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    Projeto de Dorothy Stang no Par� � cen�rio de faroeste

    JO�O CARLOS MAGALH�ES
    ENVIADO ESPECIAL A ANAPU (PA)

    30/01/2011 09h06

    Quase seis anos ap�s a morte da mission�ria Dorothy Stang, um dos marcos da viol�ncia agr�ria na Amaz�nia, seu projeto de uso sustent�vel da floresta no assentamento Esperan�a, em Anapu (PA), desmoronou.

    Em vez de agricultura familiar numa floresta preservada, como a religiosa defendia, o PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustent�vel) em que ela foi assassinada se tornou um cen�rio de faroeste --com divis�es internas, amea�as p�blicas de morte e desmatamento ilegal.

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    A americana naturalizada brasileira Dorothy Stang foi morta com seis tiros em 12 de fevereiro de 2005, aos 73 anos, no PDS Esperan�a.

    Cinco pessoas foram condenadas como mandantes ou autoras do crime (leia texto nesta p�gina).

    No ano passado a tens�o voltou ao local. Aumentou a venda de lotes --80% deles j� foram negociados, diz a CPT (Comiss�o Pastoral da Terra)-- e as invas�es. Segundo o Incra, 22 fam�lias est�o em �reas de reserva ambiental.

    A associa��o de moradores passou para as m�os de um grupo ligado ao prefeito Francisco de Assis Souza (PT). Ex-pupilo de Dorothy, ele tem como vice o fazendeiro D�lio Fernandes, apontado como interessado na morte dela --ele nega.

    Muitos trabalhadores rurais que seguiam a mission�ria come�aram a desmatar, acuados pela mis�ria.

    "N�o tem de onde tirar dinheiro", disse Welton de Aquino, um dos tr�s moradores que admitiram � Folha terem vendido toras, o que � ilegal. No caso dele, foram 15 toras em troca de R$ 5.000.

    "Se a Dorothy estivesse aqui, a gente n�o estava nessa situa��o", afirmou a mulher de Welton, Roseni Gomes de Lima, sob uma foto da religiosa colada na parede de seu barraco de t�buas.

    O culto a Dorothy continua, mas a confian�a nos membros da CPT, da qual a mission�ria fazia parte, diminuiu. Parte dos moradores disse � Folha que foram pessoas ligadas � comiss�o que come�aram a lucrar com os desmatamentos, dando sinal de que a pr�tica era aceit�vel.

    Antes unido sob Dorothy, o PDS Esperan�a est� hoje rachado: h� os que apoiam a associa��o ligada ao prefeito e os que continuam seguindo os passos da CPT, liderada pelo padre Jos� Amaro.

    AUDI�NCIA

    Depois de protestos feitos por ambos os lados neste m�s, que levaram ao fechamento de estradas e exigiram a ida de homens da For�a Nacional de Seguran�a para Anapu, o governo federal organizou uma audi�ncia p�blica na �ltima ter�a-feira, que a Folha acompanhou.

    Na audi�ncia, Josildo Carlos de Freitas, do Sindicato de Trabalhadores Rurais e tamb�m ligado ao prefeito, pegou o microfone para dizer ao padre Amaro, em frente � plateia de cerca de mil pessoas, que seria melhor se ele pedisse transfer�ncia de cidade, "para seu pr�prio bem". "Ouvi dizer que voc� j� cheira a defunto", disse.

    Amaro e Jane Dwyer, mission�ria da mesma congrega��o de Stang, veem na tentativa de culpar a CPT pelo in�cio do desmatamento uma nuvem de fuma�a.

    "O que eles [prefeito e D�lio Fernandes] querem � ter toda aquela madeira para eles. J� falavam a mesma coisa da Dorothy", disse Dwyer.

    Para ela, a elei��o do prefeito foi o estopim para a volta da tens�o. "Ele manipula o povo", disse.

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