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    Mulheres ganham espa�o no Ex�rcito de Israel

    DANIELA KRESCH
    COLABORA��O PARA A FOLHA, EM EIN YAHAV (ISRAEL)

    03/12/2017 02h00

    Darren Whiteside-14.fev.2013/Reuters
    REFILE - CORRECTING DATE PHOTO WAS TAKEN Israeli army officers salute in front of the flag draped coffin of former Israeli prime minister Ariel Sharon as he lies in state before a memorial ceremony at the Knesset, Israel's parliament, in Jerusalem January 12, 2014. Israel beefed up security for former Sharon's funeral near the Gaza border on Monday and warned the enclave's Palestinian rulers not to allow rocket fire during the ceremony, which U.S. Vice President Joe Biden will attend. Picture January 12, 2014. REUTERS/Darren Whiteside (JERUSALEM - Tags: POLITICS OBITUARY) ORG XMIT: JER1
    Mulheres integrantes do Ex�rcito de Israel

    O vaiv�m de cabos, sargentos, tenentes e capit�es � intenso. Todos se preparam para um exerc�cio-surpresa noturno na batalh�o Bardel�s (guepardo, em hebraico), ao sul do mar Morto, na des�rtica fronteira com a Jord�nia.

    A miss�o: evitar um atentado terrorista simulado a um posto de gasolina. Mas um detalhe distingue esse batalh�o de outros da infantaria do Ex�rcito israelense: � uma das quatro unidades mistas, nos quais combatentes homens e mulheres treinam juntos.

    O batalh�o Bardel�s � exemplo de uma revolu��o no servi�o militar do pa�s, o �nico do mundo no qual o alistamento feminino � obrigat�rio, assim como o masculino. Em 2017, um recorde de 2.700 mulheres decidiram abrir m�o de fun��es burocr�ticas em prol de postos de combate —15% a mais do que no ano passado e 500% a mais do que h� apenas cinco anos. Elas j� s�o 7% do total de combatentes.

    "Dizer 'combatentes mulheres' j� n�o � mais t�o esquisito", diz a cabo Netali Shem Tov, 19, h� um ano no Bardel�s. "Tem chauvinismo em todo lugar, mas aqui temos a possibilidade de mostrar o nosso valor." Netali diz que sua motiva��o � passar por experi�ncias novas e, quem sabe, abrir caminho para uma carreira como policial ou agente penitenci�rio.

    O aumento segue uma tend�ncia mundial. O governo brit�nico decidiu em setembro pelo fim da proibi��o do alistamento do "sexo fr�gil" para postos de combate.

    Editoria de Arte/Folhapress

    A RAF (For�a A�rea Real, na sigla em ingl�s) j� abriu inscri��es. Em 2018, ser� a vez da Marinha. Nos EUA, o processo come�ou em 2016, com o alistamento feminino para unidades como a famosa Navy Seals. Em 27 de novembro, foi anunciado que 22 mulheres conseguiram passar pelo primeiro treinamento.

    O Bardel�s, criado em 2015, � o segundo batalh�o misto do Ex�rcito de Israel. O primeiro foi o Caracal, em 2000, que, por anos, foi considerado apenas um tubo de ensaio para mulheres mais ousadas. Depois do Bardel�s, no entanto, outros dois batalh�es surgiram: o Le�es do Jord�o e o nov�ssimo Le�o do Vale.

    Eles refletem o interesse das mulheres em uma participa��o mais igualit�ria nas For�as Armadas em um pa�s no qual a seguran�a � prioridade e farda confere prest�gio.

    Para dar chance �s soldados, o general Mordechai Kahana decidiu, em agosto, baixar a altura da parede de escalada pela qual todos os recrutas da infantaria t�m que passar no treinamento final. Ele tamb�m aceitou diminuir o peso dos coletes das soldados durante os exerc�cios.

    "Apesar de tudo, o treinamento aqui ainda � do mais alto n�vel. Carregamos menos peso porque somos mulheres, mas fazemos tudo como os homens", afirma a cabo Danielle Suissa, 19, h� oito meses no Bardel�s.

    Paralelamente, foi anunciado que 13 soldados mulheres das For�as Blindadas come�ar�o a patrulhar a fronteira de Israel com o Egito, em tr�s tanques, em dezembro.

    Tudo isso atraiu a aten��o dos que consideram as medidas um perigo para a seguran�a nacional.

    A ONG Irm�os em Armas lan�ou campanha dizendo que mulheres desviam a aten��o dos homens em batalhas, al�m de serem mais fracas e mais suscet�veis a les�es.

    Outro grupo de 70 oficiais da reserva divulgou carta pedindo a suspens�o do alistamento. "Esse processo coloca sobre o Ex�rcito uma nuvem negra e perturbadora".

    Em resposta, 350 oficiais da reserva, homens e mulheres, divulgaram carta em prol da integra��o feminina em posi��es de combate.

    ASS�DIO SEXUAL

    Outras preocupa��es d�o as caras quando se fala na conviv�ncia entre mo�as e rapazes de 18 a 21 anos em bases mistas. Apesar de os dormit�rios e banheiros serem totalmente separados, jovens dos dois sexos convivem a maior parte do tempo.

    Durante o servi�o militar em Israel, 1 em cada 6 mulheres reclama de ass�dio. N�o h� n�meros espec�ficos quanto a batalh�es mistos, mas a preocupa��o � clara.

    H� sentinelas que evitam que os rapazes entrem nos dormit�rios das mo�as e vice-versa. Quando o batalh�o pernoita em campo, a tenda das mulheres � separada da dos homens por um pano.

    A sargento Belle Karminski, 20, uma das primeiras mulheres do Bardel�s, entende o problema, mas garante que nada s�rio aconteceu nos quase tr�s anos de exist�ncia do batalh�o. "Os soldados sabem que n�o podem fazer besteira porque ser�o punidos".

    Belle lutou para conseguir a posi��o. Como � filha �nica, o Ex�rcito exigiu que sua m�e aprovasse a op��o.

    Na pr�tica, s� 58% das mo�as de 18 anos, em Israel, vestem o uniforme militar. As casadas, gr�vidas e religiosas s�o dispensadas. At� 2000, serviam num Ex�rcito "paralelo": a Corpora��o das Mulheres ("Chen", na sigla em hebraico). S� em 2001 as mulheres passaram a fazer parte das For�as Armadas "reais".

    Hoje, 85% das posi��es militares est�o abertas a elas. J� ultrapassam os homens no percentual de oficiais: 57% contra 43%. Mesmo assim, o estigma ainda � grande.

    "Meus amigos riram, no come�o. Mas depois viram que n�o somos de 'segunda classe'", conta o primeiro-sargento Sasha Vaknin, 21.

    O oficial, que � religioso, teve que superar as suspeitas da noiva. "No treinamento b�sico, eu ficava muito sem celular. Ela queria saber tudo. No final, nosso relacionamento saiu fortalecido."

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