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A pior mãe do mundo: Uma Biografia não Autorizada de Todos Nós
A pior mãe do mundo: Uma Biografia não Autorizada de Todos Nós
A pior mãe do mundo: Uma Biografia não Autorizada de Todos Nós
E-book261 páginas3 horas

A pior mãe do mundo: Uma Biografia não Autorizada de Todos Nós

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Sobre este e-book

A Pior Mãe do Mundo: Uma Biografia não Autorizada de Todos Nós" é uma coletânea bem-humorada sobre o cotidiano de uma família com filhos pequenos. Com muita leveza e descontração, as histórias resgatam preciosidades particulares e ao mesmo tempo universais sobre o convívio familiar, a partir de cenas reais. As crônicas lançam um olhar sobre as mudanças inevitáveis no mundo adulto, provocadas pelos desconcertantes questionamentos infantis. E, finalmente, conduzem o leitor a uma singela apoteose final de emoções ao destacar a infância como um privilégio repleto de detalhes engraçados e apaixonantes, incluindo no pacote o cansaço. "A Pior Mãe do Mundo" é verdadeiro e comovente, porque nada poderia ser mais humano do que o compromisso gerado pela mais nobre das missões: educar os filhos. Sem culpa.

Isabel Clemente é jornalista e escritora. Formada em Jornalismo pela PUC-Rio, trabalhou por mais de 20 anos nas principais redações do país (Jornal do Brasil, Folha de São Paulo e Revista Época) como repórter, editora, correspondente internacional e colunista. Além de A pior mãe do mundo, seu primeiro livro de crônicas, é co-autora de Drogas: as histórias que não te contaram (Zahar).
IdiomaPortuguês
EditoraEBDE
Data de lançamento17 de dez. de 2017
ISBN9788594496058
A pior mãe do mundo: Uma Biografia não Autorizada de Todos Nós

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    A pior mãe do mundo - Isabel Clemente

    Copyright © 2017 Isabel Clemente

    Coordenação editorial

    Camilla Savoia

    Assistente editorial

    Luana Balthazar

    Capa e projeto gráfico

    Leticia Andrade

    Diagramação

    Adriana Moreno

    Revisão

    Camilla Savoia

    Luana Balthazar

    Mariana Oliveira

    DADOS INTERNACIONAIS PARA CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)


    C626p

    Clemente, Isabel, 1973-

    A pior mãe do mundo: uma biografia não autorizada de todos nós / Isabel Clemente. – Rio de Janeiro: 5W, 2014.

    264 p.: 21 cm.

    ISBN 978-85-66031-79-9

    1. Família – Crônicas. 2. Pais e filhos – Crônicas. 3. Crônicas brasileiras. I. Título.

    CDD-B869.8


    Roberta Maria de O. V. da Costa – Bibliotecária CRB7 5587

    Todos os direitos reservados

    Grupo 5W

    Praça Mahatma Gandhi, nº 2, sala 1115

    Centro – Rio de Janeiro (RJ)

    CEP: 20031-100

    www.grupo5w.com.br

    É proibida a reprodução deste livro sem a prévia autorização do autor e da editora.

    Para Eduardo, Letícia e Carolina, o trio que

    ampliou o sentido do amor em minha vida.

    E para minha mãe, que sempre apostou

    na minha felicidade.

    Agradecimentos

    Jamais saberei quem começou, mas cada um dos leitores que curtiu, compartilhou e comentou minhas crônicas na internet nos últimos cinco anos colaborou com os alicerces deste livro. São pessoas dispostas a encarar com humor e delicadeza uma fase de inegável encantamento e desafios diários. A eles, que deram sentido a esta publicação, meu muito obrigada.

    Para evitar esquecer alguém, farei um agradecimento profundo e sincero a todos os amigos que me perguntaram Você não pensa em fazer um livro?. Foi muito bom ouvir isso. Obrigada.

    Minhas palavras serão insuficientes para agradecer à amiga e escritora Martha Batalha pela leitura rigorosa dos originais e pelas sugestões enviadas por escrito de Nova York para o Rio, e devidamente acatadas.

    Meu muito obrigada à amiga Martha Mendonça pelo incentivo contínuo e pela fé que sempre depositou na possibilidade deste livro quando ele não tinha cara, título nem editora.

    In memoriam, preciso agradecer ao jornalista José Roberto de Alencar, que me deu o primeiro emprego como repórter, mas queria me ver escrevendo também fora dos jornais. Eu estou escrevendo, Zé.  

