• Equil�brio e Sa�de

    Tuesday, 06-Aug-2024 14:07:02 -03

    Por autodescoberta, mulheres trocam absorvente por coletor menstrual

    JULIANA VINES
    COLABORA��O PARA A FOLHA

    22/04/2015 02h03

    Marlene Bergamo/Folhapress
    A publicit�ria Carolina Mar�al, 34, que usa o coletor menstrual ha dois anos no lugar do absorvente
    A publicit�ria Carolina Mar�al, 34, que usa o coletor menstrual h� dois anos no lugar do absorvente

    Quando est� "naqueles dias", em vez de andar com uma n�cessaire cheia de absorventes, a publicit�ria Carolina Mar�al, 34, carrega uma garrafa de �gua na bolsa. H� dois anos, ela trocou os absorventes tradicionais por um coletor menstrual, um copinho de pl�stico flex�vel com cerca de 4 cm de di�metro.

    Inserido no canal vaginal, o coletor armazena o sangue menstrual por no m�ximo 12 horas, segundo os fabricantes. Ao ficar cheio, deve ser retirado e lavado (por isso a garrafa de �gua) antes de ser colocado novamente.

    "Tenho muitas amigas que morrem de nojo, eu nunca tive. Para o coletor ficar na posi��o certinha tem que colocar a m�o l�. Suja o dedo, mas � o meu sangue, sinal de que sou f�rtil e saud�vel", diz.

    Carolina faz parte de um grupo crescente de mulheres que al�m de usu�rias se tornaram ativistas dos coletores menstruais. No Facebook, a comunidade "Coletores Brasil" j� re�ne mais de 13 mil mulheres. H� seis meses, era menos da metade disso.

    As bandeiras do movimento s�o muitas, a come�ar pela ambiental: ao contr�rio dos absorventes, os coletores s�o reutiliz�veis e podem durar at� dez anos. Tamb�m h� aquelas que defendem o uso do coletor como uma estrat�gia de autoconhecimento.

    "Foi uma transforma��o, eu descobri meu ciclo, percebi que a menstrua��o n�o tem cheiro. Nas propagandas dos absorventes, o que voc� mais escuta � 'elimine os odores'", diz a terapeuta Juliana Vergueiro, 31, adepta dos coletores h� sete anos.

    A estudante Mayra Albuquerque, 31, come�ou a usar neste m�s e diz que j� est� promovendo a revolu��o do copinho entre as amigas.

    "Estou apaixonada. A terr�vel menstrua��o se transformou num ritual lindo. Estou parecendo aquelas meninas hippies que veem o sangue menstrual como algo sagrado", afirma.

    Ativismo � parte, o mercado de coletores sente os reflexos da populariza��o. No �ltimo ano, as vendas do fabricante nacional Inciclo aumentaram 938%. Hoje o coletor (R$ 79) pode ser encontrado em todo o pa�s.

    "Estamos espantados. As vendas explodiram. A m�dio e longo prazo acho que todas as mulheres v�o usar coletor, porque s� tem pontos positivos", diz Mariana Betioli, 35, propriet�ria da Inciclo.

    ADAPTA��O

    N�o � bem assim. Muitas mulheres t�m dificuldades para se adaptar ao coletor e achar a melhor posi��o de uso.

    "Foi desconfort�vel porque eu n�o sabia se estava na posi��o certa. E depois eu n�o conseguia tirar mais. Pesquisei, tentei arrancar de v�rios jeitos e s� consegui tirar agachada", conta a estudante Ingrid Brand�o, 26, que agora se diz bem adaptada ao copinho.

    Quando inserido corretamente, o coletor se desdobra dentro da mulher e adere ao canal vaginal. Para tirar, � preciso apertar um pouco antes de puxar, do contr�rio a suc��o criada n�o o deixa sair e pode at� machucar.

    B�rbara Murayama, coordenadora da Cl�nica da Mulher do Hospital 9 de Julho, diz que o coletor � um m�todo complementar e que n�o deve substituir totalmente o absorvente. Para ela, tirar e colocar o coletor, pelo menos em casa, deve ser f�cil.

    "Se for dif�cil � porque tem algo errado e � melhor procurar um m�dico. N�o � preciso for�ar nem deve doer. Se estiver bem colocado, a mulher n�o vai sentir o coletor", diz. O produto � contraindicado para mulheres no p�s-parto.

    "N�o h� estudos mostrando que o uso prolongado [12 horas seguidas] � seguro. O sangue menstrual � um meio de cultura de bact�rias e a vagina tamb�m. Pode-se criar uma situa��o prop�cia para o surgimento de infec��es", afirma o ginecologista Newton Busso. Para ele, o coletor deve ser esvaziado a cada duas a quatro horas.

    Para Alessanda Bedin, ginecologista do Hospital Israelita Albert Einstein, al�rgicas ao l�tex n�o devem usar o coletor. Ademais, ela o considera uma alternativa ecol�gica e que n�o agride a flora vaginal.

    Fale com a Reda��o - [email protected]

    Problemas no aplicativo? - [email protected]

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024