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Por , Em The New York Times — Nova York

RESUMO

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GERADO EM: 21/06/2024 - 04:31

Fascismo e autoritarismo em 'The Boys'

A série 'The Boys' imagina a chegada do fascismo nos EUA, com a quarta temporada trazendo paralelos com a política atual e o ex-presidente Donald Trump. O líder dos super-heróis, Homelander, busca transformar o país e planeja o colapso da democracia americana. A trama aborda temas de autoritarismo, extremismo de direita e o poder dos superpoderes na sociedade.

Como seria o fascismo na América? Uma citação há muito atribuída erroneamente a Sinclair Lewis diz que ele viria “embrulhado na bandeira e carregando uma cruz”. O comediante George Carlin disse que não viria “com botas de cano alto”, mas sim usando “tênis Nike e camisas sorridentes”. Já “The Boys”, a sátira distópica e sangrenta de super-heróis do Amazon Prime Video, tem outra proposta: o fascismo seria bonito, de queixo saliente, loiro, usaria capa e dispararia lasers pelos olhos.

Homelander (Antony Starr) é o líder niilista e popular dos Sete, uma liga de super-heróis com fins lucrativos. O grupo foi criado por meio de bioengenharia e injeções de drogas pela Vought, uma corporação fundada por um cientista nazista. Para o público, ele é a personificação da virtude nacional. Nos bastidores, é um valentão, assassino, estuprador – e, a partir da nova temporada, possivelmente o senhor supremo da América.

Na América do mundo Bizarro apresentada em “The Boys”, combater o crime é um trabalho secundário dos “supers”. Eles são uma propriedade intelectual corporativa valiosa, lançam produtos, estrelam filmes e reality shows e emprestam suas imagens para shows de marionetes e concursos em feiras do interior. Eles são as maiores celebridades do mundo, aparecendo em outdoors e onipresentes nas plataformas de mídia da Vought, o que aos Sete um poder maior do que qualquer supervelocidade ou visão de calor.

Mas no início da série, Homelander é limitado pela política (o governo resiste em usar super-heróis nas forças armadas) e pela sua profunda necessidade de amor e aprovação. O poder gera suspeita e a Vought monitora os índices de aprovação dos Sete, se protegendo contra reações adversas. Homelander pode ser invencível, mas ainda precisa responder às corporações.

Ao longo da série, no entanto, seu desprezo pelos humanos comuns (aos quais ele se refere como “baratas” e “brinquedos para nossa diversão) o leva a extremos. Ele encontra uma aliada e amante em Stormfront (Aya Cash), uma super nazista que o encoraja a aflorar seu lado Übermensch. Após um discurso improvisado ao vivo na TV (“Eu não sou como o resto de vocês. Eu sou mais forte. Eu sou mais inteligente. Sou melhor), seus índices de aprovação disparam. Esse cara pode não ser politicamente correto, decide sua base, mas ele fala as coisas como são!

Na 4ª temporada, que começou na semana passada, Homelander subjugou seus rivais e assumiu o controle efetivo de Vought. Mas não é suficiente. Com ambições de transformar o país em “algo melhor, mais puro, limpo”, ele convoca outra super, uma gênio de Detroit chamada Irmã Sage (Susan Heyward), para traçar um plano para o colapso da democracia americana. Vai ser brincadeira de criança, ela diz. “As próprias pessoas vão destruir tudo. Basta cutucar um pouco. Então você chega.”

“The Boys” não é discreto em seus paralelos com a política atual e com o ex-presidente Donald Trump em particular. A nova temporada começa na noite de uma eleição presidencial, com a trama se construindo em torno da confirmação, em 6 de janeiro. Homelander está sendo julgado por assassinar um manifestante anti-supe e pede ajuda contra “seu oponente mais difícil: nosso sistema jurídico corrupto”. Seus seguidores acusam os críticos dele de pedofilia. O julgamento atrai manifestações que se tornam violentas e ele diz aos seus apoiadores: “Vocês são todos pessoas muito especiais”.

Depois do 11 de Setembro, séries como “24” e “Homeland” discutiram a ameaça do terrorismo e a moralidade da resposta a ele. “The Boys”, originalmente, foi uma série de quadrinhos de Garth Ennis e Darick Robertson sore a Guerra ao Terror da era Bush. Na adaptação para a TV, o produtor-executivo Eric Kripke reformulou seus temas para a era da extrema-direita.

Mesmo em uma época polarizada, as pessoas tendem a concordar que os nazistas são podres. Mas quanto ao impulso fascista e onde ele se encontra hoje... aí é mais complicado. “The Boys” às vezes explora e outras vezes simplesmente incorpora a ironia de que as histórias de super-heróis muitas vezes atendem às mesmas fantasias dos movimentos autoritários: uma mão forte para proteger de predadores, justiça de rua rápida e extrajudicial, líderes poderosos que podem agir por conta própria; a emoção de ver um inimigo destruído.

Antony Starr como Homelander — Foto: Amazon Studios/Divulgação
Antony Starr como Homelander — Foto: Amazon Studios/Divulgação

Esses sentimentos podem ser vistos em extremistas de direita que fetichizam o personagem e a insígnia do crânio do Justiceiro, da Marvel. O personagem é um vigilante no estilo Dirty Harry, criado na década de 1970 e interpretado por Jon Bernthal na Netflix. Alan Moore, autor da sátira “Watchmen”, chamou o fascínio pelos filmes de super-heróis de “um precursor do fascismo”. O próprio “Watchmen” brincou com o fascínio perigoso do superpoder, através dos personagens Rorschach, do supergênio Ozymandias, e do quase divino Dr. Manhattan.

“Watchmen” foi recriado para a TV, em 2019, por Damon Lindelof (“Lost”, “The Leftovers”), estendendo e complicando a história. Lindelof imagina Robert Redford como sucessor de Nixon, instituindo um regime de controle de armas e reparações raciais que leva ao surgimento de terroristas racistas que usam máscaras de Rorschach.

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