A beleza da simplicidade Arte Naïve
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A beleza da simplicidade Arte Naïve - Nathalia Brodskaya
A Guerra da Independência, Traian Ciucurescu, 1877
Óleo sobre vidro, 30 x 25 cm. Colecção particular
Que idade tem a Arte Naïve
Existem duas maneiras de definir a origem da Arte Naïve. Uma consiste em assumir que ela passou a existir quando foi aceite como forma artística, com um estatuto igual ao de qualquer outra. Neste caso, a Arte Naïve data dos primeiros anos do século XX.
Outra é considerar que a Arte Naïve não é nem mais nem menos que isso mesmo, e olhar para trás, para a préhistória da humanidade e para um tempo em que toda a arte era algo que hoje pode ser considerado Naïve – dezenas de milhares de anos atrás, quando foram feitos desenhos nas pedras e foram pintadas as cavernas com ursos e outros animais.
Se aceitarmos esta segunda definição, seremos inevitavelmente confrontados com esta intrigante questão: «Então quem foi o primeiro artista Naïve?» Há muitos milhares de anos, no despertar do conhecimento humano, vivia um caçador. Um dia, decidiu riscar na superfície macia de uma rocha os contornos de um veado ou uma cabra em corrida.
Uma simples linha foi suficiente para dar forma à graciosa criatura e à leveza da sua fuga. A experiência do caçador não era a de um artista, mas simplesmente a de um caçador que tinha observado o seu «modelo» durante toda a vida. É impossível, a esta distância, saber o motivo que o levou a traçar este desenho. Talvez fosse uma tentativa de dizer algo importante ao seu grupo familiar; talvez tivesse o significado de um símbolo divino, um feitiço com a finalidade de dar sorte na caça. Do ponto de vista de um historiador de arte, uma expressão artística destas atesta o despertar da energia criativa individual e uma necessidade, após a sua acumulação através dos seus encontros com a natureza, de encontrar forma para a libertar.
A Guerra da Independência, Emil Pavelescu, 1877
Óleo sobre tela, 55 x 80 cm. Colecção particular
Tecelão visto de frente, Vincent van Gogh, 1884
Óleo sobre tela, 70 x 85 cm. Rijksmuseum, Amesterdão
A Família Schuffenecker, Paul Gauguin, 1889
Óleo sobre tela, 73 x 92 cm. Musée d’Orsay, Paris
Eu, Retrato na Paisagem, Henri Rousseau, 1890
Óleo sobre tela, 143 x 110 cm. Galeria Narodini, Praga
Letreiro para uma Taberna, Niko Pirosmani
Óleo sobre uma folha de estanho, 57 x 140 cm. Museu Georgiano de Belas Artes, Tbilisi
O primeiro artista de todos, realmente existiu. Tem de ter existido. E foi verdadeiramente «naïve» no que ilustrou pois vivia numa época em que ainda não tinha sido inventado qualquer sistema de representação pictórica. Só muito mais tarde esse sistema começou, gradualmente, a tomar forma e a desenvolver-se. E só quando foi implantado é que passou a haver o chamado artista «profissional».
É muito improvável, por exemplo, que as pinturas murais de Altamira ou de Lascaux tivessem sido criações de artistas sem habilidade. A precisão com que são representadas as características do bisonte, nomeadamente a sua agilidade massiva,