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A Minha Turma é Fogo
A Minha Turma é Fogo
A Minha Turma é Fogo
E-book143 páginas1 hora

A Minha Turma é Fogo

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Sobre este e-book

Caraca!
Difícil fazer uma sinopse para A minha turma é fogo.
Se contar além da conta, já era...
Humm...
Putz!
E se você for daqueles, que nem eu, não se agüentam de curiosidade...
Caramba!
Tá bom!
Tentarei assim:

A história é fogo!
Quente!
Muito quente mesmo!
Às vezes é engraçada, às vezes é malcheirosa.
De vez em quando é engraçada e malcheirosa ao mesmo tempo.
Culpa dos puns do Joãozinho Caga Osso.
Aí, o jeito é respirar fundo e tapar o nariz!
Tem hora que a gente não sabe se o que acontece é verdade ou mentira...
Ah! Vou avisando:
O diretor Geraldo Peçanha tem uma masmorra debaixo da sua sala.
O professor Riobaldo dá aula cantando!
A professora Maria do Cão pensa que a escola é um quartel.
Decerto, lhes faltam uns parafusos...
Coisas somem.
Aparece um elefante!
Tem a simpática Genoveva!
Já o final não é o fim, mas um novo começo...
Sacou?
Quer saber: Acho que todo mundo deveria ter uma turma assim:
Quente, louca e malcheirosa!
Deixa de onda.
Comece a ler logo!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de abr. de 2018
ISBN9788569250210
A Minha Turma é Fogo

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    A Minha Turma é Fogo - Arnaldo Devianna

    O MAIS HORRÍVEL DOS DIAS

    – Dá um tempo, galera! Quero prestar atenção. A aula tá legal pra caramba. – Léo abriu os braços, de nada adiantou. A confusão de vozes crescia na classe a cada segundo. – Ei! Que tá havendo? – Cheirou o ar, girou a cabeça de um lado para o outro, tornou a cheirar.

    – Porcaria de escola fedorenta. Pelo menos o meu cabelo liso é perfumado. – Clarice sorriu para as colegas barbies.

    Não restava dúvida, aquela turma de meninas bonitas curtia esnobar as demais. A cada dia, um jeans diferente, um novo bordado no tênis…

    – Alguém soltou um traque. Isso sim! – Dudu Peso Pena, acompanhado de alguns alunos, tapou o nariz ao virar na direção de Joãozinho Caga Osso.

    – Deixa de show! Esse pum esquisito não é meu! – Joãozinho se defendeu.

    Léo balançou ao ouvir os gritos do monitor Tião, que chocalhava o inconfundível sininho escuro sempre usado para colocar ordem na escola. Tanto barulho, devia ser o fim do mundo.

    – Fogo! Fogo! – A voz esganada do velho invadiu a sala; seus passos trituravam o piso do corredor.

    Daí, a aula cantada de História perdeu o ritmo.

    Os alunos inquietos nas carteiras.

    – Epa! Epa! – Léo olhou através da fileira de janelas do outro lado da sala. Sebastião ia além da cantina, rumo à Diretoria. Estranho. O velhote nunca corria ou gritava tão alto…

    Antes de acenar pedindo calma, o amalucado Professor Riobaldo arrumou os cabelos debaixo do boné. Em seguida, abriu a porta, sapateou e fugiu.

    Léo tentava entender a algazarra vinda do pátio, enquanto os colegas disputavam uma guerra de bolinhas de papel. Sempre a mesma coisa, quando o professor saía, os cadernos viravam escudos, salve-se quem puder… Enquanto isso, lá fora, o céu assumia uma estranha névoa cinzenta. Piscou para acordar daquele pesadelo… Porém, o truque não funcionou. Os colegas agora se engalfinhavam para passar pelo marco da porta. Algo terrível acontecia e tinha cheiro de queimado. Mas, o quê? Para tentar entender a confusão, saiu também. Daí, exclamou antes prender a respiração:

    – Caraca!

    *

    Do outro lado do pátio, a biblioteca cuspia fumaça.

    Léo correu atrás da turma para ver o incêndio de perto. Alguns funcionários tentavam apagar as chamas utilizando pequenos extintores vermelhos. Contudo, o fogo esparramava…

    Já a bibliotecária, Tia Catarina, ajudada por alunos maiores, lançava para o gramado alguns livros, enquanto gritava feito louca:

    – Tragam água, rápido!

    O reflexo do incêndio nos olhos dos colegas fez Léo morder o punho. O certo seria correr da encrenca. Mas, a curiosidade ainda vencia o medo.

    Os bombeiros chegaram carregando os capacetes debaixo dos braços. Porém, em vez de fazer alguma coisa, discutiam entre si, enquanto o fogaréu estralava e crescia. Vai entender os adultos?

    – Bando de lesmas! – Léo roía as unhas. – Desse jeito, vai queimar o quarteirão inteiro. – Ele tinha quase certeza.

    Joãozinho Caga Osso deu um soco na própria mão.

    – Taí! Quando crescer, quero ser bombeiro.

