TCHEKHOV: Melhores Contos
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TCHEKHOV - Anton Tchekhov
Anton Tchekhov
TCHEKHOV
Coleção Melhores Contos
1ª. Edição
img1.jpgISBN: 9788583862291
LeBooks.com.br
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Prefácio
Prezado leitor
Quando se fala de contos, é impossível não falar de Anton Tchekhov, um grande expoente da literatura russa e universal reconhecido como um mestre de talento inigualável neste gênero de literatura. Tchekhov tinha um gosto especial pelos contos e chegou a escrever centenas deles em sua vida, o que, em parte, talvez explique a qualidade de seus contos e seu enorme sucesso como contista.
Neste ebook, assim como nas outras edições da Coleção Melhores Contos, você conhecerá uma parte representativa de sua vasta obra. São 21 de seus melhores contos escritos em diversas fases da vida do autor. Este ebook é um presente para quem é apaixonado por contos e para quem certamente será, após a leitura dos contos de Anton Tchekhov.
Boa leitura
LeBooks
O Pensamento de Anton Tcheckov
Na literatura, meu objetivo é matar dois pássaros com um tiro: descrever a vida de modo veraz e mostrar o quanto essa vida se desvia da norma. Norma desconhecida por mim, como é desconhecida por todos nós
Quando temos sede parece-nos que poderíamos beber todo um oceano: é a fé; e quando bebemos, bebemos um copo ou dois: é a ciência.
img2.jpgAPRESENTAÇÃO:
O autor
img3.pngAnton Pavlovitch Tchekhov, nasceu em Taganrog, em 29 de janeiro de 1860 e faleceu em Badenweiler, em 15 de julho de 1904, foi um médico, dramaturgo e escritor russo, considerado um dos maiores contistas de todos os tempos. Em sua carreira como dramaturgo criou quatro peças clássicas e centenas de contos aclamados por escritores e críticos. Tchekhov foi médico durante a maior parte de sua carreira literária, e em uma de suas cartas ele escreve a respeito: A medicina é a minha legítima esposa; a literatura é apenas minha amante.
Tchekhov era filho de Pavel Egorovic Tchekhov e de Eugenia Jakovlevna. Teve quatro irmãos e duas irmãs, sendo que uma delas morreu aos dois anos de idade.
A família era de origem humilde. Seu pai tinha uma modesta mercearia, onde Anton trabalhava para ajudar no sustento.
Em 1874 seu pai contraiu dívidas e quase foi preso. Precisou fugir para Moscou, onde dois de seus filhos estudavam. A esposa o seguiu depois. Anton, então com 17 anos de idade e Michail, um ano mais novo, ficaram em Taganrog para acabar o liceu. Michail em seguida juntou-se à família, enquanto Anton permaneceu dois anos sozinho na cidade, dando aulas particulares. Em 1879 concluiu o liceu e foi para Moscou, onde reencontrou a família.
Anton Tchekhov estudou Medicina, licenciando-se em 1884. Durante esse período publicou centenas de artigos em vários jornais e revistas de Moscou e São Petersburgo.
Em 1888 foi publicado na revista Severnyi Vestnik seu romance A Estepe
. No ano seguinte, os sintomas da tuberculose se agravaram ele perdeu o seu irmão Nikolai, vítima de tifo e tuberculose, tornando-se ainda mais melancólico e pessimista.
Em abril de 1890 Tchekhov partiu para a Ilha Sacalina, no leste da Rússia, onde permaneceu durante cinco meses. Antes de retornar a Moscou, em dezembro, Tchekhov passou por Vladivostok, pela ilha de Ceilão e por Odessa. Em 1891, escreveu O duelo
, que foi publicado no Novo tempo
, em capítulos. No mesmo ano participou de campanhas de ajuda às vítimas da seca no leste da Rússia, contribuindo com os honorários do conto A minha mulher.
Em 1892, Tchekhov decidiu instalar-se com parte da família em Melichovo, a 60 km de Moscou. Tchekhov passou a morar no campo, como sonhava. Entre as muitas visitas recebia estava Lidia Mizinova, com quem manteve uma relação afetiva e que foi uma figura inspiradora de personagens de suas obras.
Entre 1892 e 1893 Tchekhov se mobilizou para angariar fundos contra epidemias de cólera na Rússia. No ano seguinte fez uma viagem pela Europa ocidental. A partir de 1895, Tchekhov passou a comprar livros para doar à biblioteca de Taganrog. Além disso, financiou a construção de escolas em algumas aldeias.
Após a produção de A Gaivota
, pelo teatro de arte de Moscou, escreveu três outras peças para a mesma companhia: Tio Vânia
, As Três Irmãs
, e O Jardim de Cerejeiras
. Essas três peças formaram o ambiente para a fundação do Teatro de Arte de Moscou, em 1898, sob o signo do impressionismo.
