A escola pública aposta no pensamento
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A escola pública aposta no pensamento - Beatriz Fabiana Olarieta
Coleção Ensino de Filosofia
WALTER OMAR KOHAN
BEATRIZ FABIANA OLARIETA
(ORGANIZADORES)
A escola pública
aposta no pensamento
1ª edição
1ª reimpressã
À vida que,
como o David,
se abre caminho.
APRESENTAÇÃO
Só estão em condições de contar uma história os viajantes – aqueles que vêm de terras distantes e trazem saberes de longe – e aqueles que nunca saíram de seu país e que, por conhecerem suas histórias e tradições, podem contar as histórias do lugar, essas histórias afastadas no tempo, diz Walter Benjamin em seu célebre texto O narrador
. O enriquecimento da experiência através da narração se faz a partir desse duplo movimento de trazer através da distância e recolher através do tempo. Trazer e recolher, narrando. De alguma forma, este livro demandou dos que aqui participamos esses dois gestos: o do marinheiro que se afasta de sua paisagem habitual e se lança ao mar em busca de novas terras, e o do camponês que fica no lugar de sempre acompanhando os ciclos da natureza, e pode contar aos que chegam as mudanças de uma paisagem que não permanece nunca igual.
Narramos aqui, desde diferentes lugares, a partir de diferentes vozes, a trajetória do projeto de filosofia com crianças e adultos Em Caxias, a filosofia en-caixa?
que acontece no município de Duque de Caxias no estado do Rio de Janeiro. Mais que de um projeto, trata-se de uma experiência compartilhada ao longo de quatro anos que nos levou a viajar a outras terras para contá-la, que trouxe viajantes curiosos por conhecê-la e viajantes que chegaram para contar suas próprias e distantes histórias. Mas essa experiência também exigiu paciência de camponês para acompanhar passo a passo um percurso que foi deixando seus rastros e criando seus sentidos. Sentidos que paramos para pensar na escrita presente, depois que certo tempo transcorreu e nos permite dizer alguma coisa sobre nós mesmos.
Começamos com um artigo de Walter Omar Kohan que relata a história de nosso projeto e traça algumas coordenadas que permitem imaginar o rumo, o modo e os sentidos do trabalho que nele se ancoram. Ali se oferecem palavras, passos, nomes que atravessam nossa prática.
Em seguida, Vanise Dutra, uma das professoras da Escola Municipal Joaquim da Silva Peçanha, que participa do projeto desde seus inícios, conta o impacto na sua prática pedagógica e na de seus colegas o fato de começar a filosofar com seus alunos na escola.
O seguinte texto, de Beatriz Fabiana Olarieta, se pergunta pela insistência de uma turma em continuar tendo o que as crianças chamavam de aulas de filosofia
. A partir de uma conversa com elas, reflete sobre os sentidos que o filosofar na escola tem para elas e sobre as particularidades e a força desse tempo compartilhado.
Passamos, então, para a Escola Municipal Pedro Rodrigues do Carmo. Ali os professores Adelaíde Léo e José Ricardo Santiago criaram o que deram por chamar de Cardápio Filosófico
. Eles próprios relatam o surgimento da ideia e as inquietações que os levaram a cunhar e sustentar esse espaço.
O projeto não só envolveu crianças de diferentes turmas senão também os adultos da EJA. Jason Thomas Wozniak acompanhou esse trabalho e reflete a respeito. Para ele, para as professoras e para os estudantes adultos, a filosofia transformou-se em um exercício de estranhamento do mundo que guarda uma sugestiva proximidade com a experiência estética.
Apresentamos depois duas entrevistas: uma realizada por Beatriz Fabiana Olarieta com as diretoras das escolas onde se pratica o projeto; e outra sobre o significado e o sentido de reunir a filosofia e a infância, realizada por Corina Salas com Walter Kohan.
O sentido de uma experiência é algo extremamente complexo de explorar. Por isso, trazemos vozes de pessoas que, desde diferentes lugares do mundo, e com uma rica trajetória, chegaram ao Rio de Janeiro em 2011 para nos ajudar a repensar nosso trabalho. O seguinte capítulo, polifônico, expressa algumas das posturas apresentadas em um Encontro na Ilha Grande que permitiu enriquecer a nossa experiência com relatos viageiros.
