A cor da vida
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Sobre este e-book
A Cor da vida se lê também: Acorda, vida, e ainda A corda vida.
Violão de sete cordas, sete cores do arco-íris, que a nossa visão adentra – cada pessoa vê seu próprio arco.
Cores. Às abelhas é dado arco mais amplo com mais cores, e às gazelas um arco inteiro cinzento.
As cores que produzo do meu prisma, talvez só eu as veja assim. Mas como toda poesia se interpreta do ponto de vista de quem lê, cada leitor é coautor. E serão tantos os livros quanto os que os lerão, multiplicados pelas vezes que os lerem com atenção às paralaxes e às cores que cambiam com a experiência de vida de quem lê.
A todos que se arriscarem enveredar por essas páginas, bom proveito!
Agassiz Vasques
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Poesia para você
Alguma poesia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sede de me beber inteira: Poemas Nota: 4 de 5 estrelas4/5Tudo que já nadei: Ressaca, quebra-mar e marolinhas Nota: 4 de 5 estrelas4/5Eu tenho sérios poemas mentais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pra Você Que Sente Demais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Todas as dores de que me libertei. E sobrevivi. Nota: 5 de 5 estrelas5/5Todas as flores que não te enviei Nota: 5 de 5 estrelas5/5Desculpe o exagero, mas não sei sentir pouco Nota: 5 de 5 estrelas5/5Textos Para Serem Lidos Com O Coração Nota: 5 de 5 estrelas5/5A DIVINA COMÉDIA - inferno Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Profeta Nota: 5 de 5 estrelas5/5Coisas que guardei pra mim Nota: 4 de 5 estrelas4/5Antologia Poética Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sentimento do mundo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPoesias para me sentir viva Nota: 4 de 5 estrelas4/5Poemas selecionados Nota: 5 de 5 estrelas5/5Eu não quero mais falar sobre você Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLaços Nota: 5 de 5 estrelas5/5meu corpo minha casa Nota: 5 de 5 estrelas5/5Melhores Poemas Cecília Meireles (Pocket) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEmily Dickinson: Poemas de Amor Nota: 5 de 5 estrelas5/5Jamais peço desculpas por me derramar Nota: 4 de 5 estrelas4/5O amor vem depois Nota: 4 de 5 estrelas4/5Poemas Terapêuticos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Odisseia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAcreditar em mim é a minha única possibilidade de existir Nota: 5 de 5 estrelas5/5Reunião de poesia: 150 poemas selecionados Nota: 4 de 5 estrelas4/5pequenas palavras Grandes Sentimentos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Contos Pornôs, Poesias Eróticas E Pensamentos. Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSe você me entende, por favor me explica Nota: 5 de 5 estrelas5/5
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A cor da vida - Agassiz Vasques
SUMÁRIO
Capa
Folha de Rosto
Créditos
Afetos (e travessuras)
Acrósticos
Bichos
Curtinhas
Maria
Marte
Mais Versos
Mauriti
Memórias
Natureza
Palavras Brincantes
Reflexões
Veneno
Prosa Poética
Landmarks
Capa
Folha de Rosto
Página de Créditos
Sumário
Afetos (e travessuras)
CONVITE
Os colegas amigos me estimulam
A produzir minhas lavras feito versos
Nessas horas palavras me procuram
Emocionam, esperneiam do seu berço
Boa prosa é doce chá
Com quem leva a alma leve
VERSO
Diz a amiga que meu verso
Parece com o de Pessoa
Outro afirma que ele soa
À Patativa do Assaré
À vida como ela é
Nelson Rodrigues ecoa
Quiçá o próprio universo.
A COR DA VIDA
Sobrevoo teu leito perfumado
Pelo néctar que exsuda a corola
E confiro teu son(h)o madrugado
Transcorreu a manhã mais de metade
Despertei estou aqui do lado teu
Minha bela e formosa Flor d’ Ipê
A cor da a vida entre flores e sorrisos
As cores do teu jardim
Teus sorrisos de alegria
Acordam a vida pra mim
Natureza em harmonia
ABRAÇO
Entre o uni e o multiverso
Ora onda, à vez partícula
Também cavalga o meu verso
Paralelo ao nosso amor
Da funda vaga onde afogo
À crista estreita que afaga
Como linhas paralelas
De longe parecem convergir
Para o abraço eterno no porvir.
