O Livro Do Dharma: A Arte De Fazer Escolhas Iluminadas
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Sobre este e-book
O LIVRO DO DHARMA divulga o elusivo Código Dharma, um antigo sistema para fazer escolhas iluminadas e cumprir nosso potencial mais elevado. Primeiramente destinado a reis e rainhas – e protegidos por eles – este conhecimento foi deliberadamente encoberto e passado em sigilo em uma tradição sagrada por milênios.
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O Livro Do Dharma - Simon Haas
Publicado por Veda Wisdom Books
© Thaís Gonçalves Webster 2019
ISBN: 978-0-9575185-4-4
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"O propósito de proclamar o dharma
é elevar a potência dos seres humanos."
- Mahabharata,
Shanti-parva (O Livro da Paz)
CONTEÚDO
Prólogo
A Voz de uma Sabedoria Antiga
Parte I:
Vivendo através de um Design Inteligente
Capítulo Um
O Self Não-descoberto
Capítulo Dois
As Três Leis da Percepção
Capítulo Três
O Design Negativo
Capítulo Quatro
O Código Dharma
Parte II:
Os Quatro Princípios do Dharma
Capítulo Cinco
Verdade
Capítulo Seis
Pureza
Capítulo Sete
Não-violência
Capítulo Oito
Disciplina
Parte III:
Aplicando o Código Dharma no Dia-a-Dia
Capítulo Nove
Trazendo Vida ao Código Dharma
Capítulo Dez
Pensamentos, Ações, Hábitos, Caráter
Capítulo Onze
O Professor Universal
Capítulo Doze
Os Segredos Esotéricos do Código Dharma
Bibliografia
Agradecimentos
Sobre o Autor
Prólogo
A Voz de uma Sabedoria Antiga
Quando eu era um garoto, queria ser um arqueólogo. Eu lia sobre o descobrimento das antigas cidades de Tróia, Tirinto e Micenas, que anteriormente eram consideradas apenas fictícias. Sonhava em escavar a lendária cidade dourada de Dwarka, que se dizia ter sido perdida sob o mar da Arábia, no litoral da Índia. Comecei a aprender sânscrito, uma das linguagens sobreviventes mais antigas do mundo, para estudar textos cuja origem, cronologistas atuais confirmam, ainda permanece encoberta pelo mistério¹. Também fiz a disciplina de Arqueologia e comecei a trabalhar em escavações. Tinha apenas treze anos de idade.
A muito tempo antes da ascensão da primeira dinastia Babilônica de reis, por volta de 1830 AEC, a grande civilização floresceu onde hoje conhecemos como Índia.² De uma antiguidade remota aos tempos modernos, descrições das fabulosas riquezas indianas alimentavam as ambições de viajantes e reis. A parte da Índia conhecida como Malabar, Marco Polo descreveu no século treze, foi a mais nobre e rica região do mundo.
³ Naquela época Marco Polo havia visto muitas terras, até mesmo, e não menos importante, a China. Foram estas descrições que direcionaram Cristóvão Colombo a navegar pelo Atlântico em 3 de agosto de 1492 na esperança de descobrir um caminho para a Índia. Os textos sânscritos mesmo falam sobre poderosos impérios que emergiram de um mundo antigo e esquecido. Se havia algo de verdadeiro e tangível sobre essas lendas, eu esperava contribuir para que fosse desvendado.
Entretanto, durante os anos que se seguiram, meu estudo de milhares de passagens sânscritas me guiou a algo bem mais significante: o poder da percepção interior. Os textos continuaram fazendo alusão a isso, referindo-se a um conhecimento vivo secreto.⁴ Antigamente, tido como reserva de místicos e reis filósofos, esse conhecimento ultrapassa o maior dos tesouros. É um conhecimento do eu superior que extingue o medo, a lamentação e a confusão – os três tipos de sofrimento associado ao tempo.⁵ O medo é um sofrimento associado com o futuro, a lamentação com o passado e a confusão, com o presente. O poder da percepção interior é conhecido por dominar todos os três e promover um estado de elevação do ser, um poderoso estado de liberdade interior. O mesmo dá a pessoa a habilidade de formular o seu próprio mundo.
