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Ato conjugal: beleza e transcendência: A sexualidade vivida de corpo, alma e coração
Ato conjugal: beleza e transcendência: A sexualidade vivida de corpo, alma e coração
Ato conjugal: beleza e transcendência: A sexualidade vivida de corpo, alma e coração
E-book289 páginas4 horas

Ato conjugal: beleza e transcendência: A sexualidade vivida de corpo, alma e coração

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Sobre este e-book

O ato conjugal foi quisto e criado por Deus para ser um gesto em que marido e esposa se tornem uma só carne e, assim, reconheçam-se, vejam-se um no outro. Foi instituído para alimentar e gerar cada vez mais amor entre o casal, pois unir-se de forma tão profunda a alguém é entregar-se por inteiro, sem reservas. Por isso, a vida sexual do casal não pode estar desvinculada de uma vivência de reciprocidade e cumplicidade no amor.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de jan. de 2019
ISBN9788553390748
Ato conjugal: beleza e transcendência: A sexualidade vivida de corpo, alma e coração

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    Ato conjugal - Sandro Arquejada

    Prefácio

    Olivro de Gênesis deixa claro, em cinco versículos, que, depois de ter criado o homem, "Deus viu que tudo era muito bom" (v.31). Isso nos deixa claro que tudo o que há em nós é bom, especialmente o sexo, o qual Deus nos deu para que os casais, unidos em matrimônio, vivam as dimensões unitiva e procriativa . E a Igreja, que sempre valorizou o corpo humano, contra a tendência dualista de desprezá-lo, ensina que a vida sexual do casal é lícit a e santa.

    O Catecismo da Igreja também nos ensina que a sexualidade afeta todos os aspectos da pessoa humana, em sua unidade de corpo e alma. Diz respeito, particularmente, à afetividade, à capacidade de amar e procriar e, de uma maneira mais geral, à aptidão para criar vínculos de comunhão com os outros (n. 2332).

    Assim, a sexualidade é parte integrante de nossa humanidade e deve ser vivida de acordo com a lei de Deus para nos trazer felicidade. O papa São João Paulo II, por três anos consecutivos, abordou esta questão nas audiências de quarta-feira e aprofundou os aspectos fundamentais do corpo humano e de sua sexualidade, quando tratou longamente da Teologia do Corpo.

    Infelizmente a atividade sexual se tornou muito distorcida por causa da forte atração que o sexo exerce em nós. Há hoje um sexismo desenfreado que gera dinheiro e prazer, desprezando sua bela e sagrada finalidade. Vivemos numa sociedade sexualizada, onde se faz vistas grossas para as graves ofensas a Deus, como a prostituição, a pornografia, as trocas de casais, a prática do nudismo, os motéis de alto consumo do sexo, a moda sexista, os filmes e novelas excitantes etc. Até mesmo entre casais cristãos pode haver uma grave distorção em sua finalidade.

    Temos hoje a oferta de sexo fácil de muitos modos, principalmente pela internet. E há também uma ação ideológica que quer dominar a juventude por meio de uma educação sexual pervertida. Tudo isso vai derrubando, lenta e gradualmente, o sexto Mandamento da Lei de Deus, como se ele não fosse mais divino e permanente. Falar de castidade hoje cheira bolor, é antiquado, como se Deus tivesse envelhecido, porém devemos nos lembrar de que foi do bolor que Alexandre Fleming descobriu a penicilina, que salvou milhões de pessoas da morte.

    A Igreja não é contra a vida sexual, e isso é provado ao se verificar que ela não aceita outra maneira de gerar um filho a não ser pelo ato sexual do casal, expressão do amor mútuo entre o marido e a mulher e o filho que é gerado.

    Hoje se fala muito do sexo apenas como um objeto de prazer, mas nos esquecemos da finalidade unitiva e procriativa que é vivida somente por um casal que, de fato, ama-se e é fiel. Portanto, os casais cristãos precisam conhecer a finalidade do sexo no plano de Deus.

    Neste livro, Sandro Arquejada, jovem amigo e consagrado da Canção Nova, casado e pai, ajuda os casais a refletirem sobre a importância e a finalidade da vida sexual; sua beleza e transcendência. Com base na já citada Teologia do Corpo, de São João Paulo II, da qual ele é um entusiasta, e outros documentos da Igreja sobre o assunto, ele nos apresenta um valioso estudo sobre o tema.

