César
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César - Alexandre Bach
Antes de começar a história, é preciso fazer alguns agradecimentos muito especiais.
A André Feltes e a Flávio Obino Filho, grandes amigos, grandes leitores, os primeiros a conhecer a história de Valentina.
Ao Ricardo Chaves, o Kadão, o fotógrafo oficial da família. Kadão fez fotos da Lara desde criança pequena e é o maior contador de histórias que a gente conhece. As fotos do livro são dele.
Ao Carlos Urbim, o escritor favorito lá em casa. O Guri Daltônico foi o primeiro livro da Lara e a embalou no mundo das letras. Assim, foi natural o convite a ele para ser o padrinho de Valentina.
Aos nossos grandes amores, Nádia e Gabriel. Para toda a vida.
Lara e Alexandre
PREFÁCIO
Pai e filha no mesmo mistério
Alexandre Bach, o pai, é jornalista experiente, de texto ágil e preciso, um dos mais sorridentes entre os amigos que conquistei nas redações em que trabalhei. Lara, a filha, também trissimpática, compenetrada na escola desde o começo, está chegando à universidade depois de concluir o segundo grau no Colégio Rosário. Os dois estavam conversando sobre leitura, internet e interesse dos estudantes por livros quando tiveram a ideia: vamos escrever juntos uma história?
Assim começou a nascer César, estreia dos autores na ficção juvenil. Lara e Alexandre esboçaram o primeiro capítulo. E os dois foram se revezando na composição de uma novela que contém mistério só revelado nas últimas páginas. Quem gosta de ler se encanta a partir da primeira frase e não quer mais parar até desvendar a trama que pai e filha engendram como se fossem escritores de thrillers policiais há muitos anos. E a gente fica se perguntando o tempo inteiro o porquê do título.
Tudo se desenrola na região de Osório, município em que Alexandre nasceu. A personagem principal é Valentina, a Valen, guria superesperta que estuda arte em Florença e veio passar uma temporada com a avó, Dona Olga, conhecida por todos os osorienses. É a melhor vó do mundo, cozinha uma galinhada de comer de joelhos. Por isso, Valen está curtindo as férias como nunca. Os pais, Diego e Cristina, moram logo ali, em Porto Alegre, e a garota tem a oportunidade de voltar a conviver com João, amigo de infância, daqueles de passarem horas em uma das tantas praias da região nos períodos de veraneio.
Tão perto do mar, Osório, aos pés do Morro da Borússia, cultiva os segredos seculares e as lendas narradas pelos pescadores e marisqueiros da região. Por isso, os autores de César criam a deliciosa história do monstro que vem fazendo os moradores tremer de medo. O bicho aparece nas noites de vento. Quer dizer, todas, pois o lugar é dos mais ventosos do Rio Grande do Sul e sede de um parque eólico que encheu a paisagem de cata-ventos gigantescos. Valentina e João não vão descansar enquanto não descobrirem o que está acontecendo.
Alexandre Bach aproveita o faro jornalístico e oferece, em doses discretas, sem querer ser didático, informações preciosas sobre a Borússia, a cadeia de lagoas que irrigam o litoral norte gaúcho e curiosidades sobre as praias de Tramandaí, Imbé, Remanso, por exemplo. Cabe a Lara fazer rolar um clima entre Valen e João. Tudo muito verossímil, é assim mesmo que as gurias reagem, principalmente as leitoras deste livro vão adorar.
Fiquei imaginando as conversas entre pai e filha a cada capítulo novo. Eles terão muito o que relatar quando forem convidados para visitar escolas e explicar aos estudantes como o novelo todo foi sendo desenrolado. César é um livro que nasceu para despertar proveitosos debates nas salas de aula.
PS: Ricardo Capra, o Caprão, fotógrafo famoso que agora mora no Remanso, é uma sensível homenagem a Ricardo Chaves, o Kadão. As fotos que acompanham os textos sobre os dois autores estreantes foram feitas por ele, outro amigo de longa data.
Carlos Urbim
Capítulo 1
Valentina acordou e ainda estava com o corpo dolorido, depois de dormir a noite toda feito uma pedra. Afinal de contas, mesmo sendo uma jovem de apenas 20 anos, com muita energia e disposição, não foi fácil deixar sua casa, na frente da Piazza della Signoria, no centro de Florença, e seguir de trem até Roma. Na Cidade Eterna, tomou um imenso avião Boeing 747 até São Paulo, outro menor, um 737, até Porto Alegre e, por fim, um ônibus sem ar-condicionado para viajar até a casa que tinha servido de palco para muitas de suas travessuras quando criança, em Osório, uma tranquila cidade cercada de morros e lagoas no litoral do Rio Grande do Sul.
Foi um dia inteiro de viagem, das margens do Rio Arno ao pé do Morro da Borússia. E, então, era justo que Valentina estivesse ainda cansada ao acordar.