O estudo dos antigos textos sânscritos eventualmente me levaram a inúmeros templos monastérios na Índia, onde vivi por aproximadamente dez anos. Com a ajuda dos sacerdotes dos templos, comecei a estudar os manuscritos medievais em algumas das bibliotecas dos templos. Dormia no chão como os outros monges, apenas um fino tapete entre meu corpo e o piso de pedra gelado. Também raspava minha cabeça como os monges. Era uma vida simples. Não havia aquecedor, água quente, lava-roupas, TV, rádio ou outras formas de conforto e amenidades.
Todos os dias, acordávamos às 4 da manhã. Eu varria e esfregava o chão do pátio do templo e então continuava com os estudos. Poderia a antiga sabedoria oriental nos ajudar a superar nossos problemas contemporâneos do ocidente? Parecia possível. Eu me dedicava diligentemente, ansioso para entender a essência dos antigos ensinamentos dentro de uma tradição viva. Gradualmente, meu interesse em escavar ruínas esquecidas ou recuperar artefatos perdidos no fundo do mar diminuiu. Comecei, então, a desenvolver um novo foco na vida: a arqueologia, ou descobrimento, da antiga sabedoria.
Durante este período, fui aprendiz de um mestre de setenta e três anos, de uma linhagem sucessora de professores e alunos de milhares de anos atrás. Por mestre
, refiro-me a alguém que dominou a mente. Meu professor, observei, não era dominado pelas forças desestruturantes da ansiedade, impaciência e insatisfação. Vivi e viajei com este sábio, mestre não assumido, que se tornou um pai para mim. Comecei a aprender com ele o significado escondido nos códigos sânscritos. Este era o avanço que eu buscava. Logo percebi que eu vinha lidando com os textos da maneira errada. Enquanto eu buscava por informação, eles eram designados para me guiar para o caminho da transformação. Os textos eram apenas sinais que apontavam para uma forma mais profunda de enxergar.⁶
Agora eu sei que o poder da percepção interior é muito real. Esta sabedoria permanece escondida, mas não foi perdida. Às vezes me pergunto se não é uma das mais valiosas do mundo, e um dos segredos mais estranhamente duradouros. Os textos sânscritos referem-se a essa sabedoria como o conhecimento secreto dos reis.
⁷
Desvendando a Sabedoria Antiga
Rica em pedras preciosas, sedas, especiarias e ouro, a Índia tornou-se alvo de vinte e seis invasões diferentes. Semíramis, rainha da Assíria, enviou um exército para a Índia vinte e dois séculos antes de Cristo. Em seguida, foi a vez de Ciro da Pérsia em 530 AEC, sucedido por uma série de conquistadores épicos como Alexandre o Grande, Genghis Khan, Tamerlane e Nadir Shah, os quais saquearam a terra e retiraram-se com bens roubados e histórias lendárias.
A sabedoria destinada aos reis, estava, contudo, deliberadamente escondida. Os brâmanes mantinham seu segredo a sete chaves. Codificada nos textos sagrados sânscritos, essa sabedoria continuou a ser passada em segredo de mestre a aprendiz em uma contínua sucessão de gerações. Dessa forma, a sabedoria era mantida viva, como o fogo de um templo, o qual nunca se permite apagar e permanece aceso por séculos.
Este livro desenterra
parte desses ensinamentos do berço da sabedoria indiana. O foco está nos ensinamentos do Dharma – um sistema com a finalidade de melhorar nossas escolhas, tornando-as poderosas, designado para reverter nossos hábitos de inferioridade para nosso potencial máximo. Esse sistema continua tão efetivo hoje quanto antigamente, quando era ensinado a imperadores como a arte de reinar habilmente.