    – Fogueteiro é mais a sua cara! – Pedro Risadinha provocou.

    – Pois eu, prefiro ser paramédica. – Priscila, a líder das barbies, alisava os cabelos vermelhos. Depois fez pose de chata.

    – Puxa! Nessa turma ninguém leva nada a sério. – Léo sabia que não só ele, mas todos os demais garotos babavam pela deusa ruiva. Daí, após um lampejo da memória, procurou pela colega Isidora, para uns, a menina mais feia da sala. – Será que ela entregou o troço do Diretor para a bibliotecária? – Olhou em volta de novo. Aquela dúvida gelou sua barriga.

    De repente, do meio das chamas, uma explosão disparou uma enorme bola de fogo pelos ares.

    – Foge! Vaza! – Gritou, enquanto corria no meio do tumulto para buscar abrigo no prédio da escola. Encontrar a Isidora ficaria para depois; agora, o medo dava uma bela surra na curiosidade.

    Quando parou para respirar, enxergou a bonita repórter da TV local ao seu lado. Pronto, o incêndio seria notícia em toda a cidade antes que entendesse a confusão. Game over para a aula musical do porquê estudar História. Agora, já vivia a história mais perigosa de sua vida. Bom, se ficasse só nisso…

    O fogo rugiu.

    ALÉM DO CÉU CINZENTO

    – Ok, pai. Espero você na portaria. Tchau! – Enquanto acomodava o celular no bolso, Léo abriu a porta da classe para buscar a mochila, encontrou tudo bagunçado. O estojo de lápis sem a tampa, cadernos esparramados pelo piso… A sala fora varrida por um furacão?

    Do outro lado, uma colega esmurrava a carteira.

    – Noeme, sumiu alguma coisa aí também?

    – Dá pra acreditar nessa droga? Levaram meu apontador rosa. Logo ele que a minha tia trouxe de Miami. Quero morrer! – A bela barbie apertou os olhos úmidos.

    – Hoje tá sinistro! – Além de perder a caneta preferida, aguentar gritos de menina mimada por causa do sumiço de uma porcaria de apontador cor-de-rosa… Ninguém merece. É osso!

    Saiu a chutar o vento.

    No pátio, para descarregar a raiva, resolveu treinar um novo jeito de andar, chamado varrer o piso. Em vez de passadas, arrastava os pés pelo chão. O passinho era uma das marcas da sua recém-criada Turma dos Descolados, da qual era por enquanto o único membro. Havia outras exigências para quem quisesse fazer parte, tipo: cortar o cabelo do mesmo jeito, balançar os ombros, etcétera e tal… Tudo aprovado na primeira semana de aula. Na classe, as turmas existentes estavam o tempo todo em pé de guerra. Queria apenas plantar a paz. Porém, como ter sossego numa escola onde as coisas sumiam, a biblioteca pegava fogo? Pô, difícil pra caramba, não é?

    Após buscar Sofia – Sua bike de alumínio – no beco sem saída entre os prédios, Léo partiu. No calçadão da rua, encontrou justo a Isidora, a menina mais chorona do mundo.

    – Ei! Olá! – Não houve resposta.

    A classe evitava a garota, pois chorava todos os dias. Logo, foi a primeira a parar na Diretoria. Já teve vontade de saber o motivo de tanta tristeza. Uma vez, deu três passos na direção dela para perguntar, contudo, desistiu no meio do caminho… Agora, algo naquele rosto de menina perdida na rodoviária o incomodava. Coçou a cabeça, pensou:

    Puxa! Ela não tem a menor graça. O calor do fogo deixa a gente meio louco.

    – Oi! – Insistiu.

    A menina parecia surda. Quem sabe levou um tombo no Deus nos acuda provocado pelo estouro? Deitou a bicicleta. Chegou perto. Na pele dela, não avistou nenhum arranhão ou queimadura. Recuou meio passo.

    – Você tá machucada?

    – Não! – A língua gosmenta enfim soltou a voz devagar.

    Depois de ver algumas moedas de pouco valor no colo da garota, Léo apontou:

    – E esse dinheiro aí?

    – Uma senhorinha jogou de esmola. Devo estar horrível. Uma perfeita mendiga. Inhaca! Não devia ter saído de casa hoje. Esse tempo frio, cinzento, puro mau agouro…

    – Foi a explosão?

    – Foi nada não! Me esquece!

    Léo coçou entre os olhos: quando uma menina diz foi nada não, na verdade, pode ter acontecido uma porção de coisas terríveis. Insistiu:

    – Como nada? Isidora, o seu rosto tá vermelho. Vou chamar o Professor Riobaldo…

    Enquanto já imaginava o famoso professor de História sangue bom aparecer cheio de atitude, o grito de Isidora podou seu pensamento.

    – Espere. Ele não!

    – Tá de boa! Pedir ajuda para um professor biruta metido a MC de hip-hop não foi nada genial. Além disso, o carinha deu no pé na hora do fogo. Posso ligar para sua mãe?

    – Tá louco? Piorou! – Isidora arregalou os olhos.

    – Mães têm solução para

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