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O jogo dramático de 5 a 9 anos: Fundamentos e métodos
O jogo dramático de 5 a 9 anos: Fundamentos e métodos
O jogo dramático de 5 a 9 anos: Fundamentos e métodos
E-book238 páginas3 horas

O jogo dramático de 5 a 9 anos: Fundamentos e métodos

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Sobre este e-book

Este é um livro teórico e prático. Os autores, com vasto conhecimento sobre o tema da dramatização em sala de aula, tanto por sua experiência escolar como por sua docência universitária, nos oferecem um trabalho original e extremamente criativo. Este texto inédito mostra como as crianças organizam um show de rock, comemoram o aniversário da Chapeuzinho Vermelho ou dançam no Velho Oeste, muito útil para quem, deseja utilizar a dramatização em sala de aula ou organizar oficinas de teatro com crianças entre 5 e 9 anos, para professores e professoras, para os professores de idiomas, educação física, artes, música e teatro, bem como para monitores, animadores ou estudantes de pedagogia, ou para os profissionais e fãs do teatro que queiram conhecer mais o mundo da expressão dramática infantil.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento12 de jun. de 2018
ISBN9788524926617
O jogo dramático de 5 a 9 anos: Fundamentos e métodos

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    O jogo dramático de 5 a 9 anos - Rosario Navarro Solano

    dramatización.

    1. Teoria do jogo dramático

    1.1 O jogo dramático e o sistema de teatro evolutivo por etapas

    Depois de muitos anos praticando o jogo dramático com meninos, meninas e docentes, nossa conclusão é que o teatro só poderá incidir na educação caso se apresente como um sistema para que se possa compreender seu corpo específico, sua essência e os processos que desencadeia. Considerar o teatro das crianças como algo que evolui e se modifica com a idade dos seus protagonistas não só nos permite dar-lhe sentido, mas lhe dar unidade teórica suficiente para que possa se inter-relacionar com a música e as artes plásticas, pelo que se globalizará a posteriori com outras matérias curriculares.

    Utilizar esse enfoque nos permite dispor de uma ferramenta clara e precisa para interpretar a realidade dos alunos que jogam teatro. É evidente que, de um ponto de vista psicopedagógico, os processos que se desencadeiam quando se dramatiza são os que nos permitem interpretar os fatos e, ao mesmo tempo, programar novas ações sobre o ocorrido. Dispor de um sistema de teatro evolutivo por idades proporciona ao professorado interessado uma visão clara dos critérios e a forma de trabalho que cabe empregar na Educação Fundamental, tomando como base a psicologia evolutiva e a pedagogia.

    Sintetizando, salientamos que nossa colocação resgata o espontâneo e voluntário da dramatização, ao mesmo tempo que o prazeroso, de modo que, ao construir uma atividade eminentemente criativa, pode-se converter na base para experiências culturais posteriores. A aplicação exitosa do sistema, há trinta anos, permite-nos afirmar que, se as crianças, de qualquer condição social, têm acesso a essas práticas artísticas, elas podem explorar sem temor o mundo para conhecê-lo e transformá-lo, enquanto vão formando sua personalidade.

    1.2 Elementos constitutivos da teoria do jogo dramático

    O jogo dramático é uma forma de teatro que potencializa a espontaneidade, na qual o adulto coordena um grupo de crianças que inventa, cria e improvisa a partir de temas e personagens escolhidos por eles próprios, sem a presença de espectadores.

    Desde a primeira tentativa de sistematização proposta nos anos 1980, junto com o professor Jorge Eines, nossa preocupação foi aperfeiçoar o sistema, que engloba o leque de idades que vai dos três aos dezoito anos, evitando o habitual e estendido costume, presente na bibliografia, de descrever uma infinidade de atividades lúdicas sem especificar as idades a que estão destinadas.

