Marcelo Barreto
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Marcelo Barreto
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Marcelo Barreto

O “Redação Sportv”, programa que tenho a honra de apresentar, completou 20 anos na última quarta-feira. Foi uma semana de homenagens, cercada de carinho. As manifestações de telespectadores e ex-companheiros de bancada me emocionaram especialmente quando não se referiam à qualidade do material que levamos ao ar, mas a um envolvimento afetivo com o “Redaça”, como chamamos nosso produto nos bastidores. É um sentimento muito recompensador, ainda mais porque não existem técnicas para atingir esse objetivo nem métricas para mensurá-lo. Só nos resta agradecer e — como me disse o editor de fotografia Paulo Marcos assim que apertei o botão que fechou a primeira edição do Diário LANCE! — fazer tudo de novo todo dia.

E era justamente nesse compromisso diário que eu pensava cada vez que exibíamos uma edição com momentos marcantes do programa: a cada participação especial de atletas, jornalistas, artistas, celebridades, lá estávamos nós, apresentadores e comentaristas, tentando escapar de emitir aquela velha opinião formada sobre tudo. Não é fácil, seja no espaço semanal desta coluna ou nas duas horas e meia de segunda a sexta do “Redação”. “Vocês reclamam que a gente dá sempre as mesmas respostas, né?”, questionou Bill, atacante que deixou poucas memórias no Botafogo, depois de um treino qualquer no já esquecido Caio Martins. E completou, dirigindo-se a vocês da imprensa: “Mas as perguntas também são sempre iguais”. Ele tinha um ponto. Poderíamos contra-argumentar que desde 1863, quando foram estabelecidas as regras do jogo, o futebol continua tendo 11 jogadores de cada lado, uma bola e dois gols por onde ela deve passar, mas não seria intelectualmente honesto. Para defender o jornalismo esportivo, o mais correto seria dizer que nossa profissão vive tentando se equilibrar entre a repetição do dia a dia e as mudanças que vêm com o tempo.

Repeti muitas vezes, na bancada do “Redação”, que o esporte é um espelho da sociedade. Hoje, penso que há problemas que o esporte pode resolver antes da sociedade, como o combate à violência nos estádios. Sobre esse tema, também mudei um ponto de vista importante: não digo mais que os brigões de arquibancada não são torcedores. Primeiro, porque não me cabe emitir certificados de autenticidade de torcedor; segundo, porque com o tempo percebi que essa visão leva à falsa simplificação de um problema complexo. E por aí vai. Cada vez que me via numa edição de momentos marcantes, me vinha a certeza de que tinha mais cabelo e a quase certeza de que pensava diferente naquela época.

E há, claro, outro desafio: o esporte, em especial o futebol, não muda no ritmo das críticas do jornalismo esportivo. Enquanto escrevo esta coluna, vejo a bola rolar pelos gramados impecáveis da Eurocopa, enquanto espero os times depauperados pela Copa América entrarem em campo para confrontos que podem mudar o equilíbrio competitivo do Campeonato Brasileiro. Não é um problema novo, e não é por falta de aviso que se repete. Se tem uma coisa que os 20 anos de “Redação” me ensinaram foi celebrar os pequenos passos sabendo que ainda há um longo caminho a percorrer. Como dizia João Saldanha, que ocupou este espaço com brilho incomparavelmente maior, é vida que segue

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