A 18� edi��o do � Tudo Verdade come�a amanh�, em sess�o para convidados, com um pedido de desculpas. N�o da organiza��o do festival, mas de Eduardo Escorel, diretor de "Paulo Moura - Alma Brasileira", document�rio que ser� exibido na abertura paulistana do evento.
Cr�tica: Paulo Moura se imp�e, monumental, em obra que encanta pela beleza
Tanto no come�o quanto no fim do filme, em tom de lamento, o cineasta fala em "poderes mesquinhos" que impossibilitaram a veicula��o de imagens e a preserva��o da mem�ria do m�sico Paulo Moura (1932-2010).
"Enfrentamos v�rios tipos de dificuldades. Acho importante que o espectador saiba as circunst�ncias em que o filme foi feito. Omitir isso seria uma trai��o com o p�blico", diz Escorel.
Daniel Marenco/Folhapress | ||
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O diretor Eduardo Escorel, no Jardim Bot�nico, no Rio |
Em 2008, ele decidiu que faria o filme, buscou patroc�nios e recebeu autoriza��o do pr�prio Moura para a realiza��o do longa. Tudo mudou em julho de 2010, quando o compositor morreu, de um c�ncer no sistema linf�tico.
"Algumas pessoas [Escorel n�o quis dar nomes] tinham imagens e cobraram quantias exorbitantes. Pelo menos quatro sequ�ncias eu gostaria de ter usado no filme, mas n�o fui autorizado", lamenta.
Com a morte do m�sico, o cineasta teve de correr atr�s de imagens, j� que come�aria a gravar com Moura apenas em agosto daquele ano.
Impossibilitado de filmar novos depoimentos do clarinetista --considerado um dos maiores instrumentistas do pa�s--, Escorel optou por usar apresenta��es do m�sico in�ditas no Brasil.
H� shows nos festivais de Montreux (Su��a), Berlim, Tel Aviv e Lagos (Nig�ria).
Mas n�o houve apenas portas fechadas durante a feitura do filme. O cineasta tamb�m teve acesso � �ntegra de uma entrevista concedida pelo m�sico ao violonista Marcello Gon�alves e ao diretor Mika Kaurism�ki para o document�rio "Brasileirinho" (2005). Os trechos n�o utilizados naquela produ��o foram usados por Escorel.
NEM CHORO NEM VELA
Ver Paulo Moura dar notas musicais "na trave", improvisando fora da harmonia proposta, era cena rara. Pelo menos uma vez isso aconteceu, de maneira justific�vel.
Dois dias antes de morrer, o clarinetista recebeu familiares e m�sicos na cl�nica S�o Vicente, na G�vea, onde estava internado, para a sua despedida musical.
No encontro, a�reo e sob efeito de sedativos, Moura tocou brevemente "Doce de Coco", de Jacob do Bandolim.
Convidado pela fam�lia do instrumentista, Escorel foi ao local, filmou a despedida, mas n�o recebeu autoriza��o de alguns presentes para incluir as cenas no document�rio sobre o m�sico nascido em S�o Jos� do Rio Preto (SP).
"Como diretor, foi penoso ter que tirar aquela sequ�ncia do filme. Foi a �nica coisa que eu gravei com ele vivo, mas respeito a opini�o das pessoas", lamenta Escorel.
� poss�vel assistir a um trecho da sess�o no YouTube.