    Sandro aborda, com clareza e com fidelidade, os ensinamentos do Magistério da Igreja e temas que geram dúvidas para o casal cristão, como, por exemplo, as diferenças sexuais do homem e da mulher, a lua de mel, o controle da natalidade, os problemas de ordem sexual e outros problemas vividos pelo casal que influenciam em sua vida sexual.

    Este é um livro que deve ser lido também por casais de namorados, noivos e pessoas solteiras de modo geral, para que entendam e vivam o que Deus nos propõe pela realidade de nossa vida sexual.

    Que Deus abençoe esta obra e seu autor para que leve muitos casais a viverem esta dimensão de suas vidas segundo o belo plano de Deus.

    Prof. Felipe Aquino

    Apresentação

    Tudo parte da premissa: a sexualidade afeta todos os aspectos da pessoa humana, em sua unidade de corpo e alma. Diz respeito, particularmente, à afetividade, à capacidade de amar e procriar e, de uma maneira mais geral, à aptidão para criar vínculos de comunhão com os outros (Catecismo da Igreja Católica, n. 2332).

    A sexualidade é um fator da nossa humanidade e, portanto, integra o nosso ser. Ela não se refere somente ao que em nós é genitalidade, mas a sua total dimensão está ligada a tudo aquilo que compõe o ser humano no aspecto dos nossos corpos, masculino ou feminino, em todos os efeitos dos hormônios que nos fazem ter reações e tendências próprias de homem ou de mulher etc.

    E é essa sexualidade um dos fatores que também nos condiciona a buscar uma forma particular de vínculo afetivo, que é a vocação esponsal, sentida na alma e no coração como uma experiência percebida em todas as potencialidades do corpo e que, consequentemente, direciona-nos também à união sexual.

    O ato conjugal sempre foi um fator muito importante na história da humanidade, não por ele em si, mas pelo seu valor no contexto da sexualidade humana e também como um aspecto que deve ser bem vivido dentro da vocação esponsal, na instituição do matrimônio.

    Desde tempos remotos, quando o homem surgiu na face da terra, vivemos sob a base da família e da procriação. Independentemente de como é hoje o pensamento desta ou daquela linha ideológica, o fato é que, bem ou mal, foi assim que chegamos até aqui. Portanto, descartar o modelo tradicional de família e introduzir uma cultura contra a vida, no mínimo, não é tão simples como muitas pessoas, com suas correntes de pensamentos, acreditam que seja possível. Não dá para, de uma geração para outra, simplesmente acharmos que isso não nos serve mais e inventarmos novas estruturas.

    Perceba, querido leitor, como, por meio desses dois fatores que dependem da conjunção carnal, este gesto está enraizado no cerne da humanidade. Não só na estrutura social, mas também no âmago de cada homem e mulher.

    O ato conjugal foi quisto por Deus e criado por Ele, antes de tudo, para ser um gesto em que o homem e a mulher se tornem uma só carne e, assim, vejam-se um no outro. É um tipo de vínculo grandioso que une, de forma indelével, uma pessoa à outra. Ele foi instituído para alimentar e gerar ainda mais amor entre o casal. E, pelo fato de ser um gesto que emana o amor, ele é um meio de se chegar à santidade. E, porque é caminho de santidade, transcende o que em nós é terreno.

    De modo algum, o ato sexual é algo somente físico e biológico, mas este gesto somatiza-se a todas as outras nossas dimensões humanas. A intimidade dos esposos é uma coisa santa, sagrada, bela, transcendente e única. Unir-se de forma tão profunda a alguém amado é doar de si mesmo para o outro, entregar-se por inteiro, sem reservas. E doando a si mesmo com pureza de intenção, este gesto colabora para trazer à tona o melhor da pessoa. Nessa perspectiva, quem se une sexualmente ao cônjuge cumpre o mandamento de Jesus, pois está amando o outro como a si mesmo (cf. Mt 22,39).