DOR
A dor é onda que passa
Vosmecê o mar que fica
Quando a gente acredita
Na força da própria graça
Nada a vista nos embaça
À natureza agradece
Levanta aos céus uma prece
Tem bom preço a coisa escassa
A dor é onda que passa
A gente é o mar que cresce.
LOUCURA AMOROSA
A eternidade que existe é uma só
O carvão a consumir-se em cinza e chama
Em quenturas de amor enquanto ama
E quando cessa o amor, há negro pó
Ora, direis, meu amigo, tenha dó!
Será, será, será, será, será?
Sem resposta especulo a me calar
Silencio também, fecho meus olhos
E do sonho sem certeza eu me recolho.
NINHO
Compartilho o meu canto, meu lugar
E também o meu canto passarinho
Madrugada é hora de amar
O lugar e o cantar macio ninho.
DOÇURA
Sou um pingo de chuva no deserto
Ou um grão de areia no oceano
Um gesto de amor na dura lida.
Já perdi, procurei, não há futuro,
O caminho do céu por onde fui.
No meu sonho solar fluía a luz,
Refletida na lágrima com doçura.
Pura fonte de alegria
De onde jorra a poesia
‘Bruta mina entre os cascalhos’
Aonde chego por atalhos
Que a fértil mente cria.
BUSCA
Estou pensando numa forma simples
De viver em casa sem usar de tanto
Que destrói a vida em tristeza e pranto
E nos torne leves e alegres, muito sim.
GRATIDÃO
Nosso amor há de ser sempre muito rico
O abraço, o beijo e o perfume
Enlevo puro do corpo e do espírito
Compreendo até mesmo o teu ciúme
O tempero que a vida nos destina
A dar brilho e vontade a nosso lume
A vida pulsa a partir do coração
Mãos me acolhem e me elevam deste fundo
E eu começo a conhecer a gratidão.
MÃE
Segun’ domingo de maio
Arde a luz do sol, é dia
Cuida, oh filho, da alegria
Viva a mãe, doce ternura.
KUNDERA
Tereza, Tomas, Sabina, Claude, Franz, Sabina...
... ... ... ... Tomas, Tereza
Onde o ciclo se completa
A insustentável leveza.
O amor é grande mistério
A mulher, nele, o maior.
SONHO
Do sonho conhecemos um pedaço
O que falta a gente inventa e interpreta
SIGNIFICADO
Cada palavra vazia
Despojada do contexto
É um pedaço de rocha
Se participa de um texto
Ganha significado.
Como o dedo de uma mão
Que integra um amplo abraço
E fala ao coração.
RUPTURA
Ruptura rasga o sonho no desfecho
Corta a vida na metade
Qual a metade que lembro:
A que foi ou a que fica?
De que lado vivo agora?
Brilha, em plenilúnio, nua
Toma o escuro a clara lua
O brilho estelar até recua
Ouço no peito uma canção de amor.
FUI
Vai e vem
Em breve voo
E agora fui!
RABUGEM
Que futuro teria um cão sarnento?
Difícil é se tornar afável
A quem o vê rabugento.
QUARENTENA
Na janela do quarto o vento sul
Deu a volta e afaga os meus cabelos
Feito a mão carinhosa do amor
Em tempo de quarentena.
SAUDADE
Quanta saudade estou sentindo de você, meu doce amor!
Quanta vontade de embalar teus lindos sonhos!
Quanta verdade há no calor de nossas chamas!
Quanta ternura em teu nobre coração!
PERMUTAS
A rua é um rio
Vogais se permutam
Não frua esse frio
Ensaiaste, saíste,
Partiste, eu triste.
MUSAS
Alto, leve, livre e sóbrio, juro
Com uma linda mulher, meu doce amor
É terna e doce, ah pura flor
De manhã eu a vejo em seu jardim
Enfeitada esperando o besourinh’
Ouço a música das águas escorrendo
Pelas íngremes calhas do telheiro
Elas cantam cantigas de ninar
Às musas do futuro em formação.
CAMINHOS
Não percorri tudo lá
Só as principais veredas
Em busca de te encontrar
Tuas doçuras e sedas.
PAI FEROZ
Toda Donzela tem um pai que é uma fera
Como diz João Teófilo Pierre
De Crato Europa França e Bahia
Eu então bem assim reescrevia
E toda fera nem me diga ai ai ai
Toda fera uma mãe que é um pai.
