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Dicionário das ideias feitas em educação: Lugares-comuns, chavões, clichês...
Dicionário das ideias feitas em educação: Lugares-comuns, chavões, clichês...
Dicionário das ideias feitas em educação: Lugares-comuns, chavões, clichês...
E-book205 páginas1 hora

Dicionário das ideias feitas em educação: Lugares-comuns, chavões, clichês...

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Sobre este e-book

Nesta divertida enciclopédia crítica realizada em forma de farsa, como fez Gustave Flaubert em seu Dictionnaire des idées reçues, os autores trazem definições – ou descomposições – de ideias convencionais, escritas e transmitidas no "boca a boca", que são aceitas sem questionamento e são frequentemente utilizadas. Ideias que, de tão repetidamente expressadas, perderam a origem, e já não se sabe quem as inspirou nem de quem se aprendeu, mas que são apropriadas e consagradas como verdades.

As definições dos verbetes presentes neste dicionário, sempre voltadas à educação e seus confins, desmascaram lugares-comuns, jargões, máximas, bordões e clichês e oferecem significados muito mais justos – e hilários – para cada um deles.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de jun. de 2017
ISBN9788582178102
Dicionário das ideias feitas em educação: Lugares-comuns, chavões, clichês...

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    Dicionário das ideias feitas em educação - Julio Groppa Aquino

    Organização

    Sandra Mara Corazza

    Julio Groppa Aquino

    Colaboradores

    Cristiano Bedin da Costa • Ester Maria Dreher Heuser • Fábio José Parise • Gabriel Sausen Feil • Karen Elisabete Rosa Nodari • Luciano Bedin da Costa • Marcos da Rocha Oliveira • Máximo Daniel Lamela Adó

    Ilustrações

    Mayra Martins Redin

    Dicionário das ideias feitas em educação

    (Lugares-comuns, chavões, clichês, jargões, máximas, bordões,

    estereótipos, palavras de ordem, fórmulas, besteiras, ideias

    herdadas, convencionais, medíocres, estúpidas e afins)

    Copyright © 2011 Os organizadores

    Copyright © 2011 Autêntica Editora

    PROJETO GRÁFICO DE CAPA

    Diogo Droschi

    (sobre imagem de Mayra Martins Redin)

    EDITORAÇÃO ELETRÔNICA

    Conrado Esteves

    Waldênia Alvarenga Santos Ataíde

    Christiane Morais de Oliveira

    REVISÃO

    Heloisa Rocha Alkimim

    ILUSTRAÇÕES DE CAPA E MIOLO

    Mayra Martins Redin

    (técnica: desenho [nanquim sobre papel canson] e desenho digital])

    EDITORA RESPONSÁVEL

    Rejane Dias

    DESENVOLVIMENTO DE EBOOK

    Loope – design e publicações digitais | www.loope.com.br

    Revisado conforme o Novo Acordo Ortográfico

    Todos os direitos reservados pela Autêntica Editora. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.

    AUTÊNTICA EDITORA LTDA.

    Rua Aimorés, 981, 8º andar . Funcionários

    30140-071 . Belo Horizonte . MG

    Tel.: (55 31) 3222 6819

    Av. Paulista, 2073 . Conjunto Nacional

    Horsa I . 11º andar . Conj. 1101 . Cerqueira César

    01311-940 . São Paulo . SP

    Tel.: (55 11) 3034 4468

    Televendas: 0800 283 13 22

    www.autenticaeditora.com.br

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Dicionário das ideias feitas em educação / organização Sandra Mara Corazza, Julio Groppa Aquino ; ilustrações Mayra Martins Redin . – Belo Horizonte : Autêntica Editora, 2011.

