Marcelo Barreto
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GERADO EM: 23/06/2024 - 03:30

Desafios antes das Olimpíadas de Paris

Um mês antes dos Jogos Olímpicos de Paris, a derrota do Brasil para o Japão no vôlei feminino destaca a difícil trajetória e os desafios dos atletas brasileiros. A expectativa de medalhas é alta, mas a superação de obstáculos é fundamental.

Que ia ser 3 a 2, eu já sabia. Só não imaginava, quando liguei a televisão na manhã de ontem para ver Brasil x Japão pelas semifinais da Liga das Nações feminina de vôlei, que o placar ia mudar de lado. Nos últimos confrontos, sempre em cinco sets, era a seleção brasileira quem levava a melhor. E depois de uma — inesperada, é verdade — sequência invicta de 12 jogos na competição, era justo pensar que o resultado se repetisse. Em quadra, a paciência infinita das japonesas era a mesma de sempre, a sucessão de ralis que pareciam intermináveis também. Mas o ponto final, no tie break, foi para o lado errado. Japão na final, Brasil eliminado.

Fiz, então, o que costumo fazer quando me frustro como torcedor: desliguei a televisão assim que a bola tocou o chão. Não é o mais recomendado do ponto de vista jornalístico, reconheço. Ouvir os comentários — ainda mais quando é Fabi Alvim que está na transmissão — e as entrevistas é importante para entender com a cabeça o que se viu com o coração. Mas fica tudo lá, no Globoplay, no ge.globo, e dá para recuperar depois. No momento da derrota, conceito que me fascina a ponto de ter se tornado o tema da minha dissertação de mestrado, prefiro ficar sozinho com meus pensamentos. Não necessariamente para aprender com ela, como pregam os teóricos e práticos da motivação no esporte, mas para ouvir se ela tem algo a me dizer.

Ontem, o que ouvi ia além do vôlei e se espalhava para todos os esportes olímpicos — talvez influenciado pelo fato de que esta semana participei do evento em que a Globo comunicou à imprensa os planos de cobertura dos Jogos. Lá, respondi a algumas perguntas sobre a expectativa do desempenho do Brasil, e peguei carona com meu companheiro Guilherme Costa, que faz as previsões de medalha em suas participações no “Ça Va, Paris”: o Gui acredita em 22 no total, quebrando mais uma vez o recorde, mas sem atingir o número de ouros de Tóquio.

Essa confiança se baseia em fatos: o Brasil tem cada vez mais atletas dominantes em suas modalidades, como Isaquias Queiroz na canoagem e Ana Marcela Cunha nas águas abertas; e outros que vêm se destacando em esportes que ainda não nos deram medalhas olímpicas, como Marcus d’Almeida no tiro com arco e Hugo Calderano no tênis de mesa. Mas o último ponto do Japão, ontem, serviu para lembrar que o talento e a dedicação dos nossos atletas podem não ser suficientes para superar os obstáculos e derrubar os adversários que aparecem no caminho.

Falta pouco mais de um mês para nos transformarmos, como ocorre a cada quatro anos, em especialistas em todos os esportes. Por três semanas, sem tirar os olhos do futebol — porque não é qualquer evento que para um Campeonato Brasileiro! —, vamos discutir a nota que os juízes deram a uma onda do Gabriel Medina e questionar se um golpe sofrido por um judoca brasileiro valeu mesmo um ippon. E estaremos todos no nosso direito de torcedor. Só não podemos, como nos ensinou uma após outra defesa impossível das japonesas no jogo de ontem, perder de vista como é difícil a trajetória de cada compatriota que vai nos representar em Paris.

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