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Por Renato Vasconcelos e Eliane Oliveira — São Paulo e Brasília

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, culpou o Ocidente pela guerra na Ucrânia e agradeceu aos países aliados pela tentativa de achar uma saída "justa e pacífica" para o conflito, durante a reunião de cúpula do Brics, nesta quarta-feira, em Johannesburgo, na África do Sul. Putin participou do encontro por videoconferência, a partir de Moscou, e enviou seu ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, como representante no evento.

— Alguns países promovem sua excepcionalidade hegemônica e suas políticas de colonialismo e neocolonialismo vigentes. Eu gostaria de apontar que a aspiração em preservar essa hegemonia no mundo provocou a profunda crise na Ucrânia, primeiramente pelo apoio do Ocidente a um golpe de Estado inconstitucional — disse Putin, em um raro e detalhado pronunciamento sobre as origens do conflito, referindo-se à Revolução Maidan, de 2014, que derrubou o governo do ex-presidente Viktor Yanukovich, considerado pró-Rússia.

Ainda de acordo com o presidente russo, que detalhou o reiterado posicionamento do Kremlin sobre o que classifica como uma "operação militar especial" na Ucrânia, foi a interferência ocidental para a queda de Yanukovich que expôs populações russófilas a uma violência em massa no país do Leste Europeu.

Discurso de Putin é transmitido à Cúpula do Brics, em Johannesburgo — Foto: Alet Pretorius/AFP
Discurso de Putin é transmitido à Cúpula do Brics, em Johannesburgo — Foto: Alet Pretorius/AFP

— As pessoas que não concordaram com esse golpe de Estado, tiveram de encararam uma guerra. Uma guerra que foi lançada contra elas, uma guerra de atrito, que durou 8 anos. A Rússia decidiu apoiar pessoas que lutam por sua cultura, suas tradições, sua língua e seu futuro — disse Putin.

Embora o discurso tenha sido quase uma retomada dos pontos destacados por autoridades de Moscou no último ano, o líder russo abordou o que parece ser o objetivo da Rússia no conflito: direcionado ao Donbas.

— Nossas ações na Ucrânia são lideradas por apenas uma coisa: colocar um fim na guerra que foi desencadeada pelo Ocidente contra pessoas em Donbas — afirmou.

Horas após o discurso de Putin na cúpula do Brics, o Departamento de Estado americano publicou um vídeo institucional no qual o secretário Antony Blinken condena os nove anos da invasão russa à Crimeia — resposta de Moscou à Revolução Maidan em 2014.

"Durante 9 anos, a Rússia ocupou a Crimeia e sujeitou os seus residentes a uma campanha de brutalização e repressão. Mas o povo da Ucrânia não recuou, nem mesmo depois da invasão ilegal e horrível do Kremlin. A Crimeia é a Ucrânia. A agressão da Rússia tem de acabar", diz a mensagem que acompanhou a publicação nas redes sociais.

Guerra em pauta

Embora o fortalecimento de uma ordem multipolar descolada do G7 e a expansão do Brics sejam os temas de maior expectativa neste encontro do bloco emergente, a guerra na Ucrânia ocupou certo espaço nas declarações ao público desta quarta-feira. O presidente Lula não citou a Rússia diretamente, mas pediu atenção ao conflito e uma solução rápida, para poupar os mais vulneráveis.

— Todos sofrem com as consequências da guerra. As populações mais vulneráveis sofrem ainda mais. A guerra na Ucrânia evidencia as limitações do Conselho de Segurança da ONU. Não podemos nos furtar a tratar o principal conflito da atualidade — afirmou. — O Brasil tem uma posição importante sobre a soberania dos países e não ficamos indiferentes as mortes. Queremos nos juntar aos esforços por uma paz justa e duradoura. A busca pela paz é um dever coletivo e um imperativo para um desenvolvimento justo e sustentável.

Putin agradeceu aos países aliados do Brics que tentam intermediar uma resolução pacífica para o conflito (como é o caso do Brasil, que desde a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem se posicionando internacionalmente por uma saída dialogada).

— Nós agradecemos nossos colegas do Brics que tomam parte ativa nas tentativas de colocar um fim nesta situação com uma resolução por meios pacíficos — completou.

O presidente russo não esteve presente na África do Sul por uma consequência direta da guerra. Alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por supostos crimes relacionados ao contexto ucraniano, o presidente russo corria o risco de ser preso ao pisar no país africano, signatário do TPI.

Após negociações com o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, Putin resolveu acompanhar o encontro à distância, em Moscou.

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