O perfume de Helena: Uma história real de superação

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Sumário

Apresentação

Construindo uma família

A segunda listra

O dia que era para ter sido e não foi

O rio

A primeira mensagem

A segunda mensagem

A primeira batalha

A segunda batalha

A calmaria

O grande dia

O mais puro aprendizado

A terceira mensagem

A despedida

O luto

Sentindo o doce perfume de Helena

Quarta mensagem

Convivendo com a saudade

Comentários sobre trechos do livro

Dificuldade gerando bênção

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Apresentação

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Quando os apóstolos de Jesus lhe apresentaram um cego de nascença, fizeram-lhe a seguinte pergunta: Mestre, quem pecou, este homem ou seus pais, para que nascesse cego?

A resposta de Jesus foi clara: Aquele homem que estava ali não havia pecado, nem seus pais, pois a justiça divina não permite que os filhos paguem pelos pais, nem os pais pelos filhos. Mas o espírito que animava aquele corpo, este sim, havia pecado antes do nascimento.

Por que começo meu relato com essa passagem?

Porque se não acreditasse em uma vida anterior a esta, e em outras vidas depois desta oportunidade, eu teria enlouquecido ao vivenciar o pior pesadelo de uma mãe.

Esta é a história de Helena, meu passarinho! Quem diria que meu passarinho passaria?

Não há efeito sem causa – disse Allan Kardec, o codificador do espiritismo – e todo efeito inteligente tem, forçosamente, uma causa inteligente. Jesus também ensinou que a cada um seria dado de acordo com suas obras – algo a ser entendido para ampliarmos nossa visão acerca de todas as situações difíceis que possamos viver.

Outras duas premissas que fizeram parte dos meus pensamentos todos os dias, quando olhava para aquele corpinho tão frágil e indefeso: eu precisava encontrar uma explicação para tudo o que vivenciávamos e precisava consolar meu coração aflito de mãe. Chegara a hora de colocar em prática tudo o que estudei, ensinei e li durante mais de uma década.

Graças a Deus, eu tenho a luz do Evangelho em meu coração!

Graças a Ele, tenho um marido maravilhoso, que também compartilha das mesmas lições. Companheiro fiel e amoroso, que se mostrou um pai dedicado, apesar de todos os seus medos, e que se mantém firme ao meu lado, cuidando das minhas feridas ainda abertas.

Graças a Deus, temos amigos. Não fossem suas orações, talvez teríamos desabado!

É assim, agradecendo a Deus e ao nosso passarinho Helena, que começo a relatar todo nosso projeto de amor.

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Construindo uma família

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Assim que decidimos ter nosso bebê, depois de um ano de casados e muitas conversas, eu resolvi que relataria em um diário todo o processo: as tentativas, o resultado positivo, o pré-natal até o nascimento e, depois, seguiria relatando cada conquista da nossa família, para que, um dia, nosso filho ou filha, pudesse ler e ver o quanto ele foi amado desde antes de nascer. Na página de abertura desse diário, eu escrevi: Construindo uma família, como se fosse o nome de um livro que eu escreveria aos poucos.

Marcelo sempre teve um medo inexplicável de ser pai. Nenhum trauma antigo; apenas um receio imenso que o impedia, inclusive, de falar sobre a possibilidade da paternidade. Eu, que nunca pensei em não ser mãe, que sempre guardei uma certeza enorme de que tudo daria certo, via agora diante de mim a possibilidade de não realizar meu sonho.

Nunca me passou pela cabeça que eu poderia ter um filho com qualquer problema. Ao contrário do Marcelo. Ele dizia que tinha certeza de que um filho lhe traria grandes desafios e associava esses desafios a problemas de saúde. Pouco antes de nos casarmos, ele foi bem claro que eu não deveria atrelar a maternidade ao casamento, porque talvez ele não desse conta de me proporcionar isso.

Foi muito difícil pensar que talvez eu estivesse errada e a certeza de que seria mãe agora se transformara em dúvida. Mas eu sabia que não devia desistir. Eu sabia que Deus guardava um propósito muito grande em minha vida e que o Marcelo era o homem certo para fazer parte desse sublime projeto de vida. E foi com muita conversa que resolvemos tentar: ele se apoiou na minha coragem e nas minhas certezas para enfrentar seus medos e encarar a realidade.

A partir do dia do sim à nova vida, eu passei a registrar meus pensamentos.

Conversava com minha filha (sim, essa era outra certeza que eu carregava comigo: seria uma menina) através daquelas palavras escritas. Fui estreitando um laço que eu sabia ser de outras vidas. Eu estava pronta e agora esperava o momento dela, a hora em que ela se sentiria segura para finalmente mergulhar no espaço e vir ao encontro de nós.

Rezei noites e noites para que ela conseguisse ver nosso imenso esforço em nos tornarmos pessoas melhores, para que pudéssemos ser bons pais. Conversei muito para que ela pudesse entender que o medo do seu pai era porque ele sempre fora muito exigente consigo mesmo e que agora exigia de si ser também o melhor pai do mundo.

Ele lutava dia a dia para que seu medo não superasse sua vontade de recebê-la. Só Deus sabe o quanto eu pedi para que Ele iluminasse a nossa pequena, para que ela percebesse todo nosso empenho para trazê-la ao melhor dos mundos: a nossa casa!

Quem me conhece sabe o quanto é importante para mim escrever durante momentos de muita ansiedade ou de crise. Por isso, aquele diário foi tão essencial nos momentos que vieram depois da decisão de sermos pais. Todas as alegrias e angústias estão registradas ali. Confesso que não tive coragem de reler tudo ainda. Repassar cada dia escrito naquelas páginas é difícil nesse instante.

Mas eu sei que lá são só folhas preenchidas por