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Homem do reino: O destino de todo homem, o sonho de toda mulher
Homem do reino: O destino de todo homem, o sonho de toda mulher
Homem do reino: O destino de todo homem, o sonho de toda mulher
E-book302 páginas6 horas

Homem do reino: O destino de todo homem, o sonho de toda mulher

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Sobre este e-book

Que tipo de homem é você? Quando Deus pensa em contar com um homem para fazer seu reino avançar, ele chama seu nome? Como sua esposa, filhos, colegas de trabalho, irmãos e irmãs na igreja o consideram? Qual será o seu legado?
Tony Evans, coautor de Mulher do Reino, faz agora em Homem do reino as perguntas difíceis que somente um velho e bom amigo teria coragem de fazer.
O autor chama o homem à sua responsabilidade para enfrentar os desafios do cotidiano, na certeza de que Deus pode qualificá-lo para ser um líder autêntico. Franco, bíblico e revelador, Homem do Reino é um alerta urgente e necessário para que o homem cristão deixe de negligenciar o relevante papel que Deus a ele confiou.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de mai. de 2019
ISBN9788543303567
Homem do reino: O destino de todo homem, o sonho de toda mulher

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    livro completo e bastante claro sobre homens do reino. Autor foi cirúrgico em suas colocações e alinhamento com as escrituras. vale d+

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Homem do reino - Tony Evans

Parte I

A FORMAÇÃO DO HOMEM DO REINO

1

O CLAMOR POR HOMENS DO REINO

O homem do reino é aquele que, ao tocar os pés no chão a cada manhã, faz o diabo dizer: Porcaria! Ele acordou!.

Diariamente, quando o homem do reino sai de casa, o céu, a terra e o inferno notam. Quando protege a mulher que está sob seu cuidado, ele se torna irresistível aos olhos dela. Os filhos olham para ele com confiança. Os outros homens o veem como alguém a ser imitado. Sua igreja o procura em busca de força e liderança. Ele preserva a cultura e defende a sociedade, espanta o mal e promove o bem. O homem do reino entende que Deus nunca afirmou que a vida ao lado dele seria fácil; disse apenas que valeria a pena.

Como o jogador de futebol que surge do túnel no começo de cada partida, assim o homem do reino inicia cada dia. Esse homem não só entra em campo em meio aos gritos da torcida como também domina toda oposição que se levanta contra ele. Concentra-se em um único propósito: o avanço do reino para o aperfeiçoamento daqueles que se encontram no próprio reino, glorificando, assim, o Rei. E vai em busca disso sem se importar com o preço pessoal a ser pago.

Por ser o atual capelão do time de futebol americano Dallas Cowboys, posto que também ocupei durante o auge dos anos de Tom Landry, já assisti a muitos jogos da NFL. Pode-se dizer que joguei futebol toda noite e todo fim de semana desde que aprendi a engatinhar, até que uma lesão na perna demandou cirurgia e me fez parar de praticar o esporte. Mas, a despeito de a quantos jogos já assisti ou de quantos já participei, nunca ouvi um jogador reclamar que os adversários eram difíceis demais ou que o alvo era complicado demais para alcançar.

Qualquer um que já tenha jogado ou acompanhado partidas de futebol americano sabe que a vitória não acontece só porque se quer. A vitória só é conquistada por meio de suor, sangue e coragem. Perto do final do último quarto da partida — quando quase já não há ar nos pulmões ofegantes dos atacantes, o corpo dos que carregam ou perseguem a bola já está arrebentado e a mente e os músculos dos jogadores já se sentem torturados —, a vitória costuma vir por meio de nada mais que pura determinação. Ela chega para aqueles que sabem que exaustão é só mais uma palavra. E que o propósito é muito maior que a dor.

O terceiro time

O futebol americano é um esporte masculino. Não há dúvida quanto a isso. Em nosso país, as partidas desse esporte são o que mais se parece com uma batalha de gladiadores. Paixão, força e poder se fundem com precisão e habilidade enquanto os dois times se enfrentam em uma demonstração épica de coragem e resolução. No entanto, diferentemente do que acontece na maioria das batalhas e guerras, um terceiro time participa do conflito. Três equipes entram em campo.