    Agradeço à incrível equipe do Grupo 5W que me procurou quando eu queria ser encontrada e se revelou tão apaixonada por este projeto quanto eu. O entusiasmo de vocês me fortalece.

    Agradeço ao meu marido, Eduardo, pela paciência de ler cada texto no momento em que foi escrito, reescrito e finalmente transformado em um resultado bem diferente – mesmo que esta leitura tenha sido no intervalo do jogo. Esse tempo todo tenho me valido de seu incentivo, de seu olhar rigoroso e da emoção compartilhada na missão que abraçamos juntos. Obrigada por se interessar sempre pelo meu ponto de vista.

    Finalmente, agradeço às minhas filhas, Letícia e Carolina, cuja astúcia, inocência, sensibilidade e presença me ensinam diariamente a ser uma pessoa melhor.

    Isabel Clemente

    A quem posso perguntar o que vim fazer neste mundo?

    Pablo Neruda

    Sumário

    Prefácio - A mãe mais livre do mundo

    Introdução

    Parte 1

    Estas mães dedicadas, contraditórias, cansadas, tão chatas...

    Parte 2

    Estes pais engraçados, divertidos, mandões, tão chatos...

    Parte 3

    Esta relação tão delicada...

    Parte 4

    Uma missão difícil, divertida, chatiiiinha...

    Parte 5

    Estes personagens inesquecíveis (às vezes enjoadinhos...)

    Epílogo

    O que dizem os piores pais e mães do mundo

    A mãe mais livre do mundo

    Existe um sonho obsessivo que toda (boa) mãe carrega dentro de si: o sonho de ser uma mãe perfeita. Ao entrar em contato com a realidade, o sonho envereda por um caminho – muitas vezes sem volta – que traz a aguda pontada da frustração como constante ameaça. Ser mãe é, definitivamente, olhar de frente para as nossas imperfeições. E n ão há nada mais democrático. Em qualquer lugar do mundo, mãe é uma pessoa imperfeita, coberta de dúvidas, erros, conflitos, perguntas sem respostas, altos e baixos, choros, risadas, descontroles, controles, descontroles de novo…

    Isabel Clemente traz – com leveza, humor e destreza –, para mães de todas as idades, a panaceia para os males maternais: assume-se de uma vez a posição contrária à da perfeição. Que tal ser a pior mãe do mundo? Isso liberta as mães do peso da idealização para que possam fortalecer, a cada dia, as qualidades das pessoas reais: sábias, curiosas, tranquilizadoras e abertas às descobertas nascidas dos próprios erros. Mãe é sempre mãe de primeira viagem porque cada filho é único em tudo.

    Especialmente deliciosos são os trechos que espelham os corações das mães, captados com doçura pela autora: Até quando elas pedem colo e eu sinto que, com esse pequeno gesto, aumento o grau de confiança delas com o mundo, eu me emociono. Depois dos filhos, sou capaz de rir e chorar com a mesma cena. A pior mãe do mundo é um aconchego só. Dá colo para as mães que acalentam seus filhos com o que há de mais humano, simples, errado, trabalhoso e delicado: o amor incondicional. Que venham mais filhos!

    Karen Acioly*


    * Atriz, autora, dramaturga e diretora teatral, Karen Acioly é conhecida pelo seu trabalho com o público infantil e juvenil. Em 2003, criou o FIL (Festival Internacional Intercâmbio de Linguagens), único festival multidisciplinar internacional para toda a família – do bebê ao avô. Karen é casada, mãe de Ciro e Dora, e avó de Valentina.

    introdução

    Os textos reunidos aqui são fragmentos de histórias particulares e universais sobre o poder transformador da chegada dos filhos em nossas vidas.

    Foram escritos no intervalo da loucura, na paz da madrugada e às vezes com crianças me espiando debaixo da mesa. Eu queria garantir uma ajuda extra à minha memória, registrando o que eu não gostaria de esquecer e pensando a respeito do que eu não sabia. Você encontrará histórias captadas fora e dentro de mim.

    Desconfio que respirar e criar filhos são ações incompatíveis. Reclamo da falta de tempo e de privacidade. Meus dias são curtos, e as noites também. Cansaço define oitenta por cento do meu tempo; nos outros vinte, eu durmo. Estou convencida sobre a chance real de uma pessoa encerrar péssimos hábitos alimentares, mesmo crescendo num lar onde todos comem brócolis no café da manhã. Não duvido mais da possibilidade de um traço genético atravessar adormecido gerações de monges budistas e depositar em uma única criança toda sua carga de rebeldia.

