Mano down: relatos de um irmão apaixonado
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Sobre este e-book
Há algum tempo pensava em escrever contando a nossa história. Adiei algumas vezes, porém chega um momento em que os pensamentos parecem querer saltar, as ideias ficam pequenas apenas na lembrança e é preciso tomar forma em texto para que todos conheçam a paixão que nos une. Obviamente que o título desta obra não é ensinar caminhos, orientar pessoas e, muito menos, transmitir conhecimentos.
Cada história é única, com suas dificuldades, emoções, encantos e caminhos. A intenção é tão somente partilhar experiências, colocar para fora tudo o que sinto e, antes de mais nada, mostrar meu amor ao Eduardo, meu irmão.
E enfim, divulgar a alegria e a riqueza que é conviver com um irmão Down. Sinto-me premiado por essa oportunidade. Por isso, não quero falar apenas da síndrome. Quero falar de paixão e cumplicidade.
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Mano down - Leonardo Gontijo
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AGRADECIMENTOS
Dedico este livro às pessoas com deficiência, especialmente à minha paixão Eduardo.
Aos meus pais e a todos os amigos e familiares que contribuíram com a formação do Eduardo.
À minha mais nova paixão Eduarda, para que ela possa viver numa família que combata o preconceito. Se conseguirmos educar sua geração com menos preconceito em relação aos diferentes, todos nós normais e não normais viveremos, com certeza, em um mundo melhor.
Ao meu querido amigo Daniel Felipe Vale e aos jogadores Romário e Montilho, que mostraram ao mundo sua prova de amor por seus filhos.
E a todos que lutam contra o preconceito, especialmente ao Marcelo Nadur, autor do livro Síndrome de Down – relato de um pai apaixonado, que muito contribuiu com inspiração para este projeto.
PREFÁCIO
Este livro apresenta uma história de amor entre dois irmãos especiais. De um lado, o Eduardo, carinhosamente chamado de Du, um jovem de 21 anos com Síndrome de Down, e do outro, Leonardo, um jovem também especial pela sensibilidade e pela capacidade de amar de uma forma incondicional.
Os tópicos deste livro descrevem as etapas da vida do Du, seu relacionamento com os pais, irmãos, familiares, professores e amigos. Além disso, à medida que o autor menciona as experiências vividas e as dificuldades encontradas pela família e por ele próprio, esclarece ao leitor alguns dados e informações a respeito da Síndrome de Down.
Tive a oportunidade de conhecer Leonardo e um pouco da história do Du no curso de Gestão em Responsabilidade Social. Professora da disciplina de Diversidade e Inclusão, em sala de aula compartilhamos informações, ideias e experiências sobre a questão da inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho e na sociedade.
Como gestora do projeto social Espaço Especial, que trabalha a inclusão de jovens com paralisia cerebral através da arte, à medida que lia este livro, constatava que muitos dos momentos aqui citados se assemelham aos do meu cotidiano com esses jovens especiais e seus familiares.
Destaco aqui uma frase do Leonardo, quando se refere ao Du: Ele me fez viver momentos mágicos e conquistou afeto num mundo onde os sentimentos positivos são gratuitos para os seres normais, mas difíceis de brotar quando se é imperfeito. Quanto ensinamento!
. Os jovens especiais nos ensinam todos os dias. Basta, apenas, ter sensibilidade para perceber e incorporar esse ensinamento.
Parabenizo o Leonardo por ser essa pessoa especial e pela homenagem aqui prestada ao seu querido irmão Du. Convido a todos a conhecer estes momentos mágicos
vividos e relatados aqui por ele, numa linguagem clara e simples e, quem sabe, os tornarão pessoas também especiais
.
Helena Queiroz,
Professora universitária
e presidente do Espaço Especial.
Carta que ele me enviou ao saber do livro, em 13/5/2011.
Folheando o livro da vida, compreendi que todas as flores criadas são formosas, que o esplendor da rosa e a brancura do lírio não eliminam a fragrância da violetinha nem a encantadora simplicidade da margarida... Fiquei entendendo que, se todas as pequenas flores quisessem ser rosas, perderia a natureza sua gala primaveril, já não ficariam os jardins esmaltados de florinhas.
Teresa de Lisieux, religiosa francesa.
Aos seis anos, com o violão que ganhou do seu pai.