    Os casais precisam saber e conhecer a importância de tão sublime gesto conjugal, toda a sua beleza, o profundo significado para si mesmo e para o amado e o que representa para o relacionamento, bem como todos os fatores que o circundam, os que o antecipam e os que são frutos dessa união íntima.

    Talvez, nem com todo o conhecimento do mundo a respeito do que verdadeiramente é o ato conjugal, chegaremos a entender sua total força e essência, mas, assim mesmo, precisamos nos aprofundar no tema. Pois, sendo este tão importante e tão quisto e apreciado por nós, é até óbvio que seja evidenciado e explorado com outras motivações que se desviam da sua verdadeira essência.

    Nunca na história do ser humano tivemos tantos apelos e estímulos como nos dias atuais. Vivemos em uma sociedade sexualizada e temos a oferta de sexo fácil em todas as direções. Este ato, ou a insinuação dele, serve como atrativo comercial, como compensação afetiva, social, profissional ou simplesmente de entretenimento. E não para por aí. A cada dia surge uma pseudopesquisa que vem apontar absurdos sobre a capacidade sexual dos humanos, na intenção de validar essa ou aquela corrente de pensamento. Algumas pessoas até usam dados divulgados por pesquisadores sérios e órgãos científicos reconhecidos, mas dão sua conveniente interpretação, moldando, assim, a informação que chega até o grande público.

    Sabendo da importância e da força da tendência para o sexo no ser humano e o grande interesse das pessoas por este assunto, essas ideologias se aliam a governos, divulgando falsas notícias sobre a sexualidade, com o interesse de manipularem as massas. Essa potencialidade está ligada ao vigor, ao ânimo e à vivacidade do ser. Por conseguinte, condiciona a pessoa a uma sexualidade desregrada, convencendo-a a direcionar seu vigor para obter prazer a todo custo, tornando-a, assim, mais passiva e alienada aos contextos que a envolvem.

    Uma juventude submetida aos prazeres facilmente torna-se massa de manobra. Quando a busca do prazer é obsessiva, encerra-nos em uma só coisa e não permite encontrar outros tipos de satisfações¹.

    Existem hoje muitas propostas de uma educação sexual irresponsável, que incita genitalmente, desconsiderando a total estrutura da pessoa e não trazendo a verdade sobre o ato sexual nem contemplando o ser humano em sua inteireza.

    Do outro lado, temos a proposta da castidade, uma virtude que todos nós devemos viver, os solteiros e também os casados, mas que, talvez por ser pouco aprofundada, ainda está muito associada à proibição. Falar em castidade, num primeiro momento, remete para as pessoas um tipo de castração. Nós, que defendemos esse valor, temos uma parcela de culpa, pois, muitas vezes, discursamos mais o não faça assim do que pregamos sobre a beleza da sexualidade.

    Por todos esses motivos, faz-se urgente aprofundarmo-nos na força do ato sexual não só como fator de sensações corpóreas, mas em seus efeitos nas emoções e na alma, nas conexões que este gesto físico tem com outras instâncias do ser humano, na sua função e essência, no poder do sexo na vida do casal, na íntima ligação com o dom do amor etc. Enfim, devemos falar das maravilhosas graças deste gesto tão humano, mas que foi quisto e instituído por Deus, e por isso é também parte da vida espiritual do casal.

    A grande maioria das obras que temos hoje sobre este tema trata da questão do sexo quase que unicamente como fonte de prazer. Propagam-se muito novas experiências sensitivas, orientações para se quebrar a rotina, e até mesmo muitos textos cristãos se referem mais ao bem físico que este ato traz do que à força de unir corações. Porém as pessoas deste tempo precisam ter acesso ao conhecimento da riqueza que é o sexo, sua beleza e seu poder de transcendência.

    O ato sexual significa muito mais do que o gesto em si. Ele se comunica com outras instâncias que vão além da sexualidade, pois toca no que no ser humano é mais sublime e excelso: sua alma. E esta constitui sua identidade, sua vocação e seu sentido existencial. A emoção (excitação) provocada por outro ser humano como pessoa […] não tende, de per si, para o ato conjugal, mas apenas para outras ‘manifestações de afeto’ em que o significado nupcial do corpo é expresso, e que, no entanto, não implica seu significado (potencialmente) procriador².

