CBF adia jogos do Brasileirão para fazer caber calendário espremido por competições regionais

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O motivo é simples: a quantidade de torneios da CBF não cabe dentro de um calendário que não vai sequer parar durante a Copa América — os convocados para as suas seleções perderão até nove rodadas do Brasileiro, por exemplo—, mas paralisa durante as datas Fifa (quatro no ano). E ainda precisa casar com as tabelas das competições da Conmebol, que, este ano, só foram divulgadas em março.

Com 16 datas para os estaduais, que só terminaram em meados de abril, as demais competições regionais da CBF se afunilaram com a presença de times que estão na Série A, na Copa do Brasil e na Sul-Americana. A entidade precisou mexer nos torneios que organiza para comportar os jogos das fases finais da Copa do Nordeste e da Copa Verde.

2ª rodada: Cuiabá x Vitória

Motivo: Na mesma data do jogo do Brasileiro, dia 17/4, estava marcado o primeiro jogo semifinal da Copa Verde entre Cuiabá e Vila Nova (perdeu por 2 a 0 para o time goiano).

3ª rodada: Criciúma x Fortaleza

Motivo: Na mesma data do jogo do Brasileiro, no último domingo (21/4), estava marcado o jogo das quartas de final da Copa do Nordeste entre Fortaleza e Altos/PI (venceu por 5 a 0 e se classificou às semifinais).

6ª rodada: Criciúma x Cuiabá

Motivo: No dia 11/5, está marcado o jogo de volta da semifinal entre Cuiabá e Vila Nova.

8ª rodada: Bahia x Fortaleza

Motivo: Os dois times disputam as semifinais da Copa do Nordeste contra CRB e Sport, respectivamente, no dia 26/5. Inicialmente, as partidas seriam disputadas nesta quarta-feira, mas o Fortaleza tem compromisso pela Sul-Americana contra o Boca Juniors, nesta quinta-feira.

Na tabela do Brasileiro, os jogos ainda estão com datas a definir. A CBF também ainda não confirmou os dias da final da Copa Verde, na qual o Cuiabá, que joga a semifinal com o Vila Nova, pode estar presente. O time cuiabano também disputa a Sul-Americana.

A CBF poderia utilizar a Data Fifa de junho — 3 a 11 — para alocar as partidas. No período, as outras competições nacionais estarão paralisadas. Porém, a entidade já marcou as finais da Copa do Nordeste para os dias 5 e 9 de junho, e elas podem ser disputadas por Bahia e Fortaleza, cujo confronto pelo Brasileirão pela oitava rodada, no fim de semana do dia 26 de maio, foi adiado. Nesta data, os times nordestinos vão jogar as semifinais do torneio regional contra CRB e Sport.

Ainda haverá outras três datas Fifa ao longo do segundo semestre, únicos períodos livres para que a CBF possa mexer na tabela. A entidade não respondeu aos questionamentos até o fechamento da edição.

Por causa do calendário espremido, Bahia e Fortaleza vão disputar três competições diferentes no período de uma semana em maio: Brasileirão, Copa do Brasil (terceira fase) e Copa do Nordeste. Os técnicos dos dois clubes criticaram a falta de organização prévia.

—Já é uma coisa bem assustadora para o futebol brasileiro, a três dias de um jogo, não termos definição (até o dia 21/4, o Bahia não sabia quando seriam as semifinais da Copa do Nordeste). Que seja encaixado em uma data que não esprema a gente no futuro. Todo mundo quer enfiar o jogo na hora que quer — disse Ceni.

Juan Pablo Vojvoda, do Fortaleza, reclamou de ter que disputar quatro competições simultaneamente.

—Para ser sincero, Sul-Americana, Brasileirão e Copa do Brasil estão em nossa cabeça. Os Estaduais fecharam, e fica ainda a Copa do Nordeste, essa Copa fica colocada em uma situação que temos que resolver. Tem que aceitar, tem que planejar, mas todos os times agora vão jogar o Brasileirão e nós não vamos jogar o Brasileirão. Isso dificulta — afirmou.

O presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, contemporizou o problema como sendo questão apenas da CBF. Relembrou que a tabela nacional depende do calendário da Conmebol, mas admitiu o quanto a falta de planejamento prejudica os clubes.

—São vários complicadores. Para os clubes, é extremamente difícil. No caso do Fortaleza, estamos disputando simultaneamente quatro competições. Cada uma tem um modelo, competição que tem VAR, outra não tem. A logística é mais próxima em uma, na outra é mais distante. Em algumas, recebemos apoio logístico, em outras pagamos. A bola de cada competição é diferente. Então você imagina a complexidade de lidar com tudo isso e ter que performar? — questiona o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz.

— Sabemos que a logística interfere no resultado de campo. São viagens mais longas ou mais curtas, mais tempo de espera em aeroporto... Não é só disputar, só estar no jogo, não é só se preparar, é performar, é vencer os adversários também dentro de toda essa dificuldade de agendas que não ficam pré-definidas