Futebol
PUBLICIDADE

O Bahia tem uma missão difícil neste domingo diante do Vitória, às 16h, na Fonte Nova. Após perder de virada no Barradão, por 3 a 2, a equipe de Rogério Ceni precisa vencer por dois gols de diferença para levar o título baiano em cima do maior rival — em caso de triunfo por um gol, a decisão será nos pênaltis; o empate é do rival. O troféu viria a coroar o primeiro ano da SAF do clube, que foi adquirido pelo Grupo City em maio do ano passado, com o objetivo de tornar o tricolor uma potência no país por meio de investimentos prometidos no valor de R$ 1 bilhão.

O sucesso dentro das quatro linhas é o sonho da maior torcida da Bahia, mas não está, necessariamente, entre os interesses principais do grupo que detém 90% do clube num contrato de 90 anos. O conglomerado, que tornou o Manchester City o maior ativo do futebol mundial e hoje detém 12 clubes (e parceria com o Bolívar-BOL) em quase todos os continentes do planeta, serve de vitrine para a diplomacia política e econômica de Abu Dhabi, o principal emirado dos Emirados Árabes Unidos.

Por trás dos milhões investidos no Bahia, que pagou R$ 24 milhões por Jean Lucas, na maior contratação de um clube nordestino, há bilhões de reais de dinheiro árabe investidos na região.

— Todos os clubes desta rede fazem parte da política de Abu Dhabi e contribuem para facilitar acordos comerciais. Estas aquisições ou investimentos no capital dos clubes geralmente são acompanhados de uma política de investimentos que, em alguns aspectos, pode ser considerada filantrópica — diz o pesquisador francês Raphäel Le Magoariec, analista de esportes e geopolítica.

Pouco antes da oficialização da compra do Bahia, negociação iniciada em 2022, a Acelen anunciou investimento de R$ 12 bilhões na produção de biocombustíveis na próxima década no estado. Antes disso, a empresa que gere a Refinaria de Mataripe, vendida pela Petrobras em 2021 por 1,6 bilhão de dólares, firmou patrocínio com o tricolor baiano e seu rival, Vitória.

Mas o que futebol e a indústria petroquímica têm a ver. Para a família Al Nahyan, tudo. Tanto o Grupo City quanto a Acelen, um dos ativos da Mubadala (fundo de investimento estatal de Abu Dhabi), pertencem aos irmãos Mohammed e Mansour bin Zayed, presidente e vice dos Emirados Árabes. E ambos são gerenciados por Khaldoon Al-Mubarak, colaborador próximo de MbZ, como é conhecido o emir.

Enquanto o braço esportivo adquiriu Everton Ribeiro, este ano, o fundo de investimento comprou faculdades de medicina e aportou milhões em capacitação de mão de obra no Senai de olho em seus negócios presentes e futuros.

Ambos estreitam relações com o governo estadual e municipal, mesmo sob ideologias políticas opostas. A prefeitura de Salvador, por exemplo, tem parceria com o grupo para promover o esporte em áreas carentes para crianças e adolescentes. E também já se colocou à disposição para encontrar um terreno na capital que comporte o projeto do novo Centro de Treinamento do Bahia. Além de oferecer incentivos fiscais ao grupo.

O futebol abrindo portas para negócios dos mais variados do grupo também tem seus impactos ao redor do mundo. Manchester, por exemplo, que abriga a principal vitrine da holding, vem tendo a geografia imobiliária moldada pelos acordos comerciais.

— O investimento de Abu Dhabi no clube de Manchester resultou em investimentos significativos em projetos imobiliários locais. No entanto, grande parte desse dinheiro está sendo gasto na construção de imóveis de alto valor, o que críticos afirmam estar inflacionando os valores de aluguel e deslocando membros mais pobres da comunidade do centro da cidade — explica Simon Chadwick, professor de Esportes e Geopolítica Econômica na SKEMA Business School.

As conexões com o Yokohama, no Japão, ajudaram a formar a base para relacionamentos comerciais com a Nissan. A aquisição do Sichuan, de Chengdu, na China, criou uma oportunidade para a Etihad Airlines estabelecer um novo hub de companhias aéreas no leste asiático na cidade.

— Em termos simples, é um caso de ganhar partidas de futebol, ganhar dinheiro e exercer influência política por todos os meios necessários. Os clubes e as partidas de futebol oferecem benefícios econômicos para cidades e estados — os torcedores gastam dinheiro em cafés e bares, turistas vêm visitar, dinheiro de parceiros comerciais pode beneficiar uma área local. No entanto, também existem custos econômicos, incluindo o tipo de desigualdades sociais que estamos vendo agora no mercado imobiliário local de Manchester.

Mais recente Próxima Maior ídolo do Flamengo, Zico ajudou Nova Iguaçu a conseguir seu atual terreno; entenda
Mais do Globo

Aliados de Ciro Gomes no PDT declararam apoio a André Fernandes contra petista Evandro Leitão

Apoio de ala do PDT a candidato de Bolsonaro em Fortaleza aprofunda racha no partido e gera incômodo no PT

Quase 160 mil migrantes desembarcaram nas costas italianas no ano passado, contra 105 mil no ano anterior, de acordo com dados do Ministério do Interior

Em iniciativa inédita na Europa, Itália envia imigrantes ilegais para a Albânia; entenda

'Beatles' 64' estreia no streaming no dia 29 de novembro

Documentário produzido por Martin Scorsese mostra bastidores de turnê dos Beatles nos EUA, com imagens inéditas

Versão australiana da publicação "Rolling Stone" destacou a última edição do evento

Após edição de 40 anos, Rock in Rio é definido como o 'Super Bowl' dos festivais

Roberto Cláudio publicou nota afirmando que apoiar o PT seria endossar 'fórmula que já se provou fracassada'; internautas resgataram questionamentos de André Fernandes contra pedetista em 2020

Ex-prefeito de Fortaleza declara 'voto útil' em bolsonarista, e seguidores resgatam atritos durante a pandemia

Rede social pede remoção apenas de conteúdo específico ou definição de prazo máximo para medida

X recorre de decisão de Moraes que suspendeu conta de Allan dos Santos

Paulistanos mudaram suas rotinas para se adaptar à falta de luz - e, em alguns casos, de água - desde o temporal da última sexta-feira; 430 mil clientes permanecem sem energia elétrica

Banho de caneca e filho sem aula: o drama do apagão na vida dos paulistanos