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Rotina de Ferro: Motivação, disciplina e resiliência de um ironman para vencer o câncer
Rotina de Ferro: Motivação, disciplina e resiliência de um ironman para vencer o câncer
Rotina de Ferro: Motivação, disciplina e resiliência de um ironman para vencer o câncer
E-book208 páginas3 horas

Rotina de Ferro: Motivação, disciplina e resiliência de um ironman para vencer o câncer

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Sobre este e-book

Em Rotina de ferro, lançamento da Editora Planeta exclusivamente no formato digital, cujos direitos autorais serão revertidos para a Abrale, Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia, o executivo David Grinberg aborda sua convicção de que todos nós podemos superar os desafios colocados à nossa frente. Sejam eles físicos, psicológicos ou de saúde, temos a capacidade de canalizar os esforços necessários para chegar lá. Esse processo não é fácil. É preciso muita paciência, resiliência e, acima de tudo, vontade de querer realizar os sonhos. Afinal, nada é impossível quando estamos empenhados em atingir os objetivos. Na obra, David narra que nunca pensou que poderia enfrentar uma doença tão agressiva como um câncer. Difícil cair a ficha para alguém que sempre foi tão saudável, ativo e disciplinado e que tinha como hobby disputar provas de Ironman, a mais temida e longa modalidade de triatlo. Ele entendeu que não deveria perder tempo buscando explicações sobre o por que havia sido acometido e que o melhor a fazer era canalizar todos os esforços para supera-lo, criando um paralelismo entre os aprendizados adquiridos na prática esportiva de alta resistência com a realidade de ter que superar o que seria o seu maior desafio na vida. 
Uma história de inspiração e motivação para todos aqueles que passam por algum momento difícil e que precisam de ajuda para tentar supera-los. No livro, David diz que nada é impossível. Basta colocar a cabeça no lugar, se cercar de quem realmente quer o nosso bem e olhar para frente.
IdiomaPortuguês
EditoraPlaneta
Data de lançamento11 de jun. de 2020
ISBN9786555350746
Rotina de Ferro: Motivação, disciplina e resiliência de um ironman para vencer o câncer

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    Rotina de Ferro - David Grinberg

    enfermidade.

    1. Vida de atleta

    1. Correndo os 21 quilômetros para terminar o Ironman 70.3 de Punta del Este, em novembro de 2017

    2. Pedalando os 90 quilômetros no Ironman 70.3 de Galveston, Texas, em abril de 2017

    No fim de 2017, depois de um dia intenso – em que acordei às 4h30 da manhã para treinar, trabalhei várias horas sem descanso e ainda cheguei em casa a tempo de brincar com meus filhos –, coloquei a cabeça no travesseiro e, exausto, não tive vontade de tocar no livro ou nas revistas empilhadas sobre a mesa de cabeceira. À espera do sono, ainda pilhado, resolvi navegar um pouco pelas redes sociais para relaxar. Vasculhando as publicações do Facebook, decidi qual seria meu desafio para os meses seguintes: participar de um Ironman, no formato mais temido, a que chamamos informalmente de full . Seria minha primeira vez nessa modalidade. Eu já havia disputado quatro Ironman 70.3, mas o full tem o dobro da distância, e era ele que eu encararia em maio de 2018. Sem ter a menor ideia de que esse um dia seria meu objetivo, eu já vinha treinando para uma grande prova havia dois anos. Na verdade, acho que vinha me preparando para essa competição a vida toda.

    Sempre fui viciado na prática de esportes, aos quais me dedicava com afinco e com muita disciplina desde criança. Com a chegada da vida profissional, naturalmente a atividade física deixou de ter tanta presença em minha rotina. Mas continuei ativo, treinando e disputando provas, ainda que sem metas ou preocupações. Anos depois, já adulto e com a situação mais consolidada – família, filhos e responsabilidades maiores no trabalho –, senti falta do cloro nas veias da constância na prática da natação e resolvi resgatar um pouco do que ser atleta significava para mim. Afinal, sempre acreditei que a disciplina, a motivação, a resiliência e o entusiasmo que o esporte proporciona têm uma sinergia muito grande com o mundo corporativo.