    Vários autores

    Vários colaboradores

    Bibliografia

    ISBN 9788582178102

    1. Enciclopédias e dicionários 2. Educação I. Corazza, Sandra Mara. II. Aquino, Julio Groppa. III. Redin, Mayra Martins.

    11-07767             CDD-030

    Índices para catálogo sistemático:

    1. Enciclopédias e dicionários 030

    Para

    Gustave Flaubert, artista do riso;

    Millôr Fernandes, guru definitivo;

    todos os filósofos das estradas.

    Sumário

    Capa

    Folha de Rosto

    Créditos

    Dedicatória

    Antelóquio

    Posfácio

    Referências

    Dicionaristas

    Antelóquio

    Vox populi, vox Dei.

    (Sabedoria das nações)

    Você já percebeu que Nossas Almas estão se tornando serenas e benevolentes? Será o peso dos tempos? A essas rolinhas, antes tão aflitas, não é dada nenhuma liberdade de escolha?

    Para levar Nossas Almas a vibrarem novamente, como as cordas de uma harpa ressoam as oitavas, numa seivosa insurgência contra a insidiosa inatividade e feiura de suas rugas, fazemo-las laborarem não na Divina (Dante Alighieri), nem na Humana (Honoré de Balzac), tampouco na Intelectual (Paul Valéry), mas na descredenciada Comédia Educacional. Pois, sabemos, as Almas sentem atrozes pruridos de descomporem as Ideias Feitas, que florescem (e colonizam) os caminhos bem ordenados do Jardim da Educação (até os seus confins), ocupando o lugar de belas (e falsas) Verdades Evidentes, quais sejam: galimatias, inépcias rutilantes, flagrantes certezas, ignorâncias felizes, grosseiras besteiras, afirmações vergonhosas, clamorosas trivialidades, tolices aparvalhadas, inconcebíveis pobrezas de espírito, absolutas ausências de bom gosto, locuções estereotipadas, provérbios, máximas, clichês, chapas, nariz de cera (Portugal), jargões, chavões (chaves grandes), bordões, slogans, rifões, anexins, frases preestabelecidas, pensamentos fixos. Facilitários que, por nossa comodidade, preconceito, medo do insólito, superstição ou ignorância, têm os seus sentidos e poder diferenciador esbatidos, são recebidos e repassados (como moeda de mercado), estabelecendo-se, facilmente, enquanto preceitos científicos, artísticos, filosóficos, psicológicos, pedagógicos, que armam e fingem conhecimentos, resistem às tentativas de refutação, apoiam-se em fatos favoráveis, estão na origem de aplicações ou de situações que funcionam, e assim por diante.