    Assim, precisaremos entrar em questões existenciais antes de abordar sobre o ato conjugal ou vice-versa. Precisaremos remeter o ato conjugal a esses temas vitais da alma e da essência humana.

    Esta é a proposta deste livro: refletir mais atentamente sobre o ato conjugal, prestando atenção nos seus efeitos e na contribuição que ele traz em outras áreas da nossa humanidade, no que ele transcende o âmbito corporal e no que se estende aos sentidos e à alma. Assim compreenderemos seu significado maior e mais elevado.

    Apesar de este livro ser dedicado especialmente para os casais, os solteiros também encontrarão subsídios para compreender melhor o seu chamado ao matrimônio e o valor da castidade para este tempo em que vivem.

    Utilizei-me muito da obra de São João Paulo II, chamada Teologia do Corpo, a qual admiro e da qual sou um entusiasta. É uma honra para mim contar com a Teologia do Corpo para embasar e dar firmeza ao que escrevo nesta obra, bem como todo o conteúdo que a Santa Igreja Católica traz a este respeito. A nossa Mãe Igreja tem contribuído muito para que o gênero humano compreenda a força do ato sexual, e isso também traremos aqui.

    Espero colaborar para que você, leitor, tenha essa maior compreensão do quão elevado e sublime é este gesto, tão arraigado na humanidade e de valor inestimável e significativo para os casais.

    De minha parte, vou me esforçar em lhe entregar um conteúdo profundo e, ao mesmo tempo, de fácil entendimento e que seja o mais agradável possível de ler. Desejo que esta leitura lhe faça bem!

    Desde já, agradeço seu interesse por este livro. Que Deus o abençoe em sua leitura e me abençoe também ao escrever o que é a vontade Dele, riqueza que Ele mesmo imprimiu à união conjugal.

    Boa leitura!

    Sandro Aparecido Arquejada

    O poder do sexo

    Aforça do sexo é algo muito poderoso em nós, pois todos nós temos a vocação esponsal. Embora o ato sexual não seja a finalidade última na essência dessa comunhão de pessoas, de certa forma, ele passa a impressão – fisicamente, ou seja, de modo primário, mas muito substancial – de culminar o anseio de amor e complementariedade que existe em cada u m de nós.

    Podemos até dizer que essa potencialidade interferiu em muitos fatos históricos da humanidade, ainda que não propriamente por ela, mas pela intensidade de sentimentos que desembocaram toda a tensão afetiva para a relação sexual.

    Diferente de outras reformas religiosas, que tiveram como motivação questões teológicas, a reforma religiosa na Inglaterra aconteceu por iniciativa do rei Henrique VIII, que desejava se divorciar de sua esposa Catarina de Aragão, por não ter lhe dado um herdeiro do sexo masculino para suceder ao trono, e se casar com Ana Bolena. O seu pedido de separação não foi aceito pelo então papa Clemente VI, que mais tarde excomungou o rei por ter, assim mesmo, divorciado-se. Antes disso, havia algumas discordâncias políticas entre Roma e Inglaterra, mas foi a partir desse fato que aconteceu o rompimento definitivo da coroa inglesa e do Catolicismo, nascendo, então, a Igreja Anglicana.

    O rei Davi, ao ver Betsabéia, mesmo sabendo que ela era casada com Urias, um soldado que estava a seu serviço na guerra, não se conteve e ordenou que a trouxessem para uma noite de amor. Após ficar sabendo que ela estava grávida, por várias vezes, manipulou a situação para que Urias dormisse com a sua esposa e pensasse que o filho era seu. Como todas as tentativas foram frustradas, Davi mandou, então, colocar Urias na linha de frente da batalha, com o intuito de que morresse e não viesse a descobrir o adultério (cf. 2Sm 11).

    Na mitologia grega, temos a guerra entre o povo de Troia e Esparta, retratada no filme Troia, em que o príncipe Paris, em visita a Esparta, apaixona-se pela rainha Helena, que é casada com Menelau, rei espartano. Os dois fogem para Troia, dando origem a uma batalha sangrenta entre o exército dos troianos e as tropas de Menelau e aliados de seu irmão Agamenon.

