal.

    TRELOSAS

    Há palavrinhas trelosas

    Brincando de esconde-esconde

    Com a minha terceira infância;

    Mas não dou muita importância,

    Mais tarde elas pegam o bonde

    Onde estou a esperá-las,

    Com brincadeiras e balas

    A ver se alguma responde.

    GRANDEZA

    Corações necessitam gentileza

    Para juntos algo belo construírem

    E assim o casamento ter grandeza.

    LAÇO

    Amor é leve laço, e não nó cego.

    Amor é breve traço, não sonego.

    CASAMENTO

    O casamento não é caso de amor

    É a graça de participar da vida

    Queda livre é o modo como lida

    No surgimento de cada fato novo

    Morrerá se não aceita o outro

    Na interação não se deve ser tirano

    Nem se separar do mundo, insulano

    Mas abrir os canais comunicar-se

    O intelecto nas ondas cavalgar

    Como gota de óleo no oceano

    BRUXULEIO

    Vejo um forte desejo nos teus lábios

    Com o brilho de posse dos meus olhos

    E a vontade outonal eu já não tolho

    Minha flor derradeira me fez sábio

    Um jardim te darei com muito agrado

    Com seus espinhos, abelhas, passaredo

    Cujos enlaces protegem nosso enredo

    Nosso mel, nossas cores, fantasias

    Borboletas repletas de energia

    Seus painéis girassóis não sentem medo

    ESPATIFADO

    Jogado da janela de passagem,

    Espatifo-me em chão sujo da estação

    Bem, aqui recomeço outra viagem.

    ACOLHIMENTO

    A vida pulsa a partir do coração

    Mãos me acolhem e elevam deste fundo

    E eu começo a conhecer a gratidão.

    POÇO DOS OLHOS

    Metade de mim é água

    Da outra metade também

    Sobram vinte e cinco em cem

    Onde fica o sal das lágrimas

    O cálcio branco dos ossos

    O negrito da retina

    Onde projeto a menina

    No fundo poço dos olhos.

    AMOR-CUIDADO

    Cuidar

    é a forma de amor definitiva.

    Quando o tesão acaba,

    a ternura evanesce,

    o cuidado permanece.

    É o amor que fica,

    até depois que a chama

    da companheira apaga,

    e a nossa principia o bruxuleio.

    COLO

    Sejas tu o meu colo e alegria

    A encher de ternura o meu descanso

    Já que és tempestade e calmaria

    MÃOS DADAS

    Em meu peito pulsa um terno coração

    À procura de um meio de abordagem

    Que resulte em simples homenagem

    E sirva a ti e à letra da canção

    E nos lembre de amar nos dando as mãos

    A gozar com prazer a companhia

    Do luar que nos enche de energia

    E o brilho de todos os amantes

    Do futuro, presente e do de antes

    Das doçuras e encantos que fulgiam...

    O QUÊ

    Eu quero beijar você

    Não me deixe assim carente

    Saudade de amor ausente

    Não é saudade, é o quê?

    COMPREENSÃO

    Quando a neve do tempo te encanece

    E o teu amor te cobra compreensão

    Abre sem medo teu doce coração

    A que sinta o morno fogo que o enternece.

    DESTINO DADO

    A gente não se procura

    Mas vai que um dia se acha

    Nossa história se encaixa

    Crescente e doce ternura

    Que logo é forte fervura

    O corpo se expande em viço

    Coração em reboliço

    É o amor em alto brado

    Quando é destino dado

    A gente ama inteiriço

    CIÚME

    Há quem afirme que o bichinho tem perfume

    O que ele tem é um afiado gume

    Que leva o amor a sofrer algum queixume

    Não lhe permita instalar seu azedume.

    DIA DAS MÃES

    Hoje é dia das mães

    Vamos rimar pão de beijo

    Com o doce das maçãs

    Também poesia com queijo

    Com o cheiro das manhãs

    Carregado de desejos.

    QUIMERA

    Consumido o amor ante a distância

    Já não há mais assunto nem poesia

    Fora tudo quimera, fantasia

    Desta mente envolvida no romance?

    A história aflorada num relance

    Já não tem bom sabor de hortelã

    Desceu ao fundo vale em tobogã

    Esquecida pimenta já não arde

    Ninguém pede ao crepúsculo da tarde

    A volta dos eflúvios da manhã

    DOCE

    ‘Com açúcar e com afeto

    Fiz seu doce predileto

    Pra você parar em casa’

    Enquanto há fogo na brasa

    Encanto em tua beleza

    Alegria sempre rasa

    Sem espaço pra tristeza

    Procuro no alfabeto

    Rima rica de grandeza

    Pra conter todo esse afeto

    Ele me mostra a doceira:

    É seu doce predileto!