De fato, esse terceiro time se encontra profundamente envolvido em cada aspecto da batalha que leva à declaração de vitória.

Talvez você nunca tenha notado que há três times em um campo de futebol americano. Mas eu garanto que você notaria se o terceiro time não comparecesse. Pois, sem ele, o campo seria tomado pelo caos. Ocorreria confusão no confronto entre jogadores. Na verdade, se assim fosse, seria impossível jogar futebol americano da maneira como o conhecemos.

Isso acontece porque o terceiro time é o dos árbitros.

Os árbitros têm um papel único, pois seu grande compromisso não é com os times em campo, nem com agendas alheias. A obrigação desses juízes não tem a ver com os que participam do confronto, nem com quem está assistindo àquilo tudo. Seu compromisso, bem como sua lealdade, pertence a um reino completamente diferente chamado escritório da NFL. Esse reino excede todos os demais, domina-os e se sobrepõe a eles.

Na sede da liga, cada árbitro recebe um livro em que constam as orientações, as diretrizes, as regras e os regulamentos que pautam a condução dos acontecimentos em campo. Embora os dois times constantemente chamem o árbitro de lado, pedindo pênaltis e defendendo jogadas, o time de juízes deve decidir de acordo com o livro que receberam em seu reino, a despeito de emoções ou preferências pessoais. Todas as decisões tomadas pelos membros desse terceiro time devem estar de acordo com esse livro de regras. Eles têm a obrigação de seguir o livro que lhes foi entregue diretamente pelo delegado da liga, o qual lhes conferiu autoridade.

Se, a qualquer momento, um árbitro tomar uma decisão que privilegie um time ou jogador particular — por causa da pressão dos torcedores, influência de jogadores ou equipe técnica, ou simplesmente por preferências pessoais — e não seguir à risca o livro, ele perderá de imediato o apoio e a autoridade não só da sede da NFL, como também do delegado que o designou. Caso um árbitro coloque seu ponto de vista à frente da perspectiva do livro, deixando em segundo plano o reino com o qual está absolutamente comprometido, ele perde todo o direito de apitar. Isso acontece porque a liga só endossará um juiz se esse juiz endossar as diretrizes do livro. Quando o árbitro deixa o livro de lado, ele mesmo se demove para a posição de torcedor e se torna ilegítimo para exercer a autoridade que tinha até então.

O chamado

Homem, você está em uma batalha. Você está em uma guerra. Nela, há muito mais em jogo e as perdas têm peso muito maior do que a mera vitória ou derrota em uma partida. Vidas serão perdidas. A eternidade será moldada. Destinos serão descobertos ou negligenciados. Sonhos serão alcançados ou abandonados.

Jesus não o chama para ser torcedor. Ele já tem torcedores demais. Todo domingo de manhã, a base de torcedores aparece em pleno vigor. Eles se revelam nos estádios, muitas vezes lotados, do mundo inteiro. Lá dentro, há emoções intensas, música excelente, pregações, empolgação, gritos de reconhecimento e declarações de afirmativas. Mas Jesus não está interessado em meros torcedores. Nenhum torcedor prepara o caminho para a vitória da batalha. Jesus quer homens que promovam os seus planos, o seu governo e as suas diretrizes em um mundo em crise.

Jesus quer homens que governem bem.

O reino de homens foi intencionalmente colocado em um local chamado terra, mas os participantes recebem as instruções do escritório da liga, localizado no céu. Esse grupo de homens não se deixa levar pelo que a maioria diz, nem pela ideia mais popular do momento, nem por suas preferências pessoais. Em vez disso, são governados pelo reino ao qual pertencem. São homens que tomam decisões de acordo com o Livro, sob a autoridade daquele que os comissionou, o Senhor Jesus Cristo, para que não se instale o caos nesta guerra chamada vida. Tenha em mente que governar algo não se refere a dominação ou controle ilegítimo. O uso inapropriado do termo governo pela humanidade, por meio de relacionamentos abusivos e ditatoriais, distorceu o chamado legítimo feito ao homem para que governe sob a liderança soberana de Deus e de acordo com seus princípios.

