Para investigadores e juízes, proposta do BC e facilitação de sigilo ampliam cobrança sobre Moro

Pior a emenda que o soneto Quadros que atuam no combate à corrupção criticaram não só o conteúdo, mas também a forma e o timing de medidas estudadas pelo governo. A consulta pública do BC sobre restringir o monitoramento de parentes de políticos foi considerada especialmente infeliz porque ocorre em meio à citação a um filho e à mulher de Jair Bolsonaro em relatórios do Coaf. A avaliação é a de que o ato municiou a oposição num cenário de pressão crescente e ampliou a cobrança sobre Sergio Moro (Justiça).

Tu sabes Para magistrados e investigadores da Polícia Federal, a regra sob consulta no Banco Central, se adotada, pode dificultar a descoberta de crimes, já que o uso de parentes para ocultação de bens é considerada uma praxe. A proposta do BC foi revelada pela Folha.

Para frente O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil, Fernando Mendes, diz que a revisão de normas não pode levar a retrocessos. “O governo e o ministro Sergio Moro têm a agenda de combate à corrupção. O resultado da consulta não pode ir no sentido contrário do que defende o governo”, disse.

À mulher de César Para investigadores da PF, procuradores e técnicos da Receita, o fato de a consulta pública ter sido revelada no mesmo dia em que o governo publicou decreto que amplia a autorização para classificar documentos como sigilosos deu margem à interpretação de que, em vez de apertar, busca-se afrouxar sistemas de controle.

Avance uma casa O Ministério Público do Rio recebeu imagens registradas por caixas eletrônicos usados para depósitos de dinheiro em espécie no caso Fabrício Queiroz.

Lei do silêncio Procurada, a assessoria do Ministério Público do Rio informou que, além de o caso estar sob sigilo, a decisão do Supremo que travou a investigação impede qualquer manifestação a respeito.

Olhai por nós O procurador Frederico Paiva enviou ao Ministério da Economia, de Paulo Guedes, ofício no qual pede a manutenção e o fortalecimento da Coordenação-Geral de Procedimentos Especiais da Corregedoria do órgão, força-tarefa que estava atrelada ao Ministério da Fazenda e teve papel de destaque nas apurações da Zelotes.

Olhai por nós 2 A estrutura da Fazenda foi incorporada ao superministério de Guedes, “mas a continuidade do trabalho da equipe atualmente existente aparentemente não foi definido”, diz o documento.

Reincidente A desembargadora Marília Castro Neves, que segundo Jean Wyllys (PSOL-RJ) defendeu sua execução em um grupo de magistrados, divulgou nas redes sociais um meme no qual homem que veste uma camisa vermelha entra em uma loja de armas, pede um “38” e recebe como resposta que o local “não vende para petista”.

Reincidente 2 Na cena seguinte, o comprador pergunta “O que você tem contra petistas?”. Reação: “Pistola, revolver, bazuca, metralhadora, granada…”.

Agravante A juíza, que já é alvo de uma apuração no Conselho Nacional de Justiça, chegou a fazer postagens ofensivas ao colegiado, dizendo que Renan Calheiros (MDB-AL) é quem “manda nos dois conselhões: CNMP e CNJ”.

Protocolado Prints das redes sociais foram anexados a um adendo apresentado pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia à ação que Castro Neves já responde.

Não se vá O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, tentou convencer Jean Wyllys a não abrir mão do mandato e permanecer no Brasil. O deputado reeleito havia comunicado a decisão há alguns dias. Desde então, a sigla atuou para fazê-lo mudar de ideia, sem sucesso.

Argumentos O dirigente do partido disse a Wyllys que seguir com o mandato no Congresso era a melhor maneira de se manter protegido.

Bandeira branca? Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, sondou o líder de seu partido, Arthur Lira (PP-AL), sobre a possibilidade de ele desistir de lançar um bloco contra a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara. Saiu sem sinal de que conseguirá trégua.


TIROTEIO

A decisão mostra que, quando o Estado falha na resposta a ameaça e intimidação, compromete-se a liberdade de expressão

De José Miguel Vivanco, diretor para as Américas da Human Rights Watch, sobre Jean Willys (PSOL-RJ), que abdicou do mandato e se autoexilou