A ex-ministra da Agricultura no governo Dilma Rousseff, a senadora K�tia Abreu (PMDB-TO), afirma que, no caso da Opera��o Carne Fraca, da Pol�cia Federal, "a praga foi corrup��o".

Ela diz n�o ser contra contra indica��o pol�tica. "Sou contra indica��o pol�tica sem consist�ncia e irrespons�vel."

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Folha - Empres�rios do Paran� j� reclamavam da fiscaliza��o. Quando era presidente da CNA [Confedera��o Nacional da Agricultura] chegou algum pleito?
K�tia Abreu - N�o. Na �poca na CNA tive desentendimento bastante razo�vel com a JBS. Tinha uma exclusividade nas exporta��es, eram muito poucas empresas. E aquilo me deixava indignada. Temos 5.000 frigor�ficos no Brasil. O que acontecia l� fora � que autoridades dos pa�ses reclamavam da concentra��o.

Ao chegar o minist�rio, chamei a associa��o dos frigor�ficos para saber o que t�nhamos que fazer para os frigor�ficos exportarem. Era uma papelama. Isso foi caminhando e teve sucesso. Veio reclama��o deles [JBS] muito forte por a� com a abertura. Eu ouvia falar de barreira comercial. N�o ouvia de corrup��o. Ela n�o chega em entidade de classe.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que a senhora foi pressionada.
� h�bito a indica��o pol�tica, mas nunca recebi uma ordem da presidente Dilma para fazer. Nem uma liga��o. Mas voc� � ministro, tem partido. Tem que conviver bem com a bancada. Desde que n�o seja nada que n�o seja republicano, voc� vai. Mas, se [Dilma pedisse] a Secretaria de Defesa Agropecu�ria, eu entregava o minist�rio. Ali � a joia da coroa. � onde o cidad�o fecha e abre uma f�brica. Pode ter mecanismos s�rios de corrup��o.

OPERA��O CARNE FRACA
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Quem a senhora colocou l�?
Levei uma pessoa da minha confian�a. Mas o lugar � t�o terr�vel que o D�cio [Coutinho] n�o aguentou. Mas n�o foi por causa de corrup��o. � um lugar terr�vel de trabalho, perigoso. � que pode ter ali os processo equivocados que podem perder um mercado, abrir outro. Requer aten��o e estresse total. O D�cio saiu e coloquei um [servidor] de carreira.

E as indica��es pol�ticas?
O minist�rio era do [PMDB do] Senado. Mas tem Estado que n�o tem senador. Ent�o a gente convidava a bancada. Eu oferecia as superintend�ncias. Dentro do minist�rio, a �nica indica��o foi de Santa Catarina para esse que est� preso [F�bio Zanon]. O do PMDB do Paran�, o [senador Roberto] Requi�o n�o quis indicar e falou que podia atender a C�mara. Indicaram esse Daniel [Gon�alves Filho]. Ele foi exonerado antes de mim, ficou um per�odo curto fora. A� indicaram ele novamente.

Entenda a opera��o Carne Fraca

Por press�o?
N�o. Mas quando o processo dele come�ou a esquentar... N�o tenho vergonha de dizer, n�o era um processo grav�ssimo. Nada a ver com a opera��o, com corrup��o. Ele inocentou um cara que fez desvio de combust�vel. Algu�m poderia imaginar que ele estava fazendo essa corrup��o toda? Mas, mesmo assim, demiti. Avisei aos deputados. Eles vieram igual uns le�es pra cima, dizendo que era injusto.

O que faria se ainda estivesse no minist�rio?
Temos que corrigir distor��es todos os dias, com obstina��o. Mas dizer que tem risco zero, n�o tem essa possibilidade. Estamos lidando com pessoas, com doen�as. Nesse caso, a praga foi corrup��o. Ao sair, deixei portaria para que todas as superintend�ncias tivessem de ser de carreira. Os pol�ticos acharam que era um castigo. N�o sou contra indica��o pol�tica. Sou contra indica��o pol�tica sem consist�ncia e irrespons�vel.

Quais os preju�zos que esse processo vai causar?
L� fora, j� perceberam que o problema � corrup��o, n�o � sanit�rio. Minha perspectiva � que isso possa ser superado num tempo mais r�pido.

E a atua��o da Pol�cia Federal?
N�o quero dizer que eles n�o descobriram coisa. Descobriram corrup��o, sim. Agora a forma de comunica��o foi um desastre. Pelo que vi na TV, se eu n�o entendesse do assunto, n�o comia carne nunca mais. Faltou responsabilidade com o pa�s.