O p�o integral industrializado n�o � t�o integral assim, mostra an�lise da Proteste (�rg�o de defesa do consumidor). Quatro entre sete marcas testadas t�m mais farinha tradicional do que a n�o refinada na composi��o.
A an�lise mediu a quantidade de fibras dos produtos (todos tinham mais do que o indicado no r�tulo) e avaliou a lista de ingredientes da embalagem que, por determina��o da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria, devem ser organizados em ordem decrescente de quantidade.
"Em quatro marcas, o primeiro item da lista � a farinha refinada. N�o � o que se espera de um p�o integral", diz Manuela Dias, nutricionista e pesquisadora da Proteste.
O resultado evidencia a falta de regulamenta��o do setor e levanta a quest�o: quanto de gr�os n�o processados um alimento precisa ter para ser vendido como "integral"?
As normas brasileiras ignoram o tema. "Faltam par�metros. O consumidor n�o sabe o que compra", critica Dias.
Outros pa�ses t�m normas espec�ficas sobre isso. Nos EUA, o p�o integral de trigo s� pode levar esse nome se for produzido apenas com farinha integral. Na Holanda, apenas p�es feitos com 100% de gr�os n�o processados ganham o r�tulo de integrais.
A nutricionista Tatiana Bar�o diz que um produto rico em farinha branca n�o oferece os benef�cios daquele feito principalmente com trigo n�o processado.
Em geral, p�es integrais industrializados usam entre 40% e 70% de trigo n�o refinado, segundo a nutricionista Raquel Pimentel. A farinha branca � adicionada para prolongar a data de validade e melhorar a apar�ncia.
"O p�o 100% integral � mais duro e quebradi�o e pode ter sabor forte", diz Bar�o.
O trigo n�o refinado preserva parte da casca do cereal, al�m do g�rmen. � onde est�o os principais nutrientes, lembra Pimentel. "Vitamina E, B12 e minerais", lista.
O p�o integral tem mais fibras que o outro, o que ajuda no funcionamento do intestino, prolonga a sensa��o de saciedade (as fibras s�o digeridas devagar) e ajuda a manter est�veis os n�veis de glicemia no sangue. "O p�o branco � rico em amido, que � absorvido rapidamente e resulta em picos glic�micos, o que pode levar ao diabetes", diz Lara Natacci, nutricionista.
Para as especialistas, n�o h� problemas no fato de os p�es testados terem mais fibras do que o indicado no r�tulo. "O medo � que o r�tulo esteja errado tamb�m nas quantidades de s�dio e de gordura", afirma Pimentel.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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OUTRO LADO
Em nota, a Wickbold disse que n�o divulga dados sobre a propor��o de ingredientes utilizados em seus produtos. Al�m disso, afirma que os p�es da marca que levam o nome "integral" utilizam fibra de trigo ou fibra de trigo com outros cereais integrais na sua formula��o, seguindo a legisla��o brasileira.
A fabricante informa que realiza an�lises laboratoriais anuais do produto analizado pela Proteste e que os resultados s�o diferentes dos apresentados pela organiza��o.
"Conforme an�lises laboratoriais, o peso m�ximo [de fibras] detectado em 50 gramas do produto desde 2001 foi 3,8, e n�o 4,7, como indicado no resultado da Proteste. � uma varia��o inferior aos 20% determinados pela legisla��o brasileira, dado que comprova que o p�o est� de acordo com as normas estabelecidas."
Representantes da L�der Minas, fabricante do p�o Milani, informaram que a empresa utiliza entre 23% e 25% de farinha integral no produto avaliado pela Proteste.
A Bimbo do Brasil, que det�m as marcas Firenze, Plus Vita e Nutrella, informou em nota que segue as regras para produtos integrais da organiza��o internacional Whole Grains Council.
Procurada pela Folha, a Bread Life n�o respondeu. Os representantes da Gr�oLev n�o foram encontrados.
A Vigil�ncia Sanit�ria informou que pretende rever a regulamenta��o dos produtos integrais, mas o tema n�o est� na agenda deste ano.