Finalmente, Danilo Melo, que faz pesquisa de pós-doutorado no Núcleo de Estudos Filosóficos da Infância, compartilha suas reflexões e impressões sobre a proposta e a prática do projeto.
Para abrir cada capítulo trazemos textos escritos por estudantes participantes do projeto. São escritos que narram sua vivência da filosofia e do filosofar. As referências bibliográficas estão reunidas ao final do livro.
A forma final deste volume reconhece a cuidadosa tradução e as valiosas sugestões de Ingrid Muller Xavier e a atenta leitura de Adelaíde Léo. Agradecemos à FAPERJ, que fez possível o crescimento do projeto e a presente publicação, e também às pessoas que generosamente abriram as portas das escolas e se aventuraram conosco na experiência do filosofar.
Isol e a Editora Además permitiram que a capa vincule sonhos, brinquedos e infância, com uma imagem que permite nela viajar e também convida a ficar. Aos leitores, desejamos boas viagens, carregadas da alegria e da intensidade que respiramos nos encontros do projeto.
Walter Omar Kohan e Beatriz Fabiana Olarieta
CAPÍTULO I
‘Filosofia é uma arte, uma solução, perguntas entre perguntas, respostas que marcam os momentos, figuras que nos deixam pensando... e conforme o tempo, eu aprendi que qualquer coisa que eu faça, que eu leia, ou escreva, há por dentro uma filosofia; aprendi que todas as palavras têm um significado e que cada pessoa vê diferenças grandes na palavra. Também aprendi que vivemos a filosofia dia a dia.¸
Lawany Vitória Brandão Cezário
Palavras, passos e nomes para um projeto
Walter Omar Kohan ¹
Não há história, mas histórias. A história pode ser contada de muitas maneiras. Um projeto de trabalho também. Ele é muitos projetos. O presente texto deseja oferecer, na primeira parte, uma narrativa do percurso, desde sua criação até o presente, do projeto Em Caxias, a filosofia en-caixa?
. A segunda parte sugere passos para filosofar afirmados pelo projeto. A terceira expõe nomes, dez impulsos e vozes que aqui ressoam, influenciando fortemente nosso trabalho, como uma forma de abrir um diálogo sobre o sentido do que fazemos.
Uma história em caminho
As primeiras ações para começar o projeto se deram em julho e agosto de 2007, quando diversos membros da equipe do Núcleo de Estudos Filosóficos da Infância (NEFI) visitamos escolas públicas do estado para conhecer suas efetivas possibilidades de realização. A Escola Municipal Joaquim da Silva Peçanha pareceu-nos um espaço adequado. Tratava-se de uma escola de uma comunidade extremamente carente, onde o trabalho encontraria sentidos éticos e políticos específicos, atraentes para nós; dispunha de um quadro de professores interessados pela filosofia e abertos a novas práticas de formação; a direção da escola mostrou um empenho singular no trabalho de filosofia.
Iniciamos o projeto, então, com uma dúzia de profissionais da escola, entre professores regentes, orientadores e a própria diretora. Fomos contemplados no edital 10/2007 de Apoio à Melhoria da Escola Pública da FAPERJ e, com isso, recebemos recursos para comprar equipamentos de informática, câmaras fotográficas, filmadora e materiais de papelaria; acondicionar, pintar, mobiliar e equipar uma sala específica da escola (depois chamada de sala do pensamento
). Também montamos uma biblioteca especializada com cerca de 80 livros para crianças e professores. E ganhamos bolsas para que, durante um ano, duas professoras da escola pudessem dedicar mais tempo ao projeto.
Realizamos três cursos intensivos de formação com os profissionais da escola: dois, mais curtos, num centro cultural, em Duque de Caxias, próximo à escola; outro, no campus CEADS da UERJ em Dois Rios, na Ilha Grande. Iniciamos seminários teórico-metodológicos quinzenais na UERJ, descontinuados porque as professoras não podiam comparecer com regularidade. Durante o primeiro ano, membros do NEFI visitaram a escola semanalmente, nos quatro turnos de funcionamento, acompanhando o planejamento e a realização das experiências filosóficas, a cargo das próprias professoras.