Em qualquer jogo, como você já deve imaginar, se a equipe de árbitros não atuar corretamente, há um forte clamor não só das arquibancadas ou dos telespectadores, mas também de jogadores e treinadores. Levanta-se um brado em resposta ao caos que acontece no campo — um clamor para que os árbitros decidam bem.

O clamor por homens do reino

Se você ouvir com cuidado, pode ser que escute o clamor por homens do reino que também arbitrem direito. É possível ouvi-lo no caos da cultura, levantando-se nos lares, nas escolas, nos bairros, nas comunidades, nos estados e até mesmo em cada alma abalada e afetada pela ausência de homens do reino. Nunca nossa nação e nosso mundo estiveram tão próximos do precipício da adversidade, em necessidade tão tremenda de homens que respondam ao chamado para governar bem.

Ouça.

Está por toda parte. Ecoa alto. A cada batida do coração de crianças que nascem ou crescem sem pai, a cada sonho feminino afogado por um homem irresponsável ou negligente, a cada esperança que evapora por circunstâncias confusas, a cada alma solitária de mulher solteira em busca de um homem digno com quem possa se casar e a cada templo e comunidade desprovidos de contribuições masculinas significativas.

É um clamor por homens do reino.

Se a equipe de árbitros permanecer nas laterais e não disser uma palavra sobre o que está acontecendo em campo, ninguém irá até os jogadores infratores para lhes perguntar por que estão quebrando as regras. Os torcedores se voltarão para os árbitros e exigirão: Onde estão vocês? Venham aqui e façam alguma coisa!. Pois, sem o terceiro time em campo, todos os confrontos seriam caóticos após o lançamento da moeda, causando perda de motivação, desinteresse e desordem. Por ser um homem do reino, você foi chamado pelo céu para arbitrar na terra usando uma camisa cujas cores são diferentes. Você foi feito de um tecido diferente porque representa um tipo de reino diferente nesta batalha.

Você representa o Rei.

E, como representante do Rei, seu propósito é muito mais elevado do que meramente o pessoal e impacta uma esfera bem mais ampla do que qualquer outra que possa conhecer.

Por você ser um homem do reino, é possível que haja muito mais para sua vida do que você jamais tenha percebido.

O governante do reino

A palavra grega usada no Novo Testamento para reino é basileia,¹ que significa autoridade e governo. Um reino sempre abrange três componentes fundamentais: um governante, súditos por ele governados e regras ou regulamentos. O reino de Deus é a execução legítima de seu abrangente governo sobre toda a criação. O objetivo do reino é simplesmente a demonstração visível do pleno domínio de Deus sobre todas as áreas da vida.²

O reino de Deus transcende tempo, espaço, política, denominações, culturas e divisões sociais. É já e ainda não (Mc 1.15; Mt 16.28), próximo e distante (Lc 17.20-21; Mt 7.21). Governadas por sistemas de alianças, as instituições do reino incluem a família, a igreja e o governo civil. Deus deu diretrizes para o funcionamento dessas três esferas, e a negligência em aderir a tais orientações resulta em desordem e caos.

Ainda que cada um dos três componentes fundamentais tenha responsabilidades e domínios distintos, todos devem trabalhar em conjunto sob o governo divino, com base em um padrão absoluto de verdade. Quando operam dessa maneira, levam ordem a um mundo confuso e promovem a responsabilidade pessoal diante de Deus.

O componente primário sobre o qual todo o restante do reino se baseia é a autoridade do governante. Sem isso, segue-se a anarquia, que resulta em confusão. Foi exatamente por saber disso que o primeiro ato de Satanás no jardim foi usar de sutileza e engano para destronar o governante. Antes do trecho sobre a abordagem que Satanás fez a Eva no jardim, todas as referências bíblicas a Deus em relação a Adão o chamam de SENHOR Deus. Todas as vezes que a palavra SENHOR aparece em versalete, ela se refere ao nome Yahweh usado para Deus. O título especial Yahweh significa mestre e governante absoluto³ e é o nome usado por Deus para se revelar em seu relacionamento com o homem. Antes do nome Yahweh, Deus havia se revelado como Criador, cujo nome é Elohim.

