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Por O Globo com agências internacionais — Moscou

Alexei Navalny, principal opositor do presidente russo Vladimir Putin, morreu aos 47 anos na prisão, anunciou o Serviço Penitenciário Federal nesta sexta-feira. Em comunicado, o órgão afirmou que Navalny “sentiu-se mal após uma caminhada, perdendo quase imediatamente a consciência”. Médicos da instituição teriam sido chamados, e “todas as medidas de reanimação necessárias foram realizadas, mas não tiveram resultados positivos”. O órgão afirmou que as causas da morte estão sendo investigadas. Já a porta-voz de Navalny, Kira Yarmysh declarou que ainda não tem “nenhuma confirmação” sobre sua morte.

O advogado do opositor está a caminho da prisão para buscar mais informações sobre o ocorrido, continuou Yarmysh. Antigo chefe de gabinete de Navalny, Leonid Volkov disse que não tem motivos para acreditar nas notícias sobre a morte, classificando o anúncio como “propaganda estatal”.

“Se for verdade, então não é ‘Navalny morreu’, mas ‘Putin matou Navalny’”, escreveu no X (Twitter).

Já o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, disse que Putin foi informado sobre a morte, mas que “caberá aos médicos” a definição sobre a causa.

Em janeiro, Navalny havia aparecido em imagens pela primeira vez desde que foi transferido para uma colônia penal em Kharp, no Ártico russo, em dezembro. Sua equipe tinha ficado três semanas sem receber notícias sobre o opositor, e pouco se sabia sobre seu estado de saúde.

Há pouco mais de um mês, Navalny participou de uma audiência da Suprema Corte que avaliava suas queixas sobre as condições de sua prisão na Sibéria. Ele afirmou, na ocasião, que era submetido a temperaturas “congelantes”, que chegavam a 32 graus negativos.

— A cela de punição costuma ser um lugar muito frio. Você sabe por que as pessoas escolhem um jornal lá (um dos itens que podem receber na cela)? Para se cobrirem. Com o jornal, posso dizer a vocês, juízes, fica muito mais quente para dormir. Você precisa de um jornal para não congelar — disse ele, acrescentando uma queixa sobre o limite de tempo para fazer as refeições. — É impossível comer em 10 minutos. Se você comer todos os dias em 10 minutos, [fazer] as refeições se torna um processo bastante complexo — ressaltou.

Apesar das queixas, Navalny parecia estar de bom humor. Ele chegou a brincar, durante a audiência, dizendo que ainda não havia recebido nenhuma correspondência de Natal por estar “muito longe”. A poucos meses da eleição presidencial no país, que acontece mês que vem, o opositor foi levado para a colônia penal número 3. Na ocasião, disse estar “bem”. A viagem até a nova prisão durou 20 dias e foi “bastante cansativa”, disse ele nas redes sociais, as quais continuou usando por meio de sua equipe. Até o início de dezembro, Navalny estava detido a 250 km de Moscou.

Navalny, um ativista anticorrupção e um dos principais adversários políticos de Putin, cumpria pena de 19 anos de prisão por "extremismo". Ele foi detido em janeiro de 2021 ao retornar à Rússia, depois de se recuperar na Alemanha de um envenenamento que, segundo ele, foi planejado pelo Kremlin.

Cadeia para 'penas perpétuas'

De acordo com o veredicto, o opositor teria de cumprir a pena em uma colônia de "regime especial". Nessa categoria, a mais grave na Rússia — e normalmente destinada aos condenados à prisão perpétua ou aos detentos mais perigosos —, as condições são muito duras.

“As condições lá são duras, com um regime especial na zona de permafrost” e muito pouco contato com o mundo exterior, disse um dos principais colaboradores de Navalny, Ivan Jdanov.

O permafrost é uma camada do subsolo da crosta terrestre que está permanentemente congelada.

"Desde o início, ficou claro que as autoridades queriam isolar Alexei, especialmente antes da eleição presidencial" [março deste ano], acrescentou.

Navalny fez seu nome ao expor a corrupção oficial, rotulando a Rússia Unida, legenda de Putin, como “o partido dos vigaristas e ladrões”. Em 2006, começou a escrever um blog sobre corrupção focado nas grandes corporações que comandavam a economia russa. Em vez de se basear em denúncias anônimas, utilizou uma estratégia pouco usual: investiu 300 mil rublos (o equivalente na época a R$ 21 mil) em ações de empresas do setor petrolífero. Assim, pressionava pela liberação dos números das operações e tinha acesso a informações que usaria em suas postagens.

Em 2011, foi um dos responsáveis pelos protestos que questionavam a lisura das eleições legislativas daquele ano. Chegou a ser preso e foi liberado logo depois, mas sacramentou seu papel na oposição. Dois anos depois, Navalny concorreu à prefeitura de Moscou contra o aliado de Putin, Sergey Sobyanin. Com uma campanha baseada na militância, recebeu 27% dos votos.

Ele foi condenado, em 2013, a cinco anos de prisão por desvio de verbas públicas, mas a sentença foi suspensa pelas autoridades, e ele teria de se apresentar regularmente à Justiça. No ano seguinte, foi acusado de fraude e colocado em prisão domiciliar por dez meses. No julgamento, foi condenado a três anos e meio de prisão, sentença também suspensa que voltaria a assombrá-lo no futuro.

Em 2016, anunciou que seria candidato à Presidência, mas acabou vetado — afinal, suas denúncias de corrupção já eram motivo de incômodo no Kremlin. Por meio de suas redes sociais, apontou desmandos de funcionários do alto escalão, como o chefe da Guarda Nacional Russa e ex-guarda-costas de Putin, Viktor Zolotov, acusado de desviar milhões de rublos destinados à alimentação das tropas para os próprios bolsos. Em resposta, Zolotov desafiou Navalny para um duelo.

Em agosto de 2020, durante uma viagem à Sibéria, Navalny se sentiu mal durante um voo e foi hospitalizado em estado grave em Omsk, sob suspeita de envenenamento, um ato creditado ao Kremlin. Depois de alguma negociação, ele foi enviado para a Alemanha, onde passou por um longo tratamento. O advogado tinha a opção de se tornar um líder da oposição no exterior — Alemanha e França chegaram a oferecer asilo —, mas preferiu voltar à Rússia, mesmo sabendo que poderia perder a liberdade. Ao pousar em Moscou, foi imediatamente preso, acusado de violar as regras da condicional relativa ao processo em que foi condenado em 2014.

Com a morte do opositor, e repressão intensa a qualquer voz crítica, Putin aspira sem problemas a um novo mandato de seis anos na Presidência da Rússia nas eleições do mês que vem.

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