Em agosto de 2008, organizamos, na UERJ, o IV Colóquio Franco-Brasileiro de Filosofia da Educação, e nele membros do grupo apresentaram uma oficina e uma comunicação para participantes do Brasil e outros países, além de experiências de filosofia com crianças e professores na escola, que então recebeu visitantes curiosos em conhecer essa prática.
Em fevereiro de 2009 fomos contatados pela Secretaria de Educação de Duque de Caxias para ampliar a experiência a outras escolas. Fizemos algumas reuniões com a equipe da Secretaria, apresentamos o projeto em duas oficinas na Escola Municipal Professor Walter Russo de Souza, com a participação de, aproximadamente, 80 professores de quatro escolas do município: Escola Municipal Pedro Rodrigues do Carmo; Escola Municipal Jardim Gramacho; Escola Municipal Joaquim da Silva Peçanha; Creche José Carlos Teodoro. Embora algumas poucas experiências tenham sido realizadas em Jardim Gramacho, o projeto de fato concentrou-se nas escolas Pedro Rodrigues e Joaquim da Silva.
Em abril daquele ano oferecemos uma nova experiência de formação no campus da UERJ na Ilha Grande. No final de 2009, o projeto foi contemplado, uma vez mais, pelo Edital de Apoio à Melhoria da Escola Pública da FAPERJ (14/2009). Com essa verba, foi construída, na Escola Pedro Rodrigues do Carmo, em Duque de Caxias, uma sala do pensamento, como um espaço escolar diferenciado, que permite diversas atividades e formas de ocupação distintas.
O ano de 2010 foi propício para a consolidação da formação de professores, incorporação de novas turmas, bem como para a participação das escolas – estudantes e professores – no V Colóquio Internacional de Filosofia da Educação, na UERJ. Também nesse ano, o projeto organizou duas Jornadas de Filosofia em Caxias, uma em cada escola. A primeira, na Joaquim da Silva Peçanha, com palestras e experiências com crianças e adultos e a participação de mais de 250 pessoas da comunidade escolar, e a segunda jornada, realizada na Escola Pedro Rodrigues do Carmo, com público igualmente numeroso e ampla participação da comunidade escolar.
2011 foi um ano de fortalecimento do trabalho já iniciado. Adelaíde Léo e Vanise Dutra, da Secretaria de Educação de Caxias, realizaram o papel de coordenação do trabalho nas escolas. No final do ano, fomos novamente contemplados pelo Edital de Apoio à Melhoria da Escola Pública da FAPERJ, com um projeto a ser implantado em 2012. Uma nova Jornada do Projeto teve lugar no Parque Municipal da Taquara, em Duque de Caxias, e ali mesmo foi ministrado um novo curso de formação para novos profissionais interessados. O programa Salto para o Futuro
da TV Escola, do Ministério da Educação (MEC) dedicou um programa da série Filosofia: Educação e Ensino
ao tema Filosofia e Infância
, com ampla participação dos professores e alunos do projeto.
Além de ter sido contemplado por três editais da FAPERJ e dado lugar a cinco cursos intensivos de formação, uma das professoras, Vanise Dutra Gomes, defendeu a dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Educação da UERJ em março de 2011, um trabalho de pesquisa sobre sua própria prática como professora no projeto. Atualmente mais dois colegas, José Ricardo Santiago Jr., da Escola Pedro Rodrigues, e Edna Olímpia da Cunha, da Escola Joaquim da Silva Peçanha, desenvolvem pesquisas de Mestrado, diretamente vinculadas ao seu trabalho no projeto, no mesmo programa. Paralelamente, o projeto foi apresentado em diversos congressos tanto nacionais quanto internacionais e recebeu regularmente visitas de pesquisadores de diversos países, em particular da América Latina.