No entanto, quando Satanás incitou Eva a comer aquilo que ela não deveria, não se referiu a Deus como SENHOR Deus. Satanás basicamente tirou o nome SENHOR, desconsiderando o senhorio e o governo absoluto. Em vez disso, falou: "É verdade que Deus disse…". Dessa maneira, Satanás tentou reduzir o governo de Deus sobre a humanidade começando com uma distorção sutil, mas eficaz, do nome divino. Ao fazê-lo, manteve o conceito religioso ao mesmo tempo que eliminou a autoridade divina.

Ao retirar a noção de SENHOR do relacionamento de autoridade entre Deus, Adão e Eva e ao deixar Adão de lado, Satanás não só fez a humanidade se rebelar, como também usurpou o domínio que o homem deveria exercer sob a autoridade divina. Ao comer o fruto em desobediência, Adão e Eva escolheram mudar de SENHOR Deus para Deus a forma como viam o Criador, o que resultou na perda da íntima comunhão com o próprio Deus e um com o outro, bem como na perda do poder de domínio que resulta de seguir o Governante supremo.

Muito embora Eva tenha comido o fruto primeiro, Deus saiu em busca de Adão. Foi para Adão que ele havia se revelado como SENHOR Deus ao conceder-lhe instruções. Em consequência, quando o título de mestre e governante absoluto foi removido, Adão foi considerado o grande responsável pelo resultado.

Desde então, existe uma batalha contínua sobre quem governará a humanidade. Isso acontece porque a importância de Adão não dizia respeito apenas a ele ser o primeiro homem criado por Deus. Em vez disso, Adão deveria ser o protótipo daquilo que todos os homens deveriam buscar se tornar. Logo, sempre que os homens tomam decisões baseadas nos próprios pensamentos e valores ou em crenças pessoais, como Adão fez, em vez de se fundamentar naquilo que Deus tem a dizer como Governante, eles estão escolhendo governar a si mesmos, assim como Adão. Optam por chamar o Rei de Deus, sem reconhecer sua autoridade, ignorando o título ao qual ele tem direito: SENHOR Deus ou Soberano Deus, também referido nas Escrituras como ’adown,⁴ paralelo verbal de Yahweh. Em suma, a exemplo de Adão, eles tentam tirar o próprio Criador do trono embora continuem reconhecendo que ele existe.

Trata-se de ser religioso sem ser governado por Yahweh.

Para toda pergunta, existem duas respostas: a de Deus e a de todos os outros. Quando elas se contradizem, a de todos os outros é a resposta errada. A negligência do governo absoluto de Deus como Senhor do relacionamento com o ser humano basicamente coloca a resposta de Deus no mesmo nível da opinião de qualquer pessoa. O pecado de Adão foi permitir que o ponto de vista humano de sua esposa, incitado por Satanás, superasse a vontade revelada e a palavra de Deus. Adão permitiu que uma pessoa próxima a ele dominasse acima de Deus.

Homem, somente ao colocar o SENHOR de volta na equação é que você experimentará o domínio e a autoridade com que foi capacitado.

A autoridade de Deus

Deus disse aos israelitas, conforme relata Êxodo 34.23, que três vezes por ano todos os homens deveriam comparecer diante dele para receber instruções. No momento em que Deus os convocou para comparecer à sua presença, chamou-os especificamente para que se colocassem perante o Soberano, o SENHOR, o Deus de Israel. Ele os convocou a se submeterem à sua total autoridade.

Caso fossem submissos, os homens ficavam sabendo que eles próprios e as pessoas de seu convívio receberiam a cobertura, a proteção e a provisão divina. Mas só teriam acesso a tudo isso caso se posicionassem sob o domínio absoluto de Deus. Esse elemento de governo era tão essencial que Deus usou três de seus nomes como lembrete. Os israelitas recebem a ordem de comparecer perante o:

Soberano (’adown)

SENHOR (Jehova)

Deus de Israel (’Elohim)

Deus estava no comando à terceira potência. Ao usar três nomes diferentes para referir a si mesmo, enfatizou sua autoridade suprema sobre os homens da nação e a responsabilidade que estes tinham de prestar contas a ele.