Os textos antigos da Índia foram passados de geração a geração em uma sofisticada tradição oral muito antes de terem sido escritos. Criados há milênios atrás, os textos védicos e purânicos são, portanto, o eco de uma época diferente, de um mundo esquecido. A sabedoria deles é frequentemente mascarada nos rituais religiosos e hinos, obscurecidos pela terminologia sânscrita, ou oculta nas histórias e alegorias. Por essa razão, o acesso a tais textos é difícil. Assim, seus segredos permanecem intactos e a sua poderosa essência oculta.
O propósito deste livro é apresentar uma tradução cultural dos ensinamentos do Dharma, dando vida a eles. Este livro é, portanto, uma tradução de textos antigos para leitores contemporâneos.
Tenho ampla confiança com relação aos ensinamentos do Dharma. Minha própria vida começou com muitas tragédias. Minha mãe era viciada em heroína, tendo passado os primeiros anos de minha vida entrando e saindo da prisão. Ela morreu quando eu era novo. Meu pai, enquanto isso, teve razões bem compreensíveis para ter sido um pai bastante ausente. Mesmo assim, este fato e tantos outros desafios não me deixaram uma marca indelével, graças ao poder inestimável dos ensinamentos do Dharma, os quais tenho buscado aplicar em minha vida. O Dharma tem o poder de transformar um indivíduo; pode alterar a nossa forma de ver a vida para melhor. Por esse motivo eu gostaria de compartilhar particularmente esses ensinamentos, acima de tudo.
Os antigos textos da Índia possuem muitas camadas de instruções, algumas mais esotéricas que as outras. Os ensinamentos do Dharma apresentados neste livro são potentes, mas não são os mais confidenciais, é apenas uma parte de um longo e profundo estudo.
Algumas Palavras Sobre Este Livro
A intenção deste livro não é oferecer um conserto rápido ou receita fácil para resolver as questões desafiantes da vida. Em vez disso, este é um livro de princípios. O sucesso depende da profundidade que de fato aplicamos esses princípios na nossa vida – o que requer dedicação, paciência e prática.
Se você senta em uma bicicleta com as mãos no guidão, a ação de direcionar não tem potência ou efeito, a menos que você esteja se movendo.⁸ Similarmente, esses princípios de sabedoria são princípios de ação. Nós os invocamos vivenciando-os. Quando paramos de vivê-los, eles param de agir. Permanecem, então, a nível de artefatos da mente, o que os antigos descrevem como mero cansaço da língua.
⁹
Incorporar sabedoria em nossa rotina diária é a coisa mais difícil de se fazer. Nós não podemos comprar sabedoria viva
, da mesma forma que podemos comprar uma educação universitária ou um secador de cabelo. Até mesmo os estudos acadêmicos não podem produzir o resultado desejado. Se fosse tão fácil assim, todos nós compraríamos nossos transformadores pessoais nos shoppings e nos tornaríamos mestres iluminados.
Os ensinamentos presentes nesse livro funcionam, portanto, como um mapa. A jornada em si é a única que podemos seguir; e pode muito bem ser uma jornada que dura a vida toda.
Algumas terras exóticas possuem minas de safiras e diamantes. Outras são ricas em prata e ouro. Algumas, como a Índia, possuem o tesouro da sabedoria. Os sábios da Índia acreditavam, sobretudo, que há somente uma sabedoria no mundo, a qual não pertence a uma única nação ou cultura.¹⁰ Essa sabedoria, então, se tornou conhecida como filosofia perene – verdade universal que transcende tempo e espaço.¹¹ Podemos descobrir essa sabedoria, ou ao menos fragmentos dela, em todas as civilizações e tradições. Para enfatizar a qualidade universal dos ensinamentos do Dharma, venho, portanto, mergulhando deliberadamente nos insights de escritores e poetas de outras tradições e períodos, que elegantemente expressaram a essência desses ensinamentos.
A Antiga Arte de Viver Habilmente
Os sábios da Índia procuraram por uma magnificência que permanece escondida aos olhos humanos. Eles consideraram o território interior mais valioso que o exterior. Em sua busca, eles descobriram o caminho do Dharma, ou seja, a arte de despertar por completo nosso potencial latente como seres humanos.
