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    Mostra em SP celebra cem anos de Grande Otelo, o 'maior ator do Brasil'

    MARIA CLARA MOREIRA
    DE S�O PAULO

    07/10/2015 12h25

    A obra de Grande Otelo (1915-1993) � vasta: 125 t�tulos na TV e no Cinema, al�m de uma carreira bem sucedida no teatro de revista, onde come�ou, e um trabalho significativo como compositor.

    O produtor Breno Lira Gomes, 36, encarou o desafio de se debru�ar sobre ela. Ele � um dos curadores, ao lado de Jo�o Monteiro, de uma mostra dedicada ao ator, que completaria cem anos em 2015. A programa��o come�a nesta na quinta-feira (8) no Caixa Belas Artes, em S�o Paulo, antes de partir para o Rio.

    "O Grande Otelo n�o foi s� um ator de cinema: era um multiartista, mesmo quando esse termo ainda n�o existia", diz Gomes.

    Ao todo, ser�o 23 filmes na edi��o paulistana e 27 no Rio —por uma quest�o de n�mero de sess�es dispon�veis, de acordo com Gomes, a mostra carioca ainda recebe "O Negrinho do Pastoreio" (1973), "Rei do Baralho" (1973), "A Estrela Sobe" (1974) e "Jubiab�" (1987).

    Divulga��o
    Grande Otelo, ator que estrelou com�dias da Atl�ntida, dramas do Cinema Novo e teatros de revista pelo Brasil ***DIREITOS RESERVADOS. N�O PUBLICAR SEM AUTORIZA��O DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Grande Otelo, ator que estrelou com�dias da Atl�ntida, dramas do Cinema Novo e teatros de revista pelo Brasil

    A inten��o, segundo o curador, foi selecionar um pouco de cada �poca do ator. "Pegamos dois filmes da Cin�dia, um da Atl�ntida, alguns da Herbert Richers, alguns do per�odo das chanchadas, em que ele teve um grande apelo popular."

    Entre os t�tulos mais conhecidos, ser�o exibidos "Nem Tudo � Verdade" (1985), "Macuna�ma" (1969) e "O Assalto ao Trem Pagador" (1962).

    O tempo, conta Gomes, n�o foi muito bom com a filmografia de Grande Otelo.

    "Muita coisa se perdeu, principalmente os filmes do in�cio da carreira. Muita coisa n�o existe mais. N�s n�o conseguimos chegar a um um acordo para exibi��o de alguns filmes porque eles n�o est�o dispon�veis, tamb�m."

    Da Atl�ntida, os organizadores da mostra conseguiram apenas "Matar ou Correr" (1954), o �ltimo de Otelo com Oscarito. Ficaram de fora "Tamb�m Somos Irm�os" (1949) e "Moleque Ti�o" (1943), primeiro filme da Atl�ntida encabe�ado por ele.

    "N�o existem mais c�pias [de 'Ti�o'], nem digitalizadas. � um filme perdido, o que � uma pena. Se a gente parar para pensar, em 1943, um ator negro protagonizando um filme inspirado em sua vida, para aquela �poca foi um marco."

    Reprodu��o
    Os atores Oscarito e Grande Otelo em cena do filme "Assim Era a Atl�ntida" [era.a], do diretor Carlos Manga. [FSP-Ilustrada-04.08.95]*** N�O UTILIZAR SEM ANTES CHECAR CR�DITO E LEGENDA***
    Os atores Oscarito e Grande Otelo em cena do filme "Assim Era a Atl�ntida", do diretor Carlos Manga

    Gomes critica o menosprezo de algumas pessoas ao trabalho de Otelo como ator, reflexo de seus pap�is na chanchada.

    "Um ator que se sustenta mais pelo lado c�mico, como foi o caso dele, �s vezes consegue aquilo que � mais dif�cil, que � fazer voc� rir. As pessoas esquecem que, acima de tudo, ele foi um grande ator. Em 'Rio, Zona Norte' (1957), exibido na mostra, ele usa toda sua vertente dram�tica."

    MAIOR ATOR DO BRASIL

    Otelo come�ou a trabalhar no teatro ainda pequeno, tendo pedido � m�e que o deixasse ir embora com um grupo de teatro.

    "Ele n�o queria ser mais um negro, mais um pobre. Queria ser o Grande Otelo. Ele mostrou que, se voc� quer perseguir um sonho e tem vontade de mudar, voc� faz. Voc� consegue", declara Gomes.

    J� consagrado no teatro e construindo um nome no cinema, ouviu do diretor norte-americano Orson Welles que era o melhor ator no Brasil.

    O cineasta rodava um filme no pa�s em 1942, financiado pelo governo dos EUA e com apoio de Get�lio Vargas.

    "Ele veio aqui e conheceu o Grande Otelo e o Herivelto Martins, que o pegaram pela m�o, disseram 'voc� vai conhecer o Brasil' e ent�o mostraram um pa�s rico culturalmente, que n�o passava pelos sal�es do Copacabana Palace ou pelos grandes pal�cios do Rio", diz. "Precisou vir o Orson Welles l� de fora para a gente ver um Brasil que n�o queria ver."

    FUNDA��O GRANDE OTELO

    Entre 2012 e 2013, foi criada pelos filhos do ator a Funda��o Grande Otelo, para reunir o acervo e preservar o legado do pai.

    "A Funda��o � uma iniciativa cultural e art�stica, para organizar e atender pedidos referentes ao acervo dele, que a fam�lia est� doando", explica Mario Prata, filho de Otelo.

    Ele vem a S�o Paulo para um debate nesta quinta-feira com os curadores Breno Lira Gomes e Jo�o Monteiro, mediado pela jornalista Maria do Ros�rio no Belas Artes, com entrada franca.

    No Rio, os curadores far�o uma bate papo com os tr�s filhos de Otelo.

    Apesar da mostra, Prata diz achar que a comemora��o do centen�rio poderia ter sido mais ampla. "Meu pai merecia um pouco mais."

    O MAIOR ATOR DO BRASIL - 100 ANOS DE GRANDE OTHELO
    QUANDO de 8 a 21 de outubro
    ONDE Caixa Belas Artes, r. da Consola��o, 2423, Consola��o - S�o Paulo, tel. (11) 2894-5781
    QUANTO de R$ 7 (meia entrada) a R$ 14 (inteira)
    PROGRAMA��O no evento da mostra

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