Tchekhov casou-se com a atriz Olga Knipper em 1901 e em 1904 faleceu na Alemanha, vítima de tuberculose. Foi sepultado no cemitério Novodevichy, em Moscou.
Como escritor, Tchekhov fez inovações formais que influenciaram na evolução dos contos modernos. Sua originalidade consiste no uso da técnica de fluxo de consciência, mais tarde adotada por James Joyce e outros modernistas, além da rejeição do propósito moral, presente na estrutura das obras tradicionais.
Um dos traços mais marcantes de Tchekhov, que o destaca mediante outros escritores russos, é que suas histórias não são moralizantes. O leitor tem permissão para tirar suas próprias conclusões, então o sentido da história pode mudar, dependendo de quem a estiver lendo.
Seu legado
Como dramaturgo suas peças mais conhecidas são: As Três Irmãs
, Ivanov
, O Tio Vania e a Cerejeira
. Estas três peças formaram o ambiente para a fundação do Teatro de Arte de Moscou, que foi criado sob o signo do Impressionismo
.
Como contista se tornou insuperável. Seus contos, tanto quanto suas peças, são, em geral, obras-primas que harmonizam perfeitamente a forma e a precisão vocabulares a uma sedutora e corretíssima fluência verbal, sem deixar de conter também um conteúdo lírico dos mais densos. Melancolicamente pessimista e aproveitando ao máximo todas as experiências humanas e sociais, Tchekhov seria o criador de uma escola literária que encontraria mais tarde, mesmo nos países ocidentais, enorme repercussão.
Os Melhores Contos
de
ANTON CHEKHOV
Sumário
O BILHETE PREMIADO
O INIMIGO
A LINGUARUDA
A MULHER DO FARMACÊUTICO
A OBRA DE ARTE
ANGÚSTIA
A APOSTA
A DAMA DO CACHORRINHO
A BRINCADEIRA
O CAÇADOR
O VINGADOR
ANNA NO PESCOÇO
UM CASO MÉDICO
O ENXOVAL
A NOIVA
A MORTE DO FUNCIONÁRIO
O MONGE NEGRO
A FEITICEIRA
A JOIA ROUBADA
O BILHETE PREMIADO
Ivan Dmítritch, homem remediado que vivia com a família na base de uns 1200 rublos por ano, muito satisfeito com seu destino, certa noite, depois do jantar, sentou-se no sofá e começou a ler o jornal.
– Esqueci de dar uma olhada no jornal de hoje – disse sua mulher tirando a mesa. – Dê uma espiada para ver se saiu o resultado do sorteio.
– Saiu – respondeu Ivan Dmítritch -, mas você não penhorou seu bilhete?
– Não. Paguei os juros na terça.
– Qual é o número?
– A série é 9499, bilhete 26.
– Então… Vejamos… 9499 e 26.
Ivan Dmítritch não acreditava na sorte da loteria e em outra ocasião jamais se daria ao trabalho de verificar a lista. Agora, porém, que não tinha nada para fazer e o jornal estava bem debaixo de seu nariz, percorreu com o dedo de cima para baixo os números da série. E não é que logo de cara, como que para zombar de sua descrença, já no alto da segunda coluna apareceu de repente, diante de seus olhos, o número 9499! Sem conferir o número do bilhete nem verificar se tinha lido certo, deixou cair rapidamente o jornal no colo e como se alguém lhe tivesse derramado água na barriga, sentiu um friozinho agradável no fundo do estômago. Era uma sensação de coceira terrível e deliciosa ao mesmo tempo.
– Macha – disse com voz surda -, o 9499 está aqui. A mulher olhou para seu rosto surpreso, assustado, e compreendeu que o marido não estava brincando.
– 9499? – Perguntou ela, empalidecendo e deixando cair na mesa a toalha dobrada.
– Sim, sim… Está, de verdade!
– E o número do bilhete?
– É mesmo! Ainda falta o número do bilhete. Mas tenha paciência… espere. Então, que tal? De qualquer modo o número de nossa série está, hem? De qualquer modo, entendeu?…
Ivan Dmítritch olhou para a mulher e sorriu num sorriso largo e apalermado como uma criança a qual tivessem mostrado alguma coisa brilhante. A mulher também sorria. Sentia o mesmo prazer que o marido por ele ter lido somente a série e não ter tido pressa em saber do número do feliz bilhete. É tão angustiante consumir-se e espicaçar-se na esperança de uma felicidade possível!
– A nossa série está – disse Ivan Dmítritch depois de um longo silêncio. – Significa que existe uma possibilidade de termos ganho. Apenas uma possibilidade, mas, apesar de tudo, ela existe!
– Está bem, mas agora, olhe.
