Educação Ambiental: A Sustentabilidade em Construção
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Educação Ambiental - Maria Cristina da Silva
pertinente.
INTRODUÇÃO
No atual contexto, em que o capitalismo norteia o progresso, estimulou-se o processo de industrialização a fim de maximizar a produção e consequentemente o consumo. Segundo Nunes (2009), a espécie humana, desde seu surgimento, impactou o meio ambiente transformando-o com intuito de suprir suas necessidades, ainda que, para atingir esse propósito, em algumas circunstâncias essa transformação tenha impactado negativamente o meio ambiente.
Durante seu percurso de evolução a fim de adaptar o meio à sua concepção de bem-estar, o homem se articulou socialmente e, neste processo forjou uma cultura estabelecendo novas relações com a natureza, impactando-a significativamente. Em função disto constata-se a urgência na tomada de decisões que redirecionem condutas com o intuito de restaurar o equilíbrio ecológico de forma a assegurar a sustentabilidade.
O progresso, pautado na sustentabilidade, posto como propósito a ser alcançado pelos que abordam as questões ambientais, é fruto de novos posicionamentos diante dos danos observados; essas constatações sugerem às escolas novos modelos pedagógicos. De acordo com Fonseca (2007), observa-se que a consciência individual e coletiva construída a partir de ações educativas relacionadas ao ambiente natural resulta, também, em significativos ganhos cognitivos além de mudança de valores. Assim, ressalta-se a importância de apelar à Educação Ambiental, a fim de compreender os impasses hodiernos existentes referentes aos dilemas ambientais. As comunidades contemporâneas precisam de conhecimentos e de criticidade. À Educação Ambiental deve ser atribuído o status de provedora de garantia à manutenção de vida na terra, de modo a proporcionar um estado de satisfação às gerações presentes e futuras.
Segundo Jacobi (2003), ponderar sobre o modo como as sociedades se articulam, num cenário maculado pela degradação do ecossistema e todo seu entorno, sugere uma nova proposição em relação a reconstruir os conceitos sobre a educação, e em especial a Educação Ambiental. Assim, convém que os saberes pelos quais a temática perpassa, estejam inseridos nos currículos durante toda a formação dos alunos com base na interdisciplinaridade e transversalidade impactando atitudes culturais e sociais tendo em vista o desenvolvimento de uma sociedade cujas as práticas sejam sustentáveis.
Nesse sentido, a construção de conhecimento precisa pautar-se nas relações que se entrelaçam entre social e o natural, observando os fatores que norteiam o processo, a participação dos personagens envolvidos, bem como o modelo de organização social e, assim, fortalecer o poder de práticas assertivas compatíveis com um desenvolvimento contemporâneo, para que, de acordo com Jacobi (2003), a ênfase na sustentabilidade socioambiental, seja priorizada.
A educação, no que tange à cidadania, atua como fator crucial na formação de sujeitos participativos, ativos e aptos a assumirem a responsabilidade com relação a direitos e deveres.
Desta forma, à Educação Ambiental Crítica incumbe-se a função de atentar para a realidade repensando-a e, a partir de processo educativo fundamentado nos princípios éticos, promover a transformação da sociedade atual, assumindo a sua dimensão política.
Sendo um segmento da educação, a Educação Ambiental é um lócus que, por meio de interações educativas, se mobiliza para construção de indivíduos que se relacionarão entre si e com a natureza de forma ética e, é nesse contexto que a Educação Ambiental deve favorecer e estimular o aluno para que atue socialmente enquanto indivíduo e grupo na busca por soluções. Durante a formação, cada sujeito é levado à reflexão sobre sua identidade, atitude e valores que serão permanentemente revisitados devido à aquisição de conhecimentos gerando compromisso e responsabilidade com a natureza e atenção para com os pares que ainda virão.
E, por estar inserido neste cenário, no qual o ser humano atua como agente responsável por desenvolver e manter uma relação harmoniosa no meio em que habita, e considerando a importância da coletividade para que o empenho nas ações resulte satisfatoriamente, este trabalho se propôs à elaboração de audiolivro, disponibilizando de forma acessível a usuários cegos e com visão subnormal bem como a usuários surdos, conteúdos referentes à Educação Ambiental com ênfase nos serviços ambientais e que serão aqui apresentados.
Os conteúdos estão organizados em formato de textos cujo propósito é a reflexão, a conscientização, o debate e busca por soluções no sentido de amenizar os impactos ambientais advindos da ação antrópica por meio de uma formação holística desenvolvendo criticidade e proporcionando a construção de novos conceitos subsidiando a relação homem/natureza/homem.
I. EDUCAÇÃO AMBIENTAL
1. A interdisciplinaridade e a transversalidade
A expressão da Educação Ambiental, para a Política Nacional de Educação Ambiental – Lei nº 9.795/1999, apresenta-se no artigo 1º: como sendo os percursos pelos quais os sujeitos, de modo singular e enquanto comunidade, passam para desenvolver princípios sociais e competências destinados à preservação da natureza, tendo em vista o modo sadio de viver, bem como a recuperação e manutenção dos recursos naturais. Desta forma, os espaços escolares surgem como sítio apropriado para que a temática sustentabilidade seja fomentada e gere frutos expressivos.
Conforme Mousinho (2003), trata-se de um mecanismo que consiste em incutir na sociedade, enquanto indivíduos e comunidade, uma consciência crítica em direção às questões ecológicas, assegurando o acesso ao esclarecimento em linguagem apropriada, contribuindo para a disseminação de um pensamento ético viabilizando o confronto dos dilemas ambientais e sociais. Visando êxito, tal consciência deve ser construída numa perspectiva de enredamento, atuando simultaneamente nas esferas cultural, ambiental e social atribuindo à crise ambiental os aspectos éticos e políticos. Em 1997, o Ministério da Educação apresentou um documento norteador denominado Parâmetros Curriculares Nacionais – sugerindo que o tema Educação Ambiental fosse abordado nas escolas de forma transversal e interdisciplinar propondo que as práticas desenvolvidas fomentassem reflexões acerca das questões ambientais sob a ótica local e planetária (Mousinho, 2003).
Para os Parâmetros Curriculares Nacionais, a transversalidade e a interdisciplinaridade são abordadas sob o prisma da criticidade, chamando atenção para a dimensão da realidade; sugerindo a necessidade de considerar a rede de relações entre os fatores antagônicos e suas implicações. Ressaltando que a interdisciplinaridade trata do tema sob uma concepção epistemológica do objeto de conhecimento, enquanto à transversalidade perpassam a didática e metodologia.
Para Santos (2007), há divergência entre autores ao propor a existência de uma disciplina específica para abordar Educação Ambiental, devendo ser incluída no currículo escolar, como Matemática, Português, História e Geografia, justificando que, desta forma, desenvolveriam transformações atitudinais nos alunos, empoderando-os para defesa do meio ambiente, e assim, o tornando ecologicamente equilibrado. No entanto, essa disciplina precisa ser desenvolvida com temas que contemplem o interesse dos alunos e associada à proposta pedagógica da escola.
Embora haja discordância entre autores, e segundo Fracalanza (2004), observa-se unanimidade com relação ao fato de que a Educação Ambiental, dada à complexidade, não deve se limitar ao espaço de uma disciplina. Sendo, por outros, questionado o fato de não haver uma disciplina específica para tal temática, visto que todos concordam da necessidade em preparar o indivíduo para o enfrentamento dos impactos e para busca de soluções. De acordo com o autor, há que se ponderar a efetividade