    FLOR AZUL

    Já não sei como posso te agradar

    Flor azul, a mais bela do jardim

    Toma a brisa mais fresca da estação

    E ausculta a pulsar meu coração

    Ao perfume que exalas para mim

    JANTA

    Os amantes à mesa a convidar,

    Insistindo que a terna governanta

    Venha junto a fartar-se dessa janta,

    Que, certamente, irá apreciar;

    Outra vez a criada a se negar,

    Escutou da patroa o que dizia,

    (E com isto até se comprazia)

    Esta frase, parecida ou algo assim:

    Você parece que não gosta mais de mim!

    Mas então de quem é que eu gostaria?

    ÂNCORA

    Imprevisto humor deste remanso

    Eu confio em teu cabo, forte âncora

    A suportar temporal, não vais partir

    SIM

    Basta me dares o teu consentido sim

    E adentrarmos a sombra de um jardim

    Que de amor e alegria vou prover-te

    E te tratar como majestosa dama

    Mademoiselle, donzela, em terna chama.

    SETA

    Buscarei a linha reta

    Pra chegar até você

    Sou ave de arribação

    Tenho tino na visão

    Por sobre os campos de ipê

    Viajo como uma seta.

    BROTAÇÃO

    Disparada com força do meu arco

    Ao destino preciso que demarco

    Com o meu todo recurso ainda que parco

    Encontrarei meu amor numa canção

    A brotar do agitado coração.

    ENLACE

    Enlaçar o meu verso em rima rica,

    Embalar na cadência uma saudade

    A vontade de ver-te multiplica;

    Será isso poesia ou fantasia

    Que a distância do tempo mais amplia?

    AGORA

    Entre o antes e o depois

    Tenho que acertar o passo

    Quero viver no presente

    Pois é aqui que se sente

    O calor de um bom abraço.

    MADEIXAS

    A vida que te segura

    Linda assim bem atrevida

    Bem admira um besouro

    Refletindo a cor do ouro

    Das madeixas bem-queridas

    NOVELA

    Quando aquela saudade impaciente

    Me coloca no leito do seu colo

    Minhas pernas não sentem mais o solo

    Minha alma flutua intensamente

    Fecho os olhos e a vejo em minha mente

    Se despindo pra mim e eu pra ela

    Parecendo uma cena de novela

    Mas no fundo acontece de verdade

    Quando sinto os impulsos da saudade

    Faço um verso de amor pensando nela!

    SEDUÇÃO

    Ninguém mais hoje namora atrás do muro

    A gente ama como a flor ama o besouro

    Atraído pelo hormônio que o seduz

    Ela própria seduzida pela luz

    Que emana do inseto, cor de ouro

    SIM

    Seja o silêncio vibrante testemunho

    Inconteste do quanto ainda te amo

    Meu coração bate firme feito punho

    Sonho contigo e no sonho ainda te chamo.

    CONSTRUÇÃO

    Sejam teus braços como ramos que recolhem

    Todo espectro em que a luz se oferece

    Muito além do que é um terno abraço

    O acolhimento de nossas diferenças

    Pois há muito em comum a construir

    PAI JOÃO

    É bem criança ainda esta nação

    E o que fizemos também eu acho é pouco

    Para aprumar nosso Brasil de caboclo

    Muito mais que Mãe Preta e Pai João

    FANTASIA

    Se o coração feminino

    Resta incompreensível,

    Não tenta o impossível

    De o querer envolver, compreendê-lo;

    Fica apenas pela periferia,

    A sentir o perfume, fantasia

    Que elicia algum cacho de cabelo.

    DEUSA

    Não consegues entender

    O coração feminino?

    Procura só atender:

    Manhoso, felino

    Sobrenada a superfície desse mar

    E no toque decerto encontrarás

    Arte e grandeza na deusa, ó pequenino.

    SURF

    E no crescente das ondas

    Surfa sem nada dizer:

    E a onda se espalha,

    Os corpos se acolhem...

    Compreendidos na vaga do prazer,

    Muito bem e sem precisar de sondas.

    ESTRUTURA

    O bate-estaca do meu coração

    Persiste a buscar a rocha sólida

    A suportar a estrutura do meu dia

    Coração rimar com dia? Quem diria!

    VOCÊ FELIZ

    Parecer ser o que sou,

    Ser somente o que pareço:

    Será boa diretriz

    Onde vou fincar raiz?

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