    O sistema evolutivo de teatro por etapas aplicado na educação concorda plenamente com os diferentes ciclos educativos implantados na Espanha e permite-nos ter uma visão de conjunto de toda atividade dramática, o que ajuda de todo modo a orientar o professorado e a dispor de uma estrutura perfeitamente aplicável a qualquer grupo. Fundamentalmente, não se pretende dar uma receita. Um processo de busca deve ser guiado por um espírito de aventura e, se a didática do jogo dramático não consegue se converter na chave que abre o mundo da imaginação e da liberdade criadora, desembocamos no tecnicismo didático, com o qual conseguiríamos que a técnica anule a criação […]. Há que se pôr a técnica em seu devido lugar, mas isto só pode ser bem feito por quem a conhece bem (EINES; MANTOVANI, 2007, p. 27).

    O erro que costumamos cometer, nós que realizamos atividades dramáticas infantis, é não adequar o teatro dos adultos às necessidades e interesses da criançada. Não é possível fazer o mesmo tipo de teatro sem considerar a idade dos seus protagonistas e a constituição grupal existente.

    Nesse sentido, é conveniente destacar as quatro matérias sobre as quais se apoia a prática do jogo dramático:

    •A psicologia evolutiva, que leva em conta as características e grau de maturidade em cada etapa da infância (níveis cognitivo, afetivo, social e comunicativo) e suas derivações para a educação. O professorado precisa conhecer essas etapas evolutivas para levá-las em conta na atividade dramática e aproveitar a contribuição desse ramo da psicologia referente ao estudo da conduta humana por grupos de idade e desenvolvimento.

    •A dinâmica de grupos, que nos dá informação sobre seu funcionamento interno, bem como os diferentes papéis adotados por seus integrantes. Esse conhecimento nos ajuda a reconhecer diferentes atitudes referentes à liderança, às relações interpessoais e às mudanças grupais, bem como procedimentos para agilizar processos de crescimento mediante dinâmicas que poderemos adaptar segundo o momento e o objetivo.

    •O teatro que nos proporciona os conceitos que constituem a estrutura dramática (personagens, ação, conflito, ambiente, situação dramática, argumento, espaço, público). É evidente que não poderemos desenvolver a atividade dramática com nossos estudantes se não conhecemos os elementos básicos da linguagem que queremos empregar.

    •A pedagogia, que nos oferece as chaves para administrar uma aula, o diagnóstico de necessidades para focar nossos objetivos de trabalho, o planejamento das sessões, sua temporalidade, os procedimentos a serem utilizados e a avaliação tanto contínua como final. Será útil conhecermos diferentes métodos de ensino, bem como ter refletido sobre a filosofia da educação que, sem dúvida, marcarão a orientação de nossa tarefa. A pedagogia teatral nos remete à aprendizagem que acontece em uma aula de teatro onde tanto as crianças como o/a professor/a aprendem, pelo que é uma via de mão dupla.

    1.2.1 Finalidades e objetivos seguidos através do jogo dramático

    Consideramos que a presença do jogo dramático em classe nos oferece grandes possibilidades para educar na convivência a partir da vivência. Sabemos que para consolidar um coletivo é necessário, no mínimo, ter confiança nos companheiros, considerar as ideias dos outros tão válidas como as próprias e aceitar o trabalho em grupo, não como uma partilha arbitrária de tarefas individuais, mas como um processo de produção compartilhada.

    Entendemos que isto supõe uma longa jornada na formação de valores relacionados com o respeito aos demais, que são opostos aos que costumam utilizar nas ruas e nos meios de comunicação, tais como ser o primeiro em tudo, defender os próprios interesses sobre qualquer coisa, usar a violência para resolver conflitos, acreditar que quanto mais se tem melhor, ou fazer o que se deseja a cada momento. Esses valores negativos geram problemas na prática do jogo dramático, uma vez que são o reflexo de atitudes pessoais que pretendem elevar o individual acima do coletivo.

    A teoria do jogo dramático propõe as seguintes finalidades:

    •Potencializar a expressão como comunicação. Esta finalidade tenta compensar a atenção concedida pela escola aos aspectos emocionais e intuitivos dos alunos. Baseia-se no convencimento de que, durante a infância, faz-se necessário aperfeiçoar uma expressão integral para que os homens e mulheres do futuro não inibam suas emoções nem a manifestação de suas observações pessoais.