O princípio de governo de Deus que se aplicava aos israelitas não é diferente do domínio divino hoje. Ele é Deus — Soberano, SENHOR, Deus de Israel, mestre, Deus supremo, governante e juiz. Logo, o homem do reino é aquele que se coloca sob o governo divino e submete sua vida ao senhorio de Jesus Cristo. Em vez de Adão ser o protótipo para o homem, agora Jesus Cristo — o último Adão (1Co 15.45) — é o modelo para o homem do reino.

O homem do reino governa de acordo com o governo de Deus.

Do mesmo modo que um árbitro da NFL está apto a atuar somente conforme o livro de regras que recebe, assim um homem do reino é liberado para governar quando baseia suas decisões nas diretrizes divinas e as usa para ordenar seu próprio mundo.

Quando o homem do reino atua de acordo com os princípios e preceitos do reino, há ordem, autoridade e provisão. Quando ele não o faz, acaba tornando a si mesmo e as pessoas a ele ligadas vulneráveis a uma vida caótica.

Milagre no rio Hudson

O rio Hudson corre pela cidade de Nova York. De fato, parte dele separa Manhattan da fronteira com Nova Jersey. O Hudson transborda história e legado. É também um dos mais belos rios dos Estados Unidos, e isso lhe rendeu o título de Reno norte-americano.

Dois acontecimentos no Hudson chamaram minha atenção nos últimos tempos. Cada um deles revela o que acontece quando um homem governa bem sua realidade, ou quando não o faz.

O primeiro ocorreu em 2009, durante o gelado mês de janeiro, quando pássaros voaram direto para dentro dos motores do voo 1549 da companhia US Airways imediatamente após a decolagem do avião, fazendo que ambos se desligassem ao mesmo tempo.

A minutos do que parecia um desastre inevitável, o piloto entrou em contato com a torre de controle a fim de pedir permissão para mudar a rota e fazer um pouso emergencial. Recebeu a ordem de voltar para o Aeroporto La Guardia.

Nesse momento, o comandante, Chesley B. Sullenberger III, precisou tomar uma decisão. O aeroporto não estava próximo o bastante para a aterrissagem. Por isso, a única opção de Sullenberger era pousar a aeronave no Hudson. No entanto, o êxito de aterrissar um grande avião comercial na água era improvável. Sullenberger, que somava quatro décadas de experiência, sabia muito bem que era mínima a probabilidade de sobrevivência. Tendo atuado como instrutor de aviação, investigador de acidentes e instrutor de tripulação, ele não precisou pensar muito para imaginar qual poderia ser o resultado de tudo aquilo.

Contudo, com dois motores inertes e sem nenhum outro lugar para pousar o avião, Sullenberger assumiu o controle da realidade pela qual era responsável. Em meio aos gritos dos passageiros para que alguém levasse ordem àquele caos, ele fez alguns rápidos ajustes, manteve o avião alto o suficiente para passar por cima da ponte George Washington e fez o que poucos pilotos tentaram realizar: pousou o avião no rio. Um minuto e meio antes da aterrissagem, ele transmitiu aos passageiros frenéticos uma calma afirmação: Preparem-se para o impacto.

O que aconteceu em seguida foi nada menos que um pouso perfeito na água. Para que um avião não se parta ao atingir a água, é necessário aterrissar com precisão, na velocidade e no nível corretos. Quando do impacto com a água, Sullenberger levantou com delicadeza o nariz do avião, nivelou as asas e, ao mesmo tempo, ajustou a velocidade, a fim de impedir que a aeronave se partisse em mil pedacinhos. E fez isso com uma estrutura de metal de oitenta toneladas que vibrava e chacoalhava violentamente.