SÁBADO
Sol de sábado convida
A participar da vida
Descer, dar uma saída
É só ir, que só tem ida
Solde o sábado, sabida
OURO
Reservei última aliança derretida
A fazer chave de ouro
Nos cinquenta anos de casado
Meu amor não pôde me esperar.
DALI
As palavras se tocam em verso livre
Como as cores ‘m mosaico de Dali
Agradam a todos os sentidos
A sorrirem tão bel’ ao olho humano.
Compartilho o meu canto, meu lugar
E também o meu canto passarinho
Madrugada é hora de amar
O lugar e o cantar macio ninho.
AO SONETO
Catorze chaves de ouro
De sonetos sobre amar
Eu procuro tal tesouro
Para compor a coroa
Com que vou te coroar
Uma coroa de sonetos
Eu sonho com este feito.
AMOR EM DÉCIMA
Eu quero te dar carinho
Do jeito que posso dar-te
Às vezes com alguma arte
Te amando devagarinho.
Vou aquecer nosso ninho
Te convidar ao abraço
Vou te lançar o meu laço
Te surpreender num beijo
Reacender teu desejo
Levar-te ao gozo em meus braços.
NÓS
No princípio é o flerte que arrebata!
Em seguida o amor dá suas crias.
Bem depois o amor ternos cuidados,
Numa relação mais fluida
E repleta de alegria,
Que um sonho bom em quatro mãos reata...
PODEROSA
Eu fuzil de negro ferro
Tu és quartzo pedra rosa
Tu fuzil e eu pedra ou vice-versa
E do atrito sem conversa
A faísca somos nós
Um flash um instante
E saímos do estado de ser nós
Tu retomas tua essência pedra-rosa
Eu retorno à contingência de ser ferro
Só seremos mesmo nós
Se voltarmos a ser chama
Nós precisamos de laços, abraços
Só os cúmplices podem ser nós
Sem isso seremos sós
Tu e eu, mas nunca nós.
ESPINHO
Quero ver o teu sonho sorridente
Teu sorriso discreto sonhador
A sentir o fluir do nosso amor
Na rede a balançar em nosso alpendre
Alguma traquinagem que se engendre
Recordar brincadeiras de menino
Todavia, de logo te previno
O futuro reserva alguma dor
Espinho inconsciente rasga a flor
Todavia não muda o seu destino.
DENTRO
No dentro mais escondido
Da fechada mata escura
Darei o primeiro passo
Meu próprio caminho traço
Em minha mente segura
Seguindo meu coração
À vida devo afeição
Por mais que pareça dura.
PERDA
A perda de um grande amor
Deixa o coração amando
Doce sentimento brando
Não é sofrer nem é dor
Espinho cheirando a flor
Saudade é como se sente
O amor dentro da gente
Foi ao mar parte do rio
Passei por este vazio
Preenchi-o novamente
BALDIO
O peito sente um vazio
Falta um pedaço de mim
Alguém que me diga sim
Aqueça meu leito frio
Preencha o lote baldio
FLOR-MULHER
Você é muito expansiva,
Uma flor aberta ao vento,
Agente que poliniza.
Sempre assim, todo momento...
AREIAS
Das areias da praia do Futuro
Desentranho lembranças do passado
Que peneiro da ganga o ouro puro
E exponho o seu brilho encandeado
TERCETOS
Vivo na frase: o som é o que procuro
Busco imitar no meu verso o arco-íris
Cores diversas ausentes no escuro
A colher tua atenção se acaso o vires
Lembra que o bordam’ a quatro mãos
Me trazendo saudades dos sentires
Que alegria desses momentos sãos
O fluir do amor nos encantava
Acelerava amorosos corações
Se nossos puros corpos se tocavam
Influídos à carga dos hormônios
Nossas auras amantes misturavam
Conteúdos e formas do que fomos
A gozar no enlevo sã ternura
Ainda hoje presente no que somos
Conviver nos dá forte soldadura
Para seguir lado a lado nos amando
O que torna mais leve a vida dura
Enlaçados, porém de modo brando
Nunca em nó cego a sufocar o sermos livres
Mas permitindo o fluir do amor brotando
Um ao outro a ceder o incentivo
Crescer juntos parceiros na cultura
Assimilar o conteúdo de bons livros
Conversar com as ricas esculturas
Que esperam por nós pelas calçadas
Dia claro e fria noite escura
Reconhecer a ‘terra devastada’
No conceito de Joseph Campbell
Desbravando a minha própria estrada
Esculpir com o meu próprio cinzel
Na pedra bruta o que sobra do Graal
Onde prelibo a doçura do meu mel
E me proíbo imaginar que exista um mal
Que possa fenecer nossa alegria
Forte e bonita a enfrentar fundo caudal.