    Após vários anos de extrema dedicação à minha profissão, conquistei um cargo de alta liderança em uma grande multinacional. Minha responsabilidade cresceu muito, e a expectativa – da empresa, da equipe, das outras pessoas e principalmente a minha – pelo sucesso tornou-se ainda maior. Nessa fase, o esporte se transformou em mais uma forma de desafio para que eu mantivesse o foco no que era importante na carreira e seguisse em frente; afinal, ambos requerem constante criação de novas metas. Não tenho dúvidas de que a disciplina que a atividade esportiva ensina é um motor para qualquer outro objetivo na vida, já que proporciona todos os instrumentos e todas as técnicas necessárias para que você não se desvirtue dos objetivos propostos. E isso é fundamental no dia a dia profissional.

    Enquanto meu pai exigia de mim boas notas na escola, como forma de termos opção na escolha de uma profissão na vida, minha mãe foi a grande responsável por eu ter me encaminhado ao esporte e não desistido dele. Incentivadora, mas com mão firme e companheira, exigia que eu e meus dois irmãos nos dedicássemos a uma prática, fosse qual fosse. Podíamos experimentar todas e escolher aquela de que mais gostássemos, mas a partir daí tínhamos que levar a opção a sério: treinos, horários, rotina e boa alimentação. Seguíamos uma agenda regrada, na qual a performance nunca foi uma preocupação, mas a saúde, sim.

    Desde pequeno, pratiquei todas as modalidades de esportes imagináveis na escolinha do Clube Hebraica, do qual minha família é sócia. Todos os dias, acordava cedo, ia para a escola, voltava, almoçava, fazia a lição e ia para o clube. Quase não tinha tempo de ir à casa dos amiguinhos, de jogar fliperama no shopping nem de fazer as coisas comuns à maioria das crianças. Minha rotina era rígida, um treino para que eu me tornasse um adulto seguro e com foco nas metas da vida. De segunda a sexta-feira, tinha hora para tudo. E tudo precisava ser feito até as 20h30, horário em que eu deveria estar na cama.

    Aos sábados, nada de folga. Acordava de manhãzinha para treinar ou competir. Sempre me adaptei a ordens e orientações de meus pais. Eu era uma criança obediente e, apesar da infância regrada, ou talvez por causa dela, não fui um adolescente rebelde, não briguei para ir à balada nem para ficar acordado até tarde. Cresci tomando gosto pelo esporte, e minha competitividade natural exigiu cada vez mais dedicação. Gosto de concorrer com os outros e comigo mesmo. E percebi que preciso sempre ter objetivos, seja diminuir meu tempo, alcançar uma posição melhor no esporte, seja superar as metas determinadas no trabalho. É isso que me impulsiona, que me traz adrenalina e me torna realizado.

    Era na natação que eu me sentia feliz – eu adorava a prática, e nada me tirava a vontade de seguir na piscina. Desde pequeno, competia e já conquistava minhas primeiras medalhas. Mas não foi fácil para um menino tão novo gerenciar as responsabilidades das competições: o frio na barriga antes das provas, minhas próprias cobranças e as dos treinadores, dos colegas e dos amigos. Apesar dos bons desempenhos, nunca cheguei a ser um esportista de nível profissional, mas levava a rotina a sério, como se fosse.

    Com o passar dos anos, minhas prioridades mudaram, mas eu nunca deixei de praticar algum esporte com essa mesma seriedade. Também tentei jogar futebol – e até que fui longe demais para meu parco talento: cheguei, inclusive, a atuar como semiprofissional. Fiz intercâmbio na Inglaterra e lá participei da equipe de futebol da escola em que estudei e acabei recrutado para me juntar ao time da cidade, que participava da quinta divisão do Campeonato Inglês de Futebol na temporada 1998-1999. Cheguei a fazer parte do Hastings Rangers, equipe da pequena cidade de Hastings, onde o Reino Unido foi fundado, em 1066. A fama dos jogadores brasileiros à época contribuiu em muito para que me convocassem.

