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E-book141 páginas1 hora

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Sobre este e-book

O questionamento crescente de perda da instituição militar como meio de viabilidade educativa e a relevância do seu papel no simbolismo e encarnação de valores de pátria, levaram-me a considerar escrever este livro para que a sociedade possa melhor se indagar.
O livro – um romance ficcional, poderá trazer ao leitor um pouco do intramuros do Serviço Militar Obrigatório e de sua legitimidade. A narrativa acompanha um jovem recruta por toda a rotina existente no Curso de Formação de Soldado do Exército Brasileiro. Sua leitura é estimulada e oportuna; afinal, uma parcela muito ínfima da sociedade é que compartilha desta experiência. De um total de 4% da população que se encontra nesta exigência devido a idade, somente 25% destes são chamados para o processo de seleção; e desse percentual, míseros 5% irão viver da realidade prática. A proximidade deste ensaio literário é tangível, por conta do escritor ter estado nas fileiras do Exército em duas situações distintas: como aluno e como instrutor.
Aqueles milhões de jovens que recebem a sua reservista sem, no entanto, ter servido de fato, saberão desta situação no livro, e assim poderão comprovar da pertinência do que é ser reservista. Uma imensidão de jovens habitam esta conjuntura, e a lógica aponta que muitos outros a viverão.
Desfrutem.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento23 de mar. de 2019
ISBN9780463401972
Reco
Autor

Edmar Camara

Um ativista da arte - pintor, designer, romancista, poeta, contista e produtor de conteúdo digital radicado no Brasil com nascimento em Minas Gerais e vivências em outras territorialidades. Produz textos que se diferenciam por estarem carregados de uma intenção que se adequa ao leitor que o interpreta em sua subjetividade; o que resulta em narrativas que questionam e provocam uma verdade que é exposta, mas que não se apresenta como absoluta.

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    Reco - Edmar Camara

    Poucos metros separam Lucas da entrada do Quartel do Exército. Estava eufórico em passar pela Guarda e dar início da prestação do Serviço Militar Obrigatório. Desde o ano anterior, quando soube que deveria alistar-se, desconhecia por completo como se daria - na prática, este processo; e principalmente, caso fosse selecionado - independentemente de sua vontade, o que poderia aguardá-lo.

    Suas expectativas era de poder sobreviver com bravura nos desafios que saberia ter que enfrentar. Não sabia o que levar – ou não se recordava, e na dúvida, somente acomodou na mochila material de higiene pessoal e uma muda de roupa com variedade de vestuário íntimo.

    Dispensou ajuda de amigos e familiares para chegar até onde se encontrava; fez uso de transporte público coletivo. Por medida de segurança, assim crê, o ponto do ônibus ficava a uma distância razoável da entrada do quartel; teve que vencer estes últimos metros com as reservas de coragem que guardou até agora.

    Não é fácil pra Lucas esta caminhada para prestação o seu dever cívico. São muitas histórias e senões contadas pela mídia e por pessoas com poder de voz e narrativa, que faz com que seu olhar se desloque para este momento com receio. Todo este imbróglio, imagina que se dê devido ao período dos governos militares começados em 1964. Embora tenha se informado que grande parte destas His(es)tórias ou sua esmagadora maioria, tenha vindo de falsificações camufladas de aparência respeitável, e quase que geralmente manipuladas por pessoas ligadas ao movimento subversivo terrorista que tinha como objetivo chegar ao poder pela presença armada que estimulava um explícita divisão na sociedade para cinicamente desrespeitar a constituição e assim provocar uma guerra civil.

    Seus familiares de mais idade afirmam que antes de 1964, o povo estava reduzido à miséria, e que o enganoso aumento de salário se tornava inoperante frente aos gastos intencionalmente abusivos do governo. Guerrilhas ativas espocavam atentados por toda parte; sequestros e bombas eram cenas do cotidiano, e a ascensão do comunismo parecia irresistível. Não seria de todo errado pensar que a qualquer momento o derramamento de sangue seria inevitável.

    A sociedade definhava-se, principalmente as grandes massas que observavam que os comunistas, fortemente encravados na administração federal e apoiados pelo Presidente da República, tinham nos militares esquerdistas e na alta liderança estrangeira soviética, a autorização para desencadear uma guerra civil e implantar um regime do tipo existente no país socialista de Cuba com reconhecimento da Conferência Tri Continental de Havana. Muito semelhante ao que recentemente se via no desenho que a esquerda vinha rascunhando desde os 90 com o Foro de São Paulo, e que foi estrangulado pela reação das massas ao eleger um candidato de direita e conservador em 2018.

    Os grandes jornais, à época dos anos 60, é que incitaram o clamor geral do povo para que houvesse um basta e um fora - dito e escrito pela intelectualidade notável.

    Anterior à chegada dos militares ao cimo do poder, uma série de transformações ocorreram a partir de micros golpes internos. Ninguém previa culminar no evento de 1964. Na noite de 31 de março para 1º de abril, uma mobilização militar - meio que improvisada numa revolução, fez pouco mais que duas vítimas: uma acidental e outro provocada. As lideranças comunistas, que até a véspera se gabavam de seu respaldo por militares esquerdistas, fugiram em debandada para dentro das embaixadas, enquanto a extrema-direita civil, foi estrategicamente imobilizada para arrefecer ânimos e evitar vinganças pessoais.

