Darren Whiteside-14.fev.2013/Reuters | ||
Mulheres integrantes do Ex�rcito de Israel |
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Mundo
Saturday, 19-Oct-2024 01:38:37 -03Mulheres ganham espa�o no Ex�rcito de Israel
DANIELA KRESCH
COLABORA��O PARA A FOLHA, EM EIN YAHAV (ISRAEL)03/12/2017 02h00
O vaiv�m de cabos, sargentos, tenentes e capit�es � intenso. Todos se preparam para um exerc�cio-surpresa noturno na batalh�o Bardel�s (guepardo, em hebraico), ao sul do mar Morto, na des�rtica fronteira com a Jord�nia.
A miss�o: evitar um atentado terrorista simulado a um posto de gasolina. Mas um detalhe distingue esse batalh�o de outros da infantaria do Ex�rcito israelense: � uma das quatro unidades mistas, nos quais combatentes homens e mulheres treinam juntos.
O batalh�o Bardel�s � exemplo de uma revolu��o no servi�o militar do pa�s, o �nico do mundo no qual o alistamento feminino � obrigat�rio, assim como o masculino. Em 2017, um recorde de 2.700 mulheres decidiram abrir m�o de fun��es burocr�ticas em prol de postos de combate —15% a mais do que no ano passado e 500% a mais do que h� apenas cinco anos. Elas j� s�o 7% do total de combatentes.
"Dizer 'combatentes mulheres' j� n�o � mais t�o esquisito", diz a cabo Netali Shem Tov, 19, h� um ano no Bardel�s. "Tem chauvinismo em todo lugar, mas aqui temos a possibilidade de mostrar o nosso valor." Netali diz que sua motiva��o � passar por experi�ncias novas e, quem sabe, abrir caminho para uma carreira como policial ou agente penitenci�rio.
O aumento segue uma tend�ncia mundial. O governo brit�nico decidiu em setembro pelo fim da proibi��o do alistamento do "sexo fr�gil" para postos de combate.
Editoria de Arte/Folhapress A RAF (For�a A�rea Real, na sigla em ingl�s) j� abriu inscri��es. Em 2018, ser� a vez da Marinha. Nos EUA, o processo come�ou em 2016, com o alistamento feminino para unidades como a famosa Navy Seals. Em 27 de novembro, foi anunciado que 22 mulheres conseguiram passar pelo primeiro treinamento.
O Bardel�s, criado em 2015, � o segundo batalh�o misto do Ex�rcito de Israel. O primeiro foi o Caracal, em 2000, que, por anos, foi considerado apenas um tubo de ensaio para mulheres mais ousadas. Depois do Bardel�s, no entanto, outros dois batalh�es surgiram: o Le�es do Jord�o e o nov�ssimo Le�o do Vale.
Eles refletem o interesse das mulheres em uma participa��o mais igualit�ria nas For�as Armadas em um pa�s no qual a seguran�a � prioridade e farda confere prest�gio.
Para dar chance �s soldados, o general Mordechai Kahana decidiu, em agosto, baixar a altura da parede de escalada pela qual todos os recrutas da infantaria t�m que passar no treinamento final. Ele tamb�m aceitou diminuir o peso dos coletes das soldados durante os exerc�cios.
"Apesar de tudo, o treinamento aqui ainda � do mais alto n�vel. Carregamos menos peso porque somos mulheres, mas fazemos tudo como os homens", afirma a cabo Danielle Suissa, 19, h� oito meses no Bardel�s.
Paralelamente, foi anunciado que 13 soldados mulheres das For�as Blindadas come�ar�o a patrulhar a fronteira de Israel com o Egito, em tr�s tanques, em dezembro.
Tudo isso atraiu a aten��o dos que consideram as medidas um perigo para a seguran�a nacional.
A ONG Irm�os em Armas lan�ou campanha dizendo que mulheres desviam a aten��o dos homens em batalhas, al�m de serem mais fracas e mais suscet�veis a les�es.
Outro grupo de 70 oficiais da reserva divulgou carta pedindo a suspens�o do alistamento. "Esse processo coloca sobre o Ex�rcito uma nuvem negra e perturbadora".
Em resposta, 350 oficiais da reserva, homens e mulheres, divulgaram carta em prol da integra��o feminina em posi��es de combate.
ASS�DIO SEXUAL
Outras preocupa��es d�o as caras quando se fala na conviv�ncia entre mo�as e rapazes de 18 a 21 anos em bases mistas. Apesar de os dormit�rios e banheiros serem totalmente separados, jovens dos dois sexos convivem a maior parte do tempo.
Durante o servi�o militar em Israel, 1 em cada 6 mulheres reclama de ass�dio. N�o h� n�meros espec�ficos quanto a batalh�es mistos, mas a preocupa��o � clara.
H� sentinelas que evitam que os rapazes entrem nos dormit�rios das mo�as e vice-versa. Quando o batalh�o pernoita em campo, a tenda das mulheres � separada da dos homens por um pano.
A sargento Belle Karminski, 20, uma das primeiras mulheres do Bardel�s, entende o problema, mas garante que nada s�rio aconteceu nos quase tr�s anos de exist�ncia do batalh�o. "Os soldados sabem que n�o podem fazer besteira porque ser�o punidos".
Belle lutou para conseguir a posi��o. Como � filha �nica, o Ex�rcito exigiu que sua m�e aprovasse a op��o.
Na pr�tica, s� 58% das mo�as de 18 anos, em Israel, vestem o uniforme militar. As casadas, gr�vidas e religiosas s�o dispensadas. At� 2000, serviam num Ex�rcito "paralelo": a Corpora��o das Mulheres ("Chen", na sigla em hebraico). S� em 2001 as mulheres passaram a fazer parte das For�as Armadas "reais".
Hoje, 85% das posi��es militares est�o abertas a elas. J� ultrapassam os homens no percentual de oficiais: 57% contra 43%. Mesmo assim, o estigma ainda � grande.
"Meus amigos riram, no come�o. Mas depois viram que n�o somos de 'segunda classe'", conta o primeiro-sargento Sasha Vaknin, 21.
O oficial, que � religioso, teve que superar as suspeitas da noiva. "No treinamento b�sico, eu ficava muito sem celular. Ela queria saber tudo. No final, nosso relacionamento saiu fortalecido."
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