Em um meio ambiente que está se tornando cada vez mais complexo, é útil ter um conjunto de princípios profundos para nos ajudar a fazer decisões que nos darão confiança gerando resultados de excelência. É isso que os ensinamentos do Dharma são designados a nos oferecer.
A sabedoria revela a si mesma através da ação; porém ações sábias exigem que se façam sábias escolhas. Sabedoria é, portanto, nada menos que a arte de fazer boas escolhas.
Nós gastamos muito tempo e energia em nossa vida tentando melhorar nossas habilidades, mas pouquíssimo tempo para melhorar nossa capacidade de fazer escolhas. Nosso caráter não é reflexo dos dons de nascença ou as habilidades que melhoramos, e sim das escolhas que fazemos no período de uma vida inteira. Como Jeff Bezos, fundador e CEO da Amazon, aponta:
Vou arriscar uma previsão: quanto você tiver oitenta anos de idade, em um momento silencioso de reflexão, narrando apenas para si a versão mais pessoal de sua história de vida, a narração que será mais consistente e significativa será a série de escolhas que você fez. No fim, nós somos as nossas escolhas. ¹²
Este livro é sobre a arte de fazer escolhas poderosas. É sobre viver nossa vida de maneira hábil, em vez de viver ao acaso.
Parte I
Vivendo através do Design Inteligente
Capítulo 1
O Self Não Descoberto
Olhe para seu passado. O que lembramos mais nitidamente sobre a vida são nossos sucessos e nossas falhas, os tempos de excelência e insensatez. É importante que tenhamos em vista o fato de que ao interagir com o mundo, geramos um conjunto de resultados, os quais não são nada acidentais: eles refletem a qualidade das nossas escolhas.
Nós fazemos escolhas o tempo todo. Nossas escolhas são tão boas quanto nosso estado de espírito no momento em que as fazemos. Se estamos confusos, nossas escolhas inevitavelmente também serão confusas. Por sua vez, se estamos inspirados nossas escolhas também serão inspiradoras.
Na Índia antiga, os sábios, conhecidos como Rishis, podiam compreender que todos nós somos seres que possuem um grande potencial – o qual é percebido através de esporádicos lampejos de grandiosidade. Porém, nos perdemos em uma mera história humana. Nos perdemos em hábitos de inferioridade, contrapondo todo nosso potencial. Seguindo a mesma lógica, ao agir com uma postura de inferioridade, colhemos resultados também inferiores.
Toda escolha elevada demanda um estado de espírito elevado. Os Rishis, portanto, desenvolveram métodos para despertar o eu superior, para que possamos encontrar e habitar esse espaço de força suprema. O conhecimento sobre o qual estamos falando era considerado extremamente importante, especialmente para os reis, já que as ações de um rei ou rainha afetariam centenas, talvez até milhões, de pessoas. Dessa forma, era essencial que um monarca tivesse a mais alta qualidade de pensamentos, palavras e ações. Assim, essa necessidade de fazer escolhas elevadas encadeou uma grande tradição de reis. Assim, o Capítulo 1 explicará como os ensinamentos dos reis do passado podem nos ajudar a superar os desafios da vida no presente.
Manifestando o Dharma
Antes do voo histórico dos Irmãos Wright em 1903, eles testaram duzentos designs diferentes de asas. As primeiras tentativas para criar uma máquina de voar
sofreram inúmeras falhas. Mas, com paciência e dedicação, eles descobriram que com o design certo, dois grandes e pesados anexos adjacentes poderiam resultar em algo extraordinário: poderiam tornar-se asas. Uma engenhoca pesada demais para levantar manualmente de repente se eleva no céu, carregando um passageiro humano.
Nós também vivenciamos fenômenos do alçar voo
em nosso dia-a-dia. Algumas formas de pensar e agir nos puxam para baixo, enquanto outras nos elevam e nos conduzem a resultados de excelência. Dharma é o que nós podemos chamar de fenômeno de alçar voo
na vida, quando nosso estado de espírito é elevado,