TRELOSAS
Há palavrinhas trelosas
Brincando de esconde-esconde
Com a minha terceira infância;
Mas não dou muita importância,
Mais tarde elas pegam o bonde
Onde estou a esperá-las,
Com brincadeiras e balas
A ver se alguma responde.
GRANDEZA
Corações necessitam gentileza
Para juntos algo belo construírem
E assim o casamento ter grandeza.
LAÇO
Amor é leve laço, e não nó cego.
Amor é breve traço, não sonego.
CASAMENTO
O casamento não é caso de amor
É a graça de participar da vida
Queda livre é o modo como lida
No surgimento de cada fato novo
Morrerá se não aceita o outro
Na interação não se deve ser tirano
Nem se separar do mundo, insulano
Mas abrir os canais comunicar-se
O intelecto nas ondas cavalgar
Como gota de óleo no oceano
BRUXULEIO
Vejo um forte desejo nos teus lábios
Com o brilho de posse dos meus olhos
E a vontade outonal eu já não tolho
Minha flor derradeira me fez sábio
Um jardim te darei com muito agrado
Com seus espinhos, abelhas, passaredo
Cujos enlaces protegem nosso enredo
Nosso mel, nossas cores, fantasias
Borboletas repletas de energia
Seus painéis girassóis não sentem medo
ESPATIFADO
Jogado da janela de passagem,
Espatifo-me em chão sujo da estação
Bem, aqui recomeço outra viagem.
ACOLHIMENTO
A vida pulsa a partir do coração
Mãos me acolhem e elevam deste fundo
E eu começo a conhecer a gratidão.
POÇO DOS OLHOS
Metade de mim é água
Da outra metade também
Sobram vinte e cinco em cem
Onde fica o sal das lágrimas
O cálcio branco dos ossos
O negrito da retina
Onde projeto a menina
No fundo poço dos olhos.
AMOR-CUIDADO
Cuidar
é a forma de amor definitiva.
Quando o tesão acaba,
a ternura evanesce,
o cuidado permanece.
É o amor que fica,
até depois que a chama
da companheira apaga,
e a nossa principia o bruxuleio.
COLO
Sejas tu o meu colo e alegria
A encher de ternura o meu descanso
Já que és tempestade e calmaria
MÃOS DADAS
Em meu peito pulsa um terno coração
À procura de um meio de abordagem
Que resulte em simples homenagem
E sirva a ti e à letra da canção
E nos lembre de amar nos dando as mãos
A gozar com prazer a companhia
Do luar que nos enche de energia
E o brilho de todos os amantes
Do futuro, presente e do de antes
Das doçuras e encantos que fulgiam...
O QUÊ
Eu quero beijar você
Não me deixe assim carente
Saudade de amor ausente
Não é saudade, é o quê?
COMPREENSÃO
Quando a neve do tempo te encanece
E o teu amor te cobra compreensão
Abre sem medo teu doce coração
A que sinta o morno fogo que o enternece.
DESTINO DADO
A gente não se procura
Mas vai que um dia se acha
Nossa história se encaixa
Crescente e doce ternura
Que logo é forte fervura
O corpo se expande em viço
Coração em reboliço
É o amor em alto brado
Quando é destino dado
A gente ama inteiriço
CIÚME
Há quem afirme que o bichinho tem perfume
O que ele tem é um afiado gume
Que leva o amor a sofrer algum queixume
Não lhe permita instalar seu azedume.
DIA DAS MÃES
Hoje é dia das mães
Vamos rimar pão de beijo
Com o doce das maçãs
Também poesia com queijo
Com o cheiro das manhãs
Carregado de desejos.
QUIMERA
Consumido o amor ante a distância
Já não há mais assunto nem poesia
Fora tudo quimera, fantasia
Desta mente envolvida no romance?
