Tr�s em cada quatro tumores de cabe�a e pesco�o s�o descobertos em est�gio avan�ado, quando as chances de cura s�o menores e os tratamentos, mais agressivos. O dado � de um estudo sobre o perfil epidemiol�gico desses c�nceres no Estado de S�o Paulo, feito pelo Hospital A.C. Camargo.
Para chegar ao resultado, os autores analisaram o registro de mais de 16 mil pacientes entre os anos de 2000 e 2006, diagnosticados com tumores de l�bio, cavidade oral, faringe, am�gdala e gl�ndulas salivares, entre outros. Trata-se de um dos poucos levantamentos que detalharam as preval�ncias de cada um dos tumores englobados no grupo considerado c�ncer de cabe�a e pesco�o.
Segundo o trabalho, 75% dos casos foram diagnosticados em est�gio avan�ado e isso n�o se alterou ao longo dos anos. No mesmo per�odo, os casos de c�ncer de nasofaringe tiveram o maior aumento proporcional.
Os pacientes diagnosticados eram, na maioria, homens com mais de 60 anos e baixo n�vel de escolaridade. "Falta conhecimento dos sintomas", afirma o cirurgi�o Luiz Paulo Kowalski, diretor do departamento de cirurgia de cabe�a e pesco�o e otorrinolaringologia do Hospital A.C. Camargo e um dos l�deres desse trabalho.
"Nos Estados Unidos, a situa��o � inversa: 70% dos casos s�o descobertos em est�gio inicial", conta o cirurgi�o de cabe�a e pesco�o S�rgio Samir Arap, do Hospital das Cl�nicas de S�o Paulo e gerente-m�dico do centro cir�rgico do Hospital S�rio-Liban�s, em S�o Paulo.
"A maioria desses tumores acontece nas mucosas da cavidade oral, laringe e es�fago", diz Arap. "Mas faltam profissionais capacitados para identificar esses tumores precocemente e encaminhar os casos para um servi�o especializado", completa o cirurgi�o.
Estima-se que os c�nceres de boca e orofaringe sejam os tipos mais frequentes dessa categoria, somando aproximadamente 390 mil novos casos a cada ano no mundo. Segundo o artigo, o Brasil se destaca como um dos pa�ses com maior incid�ncia desses tumores, devido � exposi��o aos fatores de risco.
Os tumores de cabe�a e pesco�o s�o relacionados a exposi��o excessiva ao sol (que causa a doen�a na pele e nos l�bios), tabagismo e consumo abusivo de �lcool. Estudos recentes associam o aumento de casos � infec��o pelo v�rus HPV, mesmo em pessoas assintom�ticas.
Editoria de Arte/Folha Imagem | ||
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Inflama��o na gengiva
Uma pesquisa recente da Universidade de Buffalo (EUA) revelou que a periodontite (inflama��o cr�nica da gengiva) tamb�m est� relacionada ao aumento do risco desses tumores. A doen�a leva � perda progressiva de ossos e do tecido que sustenta os dentes e foi associada a c�nceres de cavidade oral, orofaringe e laringe.
Para prevenir as les�es, al�m de uma boa higiene oral, recomenda-se adotar uma dieta saud�vel. "Comer vegetais amarelos, ricos em vitamina A, frutas c�tricas e folhas verdes diminui o risco", diz Kowalski.
Al�m disso, pessoas com mais de 40 anos, com m�s condi��es dent�rias, fumantes e portadores de pr�teses mal ajustadas devem passar por um exame visual da boca, que pode ser feito por dentista, uma vez por ano para identificar les�es.
"No entanto, as campanhas t�m sido pouco eficazes no controle do surgimento de novos casos e no diagn�stico precoce", observa Kowalski.
Diagnosticados precocemente, esses tumores t�m grande chance de cura, que chega a 95%, com cirurgias mais simples. J� nos casos avan�ados, o tempo de opera��o pode ser dez vezes maior, as cirurgias s�o mais mutiladoras e h� necessidade de reabilita��o.