Estudo revela desigualdades na sobrevida após o diagnóstico de demência

Editado por Nathan Fernandes

15 de janeiro de 2025

Destaque

A expectativa de vida após o diagnóstico de demência varia significativamente com a idade, sendo de 8,9 anos aos 60 anos e 4,5 anos aos 85 anos para mulheres, e de 6,5 e 2,2 anos, respectivamente, para homens nas mesmas idades. Cerca de um terço do tempo de vida restante é vivido em casas de repouso, com mais de 57% dos pacientes institucionalizados em até cinco anos após o diagnóstico.

Contexto

  • A demência é uma das principais causas de incapacidade, dependência e morte entre idosos, com quase 10 milhões de novos diagnósticos anuais no mundo.

  • Informações sobre prognóstico são importantes para orientar expectativas e planejamento de cuidados, mas as estimativas variam de 1,5 a 10 anos em diferentes países europeus.

  • Além da sobrevida, desfechos funcionais são relevantes para pacientes e políticas de saúde, mas dados confiáveis são escassos, especialmente sobre admissão em casas de repouso, um evento crítico e impactante.

  • Revisões sistemáticas anteriores, incluindo estudos publicados até 2012, relataram uma ampla variação nas estimativas de sobrevida após o diagnóstico de demência, com efeitos incertos de idade, sexo e outras características do paciente e da doença.

  • Poucos estudos avaliaram o prognóstico em termos de tempo até a admissão em casa de repouso. Uma revisão sistemática de 2008 relatou taxas de admissão de aproximadamente 20% em um ano, aumentando para 50% em cinco anos.

Metodologia

  • Uma revisão sistemática e meta-análise abrangente identificou 19.307 artigos, dos quais 261 foram incluídos para análise detalhada após triagem rigorosa.

  • Pesquisadores analisaram dados de 5.553.960 participantes em 235 estudos de sobrevida e 352.990 participantes em 79 estudos sobre admissão em casas de repouso, com período de recrutamento entre 1962 e 2021.

  • A análise considerou estudos longitudinais com pelo menos 150 participantes e seguimento mínimo de um ano após o diagnóstico, excluindo aqueles com recrutamento durante internação hospitalar aguda.

  • Critérios de elegibilidade exigiram que os estudos relatassem probabilidades anuais ou tempo médio até óbito ou admissão em casa de repouso, com dados apresentados numericamente ou graficamente em curvas de sobrevida.

Principais informações

  • A sobrevida mediana após diagnóstico foi de 4,8 anos (intervalo interquartil [IQR] de 4,0 a 6,0) em estudos com demência incidente, correspondendo a uma probabilidade de sobrevida em cinco anos de 51%.

  • Mulheres apresentaram sobrevida mais longa que homens (diferença média de 2,1 a 6,1; intervalo de confiança [IC] de 95%, de 2,1 a 6,1), principalmente devido à idade mais avançada no diagnóstico, com sobrevida mediana de 1,2 a 1,4 anos maior na Ásia em comparação com Estados Unidos e Europa.

  • O tempo mediano até a admissão em casa de repouso foi de 3,3 anos (IQR de 1,9 a 4,0), com 13% dos pacientes admitidos no primeiro ano após o diagnóstico e 57% em cinco anos.

  • Segundo os autores, variações nas características clínicas e na metodologia do estudo explicaram 51% da heterogeneidade na sobrevida e 45 a 51% na variação das probabilidades anuais de sobrevida entre os estudos.

Na prática

"O prognóstico após um diagnóstico de demência é altamente dependente de características pessoais e clínicas, que possibilitam informações prognósticas e planejamento de cuidados individualizados", escreveram os autores do estudo. No editorial publicado junto ao estudo, o Dr. Bjorn Heine Strand, do Instituto Norueguês de Saúde Pública, escreveu: "Para os médicos, é uma tarefa importante e exigente informar os pacientes com demência e seus familiares sobre o prognóstico. Como nas doenças malignas, discutir a expectativa de vida restante e o tempo até a morte é um assunto delicado."

Fonte

O estudo foi liderado pela Dra. Chiara C Bruck, vinculada ao Erasmus MC University Medical Centre em Rotterdam, Holanda. O artigo foi publicado online em 8 de janeiro no periódico British Medical Journal.

Limitações

A maioria dos estudos sobre admissão em casas de repouso não considerou adequadamente o risco competitivo de mortalidade ao avaliar as taxas de admissão, o que pode tê-lo superestimado. Além disso, a heterogeneidade significativa entre os estudos e a falta de informações consistentes sobre variáveis potencialmente relevantes, como status socioeconômico, raça, gravidade da doença e comorbidades, limitaram análises mais abrangentes. A taxa de abandono foi relatada em apenas 25% dos estudos, o que pode ter influenciado as estimativas em qualquer direção.

Conflito de interesses

Frank J Wolters recebeu uma bolsa de pesquisa da Alzheimer's Association (AARF-22-924982). Os financiadores não participaram do desenho do estudo, coleta, análise, interpretação dos dados, redação do relatório ou decisão de submeter o artigo para publicação.

Este conteúdo foi produzido usando diversas ferramentas de edição, incluindo inteligência artificial (IA), como parte do processo. Editores humanos revisaram este conteúdo antes da publicação.

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