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Por O Globo e agências internacionais — Tel Aviv

RESUMO

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GERADO EM: 20/06/2024 - 17:37

Porta-voz do Exército de Israel critica Hamas e Netanyahu

Porta-voz do Exército de Israel afirma que o Hamas não pode ser destruído, expondo divisões com Netanyahu. Inteligência militar alerta que grupo resistirá, levantando incertezas sobre o futuro de Gaza. EUA criticam comentários de Netanyahu sobre atraso de armas.

Durante meses, relatos sobre as crescentes divisões entre autoridades políticas e militares de Israel e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pareciam indicar que as desavenças sobre os rumos da guerra em Gaza eram cada vez mais comuns nos altos escalões. Nos últimos dias, porém, os desacordos se intensificaram e tornaram-se ainda mais visíveis. Primeiro, o opositor Benny Gantz e o general Gadi Eisenkot — ambos ex-militares vistos como vozes moderadas — abandonaram o Gabinete de guerra criado nos primeiros dias de ofensiva no enclave pelo premier, que acabou dissolvendo a estrutura. Agora, o principal porta-voz das Forças Armadas do país, o contra-almirante Daniel Hagari, contrariou Netanyahu ao afirmar publicamente que o grupo terrorista Hamas não pode ser destruído, ao contrário do que o chefe do governo e seus aliados de extrema direita no Gabinete vêm declarando como objetivo final do conflito e condição para pôr fim à guerra.

Apesar da pressão das ruas e até dos EUA, principal aliado de Israel, que apresentou um plano de paz até agora não aceito pelos dois lados, Netanyahu tem insistido que o país continuará a lutar contra o Hamas, que controla Gaza desde 2007, até que as capacidades militares e de governança do grupo sejam eliminadas. Com a guerra — iniciada em 7 de outubro com um ataque do Hamas que deixou cerca de 1.200 mortos e mais de 240 reféns no sul de Israel — agora no seu nono mês, no entanto, a frustração tem aumentado diante da falta da perspectiva de um fim claro ou de um plano para depois do conflito. Nesse cenário, a fala de Hagari refletiu as crescentes cisões entre o premier e outras lideranças do país e os EUA. O primeiro-ministro tem enfrentado críticas do governo do presidente americano, Joe Biden, pela falta de um plano para o pós-guerra que defina quem preencherá o vácuo de comando em Gaza deixado pela operação militar.

Em entrevista ao Canal 13 de Israel, Hagari sugeriu nesta quarta-feira que pode levar tempo para construir uma alternativa ao Hamas no enclave palestino. O porta-voz do Exército justificou afirmando que o grupo é uma ideologia e um movimento político que já está “plantado nos corações das pessoas”. Na avaliação do militar, não há caminho para enfraquecer o Hamas a longo prazo sem uma alternativa — e a ideia de que é possível destruir o grupo, como apresentada repetidamente por Netanyahu, “é como jogar areia nos olhos das pessoas”.

— O Hamas é uma ideia, um partido. Quem pensa que podemos eliminá-lo está errado — disse Hagari. — Se não trouxermos algo diferente para Gaza, no fim das contas, teremos o Hamas.

A fala provocou uma resposta rápida do escritório do primeiro-ministro, que afirmou, em nota, ter estabelecido a aniquilação do Hamas como um dos objetivos de guerra, e que as Forças Armadas de Israel estavam “obviamente comprometidas com isso”. O Exército, por sua vez, declarou num comunicado que tem trabalhado alinhado com este propósito “ao longo da guerra, dia e noite”, e que continuará assim. A instituição sublinhou que Hagari falou “sobre a destruição do Hamas enquanto ideologia”, e que as palavras do porta-voz foram “claras e explícitas”, de modo que “qualquer outra afirmação seria tirar as coisas de contexto”.

Guerra sem 'vitória absoluta'

As declarações de Hagari apenas ecoam uma avaliação que já vinha sendo feita em diferentes setores de que o Hamas resistirá à devastadora ofensiva de Israel, que já matou mais de 36 mil pessoas e arrasou boa parte do enclave palestino. Em fevereiro, a Inteligência militar israelense enviou um relatório aos líderes do país em que dizia que, ainda que as Forças Armadas conseguissem desmantelar sua força militar organizada, o Hamas permaneceria como “um grupo terrorista e de guerrilha”. Segundo o jornal Times of Israel, o documento elaborado pela divisão de pesquisa da Inteligência Militar do Exército afirmava ainda que “o apoio autêntico” ao Hamas continuará vivo entre os habitantes de Gaza. Sem planos para o dia seguinte à guerra no enclave, alertaram, o território palestino deverá se tornar “uma área em profunda crise”.