    •Combater os estereótipos. Trata-se de romper a dinâmica de reagir com as mesmas respostas diante dos estímulos que nos chegam, já que é fácil encontrar entre os alunos papéis sociais bem marcados como o de engraçadinho, o de reclamão ou o de introvertido. É necessário desmontar essas condutas para facilitar sua integração no grupo e o crescimento pessoal. O jogo dramático também é uma ajuda para refletir sobre papéis estereotipados que designamos a certas profissões ou gênero e que se reproduzem no jogo espontâneo.

    •Potencializar a espontaneidade. Podemos entender erroneamente este enunciado com a ideia de que é preciso deixar fazer o que queira o tempo todo, antes porém, consideramos que um ato espontâneo é o momento de liberdade individual no qual, ao enfrentarmos a realidade, vemos, exploramos e agimos rapidamente de acordo com ela. Portanto, para ser espontâneo se necessita a capacidade de se adaptar naturalmente às situações que se apresentam, com a finalidade de responder a cada estímulo com uma nova resposta. Entendemos que o jogo dramático potencializa dita espontaneidade, pois ajuda a criança a não estereotipar sua forma de se relacionar e de jogar.

    Os objetivos concretos do jogo dramático são:

    1. Expressar para comunicar. A dramatização é o meio idôneo para conseguir a expressão totalizada da criança, mas é preciso entendê-la como comunicação e não como a concretização de maravilhosas obras de arte.

    2. Passar por todos os papéis técnicos teatrais. Uma utilização correta da indução correta por parte dos professores tem a ver com a passagem por cada função técnica teatral de autor, ator, cenógrafo, espectador e crítico.

    3. Aprender a diferenciar a ficção da realidade. Os alunos devem aprender qual é a utilidade do como se , que permite a concretização dos personagens, situações dramáticas e lugares simbólicos. O como se é a alavanca que atua para nos elevar do mundo real ao imaginário.

    4. Permanecer no personagem.

    5. Adaptar-se. Entendemos por adaptação o ajuste do comportamento necessário para sortear a aparição de um obstáculo que se interpõe no caminho a um objetivo.

    1.2.2 As etapas evolutivas do sistema

    De acordo com o momento evolutivo em que se encontram os alunos, aparecerão diferentes formas de jogar teatro. Cada idade brinca e dramatiza de modo parecido, embora existam diferenças que podemos resumir nestes três aspectos:

    a) A maneira em que cada idade se entrega à atividade: mais idade, melhor concentração.

    b) Na competência para dramatizar: mais idade, maior compreensão das pautas técnicas.

    c) No modo de agir dentro do grupo: mais idade, geralmente, melhor adaptação social.

    Etapa prévia (3-5 anos)

    No início desta etapa, a ação é individual e espontânea, para posteriormente dar passagem a jogos compartilhados à medida que a criança vai perdendo seu egocentrismo. Localizados na etapa de três a cinco anos, qualquer fato, elemento ou motivação é ponto de partida para um jogo de caráter simbólico e para se introduzir na imitação dos papéis sociais que interagem em seu entorno. Em dito período, seu jogo é livre e mutável, de modo que o adulto se limita a observar, acompanhar e estimular a partir de uma situação real, um conto ou um baú de fantasias.

    Primeira etapa (5-9 anos): O jogo dramático propriamente dito

    Dos cinco até os nove anos, meninos e meninas realizam uma forma de teatro chamada jogo dramático ou dramatização, em que, coordenados por um educador ou educadora, inventam e improvisam histórias, todos juntos a partir de temas e personagens escolhidos por eles mesmos, sem a presença de espectadores. Esta é a etapa em que começam a jogar em grupo e na qual persiste a intervenção do adulto, que os estimula dentro do próprio jogo, como um personagem a mais, e se retira quando a ação avança sem problemas. As crianças têm a necessidade de jogar todas ao mesmo tempo, o que faz com que a situação se torne coletiva e simultânea no tempo e no espaço. Não é necessária uma sala com cenário, mas um espaço amplo que facilite os deslocamentos. O critério de trabalho nessa etapa é partir do geral para chegar ao particular; ou seja, eles escolhem um tema ou centro de interesse para brincar (o geral) e depois o dividem e analisam os subtemas, com seus respectivos personagens e miniconflitos (o

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