    Atuava como zagueiro e, logo no segundo jogo, a vaga de titular caiu em meu colo por pura sorte. O rapaz que jogava na posição se envolveu em uma briga de bar na noite anterior à disputa e foi condenado a um ano de cadeia. Com a camisa número 4 do uniforme rubro-negro do Hastings, atuei em apenas cinco partidas. Nas quatro primeiras, até que fui bem, permanecendo em campo os noventa minutos de jogo, e o time ganhou com certa facilidade. Na rodada seguinte, o desafio foi maior, pois enfrentamos um adversário mais forte. Eu me lembro de já estarmos perdendo de dois a zero quando o atacante do outro time veio em minha direção e tentou me driblar. Não hesitei e dei-lhe uma rasteira que mais pareceu um golpe de capoeira. Juro que tentei ir apenas na bola, mas o juiz marcou pênalti, me expulsou e acabou com minha carreira futebolística. Não consegui sair do banco de reservas. A temporada chegou ao fim e, praticamente sem minha ajuda, o time se consagrou campeão! Foi uma experiência boa e divertida, mas que me convenceu ainda mais de que meu negócio sempre seria a água. Quando voltei ao Brasil e contei sobre minha participação não muito brilhante no time, meus amigos confirmaram minhas suspeitas de que, para mim, o jogo de bola era esporte para assistir e, de vez em quando, brincar com meus filhos.

    Já na faculdade de Jornalismo, continuei minha rotina esportiva, da qual guardo agradáveis lembranças. Passei a acordar pouco depois das quatro da manhã para nadar das 5h às 6h30. Ia para o clube no fusquinha azul do Murilo Santos, amigo e técnico da equipe que defendi por vinte anos e um dos responsáveis por aprimorar meu desenvolvimento no esporte. Ele morava perto da minha casa e me buscava na esquina da rua. Volta e meia éramos parados por policiais que achavam estranho circularmos pelas ruas naquele horário. Não era fácil convencê-los de que íamos treinar natação em plena madrugada, ainda mais no inverno. Depois da prática, Murilo me deixava na faculdade, onde eu assistia a aulas até o fim da manhã. Voltava para casa e, à tarde, partia de novo para o clube, dessa vez em uma sessão que durava aproximadamente três horas. Era uma rotina puxada, mas que me fazia bem.

    Anos depois, em 2014, resolvi partir para outra modalidade de esporte que não só a natação. Minha escolha foi a corrida de rua, que havia crescido muito no Brasil, abrindo um leque de opções em termos de eventos e níveis de distâncias. Era a oportunidade de escolher em quais modalidades eu iria competir. Pareceu-me a opção perfeita.

    No início, corria 10 quilômetros, padrão para quem quer manter a forma. No entanto, como sempre – e como é do meu feitio –, manter a forma não era o meu objetivo na modalidade, então me esforcei nos treinos e logo estava atrás de outras conquistas mais desafiadoras, o que é comum à maioria dos esportistas que exigem o máximo de si. Fiz vários percursos, cada vez mais longos, mas em minha cabeça a meta real já estava traçada: correr uma maratona, a maior distância disponível em eventos amadores. Não me contentaria em não chegar ao ápice da modalidade.

    Fiz da maratona, então, meu alvo seguinte: fui atrás de orientação profissional e, seis meses e muitos treinos depois, consegui concluir a Maratona de Londres de 2015. Apesar de alguns problemas durante a corrida, para mim, participar da prova foi uma grande realização pessoal e uma conquista esportiva imensa. Naquela hora, percebi que a maturidade também gera benefícios, uma vez que nas provas de longas distâncias o fator preponderante não é a condição física – já que todos os atletas estão treinados e aptos –, mas o componente psicológico. A cabeça, como dizem, é responsável por 90% do sucesso numa competição de mais de três horas.

    A corrida me trouxe outro tipo de prazer, ainda mais por ser eu uma pessoa da água. Além disso, Thais, minha esposa, sempre foi minha grande incentivadora, entende minha paixão pelo esporte, me apoia muito e acompanha quando possível. Isso foi fundamental em minhas tomadas de decisão, pois sabia que tinha retaguarda e compreensão de minha companheira. Apesar de ela ser executiva e trabalhar bastante, sempre senti sua presença junto a mim, mesmo quando ela não podia estar comigo por causa do trabalho e de nossos dois filhos gêmeos – um menino e uma menina.