Quando a água congelante começou a invadir o avião após o pouso, passageiros e tripulantes correram até as saídas de emergência, enquanto o comandante Sullenberger liderava a evacuação. Depois que a última pessoa saiu, o piloto percorreu toda a aeronave mais duas vezes para ter a certeza de que todos a haviam deixado em segurança. Com a água atingindo a metade do interior do avião, Sullenberger foi a última pessoa a desembarcar do voo 1549.

Todos os que estavam a bordo sobreviveram.

Os anos durante os quais Sullenberger exercera autoridade como piloto da força aérea, investigador de acidentes, consultor e administrador de segurança de voo — sem contar as mais de dezenove mil horas de voo sem incidentes — lhe proporcionaram as habilidades e o estado de espírito necessários para governar bem a situação de seu avião, em vez de permitir que o avião governasse sobre ele.

Como resultado, Sullenberger não só impediu que suas filhas adolescentes ficassem órfãs e sua esposa, viúva, como também salvou a vida e o legado de 155 pessoas, a mais jovem delas um bebê de nove meses. David Paterson, governador do estado de Nova York, chamou o acontecimento de milagre no Hudson.

Tragédia no rio Hudson

Algo bem diferente de um milagre aconteceu dois anos depois. É uma história trágica, porém verdadeira, sobre uma mulher de 25 anos. Sua experiência, embora única, reflete incontáveis outras muito semelhantes — ela foi abandonada e ferida pela negligência e pelos maus-tratos dos homens com quem viveu.

Aos 15 anos, ela teve o primeiro filho. Poucos anos depois, teve mais três filhos com outro homem e deu a cada um deles o sobrenome do pai, Pierre, como nome do meio. Foi uma herança que ela não deveria ter transmitido.

O pai das crianças não se casou com a mãe. Foi preso por passar meses sem pagar a pensão dos filhos. Em outra ocasião, foi preso quando o filho de 2 anos, deixado completamente só em seu apartamento, saiu de casa em uma noite gelada de fevereiro. A polícia acabou encontrando o bebê à 1h15 da manhã perto de uma rua agitada. As poucas roupas que o menino vestia estavam molhadas.

Os vizinhos e a família contam que essa mãe amava os filhos. Eles sempre pareciam bem cuidados, bem arrumados e bem-comportados. A mãe cursava algumas disciplinas na faculdade local e trabalhava — provavelmente na tentativa de crescer na vida.

Mas, em um dia frio de abril de 2011, ela publicou um pedido de desculpas no Facebook, despediu-se de sua mãe, sua avó e seu pai, colocou os quatro filhos no carro e dirigiu para dentro das águas congelantes do Hudson.

Enquanto a van começava a afundar, o filho de 10 anos se esforçou para abrir as portas trancadas ou abrir a janela, enquanto os mais novos choravam de medo. Ele conseguiu se espremer por uma das janelas enquanto o carro submergia. Posteriormente, contou à polícia que a mãe reunira os filhos em torno de si e, abraçada a eles, lhes disse: Se eu vou morrer, vocês vão morrer junto comigo.

Vizinhos contaram que o pai das três crianças mais novas estivera na casa dela apenas uma hora antes de ela levar os filhos de carro para a morte. Por mais de meia hora, ele esmurrou a porta do apartamento, fazendo ameaças. Aquela não havia sido a primeira briga do casal.

Ninguém sabe ao certo o que a levou a tomar uma atitude tão drástica. Entretanto, menos de uma hora após a partida do pai, a jovem mãe e três de seus filhos estavam mortos no rio Hudson. Sem dúvida, as últimas lágrimas das crianças foram na esperança de que alguém detivesse o caos em seu mundo. Mas ninguém o fez.

Algumas pessoas podem culpar a mãe por seus atos, que foram terríveis. Mas a culpa dirigida à mulher que tira a própria vida e a dos filhos logo após o comportamento explosivo do pai das crianças também pertence ao homem.

As últimas palavras da mulher, Se eu vou morrer, vocês vão morrer junto comigo, consistem em uma declaração reveladora, pois refletem o poder do impacto do homem, para o bem ou para o mal. Crianças inocentes podem sofrer a morte de seu destino,

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