    Esses são só alguns casos em que homens poderosos, capazes de governar, reinar, dominar povos inteiros e enfrentar inimigos fortíssimos, sucumbiram perante suas paixões, juntamente com seus instintos sexuais. Podemos dizer que, por motivações sexuais próprias, mudaram o rumo de seus povos, ou seja, de um país inteiro. Essas e outras histórias, sejam elas mitos ou verdades, apontam-nos como é grande o poder da energia sexual no ser humano.

    Diariamente, podemos nos deparar com situações nas quais, por causa de paixão e, consequentemente, sexo, pessoas próximas de nós tomaram rumos totalmente diferentes em sua vida, que divergiram das consequências naturais ou lineares das suas situações anteriores e das condições em que estavam quando não envolvia a questão amorosa.

    Assim, de certa forma, podemos dizer que, por causa da força sexual, um indivíduo é capaz de se arriscar ou de jogar tudo para o alto em sua vida, bem como se envolver em pequenos conflitos no círculo de convívio e crimes, mas também pode levá-lo a reviravoltas positivas na sua vida.

    Outro fato interessante é que o êxtase ou deleite físico que o sexo proporciona, muitas vezes, foi associado com experiências sobrenaturais, tamanha força em nossa humanidade. A Sagrada Escritura cita a prática da prostituição sagrada (cf. 1Rs 14,24;15,12). Embora o livro de Deuteronômio proibisse esta atividade, havia mulheres que eram separadas no templo para terem relações sexuais em cultos de fertilidade. E entre os povos pagãos existia também o culto a deuses da fertilidade e do prazer.

    Temos uma ilustração disso também no filme 300, o qual relata que os Éforos, espécie de conselheiros-sacerdotes, buscam se comunicar com entidades superiores consultando o oráculo, tipo de culto que era feito através da relação sexual com uma bela jovem, separada desde a sua juventude para tal fim.

    Na verdade, somente entre os seres humanos o ato sexual tem uma dimensão que nos leva para o transcendente. Não é só a fisiologia que determina nosso comportamento, pois a força da sexualidade em nós envolve muitos outros fatores. Embora pertençamos ao reino animal, somos muito mais complexos do que todas as outras espécies.

    No reino animal, os fatores da fisiologia, em grande parte, determinam os padrões e as escolhas comportamentais. Indivíduos mais fortes e saudáveis tendem a dominar seu grupo ou os indivíduos de sua espécie, ou a ter mais parceiras ou parceiros sexuais. E assim, consequentemente, são estabelecidas as relações sociais entre os membros da mesma espécie.

    É claro que é válido chegarmos ao conhecimento da biologia dos outros animais e seus consequentes comportamentos, na tentativa de nos entendermos, não descartando as conclusões da ciência. Contudo, o que vemos hoje é que algumas linhas de pensamento tentam justificar suas teses somente em tais estudos, equiparando e incentivando a raça humana ao comportamento animal.

    Na natureza, o sentido da relação sexual é quase que exclusivo para gerar a vida e, assim, garantir a perpetuação da espécie. Apenas algumas espécies fazem do coito – meio de reconciliação entre os membros – um ato de sociabilidade ou de dominância por parte de um indivíduo.

    E, embora algumas espécies façam do sexo algo mais que somente via de reprodução, ainda assim é totalmente diferente das motivações humanas, pois temos muitos outros aspectos que envolvem a vida do homem e da mulher. Por exemplo: a primeira e instintiva impressão sobre si mesmo.

    Veremos mais à frente como o chamado ao matrimônio e à paternidade e maternidade, que são viabilizados pelo ato sexual, impactam profundamente na impressão que a pessoa tem de si mesma, mas, por hora, vamos nos deter no fato de que a relação sexual humana engloba, de certa forma, um cuidado e zelo de si próprio para se revelar ao outro sexualmente.

    Ainda que com o intuito de encontrar somente prazer, para ser aceita, a pessoa vai se preocupar, no mínimo, com o asseio do seu corpo, configurando a preocupação de como o outro a vê, ou seja, ela irá zelar pela própria imagem. Com os animais irracionais não existe essa impressão de si.

    Além disso, com certeza, na grande maioria dos casos, o ser humano irá querer encontrar

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