    Não espere um manual. Sei menos do que queria, erro mais do que gostaria. Não procure teorias nas próximas páginas. Eu ofereço constatações, e talvez você descubra nessa leitura que os capítulos da vida privada são variados, ricos, engraçados e difíceis à sua maneira; embora o filme resultante dessa sucessão de episódios pareça o mesmo na casa de todo mundo.

    Quando se trata de educar, ser um bom exemplo é uma ótima estratégia, a longo prazo. Não espere milagres da noite para o dia. O mais difícil na cruzada de criar um ser humano é aceitar o fato de ele não vir com um botão para acionar o modo sem teimosia.

    A boa notícia é que esse enredo familiar cheio de altos e baixos, tiradas e gafes vai nos tornar pessoas com experiências interessantes para a vida. Quando fui parir pela primeira vez, por exemplo, nada sabia sobre partos. Aprendi bastante. Quando fui dar à luz pela segunda vez, eu já sabia, por exemplo, que parto normal demorava. Mas minha segunda filha quase nasceu na recepção do hospital enquanto eu preenchia o CEP da minha ficha. O aprendizado nunca termina.

    Filhos são oportunidades para nos tornarmos pessoas melhores. Mais cansadas e neuróticas, porém mais criativas e mais humanas. Com as crianças, redescobrimos o mundo e nós mesmos enquanto tentamos responder a alguns mistérios da vida:

    De onde vim e para onde vou?

    Aristóteles, 468 a.C.

    A presidente da República faz o quê?

    Letícia, aos 6 anos

    A casa do mosquito é de palha, de doce ou de lego?

    Carolina, aos 2 anos

    Nota à edição eletrônica

     Ainda temos o hábito de conversar na hora de dormir. A agenda dela está cada vez mais preenchida por interesses e amizades. Para massagear suas costas, minhas mãos fazem um pequeno passeio porque já não as envolvem de uma só vez. Letícia está no chamado estirão. Cresce um centímetro por mês e essa é a parte fácil de acompanhar. Por dentro, a revolução é mais intensa e sutil. Eu não sei, por exemplo, onde ela aprendeu a me responder numa voz tranquila que exagero, mãe, quando estou perdendo a calma. Ao lembrar do bebê cuja personalidade eu tentava adivinhar, as pontas se encaixam. E enxergar isso agora me faz sorrir. Letícia sempre teve um modo próprio de conseguir o que quer. Parece ter passado incólume pelas minhas falhas. Nunca tomou para si as minhas reações. Absorveu a piada e o bom humor. Se eu a flagro no celular dentro do quarto quando deveria estar estudando, ela atira o aparelho para cima da cama e finge que não me viu antes de rir. Ela também continua usando a noite para confidências. Se tento parar porque ela precisa dormir, escuto um só pedido: continua porque sua voz me acalma. Ela tem esse jeito encantador de preservar a ponte entre nós e me lembrar que eu sempre tenho algo bom a entregar.

      Olho Carol pelo retrovisor. De cabelos presos num coque, vestido preto e meia rosa, ela segue compenetrada para a recém-iniciada aula de balé. Talvez curta mais o ritual que nos aproxima nesse dia tão feliz. Do lado de fora do carro, o vento gelado de junho me lembra que eu deveria ter trazido uma jaqueta, coisa que ela nota e me pergunta por que você não trouxe? Faz assim ó, e junta as mãos esfregando as duas com força antes de jogar esse calor todo dela nos meus braços. Viu como esquenta? Sem dúvida. Eu me sentiria muito bem se ela continuasse tentando me aquecer. Carolina é menor, precisa ainda de mais proteção mas muitas vezes ela me protege. Piadista, diz que sou fracotinha, coitadinha e ri provocadora e gentil. Vejo em muito das suas manias as que eu tinha e saber disso nos diverte. Eu a observo como quem investiga o próprio passado. Seguimos de mãos dadas pela calçada, no nosso momento mãe-e-filha. Ela continua engraçada e tem muito daquele bebê sedutor que precisei decifrar. Agora devolve com ironia e nostalgia piadas que eu poderia ter feito, mas ela falou primeiro. Me pergunta qual a graça de um brinquedo que traz o alerta mantenha fora do alcance das crianças. Ri das expressões que misturam sentidos humanos com objetos inanimados sobre o curioso lado da linguagem, essa matéria-prima que ela usa tão bem. 

      Como assim o assunto vai morrer? 

      A faca está cega!?

      Lê sozinha, cria histórias com enredos fantásticos e apaixonantes. Consegue arquear uma das sobrancelhas para sublinhar suas interpretações e trejeitos. 