    Nesta Enciclopédia Crítica, realizada em forma de farsa – ao modo de Gustave Flaubert, em seu Dictionnaire des idées reçues –, Nossas Almas voltam-se, em Educação (e seus confins), para aquelas Ideias recebidas e aprovadas, que são aceitas sem questionamento e gastas pelo uso; apresentam profunda sedimentação e lastro; vêm expressas em recentes ou em centenários Lugares-Comuns (koinoì tópoi; loci communes); dentre os quais, os melhores parecem sair de profundezas inexploradas, mas, no entanto, são precisamente, os mais estúpidos, os mais capazes de acelerar o embrutecimento (BLOY, 2005, p. 391); e que podem assumir a forma verbal ou a de comportamentos, intenções, objetos, tais como: Última Ceia, de Leonardo da Vinci, na sala de jantar; banho de Arquimedes; lanterna diurna de Diógenes procurando um homem; cabeça de São João Batista na bandeja de Salomé; pinguim de louça em cima da geladeira; esponja de aço das 1001 utilidades; sabão em pó que lava mais branco; sabonete preferido por 9 entre 10 estrelas de cinema; eletrodoméstico, que vira padrão, e leva a dizer: Mas, não é uma...; dá para tomar uma [certa cerveja] antes?; um xarope, que é Amigo do Peito; a maior e melhor casa [loja] do ramo; peixe fresco; o meio é a mensagem; quem não se comunica se trumbica; vocês querem bacalhau?; fácil de usar; difícil recusar; relação custo-benefício; advogado de porta de cadeia; o trânsito está um caos; tudo bem?; formigueiro humano; que frio!; que calor!; dia feio; dia bonito; chove a cântaros; que seja eterno enquanto dure; achar agulha num palheiro; em verdade, Vos digo; graças a Deus; só Deus sabe; Deus é pai; Deus sabe o que faz; vai com Deus; Cristo salva; Liberdade, Igualdade, Fraternidade; jogo é jogo; ou se perde, ou se empata, ou se ganha; este mundo é um vale de lágrimas; a carne é fraca; ninguém é perfeito; o melhor amigo do homem é o cão; quanto mais conheço os homens, mais admiro os cães; comer melancia com leite envenena; o espinafre tem ferro; preciso relaxar; se beber não dirija; nó na garganta; lágrimas de crocodilo; o que é do homem o bicho não come; se apontar com o dedo para uma estrela, nasce verruga; brinca com fogo, urina na cama; somos todos iguais perante a Lei; em pé de igualdade; inocente até prova em contrário; nenhum homem é uma ilha; animal racional; o homem descende do macaco; não há nada de novo sob o sol; céu de brigadeiro; sétimo céu; atenciosamente [assina fulano de tal]; elo de ligação; certeza absoluta; multidão de pessoas; grave acidente; crime hediondo; consumado artista; surpresa inesperada; gritar bem alto; exceder em muito; seja você mesmo; a seu critério pessoal; planejar antecipadamente; abertura inaugural; empréstimo temporário; criação nova; conviver junto; baseado em fatos reais; todos foram unânimes; superávit positivo; vereador da cidade; há anos atrás; outra alternativa; sintomas indicativos; em duas metades iguais; expressamente proibido; só falta falar; bom de garfo; levantador de copo; primavera da vida; jantar lauto; festa animada; viúva inconsolável; menino de ouro; filha exemplar; parece um anjo; bebe como um gambá; é da pá virada; acordar de cara amarrada; morrer de rir; amigo da onça; é uma jararaca; criar a cobra no próprio ninho; morrer na praia; detalhes minuciosos; canto do cisne; no meu tempo era melhor; a mais pura verdade; deu na televisão; saiu no jornal; meus sentimentos; foi melhor para ele; ninguém diria; ninguém fica para semente; foi um bom pai; foi um marido exemplar; que agradável surpresa!; negócio da China; a pau e corda; a ferro e fogo; a olhos vistos; abrir o jogo; encarar de frente; olhos de ressaca; cabelos de ouro; cabelos da cor da asa da graúna; informações inéditas; nobre colega; caluniador infame; isso é edipiano; símbolo fálico; no campo é que se vive bem; mulher de vida fácil; é a mãe; mãe de família; dona de casa; Dia das Mães; o juiz é um filho da p...; ambiente sórdido; casa de tolerância; honrosa incumbência; quando casar, sara; é loucura; antes só do que mal acompanhado; a história quando se repete é uma farsa; a César o que é de César; lavo as mãos como Pilatos; até tu, Brutus!; Napoleão com dois dedos enfiados no colete; elementar, meu caro Watson!; ser ou não ser, eis a questão; penso, logo existo; cultura de almanaque; tem a profundidade de um pires; meio caminho andado; alto e bom som; botar o preto no branco; via de regra; em nível de; aparar as arestas; chegar a um denominador comum; isto é ideológico; encerrar com chave de ouro; encarar de frente; na prática, a teoria é outra; chão da Escola; não há receitas; nada vai empanar o brilho da sua conquista; suar a camiseta; ganhar o pão com o suor do rosto; nem tudo são flores; disse cobras e lagartos; saiu com quatro pedras na mão; estourou como uma bomba; o fim da história; o fim do homem; o fim da filosofia; a morte do autor; sua explicação deixou a desejar; num mundo de tantas mudanças; multiculturalismo; pluralismo; diversidade cultural e étnica; raça, gênero e etnia; respeitar a diferença; contra o tradicional; proletários de todos os países, uni-vos!; endurecer-se, mas sem perder a ternura jamais; autonomia universitária; universidade pública, gratuita e de qualidade; PCNs; PPP; o currículo é documento de identidade; interlocução com o campo; para os gregos; para Platão; Sócrates bebeu cicuta; a infância: entre filosofia e educação; as crianças não pediram para nascer; a criança é o pai do homem; oh, que saudades que tenho da aurora de minha vida!; ao pé da letra; ir num pé e voltar no outro; o conhecimento é construção; alternativo; adaptação; integração; contextualização; consciência cidadã; exclusão social; políticas de inclusão; tábua de salvação; criança-problema; aluno hiperativo; déficit de atenção; a família é desestruturada; não ter mãos a medir; conhecer a realidade do aluno; partir da realidade do aluno; os alunos não têm jeito; faltam limites; o saber da experiência; as condições de trabalho são péssimas; educação continuada; competências, aptidões e atitudes; gestão; indisciplina; ser professor; o mestre ignorante; a Escola que queremos; a Escola possível; o magistério (não) é sacerdócio; educar as futuras gerações para o amanhã; etc.