Valentina mora há três anos em Florença, desde que se formou no ensino médio. Apaixonada pelo Renascimento italiano, encontrou na cidade o lugar perfeito para ver de perto o que então via apenas em sonhos. As obras de Michelangelo espalhadas pelas ruas antigas, os poemas de Dante em meio ao som dos passantes, o trabalho artístico sustentado pelo dinheiro dos Médici. A união dessas coisas transformou Florença no melhor lugar do mundo para se viver no final do século XV – época que o mundo viu um magnífico duelo entre dois geniais, Michelangelo e Da Vinci, que disputaram a primazia de ornamentar uma ala do Palazzo Vecchio com imagens de algumas das muitas batalhas de então. A disputa rendeu dois cartoons, os antigos desenhos que serviam como base para as pinturas em paredes e tetos, um de cada gênio, mas que nunca saíram do papel. Foi uma disputa sem vencedor, sem vencido.
Foi essa magia que levou Valentina a deixar a família, em Porto Alegre, e atravessar o oceano Atlântico para viver no coração do Renascimento. Ela queria estudar arte na melhor faculdade do mundo, as ruas de Florença.
Mas agora estava voltando ao Rio Grande do Sul para passar as férias do verão europeu (no Brasil, o inverno) com sua avó em Osório e rever a família que ela tinha deixado para poder estudar em Florença. Estava ansiosa para rever os parentes, saber as novidades, sentir o cheiro de hortelã que sempre preenchia a casa da avó. Esses pensamentos faziam Valentina caminhar mais depressa ainda pelas ruas de Osório, o que, consequentemente, fez com que sentisse as pernas pesadas e cansadas. Mesmo assim, usando os morros como referência, visíveis de qualquer ponto da cidade, continuou em frente até dobrar a esquina e finalmente chegar à acolhedora casa.
Tocou a campainha e ficou batucando os dedos na coxa. Pensava no pai, na mãe, na avó, no quanto sentia a falta deles ao seu redor. Estava prestes a explodir de saudade quando um homem atendeu a porta.
Capítulo 2
Valentina abriu um sorriso radiante ao ver que o pai não mudara nada, continuava baixinho, com seus óculos e seus olhos que pareciam já ter visto de tudo na vida. A única coisa que estava diferente nele era a barriga. Antes ficava saliente sob a blusa, agora estava menor.
Durante uns cinco segundos, ninguém disse nada.
– Eu pensei que voltasse somente daqui a dois dias – falou o pai, com um grande sorriso no rosto.
Na infância de Valentina, Diego Corvelo havia sido um grande pai. Era fotógrafo de uma conhecida revista de moda e levava Valentina a vários ensaios, mas, ao contrário de muitas garotas da idade dela, que adorariam ver ensaios de moda, Valentina não gostava muito. Achava que toda aquela preparação só para uma mulher dar um sorriso com uma marca cara de roupas era ridícula, e sempre gostou mais de fotos naturais. Recusou um convite aos 14 anos para fazer um teste de modelo. Não queria viver em um mundo que ela julgava artificial. Porém, nunca disse isso ao pai, com medo de magoá-lo, e não reclamava quando saía da escola e ia direto para os estúdios. De certo modo, fora criada ali e não conseguia entender o que as amigas viam de especial nos bastidores. Para ela, eram só pessoas tirando fotos de uma maneira forçada.
Mesmo longe de casa desde os 17 anos, não perdeu contato com a mãe e o pai. Os dois sofreram muito ao deixar a filha ir embora, acompanhada de uma tia, e morar em Florença. Mas, sabiam os dois, a saudade é um preço que se paga para ver um filho crescer e lutar pelo seu espaço. Nesse tempo todo, ela viera apenas uma vez ao Brasil, e os pais tinham ido apenas uma vez para a Itália, numa viagem inesquecível. Durante 20 dias, os três viajaram pela Toscana, conheceram Paris e a região norte da França. Separados pelo mar, quase todos os dias conversavam pela internet, trocando informações, opiniões e fofocas que surgiam em sua volta.
O reencontro, agora, era na casa da avó, a mãe de sua mãe, Cristina. Diego ainda estava parado junto à porta, olhando para a filha, que estava mais bela, com seus cabelos loiros caindo às costas, seus olhos verdes, ainda que cansados, mais brilhantes do que o normal. Era o brilho da saudade, que estava mais forte naquele momento.
Pais e filha se abraçaram longamente. E antes que pudessem se soltar, receberam juntos o abraço de Cristina. Durante alguns momentos, com o barulho leve da brisa passando pelo pomar da casa da avó, eles ficaram assim, saciando seus corpos com a saudade que emanava do outro. Valentina estava em casa, Diego e Cristina estavam juntos. A família estava unida novamente.
Capítulo 3
– F ilha, você está linda! E nos pegou de surpresa! Estávamos preparando tudo para buscá-la só depois de amanhã no aeroporto! – explicou a mãe, meio que se desculpando, enquanto carregava a filha para dentro de casa.
Para Diego, sobraram as duas imensas malas cheias de roupa que a garota tinha trazido. Pelo menos, pensou o pai, a estadia será longa, de muitos dias, o que deixou o homem mais contente ainda.
Valentina entrou no mundo de sua infância, na casa da avó, do cheiro da hortelã. Uma casa que nunca iria esquecer.
– Não se preocupe. Ver vocês já compensou a caminhada até aqui. Onde vovó está? – perguntou Valentina, ao passar pelo quarto vazio.
– Na missa, querida – disse a mãe, fitando o quarto vazio junto com a filha, que havia parado na porta esperando ver a avó lendo lá dentro. Em vez disso, o quarto estava frio e solitário sem a presença alegre de Olga, a melhor avó do mundo.
Continuando