    A chegada dos militares ao poder teve amplo apoio da sociedade, onde a opinião pública respaldada pelo aceite do Congresso Nacional repercutiu na grande marcha promovida pelas massas que os jornais chamaram de marcha da família com Deus pela liberdade.

    O que se seguiu é que o Brasil quase entregue ao regime comunista mundial inicia com os militares um sistema saneador e modernizador, que se multifaceta em uma delineada reação aos atos de terrorismo, promovidos por uma elite branca, que prossegue – na etapa seguinte, num esforço de governança na junta militar e que termina na dissolução do regime militar no fim da primeira metade dos anos 80.

    O regime democrático do governo militar, nas suas primeiras decisões, acreditou que bastaria as liberdades públicas não serem sufocadas para que existisse uma paz; isto não foi suficiente, pois quando da demolição dos esquemas comunistas, estes iniciaram uma louca corrida de atrocidades e violências físicas reproduzidas em uma quase centena de atentados. A reação do governo militar nesta etapa da história, espetacularmente fez desaparecer o sangue e a maldade, que em tese, seria normal esperar naquelas circunstâncias. Neste momento, é fato que uma séria reação se processou para fazer face a estes atos abusivos, onde até movimentos de guerrilha se tornaram rotineiros.

    Os trezentos esquerdistas mortos após o endurecimento de resposta à violência terrorista, e ainda, os dois mil encarcerados, é nada em comparação à resposta esquerdista mundial a opositores de seus regimes. Na Rússia foram dezenas de milhões; em Cuba – uma ilha minúscula, foram dezenas de milhares e na Venezuela atual, a história irá registrar quando do esmagamento da ditadura vigente, ainda apoiada por notórios vermelhos.

    Naquele momento – na então democracia militar, as realizações se mostravam cambiante, o que repercutia em forte sucesso econômico; que alavancou o país da incomoda 46° para a milagrosa 8° posição do ranking mundial.

    Infelizmente, a própria condescendência do regime é que permitiu a entronização da mentira esquerdista como história oficial.

    Inutilizada para qualquer ação armada, inteligentemente, a esquerda catapultou-se no que se denomina de filosofia gramsciana: reagrupou-se nos meios acadêmicos e comunicacionais, instalando aí sua principal trincheira ao monopolizar a indústria das interpretações do fato consumado e criar uma falsa memória nacional diferente da realidade histórica; e por fim, ao confirmar o cansaço das lideranças do regime democrático militar, nega as realizações óbvias, e oculta as misérias e crimes praticados de forma grave por terroristas. Na mesma mão – com apoio das intelligentsias, promove um infame processo milionário de indenizações desatreladas da verdade, e na condição de vítimas.

    BOAS-VINDAS

    Um militar da Guarda ao presenciar a minha chegada, se antecipa. Ao responder-lhe o motivo de minha presença, ele imediatamente informa a outro, que repassa o mesmo informe a outro mais.

    Lucas, ao ver toda aquela sequência de atos não imagina o que esteja por trás desse protocolo. A vida na caserna exige de seus integrantes uma postura orgânica que atende a normas de hierarquia que irão desenhar e esmiuçar o comportamento do indivíduo que embora igual, agora é um ser misto na singularidade da rotinização hierárquica.

    É um protocolo que tem sua própria dinâmica socializada na corporização interna. São valores expressos na simbologia de cuja cultura se alimentam todos da qual dela fazem parte. São submissões de notável signo que a todos sujeitam para criar uma identidade única distanciada de lógicas confusas, que instaura a massa a um meio de docilização rígida de conduta as quais estão intimamente ligadas.

    Observada a cena por um ângulo explicitamente estético do ponto de vista civil, não parece ter muito sentido esse teatro, mas enganoso assim pensar, pois ali está toda uma efetivação de atos considerados de padrão militar.

    O sargento – Lucas soube assim que ele se identificou, apresenta-se como o comandante da guarda; ordena a um soldado que possa acompanhá-lo a outro local, na parte interna da edificação. Ato contínuo, sem muitas delongas, registram a sua primeira entrada.

    Faz somente alguns dias que terminou o carnaval. Ainda há pouco, Lucas estava em Companhia de outros, vivendo adoidado a idade e seu tempo. De dia saiu em alguns blocos, e á noite foi aos bailes carnavalescos. Apreciou piscina, algumas bebidas geladas e encontros sedutores. Sua presença era exigida e ele se fazia fácil. Os hormônios estavam exigindo a sua cota e ele não se continha em poupá-los. Não tinha um físico fora do normal, mas tinha uma cabeça boa para dosar o seu uso. No bloco de rua fazia parte da bateria. Isto lhe proporcionava alguns privilégios que em troca exigiam-lhe uma postura mais responsável no comparecimento a ensaios e apresentações. Os bailes noturnos eram uma festa a parte. Muitas garotas; e todas disponíveis. No pouco descanso entre tumultuada rotina, existia um mergulho refrescante nas piscina do clube. Nem passava pela sua cabeça que este ano as coisas teriam uma mudança de vida que afetaria a sua percepção de mundo.

    O soldado-acompanhante o escoltou até um militar de mais idade. Na presença deste novo personagem, o soldado perfilou-se: juntou os calcanhares e colou as mãos ao lado do corpo. Em seguida levantou o braço direito com energia, ao mesmo tempo que o flexionava; com os dedos rígidos e unidos da mão direita encostou levemente o dedo médio na fronte e apresentou-se. O militar, alvo deste procedimento, respondeu com a expressão a vontade. O soldado relaxou a postura e emendou dizendo quem

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