Fontes de Alimentação - volume 2
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Sobre este e-book
leitores continuaram nos escrevendo pedindo uma reedição atualizada daquele trabalho. Devido a problemas de
formato, não foi possível fazer um único volume com todos os projetos de fontes que tínhamos e mais alguns novos.
Assim, dividimos o livro em dois volumes. Neste segundo volume tratamos de fontes de alta tensão,como as usadas em equipamentos valvulados e de outros tipos, fontes de MAT, multiplicadores de tensão, inversores, fontes chaveadas, conversores de tensão e redutores. São dados muitos circuitos práticos com placas usando componentes de fácil obtenção no nosso mercado.Além disso, teremos informações sobre componentes usados em fontes e fórmulas para cálculos de grande utilidade para os projetistas. Enfim, os dois volumes formam uma excelente fonte de consulta para quem trabalha com fontes.
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Fontes de Alimentação - volume 2 - Newton C. Braga
fontes
INTRODUCÃO
No primeiro volume de Fontes de Alimentação apresentamos 41 projetos de fontes, além de muitas informações sobre este tipo de circuito. Neste segundo volume, além de novos circuitos, incluindo outros tipos de fontes como os tipos chaveados, fontes de alta tensão e também fontes industriais, abordaremos as características dos componentes mais comuns que encontramos nas fontes de alimentação. E para terminar este volume teremos uma coletânea de fórmulas úteis que são usadas no projeto de fontes, de reguladores de tensão e também de suas características. Lembramos aos leitores que muitas destas fontes foram publicadas em nosso site e em outros veículos técnicos e que muito mais pode ser encontrado no site do autor.
Fontes de Muito Alta Tensão
Tensões acima de 80 V são consideradas altas e acima de 2 000 volts são consideradas muito altas (MAT).
Existem diversos tipos de circuitos que precisam dessas tensões tanto para alimentação como para a simples polarização de componentes.
Num primeiro caso temos os circuitos valvulados que operam com tensões na faixa de 80 a 500 V (amplificadores, transmissores, etc.) e num segundo caso tubos de raios catódicos, eletrificadores, filtros eletrostáticos e câmaras de ionização que operam com tensões na faixa de 2 000 a 40 000 volts.
A seguir damos algumas sugestões de fontes que podem ser utilizadas na alimentação desses circuitos.
Fontes para aparelhos valvulados
As fontes típicas de aparelhos valvulados fazem uso de um transformador com dois ou mais secundários, conforme mostra a figura 201.
Figura 201 – Fontes típicas de aparelhos valvulados
Em (a) temos uma fonte com um transformador dotado de secundário de alta tensão para os circuitos de placa (anodo) e um secundário de 6,3 V para alimentação dos filamentos das válvulas.
Em (b) temos uma fonte com transformador dotado de dois secundários de baixa tensão. Um deles fornece 5 V para o filamento da válvula retificadora e outro 6,3 V para os secundários das demais válvulas.
Atualmente, as válvulas retificadoras podem ser substituídas por diodos como os 1N4004 e 1N4007, o que elimina a necessidade de um enrolamento para filamento da válvula retificadora.
No entanto, deve continuar presente o enrolamento para os filamentos das demais válvulas.
Na figura 202 temos fontes típicas de alta tensão para equipamento valvulado usando diodos 1N4007. No primeiro caso de uma fonte de meia onda e no segundo caso, uma fonte de onda completa.
Figura 202 – Fonte para valvulados usando diodos semicondutores
As correntes dos transformadores usados nessas fontes variam bastante dependendo da potência do aparelho.
Os secundários de alta tensão têm correntes de 25 mA a 500 mA tipicamente enquanto que os secundários de baixa tensão têm correntes de 1 A ou mais.
Observamos que os transformadores usados nessas fontes são componentes pesados e volumosos.
Atualmente existem casas especializadas que podem fornecer esses componentes, quer seja com tensões padronizadas quer seja sob encomenda.
Alternativas para fontes de altas tensões que alimentam circuitos valvulados podem ser elaboradas com base em transformadores comuns e mesmo sem transformadores.
Assim, na figura 203 temos um circuito em que um transformador de duas tensões de entrada comum, com secundário de 6 V é usado como auto-transformador numa fonte que pode chegar aos 300 V de saída.
Figura 203 – Fonte com auto-transformador
O primário do transformador funciona como um auto-transformador elevando a tensão da rede de 110 V para 220/240 V. Essa tensão é retificada e filtrada.
O secundário de baixa tensão alimenta os filamentos das válvulas do circuito.
Um problema inerente desse tipo de fonte é que ela não é isolada da rede de energia. Isso significa que contactos com suas partes expostas pode causar choque.
Uma outra forma de se alimentar um circuito valvulado, sem o uso de transformador é a mostrada na figura 204.
Figura 204 – Fonte sem transformador com filamentos em série
Esse tipo de fonte era muito usada em rádios valvulados econômicos, denominados rabo quente
.
