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Por O Globo e agências internacionais — Aragua de Barcelona, Venezuela

RESUMO

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GERADO EM: 14/11/2024 - 16:31

Ativista morre na Venezuela: Violência pós-eleitoral.

Ativista preso durante crise pós-eleitoral na Venezuela morre após negação de atendimento médico. Sofria de diabetes e problemas cardíacos. Pressão popular nas redes sociais não foi suficiente. ONGs denunciam violação dos direitos humanos. Condições desumanas e maus-tratos agravaram sua saúde. Oposição e organizações condenam a morte.

Um ativista do partido Vem Venezuela, da líder da oposição venezuelana María Corina Machado, morreu nesta quinta-feira sob custódia das autoridades. Jesús Martínez Medina, de 36 anos, estava preso desde 29 de julho, um dia após a eleição e no auge da crise que paralisou o país após a proclamação da vitória do presidente Nicolás Maduro sob acusações de fraude. Ele atuou como testemunha eleitoral, os chamados "comanditos", durante a contagem de votos em uma escola no município de Aragua de Barcelona, capital do estado de Anzoátegui.

Segundo organizações de direitos humanos, ele sofria de diabetes tipo II e problemas cardíacos, mas teve o atendimento médico negado — apesar da pressão popular nas redes sociais. A morte de Medina é a primeira de um preso político desde o pleito.

“Hoje Jesús Manuel Martínez Medina, membro de nossa equipe em Aragua de Barcelona, estado de Anzoátegui, morreu nas mãos do regime”, anunciou María Corina em suas redes sociais.

Na sexta-feira passada, o ex-promotor venezuelano Zair Mundaray denunciou que Medina teve o atendimento médico negado pelo regime de Maduro, o que o levou a desenvolver abscessos em uma de suas pernas. Ele foi então enviado ao hospital Luis Razzetti, em Aragua de Barcelona, mas não teve permissão das autoridades penitenciárias para se submeter a um exame de ultrassom. Com a piora do seu estado de saúde, o ativista acabou morrendo.

"Repudiamos a falta do atendimento médico oportuno que Jesús Martínez Medina sofreu durante sua detenção. Ele sofria de diabetes tipo II, que causou abscessos na pele e deficiências cardíacas, condições que foram agravadas durante sua prisão. A falta de atendimento médico adequado é uma violação flagrante dos direitos humanos à saúde e à vida, e um ato de crueldade", afirmou em nota a organização de direitos humanos Justiça, Encontro e Perdão.

Mundaray chamou o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, ligado ao chavismo, de "promotor do terror".

— Ser testemunha de mesa não é um crime. Eles negaram a ele [Medina] todos os seus direitos, inclusive o atendimento médico básico, e o condenaram à morte — denunciou Mundaray. — [Medina] foi perseguido e estigmatizado pelo promotor do horror, Tarek Wiliam Saab, que acrescenta outra vítima à sua longa lista. O juiz que lhe negou transferência [para o hospital] terá que pagar por esse assassinato e o defensor público que não agiu em seu nome também é responsável por essa atrocidade

A presidente da organização de direitos humanos Instituto Casla, a advogada venezuelana Tamara Suju, disse que a condição de Medina foi agravada por maus-tratos sofridos no cárcere e acusou o regime chavista de crime contra a Humanidade.

"Há dias as pessoas estão pedindo nas redes sociais atendimento médico especializado urgente [para Medina], pois ele tinha necrose nas pernas devido a diabetes que sofria, agravada pelos maus-tratos que sofreu, pela falta de assistência médica e pelas condições desumanas da prisão", escreveu Suju em uma publicação no X. "Jesús Manuel Martinez nunca deveria ter sido preso. O regime continua cometendo crimes contra a Humanidade."

Os partidos Justiça Primeiro e Encontro Cidadão, da oposição venezuelana, também condenaram o caso.

“Queremos reiterar a menção ao artigo 43 da Constituição, que o presidente de nosso partido (Delsa Solórzano) fez há alguns dias, referindo-se precisamente ao caso de Jesús: 'O direito à vida é inviolável. Nenhuma lei pode estabelecer a pena de morte, nem nenhuma autoridade pode aplicá-la. O Estado protegerá a vida das pessoas que estão privadas de sua liberdade, prestando serviço militar ou civil, submetidas à sua autoridade de qualquer outra forma'”, disse o Encontro Cidadão.

O Justiça Primeiro acrescentou que "esse jovem estava apenas lutando pelo retorno da democracia no país e morreu injustamente sob a custódia do regime, aumentando a lista de presos políticos que morreram nas mãos do regime e sem ninguém para assumir a responsabilidade".

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