Igualmente Diferente (poema)
Renata Zancan, psicanalista
Assim é ser gente, bicho, planta ou semente, por mais que se fale, pense ou tente,
não invente: normal é ser igualmente diferente. Os girassóis olham sempre para o sol,
num longo caule verde e muitas pétalas amarelas, mas se olharmos cuidadosamente entre eles... ah! Quanta diferença entre elas,
as girafas magricelas, pescoçudas e altivas parecem ter pintas sempre no mesmo lugar,
mas para nosso espanto, a diferença está bem ali na manchinha, nem precisa procurar.
E as zebras, que até parecem ter todas elas comprado seus pijamas na mesma liquidação.
Pois fique sabendo você, meu amigo, nem de longe são iguais. Não se engane não!
Seja lá bicho, planta ou gente,
tudo é sempre diferente.
Essa coisa de ser parecido é mania de parente.
Já o mundo sempre procurar um jeito de apontar o nosso defeito, mas é porque não sabe nem de longe que de perto ninguém é perfeito.
Bem, o que importa nessa história é ter sempre na memória que, se somos amados o bastante, toda a diferença é insignificante. E o que vale mesmo na verdade é saber, que em qualquer idade, importante é viver contente sendo assim igualmente diferente.
E sonhar sempre os sonhos que mais para longe puderem levá-lo.
Porque viver um sonho realizado é só uma forma de a vida olhar.
21 de março de 2011 – em comemoração ao Dia Internacional da Síndrome de Down.
Dudu sempre gostou de animais.
Aqui, com seu cãozinho Tuco.
Taj Mahal adaptada (música)
Foi a mais linda / História de amor /
Que me contaram / E agora eu vou contar
Do amor do pupilo /Leonardo pelo Mestre / Dudu
Do amor do príncipe / Leonardo pelo Mestre / Dudu Tê Tê Tê, Têtêretê / Tê Tê, Têtêretê / Tê Tê, Têtêretê /Tê Tê... Tê Tê, Têtêretê / Tê Tê, Têtêretê /Tê Tê, Têtêretê / Tê Tê... Uhou! Uhou!
Tê Tê, Têtêretê / Tê Tê, Têtêretê / Tê Tê, Têtêretê / Tê Tê... (2x) Foi a mais linda / História de amor / Que me contaram / E agora eu vou contar
Do amor do pupilo /Leonardo pelo Mestre / Dudu
Do amor do príncipe / Leonardo pelo Mestre / Dudu Tê Tê Tê, Têtêretê / Tê Tê, Têtêretê / Tê Tê, Têtêretê /Tê Tê... Tê Tê, Têtêretê / Tê Tê, Têtêretê /Tê Tê, Têtêretê / Tê Tê... Uhou! Uhou!
Tê Tê, Têtêretê / Tê Tê, Têtêretê /
Tê Tê, Têtêretê / Tê Tê... (2x)
Raio-X do personagem principal
• Eu sou: Eduardo Gontijo Vieira Gomes.
• Mas me chamam também de: Zim Branquim, Dudu, Tuquinho, Boneco Doce, Dudu do Cavaco.
• Nasci sob o signo de: Virgem, em 19/9/1990.
• Família: eles me dão muito amor.
• Uma conquista: aprender a tocar cavaquinho.
• De jeito nenhum na vida: violência.
• De jeito nenhum na mesa: carne, jiló.
• O que não pode faltar na mesa: comida japonesa, massas, frutos do mar e estrogonofe.
• O que quero ser: músico profissional.
• Não troco nada por: um tempinho na frente do computador, nadar, fazer teatro, dançar, fazer aula de cavaquinho e malhar.
• Para não esquecer: escola Crepúsculo, porque eles me ajudaram a ser um bom aluno da companhia teatral.
• Um sonho sempre presente: conhecer os artistas, ser ator de cinema.
• Para ouvir, curtir, dançar, apreciar: Exaltasamba, Luan Santana, Parangolé, Araketu, Cláudia Leite, Belo, Revelação, Fundo de Quintal.
• No gramado: não sou muito fã de futebol, mas torço pelo Galo.
• Para ler: poesia.
• Nas telas: Crepúsculo
, Lua Nova
e Eclipse
.
• O Brasil é: tudo de melhor para mim.
• Deus: agora você falou minha palavra. Deus ilumina cada vez mais dentro do meu coração e a minha vida. Deus me colocou vários poderes.
• Pai: o velho é tudo de bom para mim.
• Mãe: ela me passou tudo da minha vida.
• Escola Despertar: demais. Vários amigos. Educação física.
• Escola Criatividade: muitos amigos, muita brincadeira.
• Estudar: pouco. Agora estou lendo mais livros.
• Ídolo: Jacob, do filme Lua Nova.
• Facebook: dudugontijo
• E-mail: [email protected]
• Instagram: @dududocavacooficial
• Site: www.dududocavaco.com.br
Com seu primo e amigo Igor.
O porquê do livro
Ser profundamente amado por alguém nos dá força; amar alguém profundamente nos dá coragem.
Lao-Tse, filósofo chinês.
Os irmãos desempenham um papel importantíssimo em nossas vidas. Eles nos conhecem como ninguém. Estão conosco nos bons e maus momentos. Constituem nossa primeira relação social, e sua influência inicial nos afeta durante toda a vida. Os relacionamentos entre irmãos são geralmente os mais duradouros. Espero poder compartilhar, no mínimo, mais 50 anos com meu irmão Du. Vinte e um anos é muito pouco diante do que ainda temos que viver juntos.
Este livro é fruto de um relacionamento entre irmãos especiais, pois um deles nasceu com Síndrome de Down, abreviado neste livro para Pessoa com Deficiência – PCD. Ter na família alguém assim é uma experiência que nos dá uma melhor compreensão do mundo.
Há algum tempo penso em escrever contando a nossa história. Adiei algumas vezes, porém chega um momento em que os pensamentos parecem querer saltar, as ideias ficam pequenas apenas na lembrança e é preciso tomar forma de texto para que todos conheçam a paixão que nos une.
Obviamente que o intuito deste livro não é ensinar caminhos, orientar pessoas e, muito menos, transmitir conhecimentos. Cada história é única, com suas dificuldades, emoções, encantos e caminhos. A intenção é tão somente partilhar experiências, colocar para fora, tudo o que sinto e, antes de tudo, mostrar meu amor pelo Eduardo. E, enfim, divulgar a alegria e a riqueza que é conviver com um irmão Down. Sinto-me premiado por essa oportunidade. Por isso, não quero falar apenas da síndrome. Quero falar de paixão e cumplicidade.
O objetivo deste livro é destacar o amor que sinto pelo meu irmão caçula e contar momentos e passagens que tive e tenho com ele nestes 21 anos de convivência. Este livro busca narrar uma história de amor. Ou melhor, duas histórias que se misturam numa experiência única: o percurso de dois irmãos em busca da superação.
Dudu do Cavaco e seu irmão Léo.
Tudo começou quando...
A medida do amor é amar sem medida.
Santo Agostinho
A data é 19/9/1990. Para quem acredita em numerologia, trata-se de uma combinação marcante, em que prevalece o número nove. Independentemente das questões astrológicas e esotéricas, para mim é um dia mais que especial. É excepcional.
As notícias dos jornais daquela quarta-feira destacavam que o FMI exigia que o Brasil negociasse com credores; que o Banco Central decidiu liquidar oito instituições; que, no Iraque, Sadam ameaçava destruir poços de petróleo e que o governo brasileiro estudava liberar importações de alguns produtos. Parecia um dia comum com destaques, em última instância, para a incapacidade humana de controlar sua ganância e ver que o bem mais precioso que temos não é material, mas, sim, a vida.
Acordo e sou surpreendido por um bilhete na mesa do café do apartamento em que morava com meus pais, Marcelo e Marina, e meus irmãos Marcelo e Paula. Dizia o recado: Filhos, fomos para o hospital, se cuidem
. Meio atordoado, e com 11 anos de idade, fiquei no aguardo de mais notícias.
Não demorou muito e a vizinha, amiga da família, ligou falando que nos levaria para a escola, pois minha mãe tinha ido para o hospital de madrugada dar à luz ao meu irmãozinho. Com uma voz meio ressabiada, disse que estava tudo bem, mas que o meu irmãozinho teve algumas complicações e precisaria ficar alguns dias no hospital para se recuperar. Sem saber do que se tratava, tomei meu café e fiquei esperando meus irmãos acordarem para entender o que se passava.
Os principais personagens desta linda história
Nossa mãe se chama Marina Valadares Gontijo, também conhecida como Tortinha
, vale lembrar que ele não a chama de mãe, somente em momentos de apuros, segundo disse na entrevista, pois é uma palavra muito forte, tem 60 anos e na época tinha 39, mãe de quatro filhos. Defensora pública aposentada, é quem dá todo o suporte para o desenvolvimento do Eduardo.
Nosso pai se chama Marcelo