Guilherme & Benuto

Pode parecer clichê, mas a década de existência do trio Villa Baggage foi fundamental para preparar os irmãos Guilherme Antônio e Haroldo Bevenuto Artioli – a dupla Guilherme & Benuto – para a fama. O grupo formado juntamente com a cantora Emy Maziero surfou a segunda onda do sertanejo universitário dos anos 2010, marcada pela ascensão de Fernando & Sorocaba, Luan Santana e Gusttavo Lima, e deu-lhes o entendimento necessário do mercado para a emancipação futura. Enquanto acumulavam experiências na estrada (a chamada “casca-grossa”), a dupla também atingia as altas rotações nas rádios sertanejas do Brasil afora com composições deles gravadas por outros artistas, caso de “Pergunta Boba” (Jorge & Mateus), “Musa da Praia” (Lucas Lucco) e “Traição à Queima Roupa” (Cristiano Araújo). Quando Guilherme & Benuto se lançaram como dupla, com Amando, Bebendo e Sofrendo (2019), trabalho dividido em quatro EPs, eles já não eram estreantes. Pelo contrário, o trabalho mostrava uma das grandes armas da dupla: músicas inebriadas pelo alto teor dramático e alcoólico, com narrativas que começam ou terminam com um copo vazio e, invariavelmente, um coração partido. Embalados pelo sucesso de faixas como “Flor Que Se Cheira”, os paulistas se mostraram antenados com a tendência híbrida que mistura o sertanejo atual com outros gêneros. O que faz sentido no histórico de uma dupla formada por um sanfoneiro desde os nove anos (Guilherme, nascido em 1990) e um graduado em música erudita e apaixonado por violino (Benuto, de 1988). Com parcerias que vão de Israel & Rodolffo (“Declaração pro Bar”) e Jorge & Mateus (“Tiro de Festim”) aos Barões da Pisadinha (em “Faxina”) e DJ Guuga (“Melhor Rolê da City”), Guilherme & Benuto tratam a música sem barreiras e de forma democrática. Como um bom papo na mesa de bar.