– Espere. Ainda teremos tempo a vontade para nos desiludir. Se está na segunda coluna de cima, quer dizer que o prêmio é de 75 mil. Isso não é dinheiro, é uma força, um capital! E se de repente eu olhar para a lista e lá estiver o número 26? Hem? Escute, e se tivermos ganho de verdade?
Os cônjuges começaram a dar risada e a olhar demoradamente um para o outro, sem falar nada. A possibilidade da ventura deixara-os obnubilados, e eles não conseguiam sequer sonhar, dizer para que precisavam daqueles 75 mil, o que comprariam, para onde iriam. Imaginavam apenas os números 9499 e 75 mil, desenhavam-nos em sua imaginação, mas a ideia da felicidade, que estava tão próxima, parecia não lhes passar pela cabeça.
Ivan Dmítritch andou algumas vezes de um lado para outro com o jornal nas mãos e só quando a primeira impressão se acalmou é que, aos poucos, começou a sonhar.
– E se tivermos ganho? – disse. – Seria uma vida nova, uma catástrofe! O bilhete é seu, claro, mas se fosse meu, antes de mais nada, naturalmente eu compraria algum imóvel, algo como uma propriedade, no valor de, digamos, 25 mil; deixaria uns 10 mil para despesas extras: mobília nova… uma viagem… pagamento de dívidas e assim por diante. Os 40 mil restantes colocaria no banco, para render juros…
– Realmente, uma propriedade seria ótimo – disse a mulher sentando-se e deixando cair os braços no colo. – Nalgum canto, na região de Tula ou de Orlóv… Em primeiro lugar, não seria preciso alugar nenhuma casa de campo e, em segundo, não deixa de ser uma renda.
E na imaginação dele começaram a se aglomerar imagens, uma mais poética e aprazível que a outra. E em cada uma delas ele se via satisfeito, tranquilo, saudável e chegou a sentir um calorzinho agradável, um calorzão, mesmo! Lá está ele, depois de ter comido uma sopa de legumes fria como o gelo, de barriga para cima na areia quente, na beira do rio ou no jardim mesmo, embaixo de uma tília… Faz calor… O filho e a filha rastejam perto dele, rolam na areia ou caçam algum bichinho na relva. Cochila docemente sem pensar em nada e sente com todo o corpo o que significa não ter de ir ao serviço nem hoje, nem amanhã, nem depois. E quando cansar de ficar deitado, pode ir ver cortar o feno, ou ir ao bosque, colher cogumelos, ou então ficar observando como os camponeses pescam os peixes com o arrastão.
Ao pôr do sol, pega um pano, um sabonete e esgueira-se na casa de banho, onde se despe devagarzinho, passa um tempão alisando o peito nu com as palmas das mãos e finalmente cai n’água. Na água, Os peixinhos se agitam em volta das bolhas turvas de sabão e as plantas aquáticas balançam na corrente. Depois do banho, um chá com creme e rosquinhas doces… À noite, um passeio ou uma partida de uíste com os vizinhos.
– Sim, seria bom comprar uma propriedade – diz a mulher, também sonhando. Lê-se em seu rosto que está encantada com os próprios pensamentos.
Ivan Dmítritch imagina o outono chuvoso, as noites frias, o veranico. Nessa época é preciso andar um tempão pelo jardim, pela horta, pela margem do rio até sentir bem o frio e depois beber um copo cheinho de vodka junto com cogumelos salgados ou um pepino em salmoura e pronto – tomar outro trago. As crianças vêm correndo da horta, trazendo cenoura e nabo. Sente-se o cheiro fresco da terra… Depois, estirar-se no sofá e folhear uma revista qualquer, sem pressa, até que o sono chegue. Cobrir o rosto com a revista, desabotoar o colete e entregar-se…
Após o veranico o tempo é fechado, ruim. Chove dia e noite. As árvores despidas choram, o vento é úmido e frio. Os cachorros, os cavalos, as galinhas – não há quem não esteja molhado, melancólico, encolhido. Não se tem por onde passear; sair de casa, nem falar! Passa-se o dia inteiro andando de um canto para outro e olhando tristemente pelas janelas embaçadas. Que coisa enfadonha!
Ivan Dmítritch parou e olhou para a mulher.
– Sabe de uma coisa, Macha, eu iria é para o estrangeiro.
E ficou pensando como seria bom viajar para o estrangeiro, cruzar o oceano profundo e ir para algum lugar no sul da França, para a Itália… Para a Índia!
– Eu também iria para o estrangeiro correndo – disse a mulher. – Mas olhe o número do bilhete!
