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    Oposi��o conquista maioria em elei��o parlamentar na Venezuela

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    07/12/2015 03h34

    A oposi��o conquistou a maioria da Assembleia Nacional da Venezuela na elei��o parlamentar deste domingo (6), numa vit�ria arrasadora que reequilibra for�as num pa�s onde o governo chavista exerce poder hegem�nico h� 16 anos.

    O resultado foi anunciado � 0h30 (3h no hor�rio de Bras�lia) pela presidente do �rg�o eleitoral (CNE), Tibisay Lucena. Com 96% dos votos apurados, ela afirmou que os candidatos opositores, agrupados na coaliz�o MUD (Mesa da Unidade Democr�tica), obtiveram ao menos 99 das 167 cadeiras do Parlamento unicameral –72 por voto nominal e 27 por lista.

    O PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) obteve 46 deputados.

    "Aceitamos os resultados (...) Jogamos limpo, perdemos a batalha, foi uma bofetada para despertar para o que vem", disse o presidente Nicol�s Maduro em pronunciamento, deixando claro que n�o cumpriria a amea�a de resistir com viol�ncia a eventual derrota.

    Enquanto Maduro falava, venezuelanos opositores soltavam roj�es, gritavam de alegria e sa�am �s ruas em buzina�o.

    Dezenove assentos ainda est�o por definir. Se ao menos dois forem para a oposi��o, o antichavismo passar� a ter maioria qualificada de tr�s quintos, que permite destituir vice-presidente e ministros e sancionar leis habilitantes.

    Se a oposi��o superar 110 assentos, poder� aprovar e alterar leis org�nicas, destituir ju�zes do supremo, designar reitores do �rg�o eleitoral e aprovar reforma constitucional. A maioria simples j� � suficiente para eleger o presidente da Assembleia, avaliar decretos de estado de exce��o e convocar referendos.

    A participa��o foi de 74,25%, um n�mero que superou com folga as proje��es.

    REJEI��O

    O resultado deste domingo � amplamente visto como rejei��o em massa a um governo que, apesar de ineg�veis conquistas sociais sob a Presid�ncia de Hugo Ch�vez (1999-2013), � responsabilizado pela degrada��o abrupta das condi��es de vida.

    A Venezuela sofre recess�o, desabastecimento generalizado e �ndices de viol�ncia dignos de pa�s em guerra. O processo de degrada��o, que tomou forma com Ch�vez, acirrou-se com a degringolada dos pre�os petroleiros a partir de 2014.

    A oposi��o era dada como favorita, mas as �ltimas pesquisas indicavam fortalecimento da inten��o de voto chavista, aparente reflexo do esfor�o redobrado de um Estado que controla todas as institui��es e burla abertamente os limites legais.

    Editoria de Arte/Folhapress

    A campanha foi marcada por uma s�rie de manobras do governo para manter a todo custo o controle de um Parlamento que sempre simbolizou vontade popular na mitologia chavista.

    O governo inabilitou v�rios candidatos opositores, alterou o mapa das circunscri��es para inflar a representatividade chavista e barrou ofertas para uma observa��o internacional eficaz.

    Foi nas �ltimas semanas que Maduro repetiu que estava disposto a resistir com viol�ncia a eventual derrota governista.

    A escalada foi repreendida at� por v�rios pa�ses, inclusive o Brasil, que j� foi acusado de leni�ncia com abusos chavistas.

    Irregularidades permaneceram at� este domingo, quando a TV estatal passou o dia fazendo campanha em favor dos candidatos chavistas, numa viola��o da lei que pro�be propaganda ap�s o t�rmino da campanha –encerrada na �ltima quinta-feira.

    Opositores praticamente n�o tiveram acesso � TV estatal, numa repeti��o da campanha, quando foi monopolizada pela propaganda governista.

    Os abusos foram criticados por seis ex-presidentes latino-americanos que visitavam a Venezuela para acompanhar a elei��o a convite da MUD, entres eles o colombiano Andr�s Pastrana. Em repres�lia, o governo os acusou de violar as normais eleitorais e retirou as credenciais que lhes permitiam circular.

    COMPARECIMENTO

    A participa��o popular foi mais intensa em zonas populares, redutos tradicionais do chavismo.

    Era palp�vel, por�m, a irrita��o das camadas mais pobres com um governo para o qual costumavam votar quase sistematicamente.

    "Que pa�s � este onde preciso passar horas numa fila para conseguir fraldas para os meus filhos e onde as pessoas se odeiam tanto? N�o tenho medo nenhum de dizer o que penso deste governo", disse a servidora Carmen Gonzalez, 35, na manh� de domingo.

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