      A menina de personlidade forte é doce que só e se manifesta solidária também longe da gente. É com os outros que ela prova ser uma menina que se importa com quem está ao redor e não apenas com quem ela ama. 

    Aliás, as duas são assim. Se teve algo que está dando certo na forma como as estamos criando, destaco a preocupação com o próximo. A noção de que não estamos sós e integramos uma rede, que tão melhor será quanto mais houver amor, é uma maneira de valorizar a vida. Elas também aprenderam a rir dos nossos defeitos, o que interpreto como um perdão antecipado. Mas a missão não chegou ao fim. É difícil a caminhada. Seremos ainda mais contestados. Somos uma nação de adultos responsáveis por crianças, gente obrigada a aprender todos os dias.

      Ofereço detalhes da minha estrada para que você não se sinta só.

      Hoje, a percepção de que ambas sabem aonde pretendem chegar me acalma, como a voz materna a ressoar tranquilidade no escuro do quarto. Ou talvez essa minha sensação seja apenas fruto de um dado inquestionável: é maravilhoso amar e ser amado por uma criança.

    Perdi muita coisa?

    Eu não assisti a grandes sucessos na televisão. Perdi Avenida Brasil . Vi filmes ganhadores do Oscar quando chegaram à prateleira das promoções do videoclube. Deixei de ler livros muito comentados e interrompi leituras. Não acompanhei grandes revoluções tecnológicas nem aderi à última das redes sociais. Também deixei de sair em várias fotos e tem e-mail a que ainda não respondi. Nunca pego a liquidação da minha loja favorita. Não fui a aniversários; perdi diversas comemorações; dei uma desculpa qualquer para não aparecer; não compareci ao choppe da galera. Não revelei fotos. Como prato frio e não é o da vingança. Não pude prestigiar gente querida. Recusei convites irrecusáveis e também deixei o celular tocar sem responder. Reduzi a frequência das minhas viagens e da minha malhação. Encurtei minha passagem por lugares alegres só para voltar rápido para casa. Saí sem me despedir e fiz forfait sem querer. Dormi menos. Tive que ver no replay os gols de algumas Copas.

    Onde eu estava?

    Procurando as regras de um joguinho. Brincando com um morcego de borracha e uma tartaruga de plástico. Colorindo com giz de cera. Montando lego e mandando as crianças guardarem os brinquedos. Também poderia estar interpretando um fantoche ou coçando as costas de alguém. Quem sabe eu estivesse simplesmente cansada em casa, ou sentada ouvindo uma história sem pé nem cabeça, ou apartando uma briga. Ou amamentando.

    Eu tentava resolver dilemas e dava atenção para problemas nem tão graves assim. Ria de piadas voluntárias e involuntárias. Se era domingo à noite, você me encontraria cozinhando macarrão; pode apostar. Às vezes, ficava arrumando gavetas inutilmente, separando brinquedos para dar e me perguntando de onde veio tanta tralha. Jogava coisas fora e lia histórias infantis até alguém me interromper. Assistia a programas previsíveis pelo prazer de acariciar a cabeça deitada no meu colo. Andava pela casa com dois rabichos atrás de mim. Limpava bumbuns; vigiava para ninguém se machucar; muito provavelmente dava bronca também. Queria botar a criança para dormir ou escovar os dentes dela, mas me frustrava nas minhas tentativas. Vigiava uma febre teimosa e segurava o nebulizador de madrugada. Tinha dias em que eu tentava dar conta da vida atribulada, dos interesses paralelos, dos desejos, da escrita deste livro, ou ficava à toa, cercando com a minha presença duas crianças pequenas que dependem de mim.

    Perdi muita coisa?

    Confissões de uma pessoa imperfeita

    Antes de começar, preciso fazer algumas confissões. Em minha defesa, afirmo que todo ato praticado no papel de mãe deve ser interpretado à luz de uma legislação própria, que me isenta de culpa, acusações de ordem pessoal e julgamentos sumários. Como mãe, eu agia em nome de uma instituição – a família – e por ela fui obrigada a fazer coisas terríveis, como decidir rapidamente com quem ia ficar o carrinho de boneca, qual programa na televisão seria o escolhido numa determinada noite e a que horas iríamos deitar. Não era nada pessoal. Fui forçada também a não escolher um lado quando minhas filhas brigavam. Confesso ter permanecido impassível diante de crianças esperneando em consultas pediátricas, e outras situações menos relevantes, com meu coração em frangalhos. Segurei pelo queixo uma boca que ameaçava engolir toda a espuma da pasta

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