– Espere! Daqui a pouco…
Andou pelo quarto e continuou a pensar. E se a mulher fosse realmente para o estrangeiro? Viajar é bom sozinho, ou em companhia de mulheres despreocupadas, sem compromisso, que vivem o momento presente, e não com aquelas que ficam o tempo todo pensando e falando em crianças, suspirando, tremendo com medo de gastar um copeque que seja. Ivan Dmítritch imaginou sua mulher no vagão, cheia de embrulhos, cestas, pacotes: suspira e queixa-se que a viagem lhe deu dor de cabeça, que gastou muito dinheiro. É preciso correr na estação atrás de água quente, sanduíches, água potável. Almoçar ela não pode, custa caro…
Tenho certeza que ela iria controlar cada copeque
, pensou ele, olhando para a mulher. O bilhete é dela, não é meu! E pra que ela precisa ir para o estrangeiro! O que é que lhe falta ver lá de importante? Já sei. Ficará fechada o tempo todo no hotel e não me deixará desgrudar dela um só momento.
E pela primeira vez em sua vida reparou que a mulher tinha envelhecido, ficara feia e cheirava a cozinha, enquanto ele ainda era moço, saudável, viçoso, bom para se casar uma segunda vez.
Claro, tudo isso é bobagem, é besteira
, pensou. "Mas… para que iria ela ao estrangeiro? O que ela aproveitaria lá? Mas iria mesmo… Imagino. Para ela Nápoles ou Klin iriam ser a mesma coisa. Ficaria me atormentando e eu dependeria dela. Tenho certeza de que na hora em que recebesse o dinheiro, iria trancá-lo a sete chaves, como faz o mulherio… Iria escondê-lo de mim… Aos parentes dela tudo, mas para mim, contaria cada copeque.
Ivan Dmítritch ficou pensando na parentela. Logo que todos esses irmãozinhos, irmãzinhas, titias, titios soubessem do ganho, viriam se arrastando, bancando os mendigos, sorrindo untuosamente, bajulando. Eta gentinha sórdida! Se lhe oferecem a mão, pegam o braço. Se não lhe oferecem, amaldiçoam, rogam pragas, desejam todo tipo de desgraça.
Ivan Dmítritch lembrou-se de seus parentes e seus rostos, que ele sempre olhara com indiferença, pareciam-lhe agora odiosos, repulsivos.
São uns canalhas
, ele pensou.
E o rosto da mulher começou também a parecer-lhe odioso, repulsivo. Em seu íntimo começou a ferver um ressentimento contra ela e ele pensou com alegria perversa: Não entende nada de dinheiro, por isso é avarenta. Se ganhasse, mal me daria cem rublos, e o resto iria direto para o cofre
.
Já olhava agora para a mulher com ódio e não mais com um sorriso. Ela também olhava para ele com maldade e com ódio. Ela tinha seus próprios sonhos dourados, seus pianos, suas ideias e sabia perfeitamente no que estava pensando o marido. Sabia que seria o primeiro a avançar no que ela teria ganho.
É bom sonhar por conta dos outros!
, dizia o olhar dela. Não, você não conseguirá!
.
O marido compreendeu seu olhar: o ódio ferveu-lhe no peito e para decepcionar sua mulher e fazer-lhe mal olhou rápido na quarta página do jornal e anunciou solene:
– Série 9499, bilhete 46! Não 26!
A esperança e o ódio desapareceram ambos de repente e, no mesmo instante, Ivan Dmítritch e sua mulher acharam os aposentos escuros, pequenos e abafados, e o jantar que tinham acabado de comer pesado e insosso, e as noites longas e enfadonhas.
– Só o diabo sabe – disse Ivan Dmítritch, começando a implicar.
– Por todo lado que eu pise, só há papéis, migalhas, casquinhas, sei lá. Será que nunca varreram esses quartos! Terei de ir embora de casa, o diabo que me carregue. Vou sair e me enforcar na primeira árvore.
Anton Tchekhov
O INIMIGO
A noite desceu há muito sobre a paisagem de neve, uma noite escura e profunda, que envolve seres e coisas no silêncio e na paz. Àquela hora, talvez somente Varka esteja ainda acordada, debruçada sobre o berço onde o menino não quer dormir. Varka tem apenas treze anos, é pouco mais que menina, e seus olhos sonolentos são tristes e vagos. Agora impulsiona suavemente o berço e canta baixinho, com voz branda, uma canção de ninar. Dorme, menino bonito, que o bicho vem pegar…
Uma lamparina verde, acesa junto ao ícone, enche o quarto com sua luz fraca e incerta; peças de roupa, pendidas de uma corda que atravessa o compartimento, flutuam de leve. A luz projeta no teto um grande círculo verde, as sombras das peças de roupa se agitam como se fossem sacudidas pelo vento, e tremem inquietas sobre a estufa, sobre Varka e sobre o berço.
Tudo assume um aspecto carregado e denso como a noite, a atmosfera cheira a fel. O menino chora, está rouco de tanto gritar, mas continua chorando sempre, com todas as suas forças. Varka tem um sono terrível, seus olhos se cerram apesar de todos os esforços; e ela