O Inter acaba de anunciar que agora terá um CEO dedicado exclusivamente à operação brasileira, enquanto João Vitor Menin seguirá como CEO global, passando a maior parte do tempo no escritório do banco em Miami. Quem ficará no comando do negócio no Brasil é um velho conhecido da casa, o executivo Alexandre Riccio, que está há 11 anos na instituição e até então ocupava o posto de vice-presidente, focado em serviços bancários.
Trata-se de movimento similar ao que fez o Nubank em 2021, antes do IPO nos Estados Unidos, quando o cofundador David Vélez virou CEO global, também de olho na internacionalização, e a cofundadora Cristina Junqueira ficou como CEO no Brasil. No início deste ano, a posição local passou a ser ocupada pela executiva Livia Chanes, quando a própria Junqueira também já estava mais voltada para as atividades no exterior, como CGO (Chief Growth Officer).
Menin já vinha buscando um nome para a posto há algum tempo e resolveu fazer uma escolha caseira após concluir que Riccio tem a vantagem de já conhecer muito bem o Inter e também o setor bancário, além de já ter passado por todas as áreas da instituição e contar com a sua confiança — os dois passaram sete anos dividindo sala. "Eu convivo mais com o Alexandre do que com a minha esposa", brinca o acionista, em entrevista ao Pipeline.
A decisão pelo nome de Riccio, portanto, embute uma mensagem de continuidade para o mercado. É diferente, comparou Menin, de quando se busca alguém de fora para tocar um turnaround. No Inter, o foco é executar o plano de cinco anos divulgado no início de 2023, resumido em três números: 60-30-30. Ou seja, atingir 60 milhões de clientes, 30% de índice de eficiência e 30% de ROE.
No balanço mais recente, o Inter mostrou que está com 31,7 milhões de clientes, 47,7% de índice de eficiência e 9,7% de ROE. "Estamos batendo as nossas previsões praticamente todos os trimestres. Eu chego para continuar. Enquanto o João toca a expansão internacional, eu entro com a responsabilidade de executar o plano no Brasil", afirma Riccio. "Com o Alexandre como CEO do Brasil, a nossa chance de atingir esses objetivos aumenta", diz Menin.
Na estratégia de expansão, não há nenhuma aquisição no curto prazo, disse Menin, depois de ter concluído, em maio, a compra dos outros 50% da Granito, de pagamentos, por R$ 110 milhões, passando a ter 100% do negócio. "Agora, o grande M&A é com nós mesmos", afirma. "Somos uma empresa de growth e estamos focados na diversificação de receita, inclusive em serviços não financeiros."
No início do ano, o Inter fez um follow-on nos Estados Unidos que captou US$ 162 milhões, com a oferta de 36,8 milhões de ações. O objetivo, porém, não era reforçar o caixa, mas sim aumentar a liquidez do papel e atrair mais investidores estrangeiros para a base. "Agora estamos satisfeitos", disse Menin.