    Este tão iluminado quanto inocente Dicionário apresenta essas e outras Ideias Convencionais, que são escritas e transmitidas bocalmente. Ideias que, pela força de uma repetição despudorada de seus temas, perderam a origem, não se sabendo quem as inspirou, nem de quem se aprendeu. Ideias, que ninguém pergunta ou ensina a ninguém; e, no entanto, enchem nossos ouvidos e se cristalizam, riscando sulcos indeléveis na memória, para impor símbolos, valores, emoções, juízos, álibis, que estratificam, restringem ou generalizam. Ideias simplificadas, transformadas em vulgaridades, truísmos, palavras-chave, fórmulas rígidas, terminologias dogmáticas, que são transmitidas, apropriadas e consagradas como Verdades, por quem pensa pouco ou não pensa absolutamente nada. Ideias amortalhadas nas trevas do Espírito, que não passam pelo pensamento e consistem em uma arma do poder, acabando por funcionar, na cabeça do público, como uma verdadeira natureza mental (BARTHES, 1987, p. 276).

    Cômica e pacificamente, retirando com a mão a venda que fascina Vossos olhos, este notável Tolicionário cospe nojo, exala nauseabundo olor, vomita raiva, expectora fel, ejacula cólera: tudo isso para purificar a indignação diante das Ideias Feitas e, assim, exterminar o sossego do Rebanho Vil. Não que trate essas Ideias com exasperação, por serem populares ou eruditas, inexatas ou banais; mas, simplesmente, por serem adotadas sem que ninguém mais pense nelas e sejamos obrigados a engoli-las. É, portanto, criado com o propósito de desvincular os seus Seguidores da Ordem, da Convenção, da Moral; visto que, com Chamfort (apud FLAUBERT, 2007, p. 365), podemos apostar que qualquer ideia pública, qualquer convenção herdada, é uma tolice, pois foi conveniente à maioria. É, portanto, organizado de modo a surpreender, sistematicamente, todos os bípedes implumes, que habitam a Terra, e levá-los a nunca ter certeza se estão ou não zombando deles. Característica, aliás, que faz o seu corpus logomáquico de Lugares-Comuns antever longos dias pela frente e integrar a imorredoura estante das obras mais prestantes do momento, cujo êxito inconteste o fará desaparecer (temos certeza), em três tempos, das bancas livreiras de todo o Planeta.

    Incrível Catálogo de Ideias – tão repetidas, que já perderam as brasas, embora não o poder de cozimento –, que se mantém a igual distância do Manual (resumo daquilo que é considerado verdadeiro) e do Panfleto (exposição do que é denunciado). Por meio de observações sagazes, ditos agudos, máximas felizes,

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