De acordo com o Canal 12, o documento foi apresentado ao alto escalão político de Israel após ter sido discutido por oficiais superiores das Forças Armadas, além de funcionários do Shin Bet, a agência de inteligência interna israelense, e membros do Conselho de Segurança Nacional. A conclusão apresentada na ocasião foi a mesma da anunciada por Hagari nesta semana: a de que o Hamas deverá sobreviver à guerra como um “grupo de guerrilha” — e que o fim da guerra, considerando os termos exigidos por Netanyahu, deverá ocorrer sem uma “vitória absoluta”.

Desde o início da guerra, pontuou o Times of Israel, o chefe do Exército, Herzi Halevi, falou em “desmantelar” o Hamas – e não “erradicar”. O termo implicitamente reconhece que mesmo uma guerra prolongada não será capaz de destruir todas as ameaças militares e terroristas na Faixa de Gaza.

Meses após essas declarações, os comentários de Hagari feitos nesta semana revelam a preocupação dos líderes militares de Israel com a possibilidade de que a responsabilização pela administração de Gaza, que tem 2,3 milhões de habitantes, recaia sobre eles. É o que disse ao New York Times Amir Avivi, um general de brigada israelense reformado que preside um fórum de ex-oficiais de segurança de linha-dura. Para ele, administrar Gaza é “a última coisa” que os militares desejam. No momento, avaliou, alguns dos principais militares acreditam que os maiores objetivos da guerra foram alcançados — e agora buscam poder focar nas crescentes tensões com o Hezbollah, movimento xiita libanês, na fronteira norte do país.

Acúmulo de divergências

Quando Gantz, o líder da oposição em Israel, anunciou sua saída do Gabinete de guerra, ele acusou Netanyahu de “evitar” uma vitória sobre o Hamas. No mês passado, ele disse que deixaria a estrutura caso o governo do premier não apresentasse um plano para a guerra nas semanas seguintes. Sem retorno sobre o assunto, ele citou frustrações com a forma como o primeiro-ministro conduz o conflito e disse que, “após oito meses de ofensivas, é necessário olhar para frente”. O esforço de guerra no enclave, que inicialmente contou com amplo apoio público, agora tem sofrido rupturas dentro e fora do Estado judeu. Nesta quinta-feira, milhares de manifestantes exigiram a renúncia de Netanyahu em frente a sua casa em Jerusalém. Muitos no país culpam o premier por ainda não ter sido assinado um acordo de paz com o Hamas que permita a libertação dos cerca de 100 reféns qe se presumem ainda estar vivos no enclave.

A política de Netanyahu tem sido criticada mesmo por aliados como os Estados Unidos. Após o premier afirmar, nesta terça-feira, que Washington tem retido armas — e sugerir que isso estava atrasando a ofensiva israelense na cidade de Rafah, no sul de Gaza — a Casa Branca classificou o comentário do israelense como “profundamente decepcionante e certamente ofensivo”. O governo Biden atrasou a entrega de algumas bombas pesadas desde maio devido a preocupações com a morte de civis no enclave. Ao mesmo tempo, o governo do democrata buscou evitar qualquer sugestão de que as forças israelenses cruzaram uma “linha vermelha” na invasão de Gaza, algo que desencadearia uma proibição mais ampla de transferências de armas.

— Estes comentários foram profundamente decepcionantes e certamente ofensivos, devido ao apoio que fornecemos e continuaremos a fornecer — disse nesta quinta-feira o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby. — Nenhum outro país faz mais para ajudar Israel a defender-se da ameaça do Hamas e de outras ameaças regionais.

Na sequência, Netanyahu afirmou que o Exército precisa das armas dos Estados Unidos na guerra que trava “por sua existência”. O premier disse, em comunicado, estar “disposto a sofrer ataques pessoais desde que Israel receba dos EUA os equipamentos de que precisa”. (Com AFP e New York Times)

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