O projeto tem um site na internet (<http://www.filoeduc.org/caxias>) que permite tanto a divulgação quanto um blog (
Para concluir esta parte, a história de um projeto de extensão é também a oportunidade de pôr de manifesto a intimidade do laço entre ensino, pesquisa e extensão. Ensinar – que é um modo de estender – supõe e provoca o pesquisar. Pesquisar o quê? Sendo a nossa uma universidade pública, seu compromisso com a escola pública e com o público em geral é intrínseco e diz respeito inclusive à revisão do lugar menor
atribuído à extensão, tida por simples mensageira, como se ela fosse apenas a sacola de transmissão de um saber produzido na universidade, pelos pesquisadores, que então, generosamente
repassariam
seus resultados à comunidade. A extensão está associada, ao contrário, a um trabalho de ensino e pesquisa, é uma das forças enraizadoras da pesquisa, igualmente necessária ao trabalho universitário, em que os participantes de dentro e de fora da universidade pensam juntos os problemas que a própria experiência da filosofia lhes coloca e dissolvem muros. Para parafrasear Kant, a extensão sem pesquisa é vazia e a pesquisa sem extensão é cega. De modo que Em Caxias, a filosofia en-caixa?
é uma prática que mostra o caráter indissociável da extensão, a pesquisa e o ensino. Ela potencia, através de experiências de pensamento filosófico, a dimensão pesquisadora da extensão, a projeção extensionista da pesquisa no mundo das relações de ensino e aprendizagem que atravessam a instituição escolar.
Passos para andar o filosofar
²
O texto que segue é uma revisão de outro, incluído no Caderno de Materiais
do projeto Em Caxias a Filosofia en-caixa?
. Trata-se de subsídios para a organização e prática filosófica por parte das professoras das escolas participantes.
I. Como compor uma experiência de filosofia?
Falamos de composição
de uma experiência, e não de estrutura
, porque queremos aproximar a proposta metodológica do trabalho que fazem os artistas. Os materiais, as técnicas, estão a serviço do músico ou do pintor, mas o resultado do que eles fazem ultrapassa a técnica, os materiais e os instrumentos. Sugerimos esses materiais não como uma receita, mas como uma matéria plástica para sobre ela começar a compor nossa própria obra. Basicamente, propomos os seguintes momentos:
a)Uma disposição inicial
Uma atividade inicial pode facilitar ou enriquecer a relação das crianças com os textos e a discussão filosófica. Pode propiciar as condições para uma participação individual ou em grupo numa experiência; gerar uma disposição emocional e intelectual favorável ao trabalho coletivo; afiançar algum aspecto social, psicológico ou pedagógico; propor uma primeira experiência afetivo-reflexiva com ideias a serem trabalhadas. Pode, por fim, exercitar alguma forma de pensamento.
b)Vivência (leitura) de um texto
Só pensamos quando algo, como um texto, força o pensamento. Os textos podem ser escritos, narrativos ou poéticos, também imagéticos, dramatizações corporais, audiovisuais ou informáticos. Podem ajudar a exercitar diversas formas de expressão e experimentação, de leitura participativa, dramática etc. Os textos serão sensíveis à capacidade dos participantes, mas também potenciarão essa capacidade. Não serão dogmáticos, moralizantes ou pobremente escritos. Terão beleza, enigma, força.
c)Problematização do texto. Levantamento de temas/questões
É preciso que crianças e adultos levantem questões provocadas pelo texto. Podem trabalhar de forma individual ou em grupo, alternadamente. Trata-se de encontrar problemas que afetem os participantes para pensarem juntos, e as perguntas podem dar lugar a esses problemas. As perguntas são um início para o pensar. Elas traçam caminhos. Importa que os participantes perguntem e se perguntem como modo de abrir esses novos espaços no pensamento. Não há perguntas boas e ruins, há uma relação com o perguntar que pode propiciar ou limitar o caminho no pensar. Trata-se de criar as condições para um perguntar tão intenso, potente e alegre quanto possível.
d)Escolha de temas/questões
Um texto provoca perguntas. Se forem muitas perguntas pode-se partir de: I) uma delas determinada por sorteio; II) uma pergunta escolhida por uma criança que não fez pergunta alguma; III) um critério lógico que estabeleça uma sequência entre as perguntas; IV) o estabelecimento de relações entre as perguntas; V) qualquer outro critério. Neste sentido, o que interessa, mais que achar relações lógicas e mecânicas entre as perguntas, é sua exploração em grupo, a partir de certa degustação das perguntas que surgiram. Busca-se focar o problema ao qual se dirigem, detectar as perspectivas que elas afirmam e aprofundar as questões que inquietam ao grupo.