Essa denominação curiosa vem do fato do resistor redutor de tensão para os filamentos das válvulas ligadas em série estar embutido
no próprio cabo de força.
Assim, em função de sua dissipação, o cabo de força funcionava levemente aquecido, resultando na denominação desses aparelhos.
Veja que a retificação da alta tensão é feita a partir da própria rede de energia, não havendo qualquer isolamento. Isso significa o perigo de choques ao se tocar em qualquer parte exposta desses circuitos.
Recuperadores de aparelhos antigos podem encontrar rádios que usam a válvula 35W4 como retificadora (35 V de filamento) e outras como a 6BA6, 6AV6, 6BE6, 50C5, etc.
A regulagem de alta tensão de aparelhos valvulados também é possível e existem diversas alternativas.
Nos aparelhos modernos podem ser usados zeners de alta tensão, exatamente como nas configurações transistorizadas, conforme mostra a figura 205.
Figura 205 – Fonte para valvulados com diodo zener de alta tensão
Zeners a partir de 75 V podem ser obtidos no mercado especializado, se bem que não sejam componentes comuns.
No entanto, existem componentes da era da válvula
equivalentes aos diodos zener.
Na figura 206 mostramos um circuito regulador de tensão usando uma válvula a gás.
Figura 206 – Fonte com válvula reguladora de tensão
É claro que esses componentes dificilmente são encontrados, pois já não mais são usados nos equipamentos modernos.
Multiplicadores de Tensão
No projeto de fontes de alimentação ou ainda inversores, geradores de tensões muito altas e eletrificadores podem ser necessários circuitos capazes de dobrar, triplicar ou multiplicar por valores mais altos uma tensão.
Existem diversas configurações possíveis para estes circuitos, baseadas exclusivamente em diodos e capacitores.
A seguir, focalizamos as principais configurações usadas na multiplicação de tensões alternadas.
Como Funcionam
Obter uma tensão contínua maior do que o valor de pico de uma tensão alternada a partir de um processo de retificação e filtragem não é muito difícil.
Na verdade, podemos multiplicar tensões alternadas, obtendo tensões contínuas de valores muito mais altos usando apenas componentes passivos como diodos e capacitores.
As configurações de dobradores, triplicadores ou ainda multiplicadores por qualquer fator inteiro positivo são bastante comuns em fontes de alimentação de muitos aparelhos eletrônicos.
Para o leitor que deseja fazer uso destas configurações, damos algumas delas a seguir.
Dobrador de tensão convencional
Essa configuração é mostrada na figura 207, usando dois diodos e dois capacitores.
Figura 207 – Dobrador de tensão convencional.
As tensões de trabalho dos capacitores devem ser no mínimo o valor de pico da tensão de entrada.
Os valores de Rs e Rc são bastante baixos servindo normalmente para limitar os surtos de corrente no momento em que o circuito é ligado, encontrando os capacitores descarregados. Uma corrente muito intensa neste momento poderia causar danos aos diodos.
Dobrador de tensão em cascata
Esta configuração é mostrada na figura 208 e faz uso também de dois diodos e dois capacitores.
Figura 208 – Dobrador de tensão em cascata
O capacitor C2 nesta configuração, entretanto, deve ter uma tensão de trabalho que seja o dobro da tensão de pico de entrada.
A finalidade de Rs neste circuito é a mesma do circuito anterior.
Dobrador de tensão em ponte
Essa configuração trabalha em onda completa e faz uso de quatro diodos em ponte. Mostramos seu circuito na figura 209.
Figura 209 – Dobrador de tensão em ponte
Observe que os dois capacitores devem ter tensões de trabalho que sejam pelo menos do mesmo valor que o pico da tensão de entrada.
Triplicador de tensão de onda completa
A tensão de saída do circuito da figura 210 aproximadamente o triplo do valor da tensão de entrada.
Figura 210 – Triplicador de onda completa
São usados 3 diodos e três capacitores, sendo as tensões mínimas de trabalho dos capacitores indicadas no próprio diagrama.
Vm neste circuito é o valor médio da tensão de entrada.
Triplicador de tensão em cascata
O circuito da figura 211 fornece em sua saída uma tensão que é aproximadamente o triplo da tensão de entrada.
Figura 211 – Triplicador em cascata
As tensões mínimas de trabalho dos capacitores são indicadas no próprio diagrama, onde Vm é o valor médio da tensão de entrada.
O resistor Rs limita a corrente no momento em que o circuito é ligado e encontra os capacitores descarregados.
Quadruplicador de tensão de onda completa
O circuito mostrado na figura 212 fornece em sua saída uma tensão aproximadamente 4 vezes maior que a tensão aplicada em sua entrada.
Figura 212 – Quadruplicador de tensão de onda completa
Os valores das tensões de trabalho mínima dos capacitores são indicados no próprio diagrama.
Novamente Vm é o valor da tensão média de entrada.
Quadruplicador de tensão de meia onda
Este circuito usa quatro diodos e quatro capacitores multiplicando por 4 a tensão de entrada.
Os valores das tensões