A história aflorada num relance
Já não tem bom sabor de hortelã
Desceu ao fundo vale em tobogã
Esquecida pimenta já não arde
Ninguém pede ao crepúsculo da tarde
A volta dos eflúvios da manhã
DOCE
‘Com açúcar e com afeto
Fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa’
Enquanto há fogo na brasa
Encanto em tua beleza
Alegria sempre rasa
Sem espaço pra tristeza
Procuro no alfabeto
Rima rica de grandeza
Pra conter todo esse afeto
Ele me mostra a doceira:
É seu doce predileto!
FLOR AZUL
Já não sei como posso te agradar
Flor azul, a mais bela do jardim
Toma a brisa mais fresca da estação
E ausculta a pulsar meu coração
Ao perfume que exalas para mim
JANTA
Os amantes à mesa a convidar,
Insistindo que a terna governanta
Venha junto a fartar-se dessa janta,
Que, certamente, irá apreciar;
Outra vez a criada a se negar,
Escutou da patroa o que dizia,
(E com isto até se comprazia)
Esta frase, parecida ou algo assim:
Você parece que não gosta mais de mim!
Mas então de quem é que eu gostaria?
ÂNCORA
Imprevisto humor deste remanso
Eu confio em teu cabo, forte âncora
A suportar temporal, não vais partir
SIM
Basta me dares o teu consentido sim
E adentrarmos a sombra de um jardim
Que de amor e alegria vou prover-te
E te tratar como majestosa dama
Mademoiselle, donzela, em terna chama.
SETA
Buscarei a linha reta
Pra chegar até você
Sou ave de arribação
Tenho tino na visão
Por sobre os campos de ipê
Viajo como uma seta.
BROTAÇÃO
Disparada com força do meu arco
Ao destino preciso que demarco
Com o meu todo recurso ainda que parco
Encontrarei meu amor numa canção
A brotar do agitado coração.
ENLACE
Enlaçar o meu verso em rima rica,
Embalar na cadência uma saudade
A vontade de ver-te multiplica;
Será isso poesia ou fantasia
Que a distância do tempo mais amplia?
AGORA
Entre o antes e o depois
Tenho que acertar o passo
Quero viver no presente
Pois é aqui que se sente
O calor de um bom abraço.
MADEIXAS
A vida que te segura
Linda assim bem atrevida
Bem admira um besouro
Refletindo a cor do ouro
Das madeixas bem-queridas
NOVELA
Quando aquela saudade impaciente
Me coloca no leito do seu colo
Minhas pernas não sentem mais o solo
Minha alma flutua intensamente
Fecho os olhos e a vejo em minha mente
Se despindo pra mim e eu pra ela
Parecendo uma cena de novela
Mas no fundo acontece de verdade
Quando sinto os impulsos da saudade
Faço um verso de amor pensando nela!
SEDUÇÃO
Ninguém mais hoje namora atrás do muro
A gente ama como a flor ama o besouro
Atraído pelo hormônio que o seduz
Ela própria seduzida pela luz
Que emana do inseto, cor de ouro
SIM
Seja o silêncio vibrante testemunho
Inconteste do quanto ainda te amo
Meu coração bate firme feito punho
Sonho contigo e no sonho ainda te chamo.
CONSTRUÇÃO
Sejam teus braços como ramos que recolhem
Todo espectro em que a luz se oferece
Muito além do que é um terno abraço
O acolhimento de nossas diferenças
Pois há muito em comum a construir
PAI JOÃO
É bem criança ainda esta nação
E o que fizemos também eu acho é pouco
Para aprumar nosso Brasil de caboclo
Muito mais que Mãe Preta e Pai João
FANTASIA
Se o coração feminino
Resta incompreensível,
Não tenta o impossível
De o querer envolver, compreendê-lo;
Fica apenas pela periferia,
A sentir o perfume, fantasia
Que elicia algum cacho de cabelo.
DEUSA
Não consegues entender
O coração feminino?
Procura só atender:
Manhoso, felino
Sobrenada a superfície desse mar
E no toque decerto encontrarás
Arte e grandeza na deusa, ó pequenino.
SURF
E no crescente das ondas
Surfa sem nada dizer:
E a onda se espalha,
Os corpos se acolhem...
Compreendidos na vaga do prazer,
Muito bem e sem precisar de sondas.
ESTRUTURA
O bate-estaca do meu coração
Persiste a buscar a rocha sólida
A suportar a estrutura do meu dia
Coração rimar com dia? Quem diria!
VOCÊ FELIZ
Parecer ser o que sou,
Ser somente o que pareço:
Será boa diretriz
Onde vou fincar raiz?