e)Diálogo
Espera-se uma prática dialogada em que os participantes troquem ideias e argumentos, levando em consideração o exame dos seus pressupostos e consequências. A discussão filosófica é a terra dos por quês
e dos para quês
. A docente não é o centro pelo qual passam todas as questões. Ela propicia uma participação ampla e compartilhada, cuida que a discussão não perca o foco, gera as condições para o diálogo colaborativo. Nessa instância ela tem especial cuidado em considerar que o que está em jogo não são só as ideias, mas também a maneira de tratá-las. O conteúdo do que se discute está estreitamente ligado ao modo como se discute. Importa a maneira em que a palavra circula, o lugar que o grupo e cada um cria para ouvir o que os outros têm para dizer, a possibilidade de que os pensamentos não sejam acompanhados apenas por palavras, mas também por silêncios, gestos ou outras linguagens.
f)Para continuar pensando
Pode-se avaliar, destacar ou recuperar alguma dimensão da experiência (o que se avalia, destaca ou recupera é a experiência, e não os participantes) individual ou coletivamente; abrir novas orientações para o pensamento; recriar conceitos apresentando-os diferentemente etc.
Esses momentos buscam favorecer a vivência do pensar e a participação ativa. A professora pode prestar especial atenção aos seguintes aspectos da vivência do filosofar:
- Criação de um ambiente agradável, um clima gostoso e estimulante que inspire a confiança dos participantes e a vontade de fazer parte desta experiência;
- Integração da dimensão afetiva e intelectual dos participantes;
- Postura filosófica que leve mais ao questionamento do que à certeza.
II. Alguns gestos para a prática filosófica com crianças
1. Procure fazer com que seus estudantes se escutem e conversem entre eles. Não é necessário providenciar ou comentar todas as respostas. Considere se está intervindo para facilitar o diálogo com perguntas de aprofundamento; destacando coincidências ou diferenças entre as perspectivas de cada um; fazendo um breve resumo dos tópicos em discussão e das posturas oferecidas; pedindo esclarecimentos quando as falas dos estudantes são um pouco confusas; motivando os estudantes a também realizarem esta tarefa.
2. Tente evitar os julgamentos moralizantes. Quando quiser dizer algo, coloque-o como pergunta aberta e curta. Procure não falar muito e identificar os pressupostos das falas das crianças para que sejam discutidos, em vez de se colocar enfaticamente sobre o tema.
3. Pergunte por quê?
. Insista com eles quando as respostas não forem muito fortes. Insista com os porquês. Dessa maneira ajudará as crianças a oferecer razões mais sólidas e a perceber a importância de questionar suas afirmações.
4. Faça perguntas que permitam explorar o que se segue das posturas das crianças. Não bombardeie as crianças com muitas perguntas apenas para interrogá-las, mas explore a fundo cada pergunta. Seja o mais precisa possível e confirme com as crianças que suas perguntas são entendidas.
5. Não se incomode com o silêncio. O importante é participar, nem sempre falar. Cuide que seus estudantes estejam atentos, qualquer que seja a maneira deles de atender. Pergunte-se se eles estão atentos e procure compreender as diversas formas de atenção.
6. Promova o diálogo entre as crianças, que elas considerem as colocações dos colegas e defendam com argumentos suas coincidências ou diferenças.
7. Não pretenda chegar à resposta correta, mas também evite dizer às crianças que as coisas não têm uma resposta correta. Às vezes é mais fecundo não saber do que saber.
8. Busque dificultar os largos monólogos e as conversas dispersas, onde tudo é possível e nada se aprofunda.
9. Se o grupo precisar de regras, ele mesmo pode produzi-las. Nesse caso facilite o processo, não para propor regras, mas para ajudar que estas sejam formuladas com precisão. Mas também não imponha a necessidade de regras se o grupo não precisar explicitá-las.
10. Considere os seguintes exemplos de perguntas para aprofundar uma discussão filosófica:
a. Perguntas que pedem esclarecimentos, explicitações ou definições:
O que você quer dizer exatamente quando diz...?
Você pode explicar de outra forma (ou em outras palavras) o que acabou de dizer?
Alguém é capaz de esclarecer o que foi