    Concluir Londres foi uma realização. No entanto, assim que acabei a maratona, senti que queria maiores e diferentes estímulos e já projetava etapas futuras – só a natação e a corrida não me satisfaziam mais, não preenchiam a vontade de me testar, de saber os limites de meu corpo. Lembro-me de estar exausto e não conseguir dar um passo sequer depois da prova e de que, por causa do frio intenso e da garoa fina que enfrentei durante todo o percurso, precisei lutar contra um resfriado que me atormentou pelos cinquenta dias seguintes. Mesmo com todos esses percalços, a decisão estava tomada: eu precisava de alguma coisa que me desafiasse de outra maneira. Algo mais intenso, que me demandasse mais. O triatlo foi a resposta, o caminho natural.

    O que me atraiu nesse esporte foi a combinação de três modalidades – natação, ciclismo e corrida. Sou nadador desde sempre, já havia conseguido concluir uma maratona, bastava começar a pedalar, pensei. Com essa ideia na cabeça, resolvi procurar uma equipe para me orientar. Foi assim que me juntei à Run&Fun, grupo de Mario Sérgio Andrade e Silva, grande amigo e sumidade no assunto. Lá encontrei uma turma receptiva e treinadores incrivelmente comprometidos. No entanto, eu estava enganado, pois não era só pedalar, já que o início de um novo ciclo de treinamento representou uma grande mudança em minha rotina esportiva, profissional e, sobretudo, familiar. Antes, eu me dedicava apenas à prática de uma modalidade por vez. Precisava fazer musculação e outras atividades relacionadas à natação ou à corrida, mas o foco era apenas treinar os mesmos movimentos.

    O triatlo requereu muito mais tempo e dedicação, e tudo ficou mais complexo, até porque nunca fui um atleta profissional. No trabalho, tenho uma agenda de compromissos bastante intensa, viagens, reuniões e resultados a entregar, e a pressão é muito maior que qualquer prova de longa distância. Em casa, as demandas também são grandes. Além de minha esposa, que também tem uma carreira profissional bastante ativa, meus filhos, os gêmeos, precisam de minha atenção, minha companhia. Quando me meti nessa aventura, eles ainda eram pequenos e exigiam minha presença, de corpo e alma, para ajudar na lição de casa, brincar, jogar ou simplesmente receber um carinho e ouvir uma história. Os três foram fundamentais para que eu conseguisse cumprir de maneira mais ou menos satisfatória essa rotina quase insana de marido, pai, atleta e executivo. Na dedicação de equilibrar todos esses papéis, tenho certeza de que servi como exemplo de perseverança para meus filhos, apesar de várias vezes estar ausente por causa dos treinos mais longos.

    Determinado no triatlo, a dificuldade maior foi o ciclismo, como eu já previa. Nunca fui fã de bike e, quando pequeno, o máximo que fazia era dar umas voltas e ensaiar umas piruetas a bordo da minha Caloi Cross vinho nas ruas da praia onde passávamos as férias de verão. Para piorar, os treinos começavam às cinco da manhã na USP. O despertador tocava às 4h15, eu engolia uma banana e alguns suplementos, trocava de roupa e ia para a Cidade Universitária. Isso porque já havia resolvido toda a logística de separar as roupas e colocar a bicicleta no carro na noite anterior.

    Nos outros dias, respirava aliviado porque tinha um pouco mais de tempo para dormir e só precisava acordar às cinco para as sessões de corrida e natação. Chegava ao clube às 5h45 e já iniciava a corrida até o Parque do Povo, percorrendo uma distancia média de 10 quilômetros. Voltava ao estacionamento, pegava a mala com os apetrechos aquáticos e a roupa de trabalho, já que seguia direto dos treinos para o escritório, e caminhava para a piscina para uma sessão de mais ou menos uma hora com a Adriana Silva, técnica da equipe de natação máster da Hebraica e irmã gêmea do Mário Sérgio.

    Depois de três meses de treinos intensos, resolvi me inscrever para disputar meu primeiro triatlo – o tradicional Troféu Brasil, que teria uma etapa na USP. Optei pelas distâncias mais curtas, o Spring Triatlo: 750 metros de natação, 20 quilômetros de ciclismo e 5 quilômetros de corrida.

    A experiência foi incrível! Terminei a natação entre os primeiros colocados, mas não me empolguei muito porque, afinal, aquele era meu esporte do coração, e eu sabia que tinha um nível superior aos demais. No entanto, ao fazer a transição para a bicicleta, descobri que ainda

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